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sexta-feira, 29 de maio de 2020

TEXTO DE OPINIÃO O VERDADEIRO PREÇO DE UM BRINQUEDO 9ºANORIO18


O VERDADEIRO PREÇO DE UM BRINQUEDO
Carlos Eduardo Lopes Marciano
       É comum vermos comerciais direcionados ao público infantil. Com a existência de personagens famosos, músicas para crianças e parques temáticos, a indústria de produtos destinados a essa faixa etária cresce de forma nunca vista antes. No entanto, tendo em vista a idade desse público, surge a pergunta: as crianças estariam preparadas para o bombardeio de consumo que as propagandas veiculam?
        Há quem duvide da capacidade de convencimento dos meios de comunicação. No entanto, tais artifícios já foram responsáveis por mudar o curso da História. A imprensa, no século XVIII, disseminou as ideias iluministas e foi uma das causas da queda do absolutismo. Mas não é preciso ir tão longe: no Brasil redemocratizado, as propagandas políticas e os debates eleitorais são capazes de definir o resultado de eleições. É impossível negar o impacto provocado por um anúncio ou uma retórica bem estruturada.
       O problema surge quando tal discurso é direcionado ao público infantil. Comerciais para essa faixa etária seguem um certo padrão: enfeitados por músicas temáticas, as cenas mostram crianças, em grupo, utilizando o produto em questão. Tal manobra de “marketing” acaba transmitindo a mensagem de que a aceitação em seu grupo de amigos está condicionada ao fato de ela possuir ou não os mesmos brinquedos que seus colegas. Uma estratégia como essa gera um ciclo interminável de consumo que abusa da pouca capacidade de discernimento infantil.
        Fica clara, portanto, a necessidade de uma ampliação da legislação atual a fim de limitar, como já acontece em países como Canadá e Noruega, a propaganda para esse público, visando à proibição de técnicas abusivas e inadequadas. Além disso, é preciso focar na conscientização dessa faixa etária em escolas, com Professores(as) que abordem esse assunto de forma compreensível e responsável. Só assim construiremos um sistema que, ao mesmo tempo, consiga vender seus produtos sem obter vantagem abusiva da
ingenuidade infantil.

1 – No trecho “No entanto, tendo em vista a idade desse público [...]”, (primeiro parágrafo), a que se referem os termos destacados?
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2 – Que manobra de marketing é citada no terceiro parágrafo?
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3 – Transcreva do terceiro parágrafo um trecho em que há ideia de tempo:
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4 – Marque, no texto, as partes que compõem a introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
5 – Qual a tese defendida no texto?
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6 – Que argumento, no terceiro parágrafo, foi utilizado para fundamentar a tese?
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7 – O que o autor sugere na conclusão do seu texto?
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TESE é a ideia que defendemos, pois a argumentação implica posicionamento, defesa do ponto de vista, o que pode implicar, evidentemente, divergência de opinião. Os argumentos de um texto são, em geral, facilmente localizáveis. Identificada a tese, faz-se a pergunta por quê? (Ex.: o texto afirma isso (tese) por vários motivos (argumentos)). Os argumentos utilizados para fundamentar a tese podem ser de diferentes tipos: exemplos, comparações, dados históricos, dados estatísticos, pesquisas, causas socioeconômicas ou culturais, depoimentos – enfim, tudo o que possa demonstrar que o ponto de vista defendido pelo autor tem consistência.

TEXTO DE OPINIÃO UMBIGOLANDIA 9ºANO RIO18

TEXTO DE OPINIÃO UMBIGOLANDIA 9ºANO RIO18

UMBIGOLÂNDIA
      Dias desses encontrei uma amiga que me disse que está achando tudo e todo mundo chato. Que a violência está demais, que o dinheiro não dá pra nada, que o trânsito está uma loucura, que o amor já era, que ninguém mais quer amar ninguém, homem é uma raça em extinção e por aí vai.
       Em seguida abanou os braços, gritou “Táxi!” e, antes de entrar no carro, arrematou:
      ─ E ainda tem esses táxis uó de vidro preto que a gente nunca sabe se estão vazios ou ocupados! Beijão, vê se me liga você também, pô!
       E foi embora, largando no meu colo aquela corbeille de reclamações e uma cobradinha final. Fiquei ali, parado, pensando nas palavras dela, enquanto o táxi de vidro preto empacava no trânsito uma quadra adiante. É, minha amiga, certamente a vida não anda nada fácil, quem sai de casa não sabe se volta, namorar está brabo e ai de quem reagir a qualquer tipo de violência. Reagir é um perigo mesmo. Principalmente se a reação for de ordem mais, digamos, psicológica, tipo reagir-a-algum-comentário-maldoso-sobre-você-na-sua-cara. Neste quesito eu tenho muita dificuldade: ou não reajo ou só reajo uma semana depois. Naquele breve encontro, só minha amiga falou. Despejou suas reclamações em cima de mim e se mandou. E eu fiquei sem reação.
       Bem, reagir como, se ela não me deu chance? Só ela falou e eu fiquei ali de “vinagrete” – só de acompanhamento. E o que é reagir? Penso que, ao pé da letra, reagir significa agir novamente, ou “agir de volta”. E por que reagir é um perigo? Porque a reação confere ao outro o poder de tomar posição. Ter atitude. Trocar. Crescer. Será? Talvez. Mas está tão difícil reagir. Trocar. Crescer. Está difícil dialogar. Vivemos a era do monólogo, do “eu” exacerbado, do “meu espaço”, da “minha individualidade”, do “meu momento”, enfim, da Umbigolândia.
       E é cada vez maior a população desta estranha terra, ocupada por um único habitante, rei e súdito ao mesmo tempo: o ego. Na Umbigolândia, só uma pessoa interessa: o eu. O outro é mera circunstância. O assunto é um só. Só um fala e ponto. Eu sei que estou generalizando, e me perdoem por isso. Mas do jeito que a coisa está, não me resta pensar em outra coisa.
       Foi minha amiga quem, involuntariamente, trouxe essas questões à minha mente. A escuta está virando artigo de luxo. Aquele que tem o dom da escuta – sim, nos dias de hoje escutar o outro é honrar um dom ─ tem aberto o canal da inteligência. Do crescimento. Do autoconhecimento e do conhecimento do outro. Do mundo. E é INCRÍVEL como a indústria do consumo corteja sem parar o individualismo desenfreado. A internet, então, é a fada madrinha dos solitários. Bibiti-bobiti-bum! E lá está você diante do mundo. Sozinho. E o universo faz a sua parte conspirando a favor.
      Conspirando e pirando. É muita gente no mundo. Muita gente procurando. Buscando. Querendo. Pouca gente escutando. Encontrando. Suprindo.
      E quanto mais gente, mais ego. E quanto mais ego, mais solidão.
      Na Umbigolândia, ego gera ego. E o profeta disse que gentileza gera gentileza. Pra minha amiga, que está (espero eu) passando uma temporada na Umbigolândia, isso não interessa, até porque quem mora lá não enxerga um palmo adiante do umbigo. Pra quem mora aqui na Terra mesmo, a premissa do profeta é um toque. Gentileza gera gentileza. Que gera escuta. Que gera troca.    Que torna mais suportáveis problemas modernos como egolatria, consumo desenfreado, falta de amor, de companhia, de solidão. Se bem que a solidão não sente falta de companhia. Até porque ela está sempre ao lado de alguém.
Aloísio de Abreu - Revista O Globo 23/03 /2008.

1.O primeiro e o segundo parágrafos revelam o estado de espírito da amiga do cronista. Como ela está encarando a vida?
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2 – Que sentido tem, no texto, a expressão “corbeille de reclamações” ?
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3 – A que trecho se refere a palavra “cobradinha”, no terceiro parágrafo?
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4 – Há, no texto, algumas marcas típicas da linguagem informal e oral. Retire alguns exemplos que confirmem essa afirmativa:
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5 – Que trecho do texto confirma que o cronista tem dificuldade em reagir a algum comentário maldoso?
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6 – Que associação é feita em “Só ela falou e eu fiquei ali de “vinagrete” – só de acompanhamento.”, no quarto parágrafo?
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7 – Segundo o texto, por que reagir é perigoso?
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8 – A que palavra estão relacionados os termos “a era do monólogo” , ‘do “eu” exacerbado’, “meu espaço”, minha individualidade”, “meu
momento”, no quarto parágrafo?
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9. A que se refere, no quarto parágrafo, a expressão “estranha terra”?
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10. Quem é o único habitante dessa “estranha terra”?
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11 – Segundo o texto, qual a consequência de saber ouvir o outro?
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12 – Por que a internet é considerada “fada madrinha dos solitários”?
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13 – A que está relacionada a expressão “Bibiti-bobiti-bum”?
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14 – O trecho “[...] não enxerga um palmo adiante do umbigo” está associado a que dito popular?
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15 – Qual a premissa do profeta, presente no texto?
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16 – Num texto que defende uma ideia, essa ideia recebe o nome de TESE. Qual a tese defendida neste texto?
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17 – Observe a estrutura do trecho “Gentileza gera gentileza. Que gera escuta. Que gera troca. Que torna mais suportáveis problemas
modernos...”. Qual o efeito da repetição dos termos destacados?
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18 – No trecho que se segue, identifique os fatos e a opinião:
“Fiquei ali, parado, pensando nas palavras dela, enquanto o táxi de vidro preto empacava no trânsito uma quadra adiante. É, minha amiga,
certamente a vida não anda nada fácil [...]”
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domingo, 19 de abril de 2020

TEXTO DE OPINIÃO INSEGURANÇA TELÁRIS MARCAR X


"Insegurança"

     O adolescente se olha no espelho e se acha diferente. Constata  facilmente que perdeu aquela graça infantil que, em nossa cultura , parece garantir o amor incondicional dos adultos, sua proteção e solicitude imediatas. Essa insegurança perdida  deveria ser compensada por um novo olhar dos mesmos adultos, que reconhece as imagens púbere como sendo a figura de outro adulto, seu par iminente. Ora, se olhar falha: o adolescente perde ( ou, para crescer, renuncia) a segurança do amor que era garantido à criança, sem ganhar em troca outra forma de reconhecimento que lhe parecia nessa altura devido .

    Ao contrario, a maturação, que , para ele, e evidente, invasiva e destrutiva do que fazia sua graça de criança, é recusada, suspensa, negada. Talvez haja  maturação, lhe dizem, mais ainda não e maturidade. Por consequência, ele não é mais nada, nem criança amada, nem adulto reconhecido.

O que vemos no espelho não e bem nossa imagem. É uma imagem que sempre deve muito ao olhar dos outros. Ou seja me vejo bonito ou desejável se tenho razoes de acreditar que os outros gostam de mim ou me desejam. Vejo e suma, o que eu imagino que os outros vejam. Por isso o espelho e ao mesmo tempo tão tentador e tão perigoso para o adolescente: porque gostaria muito de descobri o que os outros veem nele. Entre a criança  que se foi e o adulto que não chega , o espelho do adolescente é frequentemente vazio. Podemos entender então como essa época da vida possa se campeã em fragilidade  de alto estima(...).

   Parado na frente do espelho, caçando as espinhas, medindo as novas formas de seu corpo, desejando e ojerizando seus novos pelos ou seios, o adolescente vivi  a falta do olhar apaixonado que ele merecia  quando criança e a falta de palavras que os admitam  como par na sociedade do adultos. A insegurança se torna assim o traço próprio da adolescência.

  Grande parte das dificuldades relacionadas dos adolescentes, tanto com os adultos quanto com seus coetâneos, derive dessa insegurança. Tanto de uma timidez apagada quanto os estardalhaço maníaco manifestam  as mesmas questões, constantemente a flor da pele, de quem se sente não mais adorado e ainda não reconhecido: será que sou amável , desejável, bonito, agradável, visível, invisível, oportuno inadequado?

1) no primeiro parágrafo o autor diz que o adolescente "se acha diferente". Para justificar essa afirmação, diz que o adolescente perde algo sem ganhar nada em troca que compense essa perda. Responda de acordo com o texto :

a) O que o adolescente Verifica que perdeu ao se olhar no espelho?
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b) Essa perda, em nossa Cultura, acarreta outras perdas. Quais são elas?
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c) Talvez não houvesse tantos conflitos se essas perdas resultassem em algum ganho. Qual é o ganho que não acontece e que seria importante para o adolescente, segundo o autor ?
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d) Na frase  “Ora, esse olhar falha” a quem o autor está se referindo?
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e) O título do texto é INSEGURANÇA. Que expressão do primeiro parágrafo equivale a essa palavra?
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2. releia os significados de maturação e maturidade.
-maturação- amadurecimento no processo de crescimento
- maturidade- condição própria das pessoas adultas
 Reescreva a frase “ Talvez haja maturação, lhe dizem, mas ainda não é maturidade” de modo a facilitara compreensão do significado dessas palavras, no texto.
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1) A expressão do primeiro parágrafo que pode ser considerada equivalente à palavra que dá título ao
texto "Insegurança" é:
a) "novo olhar."
b) "amor incondicional."
c) "par iminente."
d) "segurança do amor."
e) "segurança perdida."

2) Na frase: "Ora, esse olhar falha", o autor está se referindo ao olhar:
a) de outro adolescente.
b) dos outros.
c) dos adultos.
d) do próprio adolescente.
e) da sua imaturidade.

3) De acordo com o texto, o adolescente, ao se olhar no espelho, verifica que:
a) ele é seu inimigo.
b) as pessoas não gostam mais dele.
c) perdeu a graça infantil.
d) ele reflete toda a sua insegurança.
e) ele não reflete absolutamente nada.

4) Quando o adolescente percebe que não é mais criança, essa percepção traz algumas perdas que são:
a) a perda da ingenuidade e da naturalidade.
b) a perda do amor irrestrito, da proteção e da solicitude.
c) a perda da própria imagem.
d) a perda da autoestima.
e) a perda da segurança diante das pessoas.

5) Talvez não houvesse tantos conflitos se essas perdas resultassem em algum ganho. Segundo Contardo Calligaris, o ganho que não acontece e que seria importante para o adolescente é:
a) o reconhecimento de que ele já é um outro adulto.
b) não acreditarem na sua responsabilidade.
c) não deixarem ele crescer.
d) não deixarem ele olhar para ele como criança.
e) não aceitarem suas opiniões







segunda-feira, 4 de março de 2019

CRÔNICA E TEXTO DE OPINIÃO SUGESTÃO DE HABILIDADES da BNCC PARA TRABALHAR O GÊNERO.



CRÔNICA
3. localizar informações
6. identificar o tema/assunto
10. identificar o gênero
12. identificar a finalidade
13. Identificar os interlocutores.
17. reconhecer efeito de sentido/pontuação.
18. discurso direto e indireto
30. pontuação travessão, aspas...
34. identificar ironia/ humor
40. Variação linguística


BNCC. Identificar fato, tema, subtema...
BNCC. Identificar vozes, citação, paráfrase, discurso ...
BNCC. Identificar humor, ironia, uso ambíguo, clichês, pontuação.
BNCC. Reconhecer as variedade da língua falada;
O conceito de norma padrão;...

TEXTO DE OPINIÃO
a)    artigo
b)    editorial
c)    carta
d)    comentários
e)    post
f)     charge
g)    meme
h)   gif
i)     resenha
3. localizar informações
5. fato/opinião
6. identificar o tema/assunto
10. identificar o gênero
12. identificar a finalidade
14. vozes, marcas linguísticas.
15.  posições distintas entre opiniões.
16. comparar textos
18. discurso direto...., citação / aspas. travessão
20. identificar a tese
21. relação tese/argumentos
22. progressão temática
23. anáfora/ pronomes
34. identificar ironia/humor

BNCC. Identificar a tese.
BNCC. Defesa da tese.
BNCC. Opinião/posicionamento.
BNCC. Tipos de argumentos
BNCC. Contra argumentos
BNCC. Comparar diferentes posições
BNCC. Intertextualidade
BNCC. Implícitos
BNCC. Explícitos
BNCC. Recursos persuasivos como:
título, escolhas lexicais, construções metafóricas...
BNCC. Identificar citação, paráfrase...
BNCC. Identificar humor, ironia, uso ambíguo, clichês, pontuação.



domingo, 10 de fevereiro de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO 9º ANO UMBIGOLANDIA TEXTO E QUESTÕES


       Dias desses encontrei uma amiga que me disse que está achando tudo e todo mundo chato. Que a violência está demais, que o dinheiro não dá pra nada, que o trânsito está uma loucura, que o amor já era, que ninguém mais quer amar ninguém, homem é uma raça em extinção e por aí vai. Em seguida abanou os braços, gritou “Táxi!” e, antes de entrar no carro, arrematou:
       - E ainda tem esses táxis uó de vidro preto que a gente nunca sabe se estão vazios ou ocupados! Beijão, vê se me liga você também, pô!
        E foi embora, largando no meu colo aquela corbeille de reclamações e uma cobradinha final. Fiquei ali, parado, pensando nas palavras dela, enquanto o táxi de vidro preto empacava no trânsito uma quadra adiante. É, minha amiga, certamente a vida não anda nada fácil, quem sai de casa não sabe se volta, namorar está brabo e ai de quem reagir a qualquer tipo de violência. Reagir é um perigo mesmo. Principalmente se a reação for de ordem mais, digamos, psicológica, tipo reagir-a-algum-comentário-maldoso-sobre-você-na-sua-cara. Neste quesito eu tenho muita dificuldade: ou não reajo ou só reajo uma semana depois. Naquele breve encontro, só minha amiga falou. Despejou suas reclamações em cima de mim e se mandou. E eu fiquei sem reação.
       Bem, reagir como, se ela não me deu chance? Só ela falou e eu fiquei ali de “vinagrete” – só de acompanhamento. E o que é reagir? Penso que, ao pé da letra, reagir significa agir novamente, ou “agir de volta”. E por que reagir é um perigo? Porque a reação confere ao outro o poder de tomar posição. Ter atitude. Trocar. Crescer. Será? Talvez. Mas está tão difícil reagir. Trocar. Crescer. Está difícil dialogar. Vivemos a era do monólogo, do “eu” exacerbado, do “meu espaço”, da “minha individualidade”, do “meu momento”, enfim, da Umbigolândia. E é cada vez maior a população desta estranha terra, ocupada por um único habitante, rei e súdito ao mesmo tempo: o ego. Na Umbigolândia, só uma pessoa interessa: o eu. O outro é mera circunstância. O assunto é um só. Só um fala e ponto. Eu sei que estou generalizando, e me perdoem por isso. Mas do jeito que a coisa está, não me resta pensar em outra coisa.
     Foi minha amiga quem, involuntariamente, trouxe essas questões à minha mente. A escuta está virando artigo de luxo. Aquele que tem o dom da escuta – sim, nos dias de hoje escutar o outro é honrar um dom - tem aberto o canal da inteligência. Do crescimento. Do auto-conhecimento e do conhecimento do outro. Do mundo. E é INCRÍVEL como a indústria do consumo corteja sem parar o individualismo desenfreado. A internet, então, é a fada madrinha dos solitários. Bibiti-bobiti-bum! E lá está você diante do mundo. Sozinho. E o universo faz a sua parte conspirando a favor. Conspirando e pirando. É muita gente no mundo. Muita gente procurando. Buscando. Querendo. Pouca gente escutando. Encontrando. Suprindo. E quanto mais gente, mais ego. E quanto mais ego, mais solidão.
      Na Umbigolândia, ego gera ego. E o profeta disse que gentileza gera gentileza. Pra minha amiga, que está (espero eu) passando uma temporada na Umbigolândia, isso não interessa, até porque quem mora lá não enxerga um palmo adiante do umbigo. Pra quem mora aqui na Terra mesmo, a premissa do profeta é um toque. Gentileza gera gentileza. Que gera escuta. Que gera troca. Que torna mais suportáveis problemas modernos como egolatria, consumo desenfreado, falta de amor, de companhia, de solidão. Se bem que a solidão não sente falta de companhia. Até porque ela está sempre ao lado de alguém.

Aloísio de Abreu

1.O primeiro e o segundo parágrafos revelam o estado de espírito da amiga do cronista. Como ela está encarando a vida?
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2 – Que sentido tem, no texto, a expressão “corbeille de reclamações” ?
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3 – A que trecho se refere a palavra “cobradinha”, no terceiro parágrafo?
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4 – Há, no texto, algumas marcas típicas da linguagem informal e oral. Retire alguns exemplos que confirmem essa afirmativa:
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5 – Que trecho do texto confirma que o cronista tem dificuldade em reagir a algum comentário maldoso?
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6 – Que associação é feita em “Só ela falou e eu fiquei ali de “vinagrete” – só de acompanhamento.”, no quarto parágrafo?
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7 – Segundo o texto, por que reagir é perigoso?
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8 – A que palavra estão relacionados os termos “a era do monólogo” , ‘do “eu” exacerbado’, “meu espaço”, minha individualidade”, “meu
momento”, no quarto parágrafo?
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9. A que se refere, no quarto parágrafo, a expressão “estranha terra”?
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10. Quem é o único habitante dessa “estranha terra”?
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11 – Segundo o texto, qual a consequência de saber ouvir o outro?
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12 – Por que a internet é considerada “fada madrinha dos solitários”?
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13 – A que está relacionada a expressão “Bibiti-bobiti-bum”?
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14 – O trecho “[...] não enxerga um palmo adiante do umbigo” está associado a que dito popular?
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15 – Qual a premissa do profeta, presente no texto?
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16 – Num texto que defende uma ideia, essa ideia recebe o nome de TESE. Qual a tese defendida neste texto?
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17 – Observe a estrutura do trecho “Gentileza gera gentileza. Que gera escuta. Que gera troca. Que torna mais suportáveis problemas
modernos...”. Qual o efeito da repetição dos termos destacados?
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18 – No trecho que se segue, identifique os fatos e a opinião:
“Fiquei ali, parado, pensando nas palavras dela, enquanto o táxi de vidro preto empacava no trânsito uma quadra adiante. É, minha amiga,
certamente a vida não anda nada fácil [...]”
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