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quinta-feira, 23 de novembro de 2023

CONTO - O AMIGO INFIEL TEXTO E VÍDEO

 ASSISTA AO VÍDEO NO LINK ABAIXO


https://drive.google.com/file/d/1jQ7RLykaila28sJEKAwhwRn14Zipu5nV/view?usp=sharing


O AMIGO INFIEL

Era uma vez um jovem e honesto trabalhador. Chamava-se Hans. Morava sozinho em uma pequena casa. Passava o dia inteiro cuidando do jardim. Por toda a região não havia jardim tão bonito quanto o seu. Encontravam-se aí as mais variadas espécies de flores que cresciam ao lado das mais lindas rosas.

          O pequeno Hans tinha muitos amigos, mas o seu maior amigo, o amigo de coração era Hugo, o rico moleiro. Realmente, Hugo era tão amigo de Hans que jamais visitava o seu jardim sem inclinar-se sobre os pés de cravo para admirá-los de perto, ou sem colher um bom punhado de flores que levava para casa.

          — Os amigos verdadeiros repartem tudo entre si — costumava dizer o rico moleiro. O pequeno Hans concordava com a cabeça e sorria, sentindo-se muito orgulhoso por ter um amigo com tão nobres ideias.

          Às vezes, porém, os vizinhos achavam estranho que o rico moleiro nunca concedesse coisa alguma ao pequeno Hans. Conquanto possuísse cem sacos de farinha armazenados em seu estabelecimento comercial, seis vacas leiteiras e uma boa criação de galinhas, jamais compensava o pequeno Hans pelas flores que colhia de seu lindo jardim. O jovem, no entanto, jamais se preocupava com isso.

          Nada o encantava tanto quanto ouvir as belas coisas que o moleiro costumava dizer sobre a solidariedade dos verdadeiros amigos.

Assim, pois, o pequeno Hans cultivava o seu jardim. Na primavera, no verão e no outono, sentia-se muito feliz; mas, quando chegava o inverno, e ele não tinha flores para levar ao mercado, chegava a sofrer de frio e fome, deitando-se, à noite, muitas vezes, sem nada ter comido durante o dia.

Além disso, no inverno, sentia-se muito só, porque o rico moleiro jamais o visitava durante essa estação.

          — Não convém visitar o pequeno Hans enquanto o inverno durar — dizia, às vezes, o rico Moleiro à sua mulher. — Quando uma pessoa está em apuros, não devemos atormentá-la com visitas. Essa é a minha opinião, e estou certo de que tenho razão. Por isso, esperarei a primavera e, então, tornarei a visitar o meu amigo. Poderá dar-me um cesto de flores e isto o alegrará muito.

          — És realmente muito bom, querido — afirmava sua mulher, sentada em um cômodo divã perto de um bom fogo de lenha. — Gosto imensamente de te ouvir falar sobre a amizade. Estou certa de que o padre da comarca não diria sobre ela tão belas coisas como tu.

          — E não poderia convidar o pequeno Hans a vir à nossa casa? — perguntava o filho do moleiro. Se o pobre homem está em dificuldade, dar-lhe-ei metade do que é meu, e, assim, já não sofrerá fome:

          — Que tolo você me saiu! — exclamou o moleiro. — Na verdade, não sei para que serve mandar-te para a escola. Parece que não aprendes nada. Se o pequeno Hans viesse cá, e visse o nosso bom fogo, e comesse da nossa excelente comida, e tomasse do nosso ótimo vinho tinto, poderia sentir inveja. E a inveja é uma coisa terrível capaz de corromper o melhor coração. Realmente, eu não poderia consentir em que o caráter de meu grande amigo se prejudicasse. Estarei sempre atento para que o pequeno Hans não se desvie do bom caminho. Além disso, se ele viesse cá, poderia pedir-me um pouco de farinha, e eu não lhe poderia dar. A farinha é uma coisa e a amizade é outra; não devem confundir-se, portanto.

          — Quão inteligente és, querido! Como falas bem! — disse a mulher do moleiro, servindo-lhe um grande copo de cerveja. — Sinto-me tão bem quando falas como quando estou na igreja.

          — Muitos sabem agir — replicou o moleiro. — Poucos, porém, sabem falar com elegância e aprumo, o que prova que falar bem é não só mais difícil do que agir, como mais bonito.

E fixou tão severo olhar no filho que este sentiu vergonha de si mesmo, baixando a cabeça e chorando baixinho.

          Logo que passou o rigor do inverno e os botões começaram a abrir-se em rosas, o moleiro disse à sua mulher que já era tempo de visitar o pequenos Hans.

          — Ah, que bom coração tens! — exclamou a mulher. — Estás sempre pensando nos outros. Não te esqueças de levar o cesto grande para trazeres as flores.

          O moleiro, então, desceu à colina com a cesta no braço.

          — Bom dia, Hans — disse o moleiro.

          — Bom dia — respondeu Hans, todo sorridente e feliz.

          — Como passaste o Inverno?

           — Bem, bem — respondeu, prontamente, o jardineiro. — Muito obrigado pelo seu interesse. Houve alguns momentos duros, mas, agora, chegou a primavera e sinto-me quase feliz... — Ademais, as flores estão muito bonitas.

          — Em casa, falamos muito a teu respeito, Hans — disse-lhe o moleiro. — Pensávamos no que seria de ti, em pleno inverno.

          — Quanta amabilidade! — exclamou Hans. — Pensei que me tivésseis esquecido.

           — Hans! Francamente... Como podes falar desta maneira? — disse o moleiro. — Na verdadeira amizade não há esquecimento. É isso que há de mais admirável. Temo, porém, que não compreendas a poesia da amizade... Mas, voltando às flores, que belas estão!

          — Sim, estão muito bonitas — respondeu Hans. — Vou levá-las ao mercado, onde as venderei à filha do burgomestre e, com esse dinheiro, comprarei outra vez o meu carrinho de mão.

          — Queres dizer que o vendeste, então? Foi uma tolice.

          — Certamente. Mas o fato é que me vi obrigado a fazê-lo. O inverno foi muito rigoroso... e eu fiquei sem dinheiro para comprar pão. Vendi, primeiramente, os botões de prata de meu traje dos domingos; depois, me desfiz da corrente de prata que recebi do vovô e, em seguida, vendi a minha flauta. Por último, vendi o meu carrinho. Agora, porém, vou resgatar tudo.

          — Hans — disse o moleiro — dar-te-ei o meu carrinho de mão. Não está em muito bom estado. Um dos lados está precisando de reparo, mas, apesar disso, te darei. Sei que é muita generosidade de minha parte e que a muita gente isso parecerá uma loucura, mas não sou como os outros. Estou em que a generosidade é a essência da amizade e, além disso, comprei um carrinho novo. Portanto, podes ficar tranquilo... dar-te-ei o meu carrinho.

         — Obrigado, és muito generoso — disse o pequeno Hans. — Posso consertá-lo muito bem porque tenho aqui uma tábua.

         — Uma tábua! — exclamou o moleiro. — Muito bem! Isso é juntamente o que necessito para o teto do meu estábulo. Há uma fenda que é preciso tapar. Muito bem, eis uma bela oportunidade de me prestares um serviço. Realmente, uma boa ação é sempre bem recompensada. Dei-te o meu carrinho e, agora, dás-me a tua tábua. É claro que o carrinho vale muito mais que a tábua, mas a amizade sincera não olha estas coisas. Dá-me, pois, a tua tábua e, hoje mesmo, consertarei o teto do meu estábulo.

        — Pois não — replicou, solícito, o pequeno Hans.

        Foi correndo ao outro jardim e trouxe uma tábua.

         — Não é muito grande — disse o moleiro, examinando-a. — Creio que só dará para o reparo do teto do estábulo. Não sobrará madeira para consertares o carrinho, mas, é claro que a culpa não é minha... E, agora, que te dei o meu carrinho, penso que me poderás dar em troca umas flores. Aqui tens o cesto; procura enchê-lo quase por completo.

        — Quase por completo?! — perguntou, aflito, o pequeno, vendo que o cesto era muito grande e, se o jardineiro o enchesse, não teria mais flores para levar ao mercado.

        — Francamente! — exclamou o moleiro. — Uma vez que te dou o meu carrinho, não julguei que fosse muito pedir-te algumas flores. Talvez eu esteja equivocado, mas acreditava que a amizade, a verdadeira amizade, estava isenta de toda classe de egoísmo.

        — Meu bom amigo, meu maior amigo — protestou o pequeno Hans —, todas as flores do meu jardim estão à tua disposição.

E correu a colher os cravos perfumosos e encher a grande cesta do moleiro das mais lindas flores de seu jardim.

         — Adeus, Hans — disse o moleiro, subindo novamente a colina com a sua tábua ao ombro e a cesta cheia de flores ao braço.

         — Adeus — respondeu o pequeno Hans.

        E pôs-se a cavar alegremente: estava tão contente de possuir um carrinho de mão!

        Na manhã seguinte, quando novamente estava cultivando o seu jardim, ouviu a voz do moleiro que o chamava da estrada. Trazia ao ombro um grande saco de farinha.

        — Hans — disse o moleiro —, queres levar-me este saco de farinha ao mercado?

         — Oh, é pena — disse Hans —, mas estou hoje muitíssimo ocupado. Tenho de regar ainda todo o jardim, de podar muitas roseiras, enfim, de fazer ainda quase todo o serviço.

         — Francamente! — exclamou o moleiro. — Acreditava que, em consideração a te haver dado o meu carrinho, não te negarias a fazer-me um favor.

        — Oh, sim! Eu não me nego! — protestou o pequeno Hans. — Jamais deixarei de agir como um verdadeiro amigo.

        E correu a buscar o seu gorro, partindo, em seguida, com o grande saco ao ombro.

        Era um dia de calor e a estrada estava muito poeirenta. Antes de alcançar o posto que marcava a sexta milha, Hans já estava tão cansado que teve de sentar-se para poder continuar depois. Chegou ao mercado, vendeu toda a farinha e voltou quase contido a casa, porque temia encontrar-se com algum salteador, se se demorasse pelo caminho.

        — Que trabalho árduo! — disse consigo mesmo ao deitar-se, à noite. — Mas estou contente por não me haver negado, porque o moleiro é o meu melhor amigo e, ademais, vai dar-me o seu carrinho.

        Na manhã seguinte, muito cedo, o moleiro chegou para receber o dinheiro do saco de farinha, mas o pequeno Hans estava tão fatigado que ainda não havia deixado a cama.

        — Palavra! — exclamou o moleiro. — És muito preguiçoso. Quando me lembro de que te dei o meu carrinho, acho que devias trabalhar com mais ardor.

        — Sinto muito — respondeu o pequeno Hans. — Eu estava tão fatigado que pensei que me havia deitado há pouco. Agora, porém, já me sinto bem.

        — Bravo! — exclamou o moleiro, dando-lhe uma palmada no ombro. — Preciso que faças o reparo no teto do estábulo.

        O pequeno Hans tinha grande necessidade de trabalhar no seu jardim, porque havia dois dias que não regava as suas flores, mas não quis negar-se a fazer a vontade do moleiro, que era o seu melhor amigo.

        Vestiu-se, apressadamente, e acompanhou o rico moleiro ao estábulo.

        Trabalhou o dia todo. Ao anoitecer, o moleiro veio verificar como iam as coisas.

        — Terminaste o serviço? — perguntou ele, alegremente.

        — Está quase pronto.

         —  Não há trabalho melhor do que o que se faz por outro! — exclamou o moleiro. — E agora que reparaste o teto do estábulo, é melhor que voltes para casa, a fim de descansares, pois amanhã necessito de que leves os meus carneiros à montanha.

        No dia seguinte, quando o pequeno Hans voltou da montanha, estava tão cansado que adormeceu em uma cadeira.

        — Que tempo bom para as minhas flores — pensou ele, ao acordar. E ia trabalhar quando chegou o moleiro e lhe pediu que fosse trabalhar no seu cercado, que precisava ser cultivado. O pobre jardineiro lembrou-se de suas flores. Precisava tanto de trabalhar no seu jardim... Mas acompanhou o moleiro, consolando-se em pensar que ele era o teu melhor amigo.

       — Além disso — dizia consigo mesmo —, vai dar-me o seu carrinho.

        O pequeno Hans continuou trabalhando para o moleiro, e este dizia muitas coisas belas sobre a amizade, coisas que Hans copiava em seu livro verde e que relia à noite, pois amava a leitura.

        Certa noite, estava o pequeno Hans sentado janto ao fogo, quando bateram à porta.

        A noite era negríssima. O vento soprava forte. Era intenso o frio.

        — Será algum pobre viajante? — disse consigo Hans, e correu para abrir a porta.

        Era o moleiro que estava com uma lanterna em uma mão e sustinha com a outra as rédeas de seu belo cavalo.

        — Querido Hans — gritou ele —, estou muito aflito. Meu filho caiu da escada. Está ferido. Preciso do médico. Mas ele mora tão longe daqui, e a noite está tão escura, que me lembrei de que era melhor que você fosse em meu lugar.

        — Certamente — exclamou o pequeno Hans. — Alegra-me muito que tenhas lembrado de mim. Irei imediatamente. Peço-te apenas a lanterna, pois está tão escuro que eu temo cair em algum pântano.

        — Sinto muitíssimo — respondeu o moleiro. — Mas é a minha lanterna nova e seria uma grande perda se voltasses sem ela.

        — Bem, não falemos mais nisso! Irei sem lanterna.

        A noite era tão negra que o pequeno Hans quase nada via. No entanto, depois de caminhar durante cerca de três horas, chegou à casa do médico, batendo à porta.

        — Quem bate? — gritou o doutor.

        — Sou eu, doutor! Hans!

        — E que desejas, Hans?

        — O filho do moleiro caiu de uma escada e machucou-se. Por isso, é necessário que o doutor vá até lá.

       — Muito bem — replicou o médico.

        Montou o seu cavalo e dirigiu-se à casa do moleiro, sendo seguido por Hans, que caminhava a pé.

        Começou a chover e Hans já nada via. Finalmente, perdeu o caminho. Vagou pelo terreno baldio. A chuva aumentava mais e mais. Havia muitos lugares pantanosos e, na escuridão, Hans caiu em um pântano, afogando-se.

        O seu cadáver foi encontrado no dia seguinte pelos guardadores de cabras que o levaram para sua cabana.

       Todo mundo assistiu ao enterro de Hans porque ele era muito querido.

        — Era eu o seu melhor amigo — dizia o moleiro. — É justo, pois, que eu ocupe o melhor lugar. A morte do pequeno Hans foi uma grande perda para todos. Disse o moleiro — Uma grande perda para mim, pelo menos- disse o moleiro.. Vejam que até lhe dei o meu carrinho e agora não sei o que fazer com ele, é um estorvo lá em casa, está em tão mal estado que se eu o vendesse, ninguém me daria nada por ele.

        E voltando-se para os outros , afirmou:

        Nunca mais hei de dar nada a ningém. Sofre-se sempre por ser generoso...

Ilustração de Charles Robinson (1870 – 1937).


MINICONTO - O CONTO DE FADAS DA MENINA FEIA

 MINICONTO - O CONTO DE FADAS DA MENINA

           Das irmãs, a Zinha era a mais feia, como também era a mais feia da escola, da rua, do bairro... Nas festas, não ficava com ninguém. Uma vez até arrumou namorado, mas aí a família do rapaz o levou ao oculista e, no dia seguinte, a Zinha já era só Zinha. As velhas fofoqueiras diziam “pobre Zinha, nunca vai arranjar marido”. Elas não sabiam, mas o destino da Zinha foi o mais lindo de todos: virou uma estrela e brilha até hoje no céu. Não é muito fácil de enxergar... a não ser para as meninas feias que acreditam em contos de fadas.

O conto de fadas da menina feia Trecho do livro Adeus conto de fadas de Leonardo Brasiliense (Editora 7 Letras, Rio de Janeiro, 2006)

1. Por que a Zinha perdeu o namorado?

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2. Qual a característica principal da Zinha?

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3. O que as velhas comentavam sobre a Zinha?

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4. De acordo com o texto, quem consegue exergar a Zinha no céu?

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5. Era a mais feia da escola, da rua, do bairro...  Nesse fragmento as reticências (...)  foram usadas para:

a) indicar a continuação crescente de lugares

b) indicar a continuação decrescente de lugares

c) Marcar a fala da personagem no discurso direto

d) Marcar a fala da personagem no discurso indireto

 

6. As velhas fofoqueiras diziam “pobre Zinha, nunca vai arranjar marido”. As aspas foram usadas nesse fragmento para:

a) introduzir o discurso direto

b) introduzir o discurso indireto

c) indicar a fala personagem Zinha

d) Indicar a fala da família do rapaz.


quarta-feira, 22 de novembro de 2023

MINICONTO - FIM DE SEMANA NA PRAIA

 MINICONTO - FIM DE SEMANA NA PRAIA

          O fim de semana estava ótimo. A turma foi pra casa do Luca, na praia. Só a galera, sem nenhum velho para atrapalhar. A Vanessa ficou com o Daniel, com o Carlinhos e com o Lucas, é claro. A Morgana, só com o Daniel. Rolou de tudo, principalmente cerveja, uma montanha de latinha amassada dentro da churrasqueira. A noite era dia e o dia era noite. E que praia que nada! Quem se interessava por sol e areia? Foi um fim de semana “de arromba”, como diriam meus pais, porque na época deles já era assim... e acho que foi por isso que me fizeram ficar em casa.

 Adeus conto de fadas(Leonardo Brasiliense)

 

1.  “de arromba” As aspas foram usadas nessa expressão para indicar que:

a) é uma expressão antiga

b) é uma gíria antiga

c) é uma fala usada pelos pais da narradora

d) é uma fala usada pelo autor do texto

 

2. O humor presente no texto se deve ao fato de:

a) A Vanessa ficar com o Daniel, o Carlinhos e o Luca.

b) A narradora não ter ido a festa.

c) As pessoas não se interessarem por sol e areia

d) As pessoa trocarem o dia pela noite

 

3. Os pais da menina não deixaram ela ir a festa porque:

a) Já fizeram muita festa e sabem o que acontece.

b) Ela estava de castigo.

c) Era perigoso, pois havia mar

d) Não foram convidados por serem velhos


4. O narrador do miniconto é:

a) Leonardo Brasiliense

b) Uma menina

c) Um menino

d) os pais da menina


MINICONTO - PATINHO FEIO

 MINICONTO - PATINHO FEIO

          Entre as baixinhas, seu apelido era Girafa. Sofreu muito, se achando mesmo esquisita. Até que num belo dia, na praça de alimentação do shopping, foi abordada por um caça-talentos dizendo-lhe que na verdade ela não era o patinho feio da turma, mas um belo cisne, que tinha as medidas ideais para virar top model, só faltava o traquejo, o que era fácil de adquirir freqüentando o curso que ele ministrava, com direito a diploma e book no final, tudo por uma bagatela que podia ser parcelada em dez vezes no cheque.

Adeus conto de fadas(Leonardo Brasiliense)

1. Levando em conta a finalidade do gênero textual miniconto, podemos inferir que:

a) O caça-talentos pretendia ajudar a moça, pois ela tinha as medidas ideais,

b) O caça talentos pretendia vender um curso para a moça.

c) Virar top model é fácil, basta ter traquejo

d) Virar top model é fácil, mas precisa fazer um curso

 

2. O título do miniconto PATINHO FEIO faz referência a um conto de fadas em que o Patinho Feio no final se torna em um lindo cisne. De acordo com as diferenças dos gêneros em questão podemos inferir que

a) A menina vira um belo cisne

b) A menina vira uma top model

c) A menina não vira top model, pois não tem dinheiro para pagar o curso.

d) A menina não vira top model, pois o curso não garante o sucesso.

 

3. A palavra traquejo significa:

a) fama

b) empresário

c) prática

d) produtor

 

4. A palavra bagatela na visão do caça talentos significa:

a) muito dinheiro

b) pouco dinheiro

c) objeto de pouco valor

d) coisa sem importância

domingo, 12 de novembro de 2023

PORTA DE COLÉGIO - CRÔNICA

 CRÔNICA INTERPRETAÇÃO PORTA DE COLEGIO

 Porta de Colégio

          Passando pela porta de um colégio, me veio uma sensação nítida de que aquilo era a porta da própria vida. Banal, direis. Mas a sensação era tocante. Por isto, parei, como se precisasse ver melhor o que via e previa.

           Primeiro há uma diferença de clima entre aquele bando de adolescentes espalhados pela calçada, sentados sobre carros, em torno de carrocinhas de doces e refrigerantes, e aqueles que transitam pela rua. Não é só o uniforme. Não é só a idade. É toda uma atmosfera, como se estivessem ainda dentro de uma redoma ou aquário, numa bolha, resguardados do mundo. Talvez não estejam. Vários já sofreram a pancada da separação dos pais. Aprenderam que a vida é também um exercício de separação. Um ou outro já transou droga, e com isto deve ter se sentido (equivocadamente) muito adulto. Mas há uma sensação de pureza angelical misturada com palpitação sexual, que se exibe nos gestos sedutores dos adolescentes. Ouvem-se gritos e risos cruzando a rua. Aqui e ali um casal de colegiais, abraçados, completamente dedicados ao beijo. Beijar em público: um dos ritos de quem assume o corpo e a idade. Treino para beijar o namorado na frente dos pais e da vida, como quem diz: também tenho desejos, veja como sei deslizar carícias.

          Onde estarão esses meninos e meninas dentro de dez ou vinte anos?

          Aquele ali, moreno, de cabelos longos corridos, que parece gostar de esportes, vai se interessar pela informática ou economia; aquela de cabelos loiros e crespos vai ser dona de butique; aquela morena de cabelos lisos quer ser médica; a gorduchinha vai acabar casando com um gerente de multinacional; aquela esguia, meio bailarina, achará um diplomata. Algumas estudarão Letras, se casarão, largarão tudo e passarão parte do dia levando filhos à praia e praça e pegando-os de novo à tardinha no colégio. Sim, aquela quer ser professora de ginástica. Mas nem todos têm certeza sobre o que serão. Na hora do vestibular resolvem. Têm tempo. É isso. Têm tempo. Estão na porta da vida e podem brincar.

          Aquela menina morena magrinha, com aparelho nos dentes, ainda vai engordar e ouvir muito elogio às suas pernas. Aquela de rabo-de-cavalo, dentro de dez anos se apaixonará por um homem casado. Não saberá exatamente como tudo começou. De repente, percebeu que o estava esperando no lugar onde passava na praia. E o dia em que foi com ele ao motel pela primeira vez ficará vivo na memória.É desagradável, mas aquele ali dará um desfalque na empresa em que será gerente. O outro irá fazer doutorado no exterior, se casará com estrangeira, descasará, deixará lá um filho - remorso constante. Às vezes lhe mandará passagens para passar o Natal com a família brasileira.

          A turma já perdeu um colega num desastre de carro. É terrível, mas provavelmente um outro ficará pelas rodovias. Aquele que vai tocar rock vários anos até arranjar um emprego em repartição pública. O homossexualismo despontará mais tarde naquele outro, espantosamente, logo nele que é já um don juan. Tão desinibido aquele, acabará líder comunitário e talvez político. Daqui a dez anos os outros dirão: ele sempre teve jeito, não lembra aquela mania de reunião e diretório?

          Aquelas duas ali se escolherão madrinhas de seus filhos e morarão no mesmo bairro, uma casada com engenheiro da Petrobrás e outra com um físico nuclear. Um dia, uma dirá à outra no telefone: tenho uma coisa para lhe contar: arranjei um amante. Aconteceu. Assim, de repente. E o mais curioso é que continuo a gostar do meu marido.

           Se fosse haver alguma ditadura no futuro, aquele ali seria guerrilheiro. Mas esta hipótese deve ser descartada.

          Quem estará naquele avião acidentado? Quem construirá uma linda mansão e um dia convidará a todos da turma para uma grande festa rememorativa? Ah, o primeiro aborto! Aquela ali descobrirá os textos de Clarice Lispector e isto será uma iluminação para toda a vida. Quantos aparecerão na primeira página do jornal? Qual será o tranquilo comerciante e quem representará o país na ONU?

          Estou olhando aquele bando de adolescentes com evidente ternura. Pudesse passava a mão nos seus cabelos e contava-lhes as últimas estórias da carochinha antes que o lobo feroz os assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria daqui: aproveitem enquanto estão no aquário e na redoma, enquanto estão na porta da vida e do colégio. O destino também passa por aí. E a gente pode às vezes modificá-lo.

 

(Afonso Romano de Sant`Anna)


1. Quem de nós não estará aqui no final no ano?

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2. Escreva o nome de cinco amigos ou pessoas que você conhece e imagine o que acontecerá com eles no futuro.

1.__________________________

____________________________________________________________

2.___________________________

_______________________________________________________________

3.__________________________

______________________________________________________________

4._________________________

______________________________________________________________

5._________________________

_____________________________________________________________

 

3. E você como imagina que será sua vida no futuro?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

4. A palavra banal significa:

a) bananal  

b) comum   

c) incomum 

d) sobrenatural

 

5. Podemos substituir a palavra TOCANTE no texto mantendo o mesmo sentido por;

a) comovente

b) conivente

c) envolvente

d) sobrevivente

 

6. No segundo parágrafo a palavra REDOMA só não significa:
a) aquário

b) bolha

c) campânula

d) redobrar

 

7. “Banal, direis.” O narrador se dirige ao leito com o pronome:

a) eu

b) você

c) tu

d) vós

 

8. Marque a alternativa errada sobre o futuro da personagem.

a) Aquele ali, moreno, de cabelos longos (...) vai se interessar pela informática ou economia;

b) aquela de cabelos loiros e crespos vai ser dona de pet shop;

c) aquela morena de cabelos lisos quer ser médica;

d) a gorduchinha vai acabar casando com um gerente de multinacional;

e) aquela esguia, meio bailarina, achará um diplomata.

 

9. O texto Porta de Colégio é:

a) um texto de opinião

b) uma crônica

c) um conto

d) uma notícia

 

10. No segundo parágrafo do  texto Porta de Colégio há predominância de:

a) narração

b) descrição

c) argumentação

d) injunção

MAIS ATIVIDADES SOBRE ESSE TEXTO

MARCAR X

https://professordiorges.blogspot.com/2017/02/cronica-interpretacao-porta-de-colegio.html


LIVRO DO CEREJA

https://professordiorges.blogspot.com/2019/05/porta-de-colegio-cronica-cereja-p-82-10.html


sábado, 4 de novembro de 2023

PRECONCEITO-DISCRIMINAÇÃO DRAPETOMANIA E MALANDRAGEM

 DRAPETOMANIA E MALANDRAGEM



https://angelanatel.wordpress.com/2023/07/30/drapetomania/

https://www.mundogump.com.br/drapetomania-a-doenca-da-busca-pela-liberdade/

 Obs.: atividade para incentivar a luta contra o preconceito e discriminação.

          Em 1851, o proeminente médico americano Samuel Adolphus Cartwright observou escravos negros que fugiram do cativeiro e percebeu que ali estava uma doença!
“ Drapetomania, ou a doença que faz os negros fugirem ” foi o título de seu trabalho, explicando que um escravo normal jamais iria querer a liberdade. E se escapassem, só poderiam estar doentes, na visão de Cartwright.

          Se um escravo se torna “mal-humorado e insatisfeito sem motivo”, ele pode ter contraído a drapetomania e isso indicaria que ele está prestes a fugir. Cartwright recomendou a solução: “tirar o diabo deles” até que se tornassem submissos novamente, o estado ao qual um escravo “normal” deveria pertencer.

           Um remédio alternativo era tornar a fuga impossível. Como?  Amputando o dedão do pé de ambos os pés do escravo. Daí a cura da “doença”.

           Olhando para isso de onde estamos hoje, que é tecnicamente “o futuro”, podemos ver facilmente que algo totalmente canhestro estava ocorrendo. Em vez de tratar os escravos negros como pessoas, Cartwright assumiu que o lugar de um escravo era permanecer escravo. 

         Ele usou a Bíblia como evidência, tomando seções falando sobre a fidelidade de um servo ao senhor afim de justificar suas afirmações de que os escravos deveriam ser tratados como pouco mais que crianças. Crianças a serem chicoteadas. Esse ponto de vista o levou a fazer algumas contribuições suspeitas e pseudocientíficas ao racismo científico. Ele até acreditava que a preguiça do escravo era também um sintoma patológico.

          Dysaesthesia aethiopica, ou “malandro”, como era chamado pelos proprietários de escravos, explicava a aparente falta de vontade de trabalhar demonstrada pelos escravos. Essa doença mental era única, porém, na medida em que apresentava sintomas físicos no corpo. Um nível diminuído de sensibilidade da pele e lesões em todo o corpo estavam presentes em todos os casos de “malandragem”. Cartwright ignorou a possibilidade de que “expulsar o diabo deles na chibata” tivesse causado isso e surgiu com uma cura engenhosa para a doença:

“ A melhor forma de estimular a pele é, primeiro, lavar bem o paciente com água morna e sabão; depois, untá-lo todo com óleo e colocar o óleo com uma larga tira de couro; em seguida, colocar o paciente em algum tipo de trabalho árduo ao sol. Ou seja, o remédio era meter porrada e botar o cara pra trabalhar duro.

(...)

 

1. A drapetomania atingia que grupo específico?

a) somente homens

b) somente mulheres

c) somente brancos

d) somente negros

 

2. O diagnóstico da doença drapetomania era:

a) baseado em estudos científico

b) baseado no conhecimento popular

c) baseado em estudos da Bíblia

d) baseado em preconceitos

 

3. Outra doença descoberta pelo médico americano foi a malandragem e possuía como sintomas, EXCETO  :

a) falta de vontade de trabalhar

b) lesões por todo corpo

c) nível diminuído de sensibilidade da pele

d) mal-humor e insatisfação.

 

4. De acordo com o texto  que causava os sintomas físicos no corpo dos negros?

a) Dysaesthesia aethiopica, ou “malandro

b) “expulsar o diabo deles na chibata”

c) falta de vontade de trabalhar

d) a doença mental

5. Assinale a alternativa que apresenta um FATO.

a) E se escapassem, só poderiam estar doentes

b) Ele usou a Bíblia como evidência

c) Olhando para isso de onde estamos hoje, que é tecnicamente “o futuro”,

d) Se um escravo se torna “mal-humorado e insatisfeito sem motivo”, ele pode ter contraído a drapetomania


MINICONTO - CRÔNICA - ATIVIDADES

 

Crônica

Leonardo Brasiliense

 

        Agonia de mãe. A casa é minúscula, um barraco, mas é o que ela tem. Ou tinha, porque arde, vira carvão. Os vizinhos acodem com baldes d`água. Mais por medo que o fogo se alastre que por solidariedade, mas é o que se tem.

        Agonia de mãe. Dos três filhos, os mais velhos conseguem fugir da morte, saem correndo, queimados, mas vivos. O mais novo, de colo, ela segura firme. Se houvesse próxima vez, cuidaria de trancar melhor a porta e teria os três consigo.

        Que agonia, dois ela já não tem.

(em Corpos sem pressa, Casa Verde, 2014)

 

1. De acordo com o texto podemos inferir que:

a) os filhos mais velhos conseguem fugir da morte

b) O filho mais novo é salvo pela mãe

c) A mãe pôs fogo na casa para se matar junto com os filhos

d) Os vizinhos acodem tentam apagar o fogo

 

2. A expressão “agonia de mãe” se refere ao fato de:

a) Os filhos mais velhos fugir da morte

b) A casa pegar fogo

c) Não ter trancado a porta

d) A tragédia narrada no conto.

 

3. O principal motivo das pessoas ajudarem a apagar o fogo é:

a) solidariedade

b) egoísmo

c) altruísmo

d) generosidade

 

4. Qual o título do texto?

a) Corpos sem pressa

b) Casa verde

c) Leonardo Brasiliense

d) Crônica

 

5. O texto acima é:

a) uma mini crônica

b) um mini conto

c) uma mini notícia

d) um mini artigo de opinião

 

6. A palavra agonia no texto tem o significado de:

a) aflição

b) pressa

c) indecisão

d) náusea