PáginasDESCRITOR

Mostrando postagens com marcador INTERPRETAÇÃO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador INTERPRETAÇÃO. Mostrar todas as postagens

domingo, 26 de fevereiro de 2017

SELFIES INTERPERTAÇÃO MARCAR X 4Q

       SEFIES

           Muita gente se irrita, e tem razão, com o uso indiscriminado dos celulares. Fossem só para falar, já seria ruim. Mas servem também para tirar fotografias, e com isso somos invadidos no Facebook com imagens de gatos subindo na cortina, focinhos de cachorro farejando a câmera, pratos de torresmo, brownie e feijoada.   
           Se depender do que vejo com meus filhos —dez e 12 anos—, o tempo dos “selfies” está de todo modo chegando ao fim. Eles já começam a achar ridícula a mania de tirar retratos de si mesmo em qualquer ocasião. Torna-se até um motivo de preconceito para com os colegas.
           “Fulaninha? Tira fotos na frente do espelho.” Hábito que pode ser compreensível, contudo. Imagino alguém dedicado a melhorar sua forma física, registrando seus progressos semanais. Ou apenas entregue, no início da adolescência, à descoberta de si mesmo.
            A bobeira se revela em outras situações: é o caso de quem tira um “selfie” tendo ao fundo a torre Eiffel, ou (pior) ao lado de, sei lá, Tony Ramos ou Cauã Reymond.
           Seria apenas o registro de algo importante que nos acontece —e tudo bem. O problema fica mais complicado se pensarmos no caso das fotos de comida. Em primeiro lugar, vejo em tudo isso uma espécie de degradação da experiência.
           Ou seja, é como se aquilo que vivemos de fato —uma estadia em Paris, o jantar num restaurante— não pudesse ser vivido e sentido como aquilo que é.
           Se me entrego a tirar fotos de mim mesmo na viagem, em vez de simplesmente viajar, posso estar fugindo das minhas próprias sensações. Desdobro o meu “self” (cabe bem a palavra) em duas entidades distintas: aquela pessoa que está em Paris, e aquela que tira a foto de quem está em Paris.
            Pode ser narcisismo, é claro. Mas o narcisismo não precisa viajar para lugar nenhum. A complicação não surge do sujeito, surge do objeto. O que me incomoda é a torre Eiffel; o que fazer com ela? O que fazer de minha relação com a torre Eiffel?
            Poderia unir-me à paisagem, sentir como respiro diante daquela triunfal elevação de ferro e nuvem, deixar que meu olhar atravesse o seu duro rendilhado que fosforesce ao sol, fazer-me diminuir entre as quatro vigas curvas daquela catedral sem clero e sem paredes.
            Perco tempo no centro imóvel desse mecanismo, que é como o ponteiro único de um relógio que tem seu mostrador na circunferência do horizonte. Grupos de turistas se fazem e desfazem, há ruídos e crianças.
           Pego, entretanto, o meu celular: tiro uma foto de mim mesmo na torre Eiffel. O mundo se fechou no visor do aparelho. Não por acaso eu brinco, fazendo uma careta idiota; dou de costas para o monumento, mas estou na verdade dando as costas para a vida.
           (......)
          Talvez as coisas não sejam tão desesperadoras. Imagine-se que daqui a cem anos, depois de uma guerra atômica e de uma catástrofe climática que destruam o mundo civilizado, um pesquisador recupere os “selfies” e as fotos de batata frita.
          “Como as pessoas eram felizes naquela época!” A alternativa seria dizer: “Como eram tontas!”. Dependerá, por certo, dos humores do pesquisador.


1. Nesse texto, o autor, Marcelo Coelho, aborda o uso do telefone celular. De acordo com o
texto, NÃO é correto afirmar que o autor:
A) vê, terminantemente, o uso do celular de forma negativa.
B) critica o selfie banal, como fotografar-se tendo ao fundo a torre Eiffel.
C) considera como entidades distintas a pessoa que está em Paris e a que tira foto de quem está em Paris.
D) considera razoável que alguém faça um registro de si mesmo com finalidade prática.

2. O texto  tem como objetivo:
A) descrever as múltiplas funções do celular.
B) relatar situações corriqueiras e desinteressantes do uso ilimitado do celular.
C) instruir os leitores sobre o uso adequado dos selfies.
D) ilustrar o ponto de vista do autor sobre o uso dos selfies.

3. Por suas características formais, por sua função e uso, o texto pertence ao gênero:
A) artigo de opinião por se tratar de um posicionamento do autor diante de um tema atual.
B) depoimento, pela apresentação de experiências pessoais.
C) relato, pela descrição minuciosa de fatos verídicos.
D) reportagem, pelo registro impessoal de situações reais.

4. No trecho “Se depender do que vejo com meus filhos – dez e 12 anos –, o tempo dos “selfies” está de todo modo chegando ao fim”, o travessão:
A) destaca um esclarecimento.
B) substitui os dois-pontos.
C) indica a fala no discurso direto.
D) isola um chamamento.


INTERPRETAÇÃO O HOMEM E A GALINHA



Era uma vez um homem que tinha uma galinha.
Era uma galinha como as outras.
Um dia a galinha botou um ovo de ouro.
O homem ficou contente. Chamou a mulher:
- Olha o ovo que a galinha botou.
A mulher ficou contente: – Vamos ficar ricos!
E a mulher começou a tratar bem da galinha.
Todos os dias a mulher dava mingau para a galinha.
Dava pão-de-ló, dava até sorvete.
E a galinha todos os dias botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
- Pra que este luxo todo com a galinha?
Nunca vi galinha comer pão-de-ló…
Muito menos sorvete! Vai que a mulher falou:
- É, mas esta é diferente. Ela bota ovos de ouro!
O marido não quis conversa:
- Acaba com isso, mulher. Galinha come é farelo.
Aí a mulher disse:
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim! – o marido respondeu.
A mulher todos os dias dava farelo à galinha.
E a galinha botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
- Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão!
A galinha pode muito bem comer milho.
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim. – respondeu o marido.
Aí a mulher começou a dar milho pra galinha.
E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
- Pra que este luxo de dar milho pra galinha?
Ela que cate o de-comer no quintal!
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim – o marido falou.
E a mulher soltou a galinha no quintal.
Ela catava sozinha a comida dela.
Todos os dias a galinha botava um ovo de ouro.
Um dia a galinha encontrou o portão aberto.
Foi embora e não voltou mais.
Dizem, eu não sei, que ela agora está numa boa casa onde tratam dela a pão-de-ló.

 Questões de análise  
1) Todos os dias a galinha bota um ovo de ouro. Botar ovos é o seu trabalho. O ovo de ouro é o produto do seu trabalho. No entanto ele não pertence a galinha, mas ao dono, que, ao fim de um certo período, estará rico. Qual o tema que se pode extrair dessas figuras?
........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
2) Em troca do ovo de ouro (produto de seu trabalho), a dona dá sucessivamente a galinha: mingau, pão-de-ló e sorvete, farelo, milho. No final, não lhe dá nada. A galinha tem de catar o de comer no quintal. O que significa as figuras mingau, pão-de-ló, etc., considerando que elas constituem o que se recebe para produzir ovos de ouro?
..........................................................................................................................................................................................................................................
 3) As figuras mingau, sorvete, etc., mostram que a retribuição à galinha é cada vez menor, enquanto o fruto de seu trabalho permanece constante (todos os dias bota um ovo de ouro). Como gasta cada vez menos com a galinha, o homem vai ficar mais rico. Qual o tema que aparece sob essas figuras?
.......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
4) A Galinha foi embora porque quase não lhe davam nada em troca do que produzia. Dizem que está numa casa onde a tratam a pão-de-ló. Essas figuras recobrem que sentido mais abstrato?...............................................................................................................................................................................................................
5) A mulher estava preocupada com o bem-estar da galinha quando a tratava com mingau, sorvete e pão-de-ló? Aponte no texto uma frase que justifica sua resposta.
.........................................................................................................................................................................................................................................
6) Aponte F para falso e V para verdadeiro:
(   ) O patrão está interessado no bem estar do trabalhador  e não para a sua produtividade.
(    ) O trabalhador é obrigado a ficar sempre na mesma empresa.
(   ) A diminuição do salário do trabalhador ajuda o patrão a ficar mais rico.







O HOMEM E A GALINHA

Era uma vez um homem que tinha uma galinha. Era uma galinha como as outras.
Um dia a galinha botou um ovo de ouro. O homem ficou contente. Chamou a mulher:
- Olha o ovo que a galinha botou.
A mulher ficou contente:
- Vamos ficar ricos!
E a mulher começou a tratar bem da galinha. Todos os dias a mulher dava mingau para a galinha. Dava pão-de-ló, dava até sorvete. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:
- Pra que esse luxo com a galinha? Nunca vi galinha comer pão-de-ló... Muito menos tomar sorvete!
- É, mas esta é diferente! Ela bota ovos de ouro!
O marido não quis conversa:
- Acaba com isso mulher. Galinha come é farelo.
Aí a mulher disse:
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim - o marido respondeu.
A mulher todos os dias dava farelo à galinha. E a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:
- Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão! A galinha pode muito bem comer milho.
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim - o marido respondeu.
Aí a mulher começou a dar milho pra galinha. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:
- Pra que esse luxo de dar milho pra galinha? Ela que procure o de-comer no quintal!
- E se ela não botar mais ovos de ouro? - a mulher perguntou.
- Bota sim - o marido falou.
E a mulher soltou a galinha no quintal. Ela catava sozinha a comida dela. Todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Uma dia a galinha encontrou o portão aberto. Foi embora e não voltou mais.
Dizem, eu não sei, que ela agora está numa boa casa onde tratam dela a pão-de-ló. (Ruth Rocha)

10) O texto recebe o título de O  homem e a galinha.  Por que a história recebe esse título?
a) Porque eles são os personagens principais da história narrada. 
b) Porque eles representam, respectivamente, o bem e o mal na história.
c) Porque são os narradores da história.
d) Porque ambos são personagens famosos de outras histórias.

11) Qual das características a seguir pode ser atribuída à galinha?
a) avareza
b) conformismo
c) ingratidão
d) revolta

12) Era uma vez um homem que tinha uma  galinha. De que outro modo poderia ser dita a frase destacada?
a) Era uma vez uma galinha, que vivia com um homem.
b) Era uma vez um homem criador de galinhas.
c) Era uma vez um proprietário de uma galinha.
d) Era uma vez uma galinha que tinha uma propriedade.

13) Era uma vez é uma expressão que indica tempo:
a) bem localizado
b) determinado
c) preciso
d) indefinido

14) A segunda frase do texto diz ao leitor que a galinha era uma galinha como as outras. Qual o significado dessa frase?
a) A frase tenta enganar o leitor, dizendo algo que não é verdadeiro.
b) A frase mostra que era normal que as galinhas botassem ovos de ouro.
c) A frase indica que ela ainda não havia colocado ovos de ouro.
d) A frase mostra que essa história é de conteúdo fantástico.

15) O que faz a galinha ser diferente das demais?
a) Oferecer diariamente ovos a seu patrão avarento.
b) Pôr ovos de ouro antes da época própria.
c) Botar ovos de ouro a partir de um dia determinado.
d) Ser bondosa, apesar de sofrer injustiças.

16) O homem ficou contente. O conteúdo dessa frase indica um (a):
a) causa
b) modo
c) explicação
d) conseqüência

17) A presença de travessões no texto indica:
a) a admiração da mulher
b) a surpresa do homem
c) a fala dos personagens
d) a autoridade do homem

18) Que elementos demonstram que a galinha passou  a receber um bom tratamento, após botar o primeiro ovo de ouro?
a) pão-de-ló / mingau / sorvete
b) milho / farelo / sorvete
c) mingau / sorvete / milho
d) sorvete / farelo / pão-de-ló

19) Dizem, eu não sei... Quem é o responsável por essas palavras?
a) o homem
b) a galinha
c) o narrador
d) a mulher


INTERPRETAÇÃO VELHA HISTORIA 5Q

VELHA HISTÓRIA

  Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até que apanhou um peixinho! Mas o peixinho era tão pequenininho e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que o homem ficou com pena. E retirou cuidadosamente o anzol e pincelou com iodo a garganta do coitadinho.
Depois guardou-o no bolso traseiro das calças, para que o animalzinho sarasse no quente. E desde então ficaram inseparáveis. Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava, a trote, que nem um cachorrinho.
Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelos cafés.Como era tocante vê-los no“17”! O homem, grave, de preto, com uma das mãos segurando a xícara de fumegante moca, com a outra lendo o jornal, com a outra fumando, com a outra cuidando o peixinho, enquanto este, silencioso e levemente melancólico,tomava a laranjada com um canudinho especial...
  Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do rio onde o segundo dos dois fora pescado. E eis que os olhos do primeiro se encheram de lágrimas. E disse o homem ao peixinho:
  “Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por que roubar-te por mais tempo ao carinho do teu pai, da tua mãe, dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta para o seio da tua família. E viva eu cá na terra sempre triste...”
  Dito isto, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou o peixinho n'água. E a água fez um redemoinho, que foi depois serenando, serenando... até que o peixinho morreu afogado...
 (QUINTANA, Mário. “Prosa e verso”. Porto Alegre: Globo, 1978

 1) Na leitura do texto, percebe-se que há um
interlocutor, que é:
A) o peixinho.
B) um cachorrinho.
C) o dono do café.
D) a tia solteira.
E) Maria.


2) Todas as alternativas abaixo aparecem no texto,caracterizando o personagem “homem”, EXCETO:
A) piedoso.
B) sério.
C) idoso.
D) emotivo.
E) fumante.
3) Dentre as alternativas abaixo, a que NÃO revela a humanização do peixinho , que vai se desidentificando da sua real natureza, é:
A) viver e nadar nos rios.
B) frequentar o café.
C) tomar laranjada.
D) morrer afogado no rio.
E) passear pela margem do rio.
4 ) Dentre as características do peixinho, abaixo, a que NÃO está citada no texto é:
A) inocente.
B) saboroso.
C) azulado.
D) silencioso.
E) melancólico.
5 ) O homem decidiu devolver o peixinho ao rio, movido pelo seguinte sentimento:
A) tristeza.
B) mágoa.
C) revolta.
D) arrependimento.
E) egoísmo.


INTERPRETAÇÃO VAMOS ACABAR COM ESTA FOLGA

 Vamos acabar com esta folga

O negócio aconteceu num café. Tinha uma porção de sujeitos, sentados nesse café, tomando umas e outras. Havia brasileiros, portugueses, franceses, argelinos, alemães, o diabo.


De repente, um alemão forte pra cachorro levantou e gritou que não via homem pra ele ali dentro. Houve a surpresa inicial, motivada pela provocação, e logo um turco, tão forte como o alemão, levantou-se de lá e perguntou:


___Isso é comigo?


___Pode ser com você também __respondeu o alemão.


Aí então o turco avançou para o alemão e levou uma traulitada tão segura que caiu no chão. Vai daí o alemão repetiu que não havia homem pra ele ali dentro.Queimou-se então um português que era maior ainda que o turco. Queimou-se e não conversou. Partiu pra cima do alemão e não teve outra sorte. Levou um murro debaixo dos queixos e caiu sem sentidos.


O alemão limpou as mãos, deu mais um gole no chope e fez ver aos presentes que o que dizia era certo. Não havia homem pra ele ali naquele café. Levantou-se então um inglês troncudo pra cachorro e também entrou bem. E depois do inglês foi a vez de um francês, depois de um norueguês etc.,etc. Até que, lá do canto do café, levantou-se um brasileiro magrinho, cheio de picardia, para perguntar, como os outros:


___Isso é comigo?


O alemão voltou a dizer que podia ser. Então o brasileiro deu um sorriso cheio de bossa e veio gingando assim pro lado do alemão. Arou perto, balançou o corpo e...PIMBA! O alemão deu-lhe uma cacetada na cabeça com tanta força que quase desmonta o brasileiro.


Como, minha senhora? Qual é o fim da história? Pois a história termina aí madame. Termina aí que é pros brasileiros perderem essa mania de pisar macio e pensar que são mais malandros do que os outros.


Stanislaw Ponte Preta


COMPREENDENDO O TEXTO


1. “ O NEGÓCIO ACONTECEU NUM CAFÉ” (L. 1). A que negócio se refere o texto?


________________________________________________________________________________


2. Que espécie de local seria o café onde ocorreu a história?


________________________________________________________________________________


3. “...um alemão...gritou que não via homem pra ele ali dentro” (l.4/5).O que quis dizer o alemão com esta frase?


________________________________________________________________________________


4. “Queimou-se e não conversou.” (l.13). O que quer dizer essa expressão?


________________________________________________________________________________


5. Todos os personagens que enfrentam o alemão são derrotados. Por que, ao lermos a crônica, achamos que o brasileiro vai vencê-lo?


________________________________________________________________________________


6. Quais as qualidades do brasileiro apontadas pelo autor?


________________________________________________________________________________


7. Por que a senhora que escuta a história acha que ela não havia terminado? O que faltava?


________________________________________________________________________________
8. O que poderíamos escrever em lugar da palavra “ o diabo” na última linha do 1° parágrafo?
_____________________________________________________________________________


9. “...é pros brasileiros perderem essa mania de pisar macio...”.O que quer dizer pisar macio?




INTERPRETAÇÃO TENTAÇÃO

TENTAÇÃO


            Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.
   Na rua vazia as pedras vibravam de calor - a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.
             Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo.
   Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.
   A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.

         Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo.
  
              Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos.
   Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento, surpreendidos.
               No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes de Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam.
                  Mas ambos eram comprometidos.
   Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada.
   A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-la dobrar a outra esquina.

   Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás
__________________
Conto extraído de LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.






















1 Quem são as personagens principais? O que elas têm em comum?

2. O que a menina fazia sentada na porta de casa, às duas horas da tarde?

3. Onde se passa a história? Retire do texto uma frase que apresenta uma característica marcante do cenário.

4.De acordo com o texto, como a menina se sentia em relação a outras pessoas? Retire do texto uma frase para justificar sua resposta.

5. “Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava.” O que a menina suportava?
Indique a alternativa que melhor responde a questão:
(a) a pessoa que esperava o bonde   (b)  a bolsa velha        (c) o calor e a solidão              (d) sua mãe

6. “O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida.” Do que a bolsa a salvava?
(a) do calor excessivo                               (b) da solidão, já que a bolsa era sua companhia
(c) das brigas com a mãe                         (d)  do homem que esperava o bonde

7) No texto, quem é o narrador?
( a ) a mãe                                                                                 (c) alguém que não presente na história
(b ) alguém presente na história, mas sem participar muito      (d) a menina ruiva

8) Retire  do texto um trecho em que se percebe a presença do narrador como personagem.

9) O que o narrador fazia naquele lugar ?

10)Pode-se dizer que o narrador se identifica com a menina? Por quê?

11) O cão basset provoca uma mudança na cena inicial. Qual a reação da menina e do cão quando se veem ?

12) “Mas ambos eram comprometidos.” Segundo o texto, com o que eles eram comprometidos ? O que isso pode significar?

13) Por que o cachorro não olhou para trás?

14) Considerando a reação da menina e do cão quando se encontram e a resposta à questão 10, o que o título TENTAÇÃO pode indicar?

13) Qual é o tema central do texto?

Questões para debater:
No texto, a menina se sente diferente dos outros, o que intensifica a solidão dela. Ser diferente dos demais gera solidão? Você já se sentiu excluído ou sozinho por ser diferente dos outros? Qual é sua opinião sobre isso?

RESPOSTAS:
1.    A menina e o basset. Ambos são ruivos.
2.    Resposta pessoal - Ela olhava o movimento...tomava sol... esperava passar o soluço etc.
3.    No bairro Grajaú, Rio de Janeiro. “ Na rua vazia as pedras vibravam de calor”
4.    Se sentia diferente, discriminada, provavelmente porque era ruiva. “Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária.”
5.    Resposta C
6.    Resposta B
7.    Resposta B
8.    “Olhamo-nos sem palavras...”
9.    Provavelmente espera o bonde. Em certo trecho ele diz ele diz “Na rua deserta nenhum sinal de bonde.”
10.  Sim. Resposta pessoal. Talvez o narrador  se sentisse assim porque o calor era insuportável e o bonde não vinha logo; vendo a menina ruiva “numa terra de morenos”, sozinha, sem nada de interessante para fazer, naquele calor insuportável.
11.  Resposta pessoal. Sugestão: Se identificaram um com o outro: ambos eram ruivos e solitários, poderia nascer daí uma grande amizade.
12.  Ela estava comprometida com sua infância e o cão, com sua natureza aprisionada. Isso significa que eles não podem ficar juntos,  pois têm naturezas diferentes, não podem fazer companhia um ao outro.
13.  Pode se referir ao impulso de ficarem juntos ( a menina ruiva e o basset ruivo), uma tentação de se pertencerem.

14.  O tema central é a solidão.

INTERPRETAÇÃO QUANTO TEMPO RESISTIMOS SEM COMER 6Q

Quanto tempo resistimos sem comer nem beber?

    Há registros de pessoas que suportaram até 200 dias sem comer, mas esse tempo sempre varia conforme a estatura. Sem água, porém, a resistência é bem menor e o estado de saúde torna-se bastante grave após cerca de 36 horas. Ficar sem comer por um ou dois dias normalmente não ocasiona problemas que possam afetar gravemente a pessoa. Essa situação não costuma causar mais que tonturas e dor de cabeça. “O jejum não tem indicação para ser usado de forma rotineira sob o ponto de vista médico, mas tem sido praticado desde a Antiguidade como preceito religioso para a purificação do espírito”, diz o endocrinologista Danilo Alvarenga de Carvalho. Quando feito sem controle médico, porém, o jejum pode implicar em sérios riscos para a saúde, inclusive levando à morte. Sem a ingestão de alimentos, o organismo começa a queimar suas reservas de energia, principalmente as gorduras.
    Depois delas, consome as proteínas que compõem os tecidos. Ficar muito tempo sem se alimentar também provoca diversas alterações metabólicas e hormonais, com perda de vitaminas e sais minerais, alterações da pressão arterial, desmaios e problemas psicológicos. Mas a falta de água é bem mais grave. Um homem de estatura média contém em seu corpo aproximadamente 40 litros de água, necessária para resfriar o corpo.
    Além disso, a água transporta as substâncias tóxicas que sobram da nutrição para serem eliminadas pelos rins e intestinos. Numa pessoa saudável, existe um equilíbrio entre a quantidade de líquidos ingeridos e eliminados. A perda desse equilíbrio em poucos dias é o suficiente para matar.
“Superinteressante Especial: Mundo estranho”, agosto de 2001.

Questão 1 – Identifique a passagem que apresenta a ideia principal do texto:
a) “Há registros de pessoas que suportaram até 200 dias sem comer […]”
b) “Ficar sem comer por um ou dois dias normalmente não ocasiona problemas […]”
c) “[…] o jejum pode implicar em sérios riscos para a saúde, inclusive levando à morte.”
d) “Numa pessoa saudável, existe um equilíbrio entre a quantidade de líquidos ingeridos […]”

Questão 2 – De acordo com o texto, “a falta de água é bem mais grave”. Explique:

Questão 3 – Em todas as alternativas, são apresentados os problemas mais graves decorrentes do jejum prolongado de alimento, exceto em:
a) “tonturas e dor de cabeça”.
b) “perda de vitaminas e sais minerais”.
c) “alterações da pressão arterial”.
d) “desmaios e problemas psicológicos”.

Questão 4 – Em “Depois delas, consome as proteínas […].”, o pronome destacado substitui:
a) as tonturas e a dor de cabeça.
b) as reservas de energia.
c) as gorduras.
d) as substâncias tóxicas.

Questão 5 – No segmento “Quando feito sem controle médico, porém, o jejum pode implicar em sérios riscos para a saúde […]”, o termo sublinhado poderia ser substituído por:
a) portanto
b) no entanto
c) pois
d) como

Questão 6 – Na parte “Além disso, a água transporta as substâncias tóxicas que sobram da nutrição […].”, a expressão grifada estabelece uma relação de:
a) continuidade
b) comparação
c) conclusão
d) oposição

Questão 7 – No trecho “Ficar muito tempo sem se alimentar também provoca diversas alterações metabólicas e hormonais, com perda de vitaminas e sais minerais, alterações da pressão arterial, desmaios e problemas psicológicos.”, as vírgulas indicam:
a) a inversão da ordem de constituintes do período.
b) a omissão de termos da oração.
c) a inserção de orações explicativas.
d) a enumeração de elementos.

Questão 8 – Justifique o emprego das aspas no texto:


INTERPRETAÇÃO PROCURA-SE

PROCURA-SE!
Os beija-flores ou colibris estão entre as menores aves do mundo e são as únicas capazes de ficar voando no mesmo lugar, como um helicóptero, ou de voar para trás. Para isso, porém, as suas pequenas asas precisam movimentar-se muito depressa, o que gasta muita energia. Assim, eles precisam se alimentar bastante, e algumas espécies podem comer em um único dia até oito vezes o seu próprio peso. Uau!
O balança-rabo-canela é um beija-flor pequeno que pesa apenas nove gramas e só existe no Brasil. Ele tem as costas esverdeadas e a parte de baixo do corpo na cor canela, com um tom mais escuro na garganta. As penas da cauda, por sua vez, são de cor bronze e têm as pontas brancas. A ave possui ainda uma fina listra branca em cima e embaixo dos olhos.
Assim como os outros beija-flores, o balança-rabo-canela geralmente se alimenta de pequenos insetos, aranha e néctar, um líquido doce produzido pelas flores. Para sugá-lo, essas aves têm uma língua com ponta dupla, que forma dois pequenos canudos.
É comum os beija-flores ficarem com os grãos de pólen das flores grudados nas penas e no bico depois de sugarem o néctar. Assim, acabam levando-os de uma flor a outra, à medida que seguem seu caminho. Como as flores precisam do pólen para produzir sementes, os beija-flores, sem querer, ajudam-nas ao fazer esse transporte e acabam beneficiados também: afinal, o néctar das flores é um dos seus alimentos.
Os beija-flores enxergam muito bem, e muitas flores possuem cores fortes, como vermelho ou laranja, para atraírem a sua atenção. Embora muito pequenas, essas aves são muito valentes e sabem defender seus recursos, como as flores que utilizam para se alimentar. Assim, alguns machos podem até expulsar as fêmeas da sua própria espécie caso elas cheguem perto da comida. Na luta pela sobrevivência parece não haver espaço para gentileza: machos e fêmeas geralmente se juntam apenas na época da reprodução.
O balança-rabo-canela coloca seus ovos de setembro a fevereiro e choca-os durante 15 dias. A fêmea é quem constrói o ninho e também cuida dos filhotes por quase um mês após o nascimento para que eles consigam sobreviver sozinhos.
O pequeno balança-rabo-canela está ameaçado de extinção por conta da destruição do ambiente onde vive, ou seja, do seu habitat. As matas que servem de lar para essa ave estão sendo destruídas de maneira acelerada para a criação de animais, o cultivo de alimentos, a instalação de indústrias e pelo crescimento das cidades. Portanto, precisamos preservá-las para que esse belo beija-flor não desapareça para sempre.
FONSECA, Lorena


12. O balança-rabo-canela é um beija-flor que

(A) pesa apenas nove gramas.   
(B) põe ovos o ano inteiro. 
(C) possui uma lista branca nas asas.
(D) tem as costas cor de bronze.

13. Em "Assim, acabam levando-os de uma flor a outra, à medida que seguem seu caminho", o termo destacado refere-se a
(A) brotos em geral. 
(B) colibris pequenos. 
(C) grãos de pólen. 
(D) insetos comestíveis.

14. O balança-rabo-canela, depois de sugar o néctar,

(A) alimenta-se de insetos variados. 
(B) auxilia as fêmeas na criação dos filhotes.
(C) contribui para a reprodução das flores. 
(D) cuida dos filhotes por quase um mês.

15. Os beija-flores estão ameaçado de extinção porque

(A) comem até oito vezes o seu próprio peso. 
(B) o ambiente em que eles vivem está sendo destruído.
(C) gastam muita energia para voar.  
(D) têm de lutar constantemente por seus recursos.

16. O texto "Procura-se!"

(A) informa sobre o perigo de extinção dos beija-flores chamados de "balança-rabo-canela".
(B) inventa algumas características sobre os beija-flores chamados de "balança-rabo-canela".
(C) traz um relato de experiência científica com os beija-flores chamados de "balança-rabo-canela".
(D) anuncia que alguém está procurando beija-flores chamados de "balança-rabo-canela" para comprar.

!7. A questão central tratada no texto é

(A) a preservação dos beija-flores. estres.
(B) a reprodução de animais silvestres.
(C) o crescimento das cidades.

 D) o hábito alimentar das aves.