BIOGRAFIA
TEORIA E ATIVIDADES
FONTE: Costa, Cibele Lopresti,
Geração Alpha Língua portuguesa: ensino fundamental: anos finais: 6ºano-2ª
ed. - São Paulo: Edições SM, 2018.
Você vai ler
um trecho da biografia da compositora e maestrina carioca Chiquinha Gonzaga,
primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Além de ser uma mulher
pioneira na música, também se envolveu na luta pelo fim da escravidão e pela
Proclamação da República do Brasil. Como será que foi a infância dela?
Chiquinha Gonzaga
Ó abre alas que eu
quero passar
Ó abre alas que eu
quero passar
Eu sou da lira, não
posso negar
Rosa de Ouro é que vai
ganhar
Quem não
conhece essa canção?
Foi em 1899 que
Chiquinha Gonzaga compôs essa marchinha para o cordão Rosa de Ouro sair no
carnaval. Naquele momento, ela nem suspeitava que Ó abre alas iria atravessar o tempo e permanecer na memória dos
brasileiros até os dias de hoje.
Essa palavra de
ordem pedindo passagem para a vitória expressa, de forma clara, o espírito
determinado da rebelde sinhazinha do Segundo Reinado, que trocou
os salões pelas ruas abrindo alas para as mulheres e para a música brasileira.
Francisca
Edwiges Neves Gonzaga nasceu no Rio de Janeiro em 1847. Era a mais velha de
sete irmãos, filha do tenente José Basileu, de ilustre família de militares, e
da mestiça Rosa, só mais tarde aceita pelos Neves Gonzaga.
Em um sobrado
da Rua do Príncipe, no centro do Rio de Janeiro, Chiquinha passou a infância
com os irmãos Juca e José Carlos, entre as aulas e o quintal. Adorava brincar
de roda; sabia de cor todas as canções de roda e as cantigas de rua. Aos
domingos, depois da missa, ia assistir à banda no jardim do Passeio Público.
Estudou
escrita, leitura, cálculo, francês, história, geografia, catecismo e latim, em
casa, com um cônego que era professor. Para dar-lhe aulas de piano, o
Major Basileu contratou um maestro.
O tio e
padrinho de Chiquinha, Antônio Eliseu, flautista amador, trazia-lhe as
novidades musicais nas visitas diárias ao sobrado. Foi ele quem organizou a
festa de Natal em que a jovem pianista apresentou sua primeira composição.
Tinha, então, onze anos de idade quando compôs a Canção dos pastores, com versos do irmão Juca.
Era ao piano
que Chiquinha passava a maior parte do tempo livre, esquecida do mundo. Não
adiantava chamá-la. Só alguns escravos da casa conheciam o truque: assobiavam a
melodia que ela estava tocando e a menina logo respondia. Com música, é claro.
O progresso nos
estudos, a inteligência, a curiosidade e o talento de Chiquinha convenceram o
militar de que um grande futuro como dama da corte de d. Pedro II esperava por
sua filha.
Quando
completou treze anos, o Major começou a pensar em casá-la. Adeus, infância
alegre e despreocupada! A inquietação tomou conta da menina, sempre tão firme e
decidida.
Naquela época,
multiplicavam-se os bailes e saraus no Rio de Janeiro, iluminado por lampiões a
gás. Nos salões imperava o piano e, pouco a pouco, a valsa e a quadrilha
foram cedendo lugar à saltitante polca. [...]
Aos dezesseis
anos, Chiquinha estava casada com um noivo escolhido por seu pai. Assim
costumava encerrar-se a vida das sinhazinhas do Império. Nada mais viveriam que
valesse a pena contar. Porém, no caso de Chiquinha Gonzaga, foi aí que sua
história começou.
O marido não
gostava de música. Irritava-se com a dedicação da esposa ao piano. Ela passou a
enfrentá-lo e a defender sua vontade. Comandante da marinha mercante, ele
fretou um navio de sua propriedade para servir como transporte na Guerra do
Paraguai, e teve a ideia, de obrigar Chiquinha a acompanhá-lo na viagem
para, com isso, afastá-la do piano.
O navio
carregava soldados, armas e escravos recrutados como "voluntários" da
pátria. Horrorizada, Chiquinha presenciou a discriminação com que eram tratados
os escravos. A rebeldia transformou-se em revolta. Quando foi proibida pelo
marido de utilizar um violão a bordo e intimada a escolher entre ele e a
música, não teve dúvida:
— Pois, senhor
meu marido, eu não entendo a vida sem harmonia.
A decisão de
abandonar o casamento custou a Chiquinha a expulsão da família e a maldição
paterna: seu pai nunca a perdoou. Naquela época, já era mãe de três filhos.
Apaixonou-se, em seguida, por um jovem engenheiro, com quem foi viver longe do
Rio, onde ele construía estradas de ferro. Gostava de música esse marido. Dessa
união nasceu mais uma filha.
De novo, o
temperamento forte de Chiquinha manifestou-se. Não tolerou uma cena de ciúmes e
abandonou o marido. Voltou ao Rio de Janeiro acompanhada apenas do filho mais
velho, o único que criou – os outros foram educados pelos pais e familiares.
Convencida de sua falta de vocação para o casamento, com ou sem amor, ela
decidiu viver de música, pois essa era uma paixão correspondida. [...]
Edinha Diniz. Chiquinha Gonzaga. São Paulo: Moderna, 2001. p. 3-11
(Coleção Mestres da Música no Brasil).
1. Compare o que você imaginou sobre o texto com o que ele
realmente apresenta sobre a infância de Chiquinha Gonzaga.
a) Suas hipóteses se confirmaram?
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b) Você gostou do texto? Justifique.
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2. O trecho que você leu é a parte inicial da biografia de
Chiquinha Gonzaga, na qual são apresentadas informações a respeito da obra e da
personalidade da pianista.
a) Que fato indica que o trabalho desenvolvido pela
compositora foi importante?
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b) Algumas características relacionadas à personalidade de
Chiquinha são reveladas ao leitor nessa parte do texto. Quais são elas?
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3. Antes de apresentar a infância de Chiquinha, a biógrafa
justifica por que a compositora foi importante para a história da música
brasileira.
a) Qual é essa justificativa?
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b) De acordo com a biógrafa, o que Chiquinha conquistou:
popularidade, dinheiro ou reconhecimento acadêmico?
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4. No texto, há dados relacionados à família de Chiquinha
Gonzaga.
a) Quais são as informações a respeito dos pais da
compositora?
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b) Por que essas informações são relevantes para a
biografia?
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5. No trecho lido, destaca-se a infância da compositora.
a) Que informações indicam o gosto e a habilidade musical de
Chiquinha?
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b) Além das informações relacionadas à música, são relatados
fatos associados à formação e ao desenvolvimento da menina. Quais são eles?
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c) Por que essas informações são relevantes na biografia?
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ANOTE AÍ
Biografia é um relato não ficcional em
que o biógrafo conta uma história de
vida, geralmente de uma personalidade
pública. Em geral, o biografado é alguém
que se destaca na sociedade por algum motivo: seu exemplo de vida, suas
realizações profissionais ou artísticas. Assim, a biografia é publicada
considerando que várias pessoas podem ter interesse em sua leitura.
6. Ao longo do texto, descobrimos que o pai de Chiquinha tem uma
expectativa: deseja que a filha se torne uma dama da corte de d. Pedro II.
a) O que ele fez para que isso se tornasse realidade? Que
acontecimentos parecem ter motivado Chiquinha a se desviar desse rumo?
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b) Que atitude a compositora toma que muda sua vida nesse
momento? Quais foram as consequências?
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7. Após esses acontecimentos, há uma série de mudanças na
vida da compositora.
a) Por que Chiquinha se muda da cidade do Rio de Janeiro?
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b) Por que ela retorna tempos depois à cidade natal?
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8. Ao longo do texto são apresentadas algumas datas.
a) Quando Chiquinha Gonzaga nasceu? Quando ela compôs seu
grande sucesso "Ó abre alas"?
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b) Em uma biografia, qual é a importância das datas?
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9. Sobre a viagem de Chiquinha Gonzaga durante o primeiro
casamento, que informação possibilita ao leitor saber em que época esse fato
ocorreu?
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ANOTE AÍ
Uma das
características de textos biográficos é a indicação
do tempo dos fatos relatados. Essa indicação pode ser feita de forma
direta, explicitando a data, ou de
forma indireta, por exemplo, relatando fatos
históricos ocorridos na época dos
fatos da biografia. Indicações da idade
do biografado, em certos momentos do relato, sinalizam em que fase da vida a pessoa enfrentou algumas
situações.
O CONTEXTO DE PRODUÇÃO
10. O texto dá ao leitor uma ideia de como era a cidade do
Rio de Janeiro durante a adolescência de Chiquinha Gonzaga, no fim do século
XIX.
a) O que é possível saber sobre a cidade nessa época?
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b) Considerando suas respostas anteriores, a biografia é um
texto inventado ou baseado em fatos reais? Por quê?
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11. Chiquinha Gonzaga faleceu em 1935 e sua biografia foi
publicada em 2001. De que modo a biógrafa pode ter obtido as informações que
apresenta?
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A LINGUAGEM DO TEXTO
12. A biografia foi escrita em que pessoa do discurso?
Justifique, comprovando com um trecho retirado do texto.
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13. A biógrafa afirma que Chiquinha Gonzaga "trocou os
salões pelas ruas abrindo alas para as mulheres e para a música
brasileira". Qual é o sentido da expressão "abrindo alas" nesse
contexto? Por que foi utilizada essa expressão?
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14. Releia esta fala da compositora: "— Pois, senhor
meu marido, eu não entendo a vida sem harmonia".
a) Que expressão indica que Chiquinha participa de um
diálogo?
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b) No caderno, reescreva a fala de Chiquinha como se tivesse
sido contada pela biógrafa. O efeito expressivo da reescrita é igual ao da fala
original?
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ANOTE AÍ
Escritas na terceira pessoa do discurso, as
biografias costumam apresentar as falas das personagens com uso de travessões para dar vivacidade ao texto e aproximar o
leitor. O uso de recursos expressivos
próprios da oralidade também
intensifica essa aproximação com o leitor.