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sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

FIGURAS DE LINGUAGEM: ALITERAÇÃO e PROSOPOPEIA TIRA

 

ALITERAÇÃO e PROSOPOPEIA

http://www.custodio.net/tiras-did-ticas.html

 
1. Qual consoante aparece mais vezez na tira?
a) P
b) A
c) S
d) B
 
2. ALITERAÇÃO é figura de linguagem que consiste na repetição de:
a) sons de consoantes maiúsculas
b) sons de consoantes iguais ou parecidas
c) sons de consoantes diferentes
d) sons de consoantes minúsculas
 
3. A PROSOPOPEIA  é uma figura de linguagem  que faz a personificação de seres inanimados. Atribui características ou  comportamentos humanos a outros seres. O sinônimo dessa palavra é:
a) aliteração
b) assonância
c) personificação
d) metonímia
 
4. A palavra que NÃO segue a mesma regra de acentuação de PROSOPOPEIA é:
a) ideia
b) plateia
c) geleia
d) sereia
 
5. Marque a alternativa em que a particula HIPO é radical  com o siginificado de CAVALO e NÃO um prefixo com o significado de INFERIOR.
a) hipótese
b) hipodromo
c) hipocalórico
d) hipoglicemia
 
GABARITO:
1. A
2. B
3. C
4. D
5. B
 
 
 


terça-feira, 8 de dezembro de 2020

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA LINGUAGEM FORMAL PRECONCEITO

 
Atividade: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA / REVISÃO.
 
Leia a tirinha abaixo:
 
1. A alternativa que apresenta a variedade linguística ensinada na escola é:
a) Trem, bão, né, sô?
b) Não me dirija a palavra em lugares públicos.
c) Num cunsigo vortá aonormal.
d) Parece que tô aviciado.
  
2. A partir da leitura da tirinha podemos inferir que:
a) No Brasil falamos todos do mesmo jeito.
b) Há somente uma maneira de se falar.
c) As pessoas que falam diferente não sofrem preconceito.
d) A fala pode variar de um lugar para outro.
 
3. Marque a alternativa em que a reescrita dos fragmentos segue as normas gramaticais ensinadas na escola:
a) Parece que estou aviciado
b) Parece que estou viciado
c) Não consigo vouta ao normal
d) Não cunsigo volta.
 
4. Qual das alternativas apresenta linguagem formal.
a) trém bão, né, sô?
b) Tô aviciado
c) Obrigado pela visita.
d) Num cunsigo vortá ao normal
 
5. Marque a alternativa em que o verbo ESTAR foi empregado na linguagem informal.
a) tô
b) estou
c) estava
d) estarei
 
6. Quando conversamos com uma pessoa que fala “errado” devemos:
a) dar risadas da pessoa
b) corrigir a pessoa
c) entender que é uma variedade linguística informal.
d) falar para os outros que a pessoa fala errado.
 
7. Faça a correção ortográfica das palavras abaixo.
a) bão.............................
b) sô...............................
c) aviciado......................
d) tô................................
e) cunsigo.......................
f) vortá.............................
g) né................................
 
 
 
TIRANDO DÚVIDAS.

  • ·         linguagem informal = linguagem coloquial = registro informal = variante informal — Que sofre as seguintes variações: variação social, variação regional, variação histórica... 

  • ·         linguagem formal = linguagem culta = registro formal = variante padrão. 

  • ·         “errado” É melhor usar a palavra “adequado” há variantes linguísticas adequadas para uma situação e outras não. Por exemplo na escola o adequado é usar  a variante formal, porém em uma conversa com amigos podemos utilizar uma variante menos formal.

 
 
 Atividade elaborada pelo professor Diorges Ferranti Gonçalves.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

CONTO: O CÃO DE LIA

 Leia o conto O Cão de Lia.

O cão de Lia 

No dia em que Lia leu a história daquele cachorro, ficou 

fascinada. Chegou para a mãe e disse: 

"Mãe, quero um cachorro igual ao do livro!" 

E a mãe, sensata como a maioria das mães, respondeu: 

"Minha filha, os cachorros reais não são iguais aos das histórias. Para começar, os da história ficam ali paradinhos, não se mexem, não latem, não fazem cocô no tapete, pipi no sofá. Os cachorros verdadeiros rasgam livros, acabam com as plantas do jardim, comem sapatos e, quando cismam, rosnam ou até mordem. Já pensou nisso?"

"Mas mãe, eu quero um cachorro como este aqui!"

"Minha filha, isso é ilusão. Cachorro de verdade dá trabalho!" 

"Mas eu quero ter trabalho." 

"Você não vai limpar a sujeira, dar banho, ensinar, vigiar, passear com coleira, vai?"

"Vou. Eu limpo, dou banho, ensino, passeio, faço tudo."

"Isso é relativo, minha filha. Muito relativo." 

"Mãe, o que é relativo?" 

"Relativo é tudo aquilo que está em relação com alguma coisa, coisa esta que pode mudar de acordo com a relação que ela tenha com uma terceira coisa. Se está confuso, vou explicar: no dia em que tiver outras coisas mais interessantes ou importantes para fazer, você não vai querer passear, cuidar, limpar, porque não vai ter tempo nem vontade, ou simplesmente vai estar cansada." 

"Mas e se o meu cachorro for um cachorro relativo?" 

"Não existem cachorros relativos." 

"Como não? E se o meu cachorro de verdade, por causa do amor e dos cuidados que eu vou dar para ele, ficar maravilhoso, você deixa?" 

A mãe encurtou a conversa: 

"Vai depender da sua capacidade de fazer tudo isso que está prometendo." 

Lia, teimosa, juntou um ano de mesada e comprou um cachorro parecido com o do livro: mesma raça, mesma cor, mesmo jeito. Levou-o para casa, deu a ele um nome, uma coleira, carinho, atenção, banho e comida. O cachorro fez pipi no sofá, cocô no tapete, roeu as sandálias de borracha, fugiu para a rua e ainda comeu três peixes do aquário. Foi dose! Por um tempo, Lia fez de tudo para educá-lo: limpou, passeou, conversou, ensinou, vigiou. Mas foi só por um tempo. Hoje, o cão de Lia virou o cão da mãe de Lia, porque chegou a época das provas. Lia está muito ocupada, e é a mãe quem dá banho, alimenta, limpa, passeia, cuida, enfim... educa. 

Mãe é mãe e promessas são muito relativas. 

Dilea Frate. Fábulas tortas. Ilustrações de Simona Traina. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2007. 

1. De acordo com a mãe de Lia, que diferenças existem entre os cachorros reais e os das histórias? 

2. Você concorda que "cachorro de verdade dá trabalho"? 

3. O que Lia quis dizer com "cachorro relativo"? 

4. Por que o cão de Lia virou o cão da mãe de Lia? 

5. Você tem (ou já teve) um cachorro? Quem cuida (ou cuidava) dele? 

 

No conto há o narrador e as personagens. 

O narrador conta a história. As personagens participam dos acontecimentos narrados. 

6. Quem são as personagens do conto?

7. Qual é a história narrada nesse conto? 

a) A mãe de Lia quer dar um cachorro para a filha, mas tem medo de que Lia não consiga cuidar dele. Mesmo assim, a menina ganha um cachorro, mas cuida dele só por um tempo. 

b) Lia quer um cachorro, mas sua mãe tenta convencê-la de que cachorros dão muito trabalho e que Lia não vai conseguir cuidar dele. Mesmo assim, Lia junta dinheiro e compra um cachorro. Algum tempo depois, Lia não consegue mais cuidar dele por causa das provas na escola. 

 

Leia o anúncio publicitária abaixo.

encurtador.com.br/ntMTZ

8. De acordo com a leitura do conto e do anúncio levante hipóteses, por que o cachorro do anúncio foi abandonado?

9. A partir da leitura do conto e do anúncio, o que uma pessoa deve fazer antes de adotar um animal de estimação?

Leia a tirinha abaixo.

https://www.maedecachorro.com.br/2009/08/tirinhas-sobre-o-abandono-de-animais.html

10. Marque a alternativa errada:

a) Os dois textos abordam o abandono de animais;

b) Os dois textos buscam sensibilizar as pessoas sobre o abandono de animais.

c) os animais não sofrem, por isso podem ser abandonados

d) As pessoas precisam pensar antes de adotar uma animal.

(EF69LP47) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes formas de composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto, se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada gênero narrativo.

 

(EF67LP03) Comparar informações sobre um mesmo fato divulgadas em diferentes veículos e mídias, analisando e avaliando a confiabilidade.

 

 

A GALINHA REIVINDICATIVA GABARITO

 A Galinha Reivindicativa

            Em certo dia de data incerta, um galo velho e uma galinha nova encontraram-se no fundo de um quintal e, entre uma bicada e outra, trocaram impressões sobre como o mundo estava mudado. O galo, porém, fez questão de frisar que sempre vivera bem, tivera muitas galinhas em sua vida sentimental e agora, velho e cansado, esperava calmamente o fim de seus dias.

            - Ainda bem que você está satisfeito, disse a galinha. E tem razão de estar, pois é galo. Mas eu, galinha, fêmea da espécie, posso estar satisfeita? Não posso. Todo dia pôr ovos, todo semestre chocar ovos, criar pintos, isso é vida? Mas agora a coisa vai mudar. Pode estar certo de que vou levar uma vida de galo, livre e feliz. Há já seis meses que não choco e há uma semana que não ponho ovo. A patroa se quiser que arranje outra para esses ofícios. Comigo não, violão!

            O velho galo ia ponderar filosoficamente que galo é galo e galinha é galinha e que cada ser tem sua função específica na vida, quando a cozinheira, sorrateiramente, passou a mão no pescoço da doidivana  e saiu com ela esperneando, dizendo bem alto:

             - A patroa tem razão: galinha que não choca nem põe ovo, só serve mesmo é pra panela.

(Millôr Fernandes)                                

Interpretação

1. Quais são os personagens principais dessa história?

2. O que a história nos informa sobre a época e o local?

3. O narrador diz que o galo é velho e a galinha é nova. Que importância tem isso para o desenrolar da história?

4. Que trecho da história mostra o galo e a galinha agindo como seres humanos?

5. O galo diz que sempre teve uma boa vida. Na opinião dele, o que é viver bem?

6. Que trecho do texto fala sobre a idéia de morrer de modo suave?

7. Pelas declarações do galo, podemos dizer que ele ainda possui muitas galinhas? Justifique  com apoio no texto.

8. A galinha desta história, que na verdade representa uma mulher, pode ser considerada uma feminista? Justifique sua resposta com apoio no texto.

9. Numa fábula, os animais representam seres humanos. Quem é que o galo e a galinha representam?

10. O que a galinha quis dizer com - isso é vida?

11. A galinha fala numa linguagem bem popular. Quais são as expressões do texto que indicam essa fala popular?

12. A que elemento anterior se refere a palavra coisa  que aparece no 2o parágrafo?

13. Qual é o significado da expressão não chocar nesse texto?

14. O galo chega a expor para a galinha os seus argumentos a respeito da função de cada um? Justifique a sua resposta com elementos do texto.

15. A patroa concorda com as opiniões do galo? Justifique a sua resposta com apoio no texto.

Qual a diferença entre galo velho e velho galo?


1. O que a galinha quer dizer quando afirma “isso é vida”? 

(A) que a vida é maravilhosa. 

(B) que suas atividades são sacrificantes. 

(C) que é muito fácil a sua vida. 

(D) que tinha tudo o que queria e precisava. 

2.O narrador diz que o galo é velho e a galinha é nova. Que importância tem isso para o desenrolar da história? 

(A) É que o galo tem idade para ser pai da galinha. 

(B) É que a galinha era reivindicativa e conseguia tudo o que queria através de seus manifestos. 

(C) É que o galo não serve mais para ser comido e a galinha sim. 

(D) É que o fato do galo ser mais velho lhe dá maior experiência de vida, e a galinha ser nova faz com que seja mais imatura. 

3. A galinha dessa história, que na verdade representa uma mulher, pode ser considerada uma feminista? Primeiro pesquise o significado da palavra “feminista”. 

___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 

4.Qual mensagem podemos extrair desse texto? 

(A) Que todas as vezes que reivindicamos somos atendidos. 

(B) Que devemos aceitar a tudo calados e nunca reclamarmos de nada. 

(C) Que devemos ouvir os mais velhos, pois eles têm experiência de vida. 

(D) Que cada um deve cumprir com suas funções específicas, senão poderá ser punido. 

5. Em sua opinião, a galinha estava tendo uma atitude correta em não cumprir as tarefas determinadas a ela? O que você acha que a galinha deveria ter feito para agir corretamente? 

___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________ 

6- Será que nos dias de atuais ainda existem atividades destinadas apenas a mulheres e atividades destinadas apenas a homens? Como você analisa isto? 

___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ _____________________________________________________________

 

 

GABARITO

 

1. A galinha, o galo, a empregada e a patroa.

 

2. Época:Em certo dia de data incerta

    Local: no fundo de um quintal

 

3. Geralmente a pessoa quando envelhece adquire mais experiência.

O galo era experiente e a galinha não.

 

4. Trocaram impressões sobre como o mundo estava mudado.

O velho galo ia ponderar filosoficamente

- Ainda bem que você está satisfeito, disse a galinha.

 

5. Ter muitas galinhas em sua vida sentimental

 

6. esperava calmamente o fim de seus dias.

 

7. Não pois ele fala do passado. sempre vivera bem, tivera muitas galinhas

 

8. Sim, pois ela quer ter igualdade de direitos. Pode estar certo de que vou levar uma vida de galo, livre e feliz.

9. A galinha representa a mulher

    O galo representa o homem

10. Quis dizer que a vida era ruim.

 

11. Comigo não, violão!

 

12. Todo dia pôr ovos, todo semestre chocar ovos, criar pintos

 

13. Criar filhos.

 

14. Não. O velho galo ia ponderar filosoficamente que galo é galo e galinha é galinha e que cada ser tem sua função...

 

15. Sim. - A patroa tem razão: galinha que não choca nem põe ovo, só serve mesmo é pra panela.

16. Galo velho = com muitos anos

       Velho galo = já conhecido

 

 

 

1. O que a galinha quer dizer quando afirma “isso é vida”?

 

(A) que a vida é maravilhosa.

 

xx(B) que suas atividades são sacrificantes.

 

(C) que é muito fácil a sua vida.

 

(D) que tinha tudo o que queria e precisava.

 

2.O narrador diz que o galo é velho e a galinha é nova. Que importância tem isso para o desenrolar da história?

 

(A) É que o galo tem idade para ser pai da galinha.

 

(B) É que a galinha era reivindicativa e conseguia tudo o que queria através de seus manifestos.

 

(C) É que o galo não serve mais para ser comido e a galinha sim.

 

xx(D) É que o fato do galo ser mais velho lhe dá maior experiência de vida, e a galinha ser nova faz com que seja mais imatura.

 

3. A galinha dessa história, que na verdade representa uma mulher, pode ser considerada uma feminista? Primeiro pesquise o significado da palavra “feminista”.

 

Sim. Feminismo é um movimento social por direitos civis, protagonizado por mulheres, que desde sua origem reivindica a igualdade política, jurídica e social entre homens e mulheres. 

 

4. Qual mensagem podemos extrair desse texto?

 

(A) Que todas as vezes que reivindicamos somos atendidos.

 

(B) Que devemos aceitar a tudo calados e nunca reclamarmos de nada.

 

xxx(C) Que devemos ouvir os mais velhos, pois eles têm experiência de vida.

 

(D) Que cada um deve cumprir com suas funções específicas, senão poderá ser punido.

 

5. Em sua opinião, a galinha estava tendo uma atitude correta em não cumprir as tarefas determinadas a ela? O que você acha que a galinha deveria ter feito para agir corretamente?

 

Resposta pessoal.

 

6- Será que nos dias de atuais ainda existem atividades destinadas apenas a mulheres e atividades destinadas apenas a homens? Como você analisa isto?

 

Resposta pessoal.

 

CRÔNICA: FÚRIA NO TRÂNSITO GABARITO

 
Fúria no trânsito
 
 
         Existe uma forma simples de avaliar o grau de evolução do ser humano. Basta observar dois sujeitos após uma batida. Saem dos veículos arrebentando as portas. Olhares ferozes. Torsos inclinados para a frente. Mãos crispadas. Batem boca. Bastaria mudar o cenário, trocar os ternos por peles e entregar um porrete para cada um. Estaríamos de volta à pré-história, Poucas atividades humanas despertam tanto o espírito selvagem como a guerra no trânsito.
         Tenho um amigo de fala mansa, calmo e sensato. Outro dia estávamos no carro. Chuviscava. O suficiente para que os carros entrassem numa luta desenfreada no asfalto. Cortadas súbitas. Buzinas. Ele passou a costurar por todos os lados. Fomos ao Morumbi Shopping. Havia uma fila para o estacionamento vip (quem almoça em alguns restaurantes de lá tem direito a manobrista gratuito).
        - Um idiota está parado lá na frente - ele anunciou.
        - Por que idiota? Você não sabe o motivo ... - comecei a dizer.
         Não pude terminar a frase. Agarrei-me ao banco. Ele atirou o carro para a direita. O da frente fez o mesmo. Para não bater, meu amigo jogou o seu sobre o canteiro. Veio a pancada. O pneu arrebentou. O veículo parado mexeu-se, vagarosamente, e partiu. Meu amigo esbravejou. Trocou o pneu. Depois foi a uma borracharia, onde acabou brigando também. Passou o resto do dia num humor de cão. Telefonou:
        - Tudo por culpa daquele imbecil!
        Argumentei:
         - Você não sabia o motivo de o carro estar parado. A pessoa podia estar se sentindo mal. Pense. Por causa de alguém que não conhece, você quase amassou o carro, arrebentou seu pneu e está furioso. Como permite que um desconhecido faça tudo isso com você?
        Silêncio sepulcral. Depois, ouvi um clique do telefone sendo desligado.
        Costumo dirigir devagar. Quando vou para o Litoral Norte é uma tortura. A estrada só tem uma pista, com muitos locais de ultrapassagem proibida. Tento me manter na velocidade exigida pelas placas. Adianta? Alguém sempre gruda em mim. Volta e meia, quando ultrapassam, ouço me xingarem.
       Nestes tempos politicamente corretos, já não se ouvem tantos gritos do tipo:
       - Ô dona Maria, vá pilotar fogão!
        Entretanto, existe, sim, um preconceito contra mulher ao volante. Confesso que também já tive. Hoje, às vezes passo por uma senhora dirigindo em paz. Alguém do meu lado reclama:
        - Olha lá, empatando o trânsito. Só podia ser mulher.
Lembro que as seguradoras costumam cobrar menos de motoristas do sexo feminino. Causam menos acidentes. Há algum tempo uma amiga bateu em uma moto. Teve de se trancar no carro enquanto um bando de motoqueiros solidários com o acidentado chutava seu carro. Foi resgatada pelo socorro. Detalhe: o culpado era o motoqueiro. Ninguém se machucou. Ela voltou para casa apavorada.
       Soube de um rapaz que certa vez foi fechado numa grande avenida. Gritou:
      - Safado, você vai ver!
       Seguiu atrás, buzinando. O outro tentava fugir, ele perseguia. Deu uma superfechada, obrigando o carro a parar. Saiu furioso, pronto para a briga. Aproximou-se.
No banco do motorista estava uma senhora idosa, tremendo de medo. Ele caiu em si.
       - Parecia que eu estava em um filme, me assistindo.
       Gaguejou. Pediu desculpa. Partiu.
       No dia seguinte, vendeu o carro.
       - Não confio em mim mesmo ao volante. Eu me torno outra pessoa. Prefiro não dirigir.
       Claro que não é uma receita para todo mundo. Para ele, funcionou. Anda de ônibus, táxi ou metrô. Sente-se feliz. Como se tivesse abandonado a pré-história e, finalmente, ingressado na civilização.
 
CARRASCO, Walcyr. Histórias para a sala de aula:  crônicas do cotidiano. São Paulo: Moderna, 2010. p. 121-123.
 
 
1. A crônica narra um flagrante da vida no cotidiano, e o fato relatado pode ser verídico ou fictício.
a) Observe que a crônica em estudo apresenta uma certa dose de humor, em razão do conteúdo abordado. Em que fato do dia a dia o autor se inspirou?
b) Qual é a crítica feita pelo cronista no primeiro parágrafo do texto?
 
2. É comum haver trechos descritivos inseridos em narrativas.
a) O que o narrador visou destacar na descrição presente no primeiro parágrafo?
b) Em sua opinião, há exagero quando o narrador compara o comportamento dos que dirigem com violência a seres humanos da pré-história? Esclareça sua resposta.
c) Apesar de a cena descrita apresentar características que não traduzem propriamente o humor, que trecho nos parece cômico?
 
3. A partir do segundo parágrafo, o narrador passa a contar o caso real de um amigo, que serve de exemplo para o que ele afirmou antes.
a) Observe que, segundo o narrador, o amigo tinha um temperamento tranquilo. Como se explica a mudança de atitude desse amigo ao dirigir o carro?
b) Há pessoas que, mesmo sendo controladas, assumem um comportamento diferente ao volante. Por quê?
 
4. No diálogo inicial entre os dois amigos, é possível perceber a irritação do motorista.
a) Por que a reação dele e do motorista do carro à frente parece engraçada?
b) Mesmo com um passageiro no carro, o amigo continua agressivo na direção e se enfurece ao colidir e estragar o pneu. O que o narrador quer demonstrar ao relatar as consequências da batida?
c) Nem mesmo o argumento do narrador consegue acalmar o amigo. As considerações que ele faz, na conversa com o motorista, lhe parecem sensatas? Esclareça sua resposta.
d) O próprio narrador conta suas experiências como motorista. Ao contrário do amigo, ele dirige dentro dos limites de velocidade, mas isso parece irritar outros motoristas. O que você pensa a respeito dessa atitude de os motoristas pressionarem aquele que dirige dentro dos limites?
 
5. Apesar de ter diminuído, o preconceito contra a mulher no trânsito continua existindo. De acordo com o texto, que fato toma evidente que as mulheres são competentes ao dirigir?
 
6. Outro fato narrado na crônica em estudo se refere à atitude desastrada de um jovem motorista, ao ser fechado pelo carro de uma idosa. A decisão de abandonar o volante, tomada por ele após essa situação, constitui uma medida adequada ou radical? Justifique sua resposta.
 
7. No texto, foi empregada a norma culta da língua, mas há momentos em que prevalece a informalidade. Dê exemplos e explique o emprego da linguagem informal na crônica.
 
8. A crônica pode estar mais próxima da literatura - e nesse caso a linguagem é subjetiva, pessoal- ou do jornalismo - quando a linguagem é mais objetiva. Na crônica em análise, os fatos são narrados de maneira mais literária ou jornalística? Esclareça sua resposta.
 
9. Ao criar seu texto, o cronista tem um ou mais objetivos. Identifique o(s) objetivo(s) dessa crônica.
(  ) Explicar o comportamento humano.
(  ) Divertir ou entreter o leitor.
(  ) Alertar o leitor sobre situações perigosas.
(  ) Fazer o leitor refletir criticamente sobre a vida.
 
10. Ao registrar uma situação do cotidiano de forma simples, coloquial e breve, o narrador não só produziu humor, como também fez uma crítica social. Como se pode confirmar essa característica na crônica em estudo?
 
Concluindo:
Crônica humorística é uma narrativa curta e leve, baseada em fatos do cotidiano, reais ou imaginários, cujo objetivo é divertir o leitor e fazê-Ia refletir.
 
Gabarito:
 
1.
a) Ele se inspirou na realidade do trânsito, para mostrar como a maioria dos motoristas dirige com imprudência e mau humor, perdendo facilmente a calma no volante.
b) Segundo ele, com base no comportamento de uma pessoa na direção de um veículo, pode-se comprovar seu grau de evolução.
 
2.
a) A atitude descontrolada de certas pessoas quando ocorre alguma colisão no trânsito. O autor descreveu, basicamente, a reação física de dois motoristas, para mostrar o desequilíbrio de ambos: "Olhares ferozes. Torsos inclinados para a frente. Mãos crispadas"
b) Pessoal.
c) Aquele que sugere a imagem dos motoristas irritados como se fossem seres pré-históricos vestidos com peles e de porrete nas mãos: "Bastaria [...] trocar os ternos por peles e entregar um porrete para cada um".
 
3.
a) Em geral, as pessoas são aparentemente serenas, mas, quando expostas a situações tensas, como a de enfrentar o trânsito, se irritam com facilidade.
b) Talvez porque o modo como os outros motoristas dirigem as deixe nervosas, fazendo com que elas comecem a agir da mesma forma.
 
4.
a) Ambos agem como crianças, pois parecem disputar o espaço no trânsito como se estivessem em um jogo de computador.
b) O narrador quer mostrar a atitude inconsequente do motorista quando perde o controle no trânsito e discute com o outro. Ou, de forma mais ampla, ele tenta demonstrar a irresponsabilidade dos condutores em geral, quando dirigem sem cautela e acarretam danos a todos.
c) Pessoal. Sugestão: Sim, pois ele sugere ao amigo que tenha mais serenidade e ponderação antes de tomar uma atitude impensada.
d) Pessoal.
 
5. O fato de as seguradoras cobrarem menos seguro das mulheres por elas serem mais cautelosas e provocarem menos acidentes.
 
6. Pessoal. Sugestão: Foi uma atitude sensata, pois ele talvez se sentisse incapaz de controlar seus impulsos. Desse modo, pode ter evitado um problema maior.
 
7. Exemplos: "Basta observar dois sujeitos"; "Ele passou a costurar por todos os lados."; "Um idiota está parado"; "culpa daquele imbecil!"; "- Ô dona Maria, vá pilotar fogão!"; "empatando o trânsito"; etc. Foram usadas expressões informais ou coloquiais para representar a fala de algumas pessoas e também para tornar a narrativa mais descontraída e leve, tendendo para o humor.
 
8. Literária, pois o narrador conta a história de forma pessoal, subjetiva: "Quando vou para o Litoral Norte é uma tortura".
 
9. Divertir ou entreter o leitor. | Fazer o leitor refletir criticamente sobre a vida.
 
10. O autor abordou um assunto polêmico e bem atual em nossa sociedade: a violência no trânsito. Com bom humor, ele mostra como muitos cidadãos ficam descontrolados ao volante e tomam atitudes impensadas, representando perigo constante para as outras pessoas.
 
http://atividadesdeportugueseliteratura.blogspot.com.br/2016/06/leitura-e-interpretacao-de-cronica.html
 
 

domingo, 29 de novembro de 2020

PEQUENO CONTO DE TERROR O BAILE

 
 PEQUENO CONTO DE TERROR O BAILE
      

      O Baile Era um sábado à noite... O baile iria começar às 23h. Todos chiques, bem arrumados, vestidos para uma noite de gala. Mulheres lindas, homens charmosos.
       Richard tinha ido ao baile sozinho. Não tinha namorada, apesar de ser muito bonito. No baile conheceu uma moça muito bonita que estava sozinha e procurava alguém com quem dançar.
       Richard dançou com ela a noite toda, e conversaram por muito tempo. Acabaram se apaixonando naquela noite, mas tudo só ficou na conversa e no romantismo. No final do baile, Richard prometeu que levaria a moça embora, mas de repente ela sumiu. Ele procurou-a por todo o salão por muito tempo. Como não encontrou, desistiu e foi embora.
        No caminho para sua casa, ainda muito triste, ele passou em frente ao cemitério e viu a moça entrando lá. Desconfiou do que tinha visto... suspeitou que fosse o cansaço e que estivesse sonhando.
       Quando Richard chegou em casa, ele não conseguia dormir, nem parava de pensar na cena que tinha visto da moça entrando no cemitério.  
        Quando amanheceu o dia, Richard não se conteve e foi ao cemitério. Estava vazio e ele não encontrou ninguém. Passando por um dos túmulos, ele encontrou a foto da garota, vestida como no baile. E lá estava registrado que ela tinha morrido há dez anos.
     E um detalhe: Ninguém viu a moça com que Richard dançou a noite toda, a não ser ele. Ninguém mais viu a tal mulher entrando ou saindo.
 
(Vicky Raquel)
 

Exercícios:
 
Questão 1 – Em que lugar acontece a história? Comprove com elementos do texto:
_________________________________________________________________
 
Questão 2 - O aconteceu de importante para Richard nessa noite? Explique.
 
_________________________________________________________________
 
Questão 3 – Depois de ler o conto, que sentimento o desfecho da história provocou em você?
_________________________________________________________________
 
Questão 4 – O que é medo pra você? Explique.
_________________________________________________________________

 

 
HABILIDADE BNCC:

(EF67LP28) Ler, de forma autônoma, e compreender - selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes -, romances infantojuvenis, contos populares, contos de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias, histórias em quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e fixa (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas, poemas visuais, dentre outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo preferências por gêneros, temas, autores.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

COMPLEMENTO NOMINAL E COMPLEMENTO VERBAL

7º ano. 

COMPLEMENTO NOMINAL: é o termo que completa o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e liga-se a ele por meio de preposição.
Ex.: Tenho confiança em você.
                 (confiança – substantivo -nome) complemento nominal
·         Complemento nominal é o complemento das palavras que NÃO são verbos.
·         Complemento verbal é o complemento das palavras que são verbos.
 
Atividades:
1) Faça como no exemplo: transforme verbo em uma palavra que não seja verbo
Todos admiram você.
Todos têm admiração por você.
a) As pessoas necessitam de ajuda.
As pessoas tem...........................de ajuda.
b) Não é tão difícil amar o próximo.
Não é difícil ter...........................ao próximo
c) Os diretores se interessam por seu trabalho.
Os diretores tem..............................por seu trabalho.
d) Os jovens resistem mais ao fracasso.
Os jovens tem mais.................................ao fracasso.
e) Sempre é bom conversar com nossos pais.
É sempre bom ter uma ................................com nossos pais.
f) Comer frutas beneficia a saúde.
Comer frutas traz ......................................à saúde
g) Conheço minha profissão.
Tenho .......................................da minha profissão.
 
2) Circule os complementos nominais das orações seguintes (após as palavras destacadas):
a) A poluição é prejudicial à saúde.
b) A construção da casa .
c) Toda criança tem necessidade de carinho.
d) A invenção da imprensa foi importante.
e) É preciso que haja respeito à natureza.
f) A leitura de jornais é importante.
g) Carlos ficou aflito com a notícia.
h) O consumidor tem interesse por novidades.
i) A propaganda pode ser útil à comunidade.
j) Você tem confiança nesse anúncio?
k) Luís ficou responsável por tudo.
l) Eles tinham inclinação para a guerra.
 
3) Classifique os termos destacados em: COMPLEMENTO VERBAL ( COMPLETA O SENTIDO DE UM VERBO) OU COMPLEMENTO NOMINAL ( COMPLETA O SENTIDO DE PALAVRA QUE NÃO SEJA VERBO).
 
a) Todos nós precisamos de liberdade. _____________________________________________________________________
b) Eu espero minha volta ao antigo emprego. _____________________________________________________________________
c) Quem não precisa de ajuda? _____________________________________________________________________
d) Não tenho muita resistência ao calor. _____________________________________________________________________
e) Cada um sabe de suas necessidades. _____________________________________________________________________
f) Os conselhos foram úteis a todos. _____________________________________________________________________
g) Sempre gostei muito de poesia. _____________________________________________________________________
h) A deputada foi atenciosa para com todos. _____________________________________________________________________
i) Mamãe tem muita confiança em você. _____________________________________________________________________
j) Eles estão precisando de ti. _____________________________________________________________________
 
4) Analise a função dos termos destacados: COMPLEMENTO NOMINAL OU COMPLEMENTO VERBAL.
a) Duvidamos da sinceridade dela. ________________________________________________________________________
b) Vocês receiam a vitória. ____________________________________________________________________
c) A invenção da imprensa foi uma revolução. _____________________________________________________________________
d) Você deve ter confiança no médico. _____________________________________________________________________
e) O desenhista enviou os projetos à diretoria. ______________________________________________________________________
f) Era necessária uma ajuda aos desamparados. _____________________________________________________________________
g) O Ministério da Educação venderá material escolar. ________________________________________________________________________
 
 
GABARITO:
 
1) Faça como no exemplo: transforme verbo em uma palavra que não seja verbo
Todos admiram você.
Todos têm admiração por você.
a) As pessoas necessitam de ajuda.
As pessoas tem necessidade de ajuda
b) Não é tão difícil amar o próximo.
Não é difícil ter amor ao próximo.
c) Os diretores se interessam por seu trabalho.
Os diretores tem interesse por seu trabalho.
d) Os jovens resistem mais ao fracasso.
Os jovens tem mais resistência ao fracasso.
e) Sempre é bom conversar com nossos pais.
É sempre bom ter uma conversa com nossos pais.
f) Comer frutas beneficia a saúde.
Comer frutas traz benefício à saúde.
g) Conheço minha profissão.
Tenho conhecimento de minha profissão.
 
2) Circule os complementos nominais das orações seguintes (após as palavras destacadas):
a) A poluição é prejudicial à saúde.
b) A construção da casa demorou.
c) Toda criança tem necessidade de carinho.
d) A invenção da imprensa foi importante.
e) É preciso que haja respeito à natureza.
f) A leitura de jornais é importante.
g) Carlos ficou aflito com a notícia.
h) O consumidor tem interesse por novidades.
i) A propaganda pode ser útil à comunidade.
j) Você tem confiança nesse anúncio?
k) Luís ficou responsável por tudo.
l) Eles tinham inclinação para a guerra.
 
 
 
3) Classifique os termos destacados em: COMPLEMENTO VERBAL ( COMPLETA O SENTIDO DE UM VERBO) OU COMPLEMENTO NOMINAL ( COMPLETA O SENTIDO DE PALAVRA QUE NÃO SEJA VERBO).
a) Todos nós precisamos de liberdade. Complemento verbal.
b) Eu espero minha volta ao antigo emprego. Complemento nominal.
c) Quem não precisa de ajuda? Complemento verbal
d) Não tenho muita resistência ao calor. Complemento nominal.
e) Cada um sabe de suas necessidades. Complemento verbal
f) Os conselhos foram úteis a todos. Complemento nominal.
g) Sempre gostei muito de poesia. Complemento verbal
h) A deputada foi atenciosa para com todos. Complemento nominal.
i) Mamãe tem muita confiança em você. Complemento nominal.
j) Eles estão precisando de ti. Complemento verbal.
 
4) Analise a função dos termos destacados: COMPLEMENTO NOMINAL OU COMPLEMENTO VERBAL.
a) Duvidamos da sinceridade dela. Complemento verbal.
b) Vocês receiam à vitória. Complemento verbal.
c) A invenção da imprensa foi uma revolução. Complemento nominal.
d) Você deve ter confiança no médico. Complemento nominal.
e) O desenhista enviou os projetos à diretoria. Complemento verbal.
f) Era necessária uma ajuda aos desamparados. Complemento nominal.
g) O Ministério da Educação venderá material escolar. Complemento verbal.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

POEMA: VENTO PERDIDO, NA CARREIRA DO VENTO FIGURAS DE LINGUAGEM GABARITO

 
POEMA: VENTO PERDIDO / NA CARREIRA DO VENTO
 
1. Ao pensar no vento, que lembranças e sentimentos são despertados em você?
2. Para você, o que seria um “ vento perdido”?
 
LEITURA
Texto A
Vento perdido
 
Vem que vem o vento,
Vem que sopra num momento;
vou, montado num jumento,
cavalgar o arco-íris.
 
Vem que vem cantar,
vem que vem sobrar,
vem que vai voltar,
vem que vai trazer
tudo aquilo que eu tive
e que o vento carregou,
quando eu estava distraído
a olhar pro meu umbigo,
e o momento já passou.
 
Vem que o vento volta,
devolvendo o meu sonho;
Pesadelo tão medonho
que eu não quero nem lembrar.
 
Vem que vai ventar,
vem que vai voltar,
vento vai ventar,
apagando num momento
todo o arrependimento
de um vento tão ventado,
de um momento tão demais,
de um vento tão perdido
que não vai ventar jamais...
 
BANDEIRA, Pedro. Cavalgando o arco-íris.
São Paulo: Moderna, 2002.
 
TEXTO B
Na carreira do vento
 
Lá vem o vento correndo
montado no seu cavalo.
Nas asas do seu cavalo
vem um mundo de vassalos,
vem a desgraça gemendo,
vem a bonança sorrindo,
vem um grito reboando,
reboando, reboando.
 
Lá vem o vento correndo
montado no seu cavalo.
Nas asas do seu cavalo
vem a tristeza do mundo,
vem a camisa molhada
de suor dos desgraçados,
vem um grito reboando,
reboando, reboando.
 
Lá vem o vento correndo
montado no seu cavalo.
Nas asas do seu cavalo
vem um mundo amanhecendo
vem outro mundo morrendo.
Ligando um mundo a outro mundo
vem um grito reboando,
reboando, reboando.
 
Lá vem o vento correndo,
os séculos correndo atrás.
Lá vem um grito de Deus
e um grito de Satanás.
Ligando um grito a outro grito
vem o vento reboando,
reboando, reboando.
 
Lá vem o vento reboando
com seus cavalos-motores
voando nos aviões.
Lá vem progresso, poeira,
carreira, velocidade.
Lá vem nas asas do vento
o lamento da saudade
reboando, reboando.
 
Lá vem o vento correndo
montado no seu cavalo.
Quem vem agora é um menino
montado no seu carneiro.
Parai, ó vento, deixai
repousar o cavaleiro.
Mas o vento vem danado
reboando, reboando.
 
LIMA, Jorge de. Poesia completa.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. v. 1.
 
 
 
SOBRE O TEXTO A
1. Releia o poema “Vento perdido”.
a) No poema, a palavra vento foi empregada no seu sentido literal, ou seja, no seu sentido próprio?
b) Em sua opinião, por que o eu lírico fala sobre o vento?
 
2. Como o eu lírico se sente em relação às transformações provocadas pelo vento? Justifique sua resposta com fragmentos do poema.
 
3. Na última estrofe, o que o eu lírico quer dizer com “um momento tão demais”?
4. O que os versos a seguir, da segunda estrofe, revelam sobre o eu lírico?
quando eu estava distraído
a olhar pro meu umbigo
e o momento já passou
 
5. Você já viveu a situação de ter notado a importância de um momento só depois que ele passou?
 
6. Como você entende o título do poema depois da sua leitura?
 
SOBRE O TEXTO B
1. A leitura do poema nos leva a pensar em algumas imagens. Explique o que as imagens destacadas em cada um dos itens a seguir sugerem.
a) vem um mundo de vassalos, / vem a desgraça gemendo, / vem a bonança sorrindo
b) vem a tristeza do mundo, / vem a camisa molhada / de suor dos desgraçados
c) vem um mundo amanhecendo / vem outro mundo morrendo.
d) Lá vem o vento correndo, / os séculos correndo atrás.
e) Lá vem um grito de Deus / e um grito de Satanás.
f) Lá vem nas asas do vento / o lamento da saudade / reboando, reboando.
g) Quem vem agora é um menino / montado no seu carneiro / [...] / Parai, ó vento, deixai / repousar o cavaleiro.
 
2. No final das três primeiras estrofes, o eu lírico fala de um grito que vem reboando. O que esse grito pode representar?
Nas três últimas estrofes, a saudade e o vento tomam o lugar desse grito. Por quê?
 
3. A palavra carreira tem vários significados, como: 1) caminho; 2) fileira;3) corrida veloz; 4) correnteza. Em que sentido ela foi usada no título do poema?
 
SOBRE OS TEXTOS A E B
1. Observe o modo como o eu lírico de cada um dos poemas se refere ao vento.
a) A postura deles em relação aos efeitos do vento é a mesma?
b) Quais são as conclusões a que eles chegam sobre o vento?
 
2. Nos dois poemas, são construídas imagens para expressar os sentimentos do eu lírico. Em qual deles essas imagens expressam emoções pessoais? Em qual deles elas apresentam as mudanças que ocorrem no mundo?
 
DE OLHO NA CONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS
1. Observe o seguinte fragmento do poema “Vento perdido”.
Vem que vem cantar,
vem que vem sobrar,
vem que vai voltar,
vem que vai trazer
a) Considerando o contexto do poema, explique qual é o efeito produzido pela
repetição da expressão “vem que vem” no início dos versos.
b) Que imagens vêm à sua cabeça quando você lê somente esses versos?
 
2. Ao final das estrofes do poema de Jorge de Lima é repetida a palavra reboando.
Após consultar o glossário, escreva qual é a relação existente, nesse poema,
entre a palavra reboando e o vento.
• Em sua opinião, essa repetição foi intencional? Justifique sua resposta.
 
3. Releia os seguintes versos do poema de Jorge de Lima:
“Nas asas do seu cavalo
vem um mundo amanhecendo
vem outro mundo morrendo.”
“Lá vem o vento correndo,
os séculos correndo atrás.
Lá vem um grito de Deus
e um grito de Satanás.”
 
a) Nesses versos, o poeta trabalha com ideias opostas. Escreva as palavras que representam essa oposição.

O recurso estilístico por meio do qual se aproximam ideias de sentidos opostos é chamado de antítese. Pode haver antítese entre palavras, pensamentos, imagens e, de forma mais complexa, entre frases e orações.

 
b) Transcreva dos poemas outros pares de palavras que expressem antíteses.
c) No poema “Na carreira do vento”, que trata de mudanças rápidas, que impressões o uso de antíteses pode causar na leitura?
 
4. No poema de Jorge de Lima, no verso “vem um mundo amanhecendo”, o verbo amanhecer foi usado no sentido de “ter início o dia”? Explique.
 

De acordo com o contexto e a intenção de quem escreve, as palavras podem ser empregadas em sentido denotativo (ou literal) ou em sentido conotativo (ou figurado).

O emprego de palavras em sentido conotativo é um recurso para a construção de imagens, principalmente em poemas.

 
5. Nos dois poemas, alguns versos sugerem imagens por meio de palavras. Qual dessas imagens mais o impressionou? Por quê?

Um dos recursos da poesia é trabalhar com imagens criadas por meio de palavras.

Às vezes, a imagem é uma cena objetiva, real. Outras vezes, é uma criação poética de

algo idealizado, possível apenas na imaginação.

 
6. Do modo como é retratado nos dois poemas, o vento apresenta características
de um ser humano.
a) Aponte um exemplo desse recurso em cada um dos poemas.
 

A personificação ou prosopopeia é uma figura de linguagem por meio da qual características humanas são atribuídas a seres não humanos ou inanimados (animais, objetos, elementos da natureza etc.).

 
b) Que sentido a personificação do vento dá aos poemas lidos?
7. A comparação é um dos recursos usados para a criação de imagens.
Consiste em aproximar duas ideias, dois seres ou dois objetos com
base em uma característica que lhes seja comum. Das frases a seguir,
transcreva aquela em que ocorre uma comparação.
I. Um novo dia amanhece.
II. Vem vindo um mundo novo como o amanhecer de um novo dia.
III. “vem um mundo amanhecendo”.
 
Na atividade 7, a primeira e a segunda frases são enunciados independentes, em que se atribui uma mesma característica (novo) a seres diferentes (respectivamente, ao dia e ao mundo).
Na terceira frase, o enunciado atribui uma característica a um ser em relação à mesma característica em outro ser. Nele há uma comparação explícita (novo como o amanhecer) entre mundo e dia.
 

Quando, por meio de uma relação de semelhança, para se referir a um objeto ou a uma qualidade dele, usa-se uma palavra que se refere a outro objeto ou qualidade, ocorre a metáfora.

 
8. Nos versos “Nas asas do seu cavalo” e “Lá vem nas asas do vento”, a palavra asas está empregada em seu sentido literal?
a) Que sentido ela pode emprestar a esses versos?
b) Qual é a relação desse sentido com as ideias sugeridas por vento e cavalo?
 

A metáfora é uma criação subjetiva, isto é, depende das intenções e da imaginação do autor. Às vezes, o sentido dela é mais evidente. Mas há metáforas sobre as quais podemos fazer muitas suposições.

 
A metáfora é quase uma comparação. Quando o eu lírico, no primeiro poema, diz “eu estava distraído / a olhar pro meu umbigo”, ele faz como que uma comparação entre não ter consciência do momento vivido e estar distraído olhando para o próprio umbigo.
 

A metáfora não é um recurso exclusivo da literatura.

Ocorre também na linguagem cotidiana, em expressões populares e em gírias. Exemplo:

Ela é fera em Matemática!

Está um gelo lá fora.

 
9. Releia os versos de “Na carreira do vento”.
vem a camisa molhada
de suor dos desgraçados
a) A que se pode associar “camisa molhada de suor”?
b) Como podemos fazer essa associação?
 

Metonímia é a figura de linguagem em que se emprega um termo em lugar de outro, havendo uma relação objetiva de afinidades entre o termo substituído e o termo substituto.

 
Na metonímia, diferentemente da metáfora, associam-se dois elementos que guardam entre si uma relação direta, objetiva. Veja um exemplo nestes versos de um poema de Fernando Pessoa.
Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando
PESSOA, Fernando. Cancioneiro. Domínio público.
 
O termo azul (cor) está empregado no lugar de céu, uma vez que existe uma relação direta, objetiva, entre ambos.
 
A metonímia é um recurso de linguagem muito usado no dia a dia. Há vários tipos de metonímia. Veja os mais comuns.
• A parte pelo todo: Comprou dez cabeças de gado. (cabeças está no lugar do animal)
• O continente pelo conteúdo: Estava com muita fome: comi dois pratos cheios. (pratos está no lugar de comida)
• O efeito pela causa: “De repente do riso fez-se o pranto” (riso e pranto, no verso de Vinicius de Moraes, podem ser lidos respectivamente como alegria e tristeza)
• A causa pelo efeito: Sou alérgica a gatos. (a alergia vem do pelo do gato)
• O autor pela obra: Já li Machado de Assis. (o nome do autor é uma referência aos seus livros)
 
10. Leia este trecho de um poema de Olavo Bilac.
A alvorada do amor
Rosas te brotarão da boca, se cantares!
Rios te correrão dos olhos, se chorares!
BILAC, Olavo. In: Olavo Bilac: obra reunida.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. (Fragmento).
 
a) A que imagem o eu lírico associa o canto da amada?
b) E as lágrimas da amada, a que imagem estão associadas?
c) Como o leitor pode interpretar esse canto e esse choro a partir das imagens criadas pelo eu lírico?
d) Que características das rosas e dos rios podem ser atribuídas ao canto e ao choro?
e) Há exagero nessas imagens propostas pelo eu lírico?
f) Releia o título do poema. Para o eu lírico, as associações que ele faz são próprias do sentimento amoroso em qualquer tempo?
 

Hipérbole é a figura de linguagem que ocorre quando expressamos uma ideia de modo exagerado.

A hipérbole ocorre frequentemente na linguagem cotidiana, em expressões como:

• Estou morta de fome!

• Já te falei isso mais de um milhão de vezes!

 
GABARITO:
1. Resposta pessoal.
2. Resposta pessoal.
Sobre o texto A
 
1. a) Não foi empregada no seu sentido literal: o vento está relacionado à passagem do tempo.
b) Resposta pessoal.
 
2. Arrependido. Por não ter aproveitado a vida e tudo ter sido levado pelo vento.
 
3. Resposta pessoal.
4. Que o eu lírico se preocupava mais consigo mesmo do que com os acontecimentos ao seu redor e, por isso, não aproveitava a vida.
 
5 e 6. Respostas pessoais.
 
Sobre o texto B
1. a) Os vassalos podem representar a escravidão ou a servidão – gemem em desgraça e sentem a esperança de uma “bonança”; ou seja, do fim do seu sofrimento.
b) O eu lírico pode estar falando de ter de lutar para garantir a sobrevivência.
c) Referência aos processos relacionados às transformações históricas.
d) O tempo corre tão rápido que deixa tudo para trás.
e) Uma alusão ao fato de que as mudanças trazidas pelo vento ora são construtivas, ora destrutivas.
f) A saudade dos tempos anteriores ao progresso, da vida em menor velocidade, com menos poeira etc.
g) O menino representa uma nova época, que também será levada pelo tempo.
 
2. Ele pode representar o sofrimento da servidão, as mudanças, os embates entre o bem e o mal e o desejo de sair desse sofrimento.
• O lamento da saudade toma o lugar do sofrimento anterior, porque até então se tratava de um passado mais remoto; a saudade que se sente é de um passado recente.
O vento toma o lugar do grito, do impulso por mudar, porque as transformações tornam-se fortes, independentes, irrefreáveis.
 
3. No título do poema, carreira tem o sentido de “corrida veloz”. Aceitar outra leitura, desde que justificada.
 
Sobre os textos A e B
1. a) Não.
b) Sugestão: para o eu lírico do primeiro poema, o vento apresenta uma oportunidade de reflexão sobre a vida; para o eu lírico do segundo poema, o vento tem ação implacável sobre a vida das pessoas.
 
2. No primeiro poema, as imagens tratam de emoções pessoais; no segundo, abordam as mudanças que ocorrem no mundo.
 
De olho na construção dos sentidos
1. a) Por meio da repetição, cria-se a ideia de que a ação do vento é certa, ninguém pode detê-lo.
b) Resposta pessoal.
 
2. Considerando o significado do verbo reboar, a forma nominal reboando explicita uma característica do vento, indicando que ele soprava com muita intensidade, produzindo eco.
• A repetição da palavra reboando, cria a ideia de continuidade, mostrando que as mudanças provocadas pelo vento não cessam, vão se sucedendo e se acumulando.
Essa repetição lembra também o galope de um cavalo e marca o ritmo do poema.
 
3. a) As palavras que apresentam a ideia de oposição nas estrofes são: amanhecendo e morrendo; Deus e Satanás.
b) No texto A: sonho/pesadelo; vai trazer/carregou. No texto B: desgraça/bonança; gemendo/sorrindo; amanhecendo/ morrendo.
c) o uso de antíteses contribui para a impressão (ou efeito de sentido) de alternâncias, de mudanças rápidas, de movimento, de velocidade.
 
4. Não; o verbo amanhecer foi usado com o significado de “nascer”.Com esse significado,
amanhecendo opõe-se a morrendo, do verso seguinte, confirmando o jogo de oposições no poema.
 
5. Respostas pessoais.
6. a) Possibilidades: no primeiro poema: cantar, trazer, carregar, devolver (o sonho) e as características “ventado” e “perdido”; no segundo poema: correr, montar, voar em aviões, parar, deixar (repousar) e as características com cavalos-motores” e “danado”.
 
b) Sugestão de resposta: A personificação atribui ao vento a responsabilidade pelas mudanças, como se as pessoas não tivessem o controle delas.
 
7. Vem vindo um mundo novo como o amanhecer de um novo dia.
 
8. Não, não está empregada em sentido literal.
a) Asas, lembrando “voo”, empresta aos versos o sentido de algo muito veloz, aéreo, difícil de se apanhar.
b) Tanto vento como cavalo expressam a velocidade do tempo, que não se pode apanhar, deter.
 
9.
a) A trabalho.
b) O suor é provocado pelo trabalho braçal, por exemplo. Lembrar que a palavra suor,
em sentido figurado, significa “trabalho”: Comprei esta casa com o meu suor.
 
10. a) O canto da amada é associado à imagem de rosas brotando de sua boca.
b) Estão associadas à imagem de rios.
c) As imagens sugerem um canto suave, delicado, bonito, encantador, e um choro farto, intenso, muito emocionado.
d) A beleza das rosas e a suavidade e delicadeza de suas pétalas podem ser atribuídas ao canto, enquanto o aspecto líquido e de água que corre dos rios pode ser associado ao choro.
e) Sim, particularmente no segundo verso, no qual há uma hipérbole, empregada com frequência.
f) As associações feitas pelo eu lírico são próprias da “alvorada” do sentimento amoroso, ou seja, quando ainda é novo.
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
Araribá mais: interdisciplinar: língua portuguesa e arte: manual do professor / organizadora Editora Moderna; obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editora responsável Marisa Martins Sanchez. – 1. ed. – São Paulo : Moderna, 2018.P165-171.