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quarta-feira, 7 de outubro de 2020

CONTO: F DE FRUSTRAÇÃO - MOACYR SCLIAR 7º ANO

 

Antes de ler

1 Você gosta de viajar? Conhece alguém que sempre quis viajar e nunca conseguiu? Por quê?

Resposta pessoal

2 Há algum lugar que gostaria de conhecer?

Resposta pessoal

3 Já viveu algum acontecimento estranho ou engraçado durante uma viagem ou um passeio?

Resposta pessoal

       Moacyr Scliar é reconhecido como um dos bons contistas brasileiros. Leia o conto a seguir e observe os recursos que ele utiliza para caracterizar os personagens e conduzir o leitor a um final inesperado.

     Durante a leitura do texto, procure descobrir o sentido das palavras desconhecidas pelo contexto em que elas aparecem. Se for preciso, consulte o dicionário.

 

F de Frustração

     Viajar, para muitos, é a grande realização; não viajar, para muitos, é a grande frustração.

     Havia um casal que tinha uma inveja terrível dos amigos turistas - especialmente dos que faziam tu­rismo no exterior: Ele, pequeno funcionário de uma grande firma, ela, professora primária, jamais tinham conseguido juntar o suficiente para viajar. Quando dava para as prestações das passagens não chegava para os dólares, e vice-versa; e assim, ano após ano, acabavam ficando em casa. Economizavam, compravam menos roupa, andavam só de ônibus, comiam menos - mas não conseguiam viajar para o exterior. Às vezes passavam uns dias na praia. E era tudo.

     Contudo, tamanha era a vontade que tinham de contar para os amigos sobre as maravilhas da Euro­pa, que acabaram bolando um plano. Todos os anos, no fim de janeiro, telefonavam aos amigos: estavam se despedindo, viajavam para o Velho Mundo. De fato, alguns dias depois começavam a chegar postais de cidades europeias, Roma, Veneza, Florença; e ao fim de um mês eles estavam de volta, convidando os amigos para verem os slides da viagem. E as coisas interessantes que contavam! Até dividiam os as­suntos: a ele cabia comentar os hotéis, os serviços aéreos, a cotação das moedas, e também o lado pito­resco das viagens; a ela tocava o lado erudito: comentários sobre os museus e locais históricos, peças teatrais que tinham visto. O filho, de dez anos, não contava nada, mas confirmava tudo; e suspirava quando os pais diziam:

    - Como fomos felizes em Florença!

     O que os amigos não conseguiam descobrir era de onde saíra o dinheiro para a viagem; um, mais indiscreto, chegou a perguntar. Os dois sorriram, misterio­sos, falaram numa herança e desconversaram.

     Depois é que ficou se sabendo.

     Não viajavam coisa alguma. Nem saíam da cidade. Ficavam trancados em casa durante todo o mês de férias. Ela ficava estudando os folhetos das compa­nhias de turismo, sobre - por exemplo - a cidade de Florença: a história de Florença, os museus de Florença, os monumentos de Florença. Ele, num peque­no laboratório fotográfico, montava slides, em que as imagens deles estavam superpostas a imagens de Florença. Escrevia os cartões-postais, colava neles selos usados com carimbos falsificados. Quanto ao menino, decorava as histórias contadas pelos pais para confirmá-las se necessário.

     Só saíam de casa tarde da noite. O menino, para fazer um pouco de exercício; ela, para fazer compras num supermercado distante; e ele, para depositar nas caixas de correspondência dos amigos os postais.

     Poderia ter durado muitos e muitos anos, esta história. Foi ela quem estragou tudo. Lá pelas tantas, cansou de ter marido pobre, que só lhe proporcionava excursões fingidas. Apaixonou-se por um piloto, que lhe prometeu muitas via­gens, para os lugares mais exóticos. E acabou pedindo divórcio.

     Beijaram-se pela última vez ao sair do escritório do advogado.

     - A verdade - disse ele - é que me diverti muito com a história toda.

     - Eu também me diverti muito - ela disse.

    - Fomos muito felizes em Florença - suspirou ele.

     - É verdade - ela disse, com lágrimas nos olhos. E prometeu-se que nunca

mais iria a Florença.

 

SCLIAR, Moacyr. Dicionário do viajante insólito. Porto Alegre L&PM, 1995 p. 29-31 © Herdeiros de Moacyr Schar

 

1. O livro Dicionário do viajante insólito, em que se insere esse conto, é composto de várias histórias e apontamentos de um pretenso viajante. Como você associa o nome do conto ao do livro?

Como no título está escrito dicionário é de se esperar que os contos e apontamentos sejam organizados em ordem alfabética.

2. Qual é o assunto do conto? Explique.

É a história de um casal que tinha vontade de viajar, mas não possuía condições financeiras. Com inveja dos amigos, o casal elabora um plano: finge as viagens de férias, contando as histórias para os amigos e até enviando a eles cartões-postais.

3. O que motivava o estranho comportamento do casal?

A vontade de viajar e de impressionar os amigos.

4. Um conto tem poucos personagens, espaço e tempo restritos e um só conflito.

a) Qual é o conflito do conto?

A imensa vontade de viajar e não ter dinheiro para tal.

b) O tempo é restrito no conto? Por que o autor teria feito essa opção?

Não. A história abrange um tempo mais longo para que o narrador acompanhe fatos que se repetiram durante anos.

5. Agora, analise os personagens do conto.

a) Como o narrador se refere a eles?

O narrador se refere a seus personagens tratando-os por ele, ela, e o menino (ou filho).

b) Em sua opinião, por que isso ocorre?

Resposta pessoal

6. Um conto se organiza em torno de um enredo. Localize os fatos que acontecem em cada uma das partes a seguir.

a) Introdução

O narrador apresenta o casal e fala da vontade deles de viajar pelo mundo.

b) Ponto de mudança

O casal resolve por em pratica um plano.

c) Desenvolvimento

O casal e o filho ficam escondidos em casa preparando-se para impactar os amigos com suas recordações de viagem; a mulher estuda pontos turísticos das cidades para onde viajariam; o marido prepara slides com imagens da viagem e falsifica selos para colocar nos cartões-postais; o filho apenas confirma aas historias contadas pelos pais; terminadas  as férias inventadas , o casal retorna e chama os amigos para contar suas aventuras nas cidades que fingiram visitar.

d) Desfecho

A mulher se apaixona por um piloto de avião que lhe promete viagens reais. Então separa-se do marido e termina a farsa..

7. Você acha que o desfecho do conto surpreende o leitor? Por quê?

Resposta pessoal.

8. Como você entendeu a última frase do conto?

Resposta pessoal.

9. O narrador apenas narra a história ou participa dela?

Apenas narra a história, sem ter participação alguma nos acontecimentos expostos.

10.  Ao final de cada página das histórias que constam no livro Dicionário do viajante insólito, o autor cita uma reflexão sobre viagens e o nome de quem a teria feito. Leia, a seguir, algumas delas e comente com o professor e os colegas aquela que você considera a que melhor se relaciona ao conto que você leu.

a) Viajar é conversar com os séculos. (Descartes)

b) viajar não é necessário, a não ser para imaginações limitadas. (Colette)

c) O turista não chega a conhecer as pessoas. Ele julga um lugar pelas diversões que oferece. (André Maurois)

d) Só começamos a gostar de uma viagem três semanas depois de ter voltado. (George Ade)

10. resposta pessoal.

25 comentários:

  1. Obrigada professor por vc eu consegui todas as respostas das atividades que minha professora me passo

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  2. Eu quero agradecer por que se não fosse pelo o senhor eu nem sei o que seria de mim mais muito obrigado mesmos

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  3. Me ajuda com a respostas da 5b e a da 7 e da 8 por favor e urgente

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  4. Professor me ajude preciso muito da sua ajuda na atividade da página 209 a partir da letra (B)

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  5. Eu só não sei a resposta da dez, me ajudamprofessor

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  6. Respostas
    1. Me ajudou muito, não tinha a mínima ideia das respostas...
      Rsrs

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  7. Me ajudou muito mesmo professor muito obrigada mesmo 🙂

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  8. MUITO OBG PEOFESSSOR O SENHOR ME AJUDOU BASTANTE
    QUE DEUS TE ABENÇÇOE GRANDEMENTE E TE PROTEJA VC E SUA FAMILIA

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  9. Me ajuda com a página 209
    Por favor

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