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sábado, 25 de fevereiro de 2017

CRONICA TEORIA 2

A crônica é uma forma textual no estilo de narração que tem por base fatos que acontecem em nosso cotidiano. Por este motivo, é uma leitura agradável, pois o leitor interage com os acontecimentos e por muitas vezes se identifica com as ações tomadas pelas personagens.

Você já deve ter lido algumas crônicas, pois estão presentes em jornais, revistas e livros. Além do mais, é uma leitura que nos envolve, uma vez que utiliza a primeira pessoa e aproxima o autor de quem lê. Como se estivessem em uma conversa informal, o cronista tende a dialogar sobre fatos até mesmo íntimos com o leitor.

O texto é curto e de linguagem simples, o que o torna ainda mais próximo de todo tipo de leitor e de praticamente todas as faixas etárias. A sátira, a ironia, o uso da linguagem coloquial demonstrada na fala das personagens, a exposição dos sentimentos e a reflexão sobre o que se passa estão presentes nas crônicas.

Como exposto acima, há vários motivos que levam os leitores a gostar das crônicas, mas e se você fosse escrever uma, o que seria necessário? Vejamos de forma esquematizada as características da crônica:

• Narração curta;
• Descreve fatos da vida cotidiana;
• Pode ter caráter humorístico, crítico, satírico e/ou irônico;
• Possui personagens comuns;
• Segue um tempo cronológico determinado;
• Uso da oralidade na escrita e do coloquialismo na fala das personagens;
• Linguagem simples.

Portanto, se você não gosta ou sente dificuldades de ler, a crônica é uma dica interessante, pois possui todos os requisitos necessários para tornar a leitura um hábito agradável!

Alguns cronistas (veteranos e mais recentes) são: Fernando Sabino, Rubem Braga, Luis Fernando Veríssimo, Carlos Heitor Cony, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Ernesto Baggio, Lygia Fagundes Telles, Machado de Assis, Max Gehringer, Moacyr Scliar, Pedro Bial, Arnaldo Jabor, dentre outros.

Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola


Veja mais!

CRONICA TEORIA

CRONICA

A crônica é um texto de caráter reflexivo e interpretativo
parte de um assunto do quotidiano, um acontecimento banal, sem significado relevante.

É um texto subjetivo, pois apresenta a perspectiva do seu autor, o tom do discurso varia entre o ligeiro e o polêmico, podendo ser irônico ou humorístico.

É um texto breve e surge sempre assinado numa página fixa do jornal.


CARACTERÍSTICAS DA CRÓNICA

O discurso

Texto curto e inteligível (de imediata percepção);
Apresenta marcas de subjetividade – discurso na 1ª e 3ª pessoa;
Pode comportar diversos modos de expressão, isoladamente ou em simultâneo:
- narração;
- descrição;
- contemplação / efusão lírica;
- comentários;
- reflexão.

Linguagem com duplos sentidos / jogos de palavras / conotações;
Utiliza a ironia;
Registro de língua corrente ou cuidado;
Discurso que vai do oralizante ao literário;
Predominância da função emotiva da linguagem sobre a informativa;
Vocabulário variado e expressivo de acordo com a intenção do autor;
Pontuação expressiva;
Emprego de recursos estilísticos.

A temática

Aborda aspectos da vida social e quotidiana;
Transmite os contrastes do mundo em que vivemos;
Apresenta episódios reais ou fictícios.


(A crônica pode ser política, desportiva, literária, humorística, econômica, mundana, etc.)

CRONICA INTERPRETAÇÃO CHATEAR E ENCHER

Crônica

Chatear e encher
Um amigo meu me ensina a diferença entre “chatear” e “encher”.
Chatear é assim:
Você telefona para um escritório qualquer na cidade.
– Alô! Quer me chamar por favor o Valdemar?
– Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí a alguns minutos você liga de novo:
– O Valdemar, por obséquio.
– Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
– Mas não é do número tal?
– É, mas aqui não trabalha nenhum Valdemar.
Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
– Por favor, o Valdemar já chegou?
– Vê se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo desse Valdemar nunca trabalhou aqui?
– Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
– Não chateia.
Daí a dez minutos, liga de novo
– Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado?
O outro desta vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:
– Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim?
                                                                                                                            Paulo Mendes Campos.
Interpretação textual
1. O que acontece nas conversas que provocam a impaciência de quem atende o telefone?
2. Quais são as dicas dadas  no texto para chatear quem atende o telefone?
3. Quando a situação descrita deixa de chatear e passa a encher quem atende, segundo o narrador?
4. A situação descreve um trote por telefone. Explique com suas palavras o que é um trote.
5. . Releia este trecho.
O outro desta vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
– Por que as coisas ditas por quem recebe o trote são impublicáveis?
6. Onde não poderiam ser publicadas?
7. O que a pessoa que recebia o trote estava sentindo naquele momento?
8. No início da conversa pelo telefone as repostas de quem atende são educadas. No decorrer das ligações essa relação se mantém ou se modifica? Por quê?
9. Cite um dos recursos que aparecem nessa crônica para provocar humor.
Produção textual
1. Escolha uma situação do seu dia a dia que tenha sido estranha ou engraçada e escreva uma  crônica, contando como tudo aconteceu.
Siga o roteiro:
– Pense nas personagens, ou seja, nas pessoas do seu dia a dia que farão parte da sua história.
– Pense em um cenário atual, de preferência urbano.
– Escolha um fato simples, mas que tenha sido engraçado. Lembre-se: o acontecimento que você presenciou é apenas uma inspiração. Você pode inventar alguns trechos e exagerar em outros para deixar o texto com mais humor.
2. Escreva sua crônica e depois revise a pontuação, prestando atenção na forma de organizar os diálogos.
TRANSCREVA DO TEXTO UM TRECHO EM QUE O AUTOR:
a) narra um fato real:
____________________________________________________________________________
b) descreve algo:
____________________________________________________________________________
c) expressa sua opinião sobre o fato:
____________________________________________________________________________
d) expressa admiração, surpresa em relação a um fato:
____________________________________________________________________________
QUAL É A LINGUAGEM USADA NO TEXTO:
FORMAL OU INFORMAL?

PORQUE?

CRONICA INTERPRETAÇÃO COM GAB. CASO DE CANARIO

CASO DE CANÁRIO
         Casara-se havia duas semanas. Por isso, em casa dos sogros, a família resolveu que ele é que daria cabo do canário:
          – Você compreende. Nenhum de nós teria coragem de sacrificar o pobrezinho, que nos deu tanta alegria. Todos somos muito ligados a ele, seria uma barbaridade. Você é diferente, ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho. Vai ver que nem reparou nele, durante o noivado.
          – Mas eu também tenho coração, ora essa.Como é que vou matar um pássaro só porque o conheço há menos tempo do que vocês?
         – Porque não tem cura, o médico já disse. Pensa que não tentamos tudo? É para ele não sofrer mais e não aumentar o nosso sofrimento. Seja bom, vá.
         O sogro, a sogra apelaram no mesmo tom. Os olhos claros de sua mulher pediram-lhe com doçura:
– Vai, meu bem.
         Com repugnância pela obra de misericórdia que ia praticar, ele aproximou-se da gaiola. O canário nem sequer abriu o olho. Jazia a um canto, arrepiado, morto-vivo. É, esse está mesmo na última lona e dói ver a lenta agonia de um ser tão precioso, que viveu para cantar.
         – Primeiro me tragam um vidro de éter e algodão. Assim ele não sentirá o horror da coisa.
          Embebeu de éter a bolinha de algodão, tirou o canário para fora com infinita delicadeza, aconchegou-o na palma da mão esquerda e, olhando para outro lado, aplicou-lhe a bolinha no bico. Sempre sem olhar para a vitima, deu-lhe uma torcida rápida e leve, com dois dedos no pescoço.
          E saiu para a rua, pequenino por dentro, angustiado, achando a condição humana uma droga. As pessoas da casa não quiseram aproximar-se do cadáver. Coube à cozinheira recolher a gaiola, para que sua vista não despertasse saudade e remorso em ninguém. Não havendo jardim para sepultar o corpo, depositou-o na lata de lixo.
          Chegou a hora de jantar, mas quem é que tinha fome naquela casa enlutada? O sacrificador, esse, ficara rodando por aí, e seu desejo seria não voltar para casa nem para dentro de si mesmo.
         No dia seguinte, pela manhã, a cozinheira foi ajeitar a lata de lixo para o caminhão, e recebeu uma bicada voraz no dedo.
– Ui!
Não é que o canário tinha ressuscitado, perdão, reluzia vivinho da silva, com uma fome danada?
– Ele estava precisando mesmo era de éter – concluiu o estrangulador, que se sentiu ressuscitar, por sua vez.
____________________________________________________________
I. Assinale a alternativa correta para cada item.
1. A expressão: “… daria cabo do canário…” significa:
a.(   ) dar o canário a alguém     b.(   ) soltar o canário da gaiola
c.(   ) matar o canário               c.(   ) prender o canário na gaiola
2. Na frase: “Você ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a.(   ) apegar-se                                  b.(   ) enfurecer-se
c.(   ) desencantar-se                        d.(   ) preocupar-se
3. Na frase: “Com repugnância pela obra de misericórdia que ia praticar…”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a.(   ) escrúpulo       b.(   ) tédio      c.(   ) ansiedade     d.(   ) raiva
4. Na frase: “O canário …. jazia a um canto…” , a palavra em destaque pode ser substituída por:
a.(   ) cantava                                 b.(   ) arrepiava-se
c.(   ) estava deitado                      d.(   ) saltitava
5. Na frase: “Tirou o canário com infinita delicadeza…”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a.(   ) arrogante      b.(   ) enorme     c.(   ) desajeitado    d.(  ) espontânea
6. Nas frases abaixo, aparecem em destaque,  expressões da fala coloquial. Relacione as duas colunas, de acordo com o significado dessas expressões:
1. “…esse está mesmo na última lona…”
2. “…achando a condição humana uma droga…”
3. “O canário reluzia vivinho da silva…”
4. “ O canário estava com uma fome danada.”
a. (   ) uma coisa muito ruim
b. (   ) muito grande, fora do comum
c. (   ) no fim
d. (   ) vivo, sem nenhuma dúvida
II – Responda com base no texto.
7. Por que os sogros e a esposa escolheram o rapaz para sacrificar o canário?
8. O que o genro quis dizer com a frase: “Mas eu também tenho coração.”?
9. Por que a família decidiu matar o canário de estimação?
10. Por que o jovem marido considerou o sacrifício do canário como uma obra de misericórdia?
11. Como procedeu ele para matar o canário?
12. Transcreva do texto a frase que mostra o estado de espírito do personagem depois que executou o passarinho.
13. As expressões sepultar  e enlutada  referem-se normalmente à morte de pessoas. Por que o narrador as empregou referindo-se ao canário?
14. Como você entende a expressão “voltar para dentro de si mesmo”?
15. Na crônica, não aparece o nome do personagem escolhido para matar o canário. Retire do texto as palavras empregadas para se referir a ele.
16. Como se explica o fato de o canário estar vivo?
17. Por que o personagem, no final, também se sentiu ressuscitado?
18. Na crônica, o canário aparece em duas situações diferentes. Primeiro, ele está muito mal, semimorto. Depois, ele aparece curado, bem vivo. Transcreva as frases que mostrem o canário nessas duas situações.
1a. ___________________________________________________________
2a. ___________________________________________________________
________________________________________________________________________________
Confira aqui, suas respostas.
GABARITO
1. c      2. A      3. A      4. C      5. B    
6.  a.(2)   b.(4)     c.(1)     d.(3)
7. Porque ele, sendo novo na família, ainda não tivera tempo de se apegar ao canário.
8. Ele quis dizer que também era sensível e que tinha pena do bichinho.
9. Porque o médico afirmara que ele estava muito doente, não tinha cura.
10. Porque seria um ato de caridade abreviar o sofrimento do canário.
11. Deu-lhe éter para cheirar e depois torceu-lhe de leve o pescoço.
12. “E saiu para a rua, pequenino por dentro, angustiado, achando a condição humana uma droga”.
13. O canário era como uma pessoa da família. Todos lhe queriam bem, como a uma criatura humana.
14. A expressão significa parar para pensar, para meditar.
15. As palavras usadas para se referir ao personagem são sacrificador e estrangulador.
16. Na verdade, o canário não tinha morrido. A torcida rápida e leve no pescoço não foi suficiente para matá-lo.
17. O personagem estava desolado com a morte do canário. Ao saber que ele estava vivo, sentiu grande alivio e felicidade.
18. 1a. – Jazia a um canto, arrepiado, morto-vivo.
      2a. – Não é que o canário tinha ressuscitado, perdão, reluzia vivinho da silva com uma fome danada?

             

CRONICA INTERPRETAÇÃO COM GAB. AMARREM OS CINTOS E NAO FUMEM

AMARREM OS CINTOS E NÃO FUMEM
“Atenção, senhores passageiros para o Leblon, queiram apresentar-se ao poste de embarque”. Me despedi rapidamente das duas tias, três primos, uma cunhada, ouvi as apressadas recomendações de minha mãe para que ficasse sempre atento olhando pela janelinha e antes de entrar ainda acenei dos degraus do ônibus. Instalei-me, obedecendo ao painel luminoso que dizia “aperte os cintos e não fume”. Logo depois o motorista acionou os motores, (…) e só não levantou voo pela Rua do Catete porque os engarrafamentos não deram espaço para a decolagem.
Não tínhamos ainda nem fechado dez carros e o trocador veio à frente do ônibus explicando que como iríamos passar pela orla marítima teríamos que aprender – para qualquer emergência – a colocar o colete salva-vidas. O senhor ao meu lado ouvia atento o trocador. Pensei que talvez estivesse fazendo sua primeira viagem de ônibus.
– É verdade, para o Leblon é a primeira. – E interrompido por uma brusca freada, aproveitou para perguntar se a viagem era toda assim.
– Só nos sinais – respondi.
– E tem muitos sinais até o Leblon?
– Uns 500. Deve ter mais sinal do que rua.
À minha frente, uma senhora quis saber do trocador se estávamos no horário. “Estamos atrasados uns quinze minutos”- disse ele. “E se não pegarmos mais do que seis congestionamentos poderemos chagar ao Leblon por volta das oito horas”. Para quebrar um pouco a tensão da viagem, aproveitei e perguntei à senhora o que iria fazer no Leblon.
– Vou visitar uma tia. E o senhor?
– Eu vou a negócios (se for bem sucedido – pensei, mas não disse – volto de táxi).
Era evidente que o meu vizinho não estava preparado para a viagem. Quando abalroamos o terceiro carro, ameaçou saltar. Levantou-se, mas ao olhar para fora percebeu que estávamos em cima do viaduto. Ficou lívido. Querendo distraí-lo, ainda comentei: “É bonita a vista daqui, não?” – Ele não me ouviu. Estava preocupado com os roncos e os mais estranhos ruídos que saíam do ônibus: “Que barulho é esse?” indagou.
– É do ônibus mesmo – disse um cidadão sentado atrás.
– Mas esse ônibus está em péssimo estado – comentou meu vizinho.
– É verdade – voltou o cidadão que gostava de frases feitas – mas não se esqueça que cada coletividade tem um coletivo que merece.
A viagem prosseguiu normal, ou seja: cheia de solavancos, batidas, freadas súbitas e imprudências – a curva que fizemos ao entrar na Barata Ribeiro foi de deixar envergonhada a Esquadrilha da Fumaça. Às 11 horas, então, desembarcamos no Leblon. Antes do ônibus parar, observei pela janelinha que todos os meus parentes que moram no bairro estavam me aguardando. Me despedi do motorista, do trocador e desci à procura de um telefone.
– Um telefone para quê? perguntou meu primo que pratica surf.
– Pra avisar lá em casa que cheguei vivo.
(CARLOS EDUARDO NOVAES. Travessia da Via Crucis. Rio de Janeiro, Editorial Nórdica, 1975)
1. Damos algumas definições através das quais você deve localizar, no texto, as palavras que se enquadram nelas.
a) pôr em movimento – ____________________________
b) beira, margem – _________________________________
c) algo acontecido, ocorrido – _________________________
d) ir de encontro, chocar-se violentamente – ________________________
e) pálido – _____________________________
f) que surgem sem ser previstas – _____________________________
2. Ao dizer: “Atenção, senhores passageiros para o Leblon, queiram apresentar-se ao poste de embarque”, o Autor está ironizando, utilizando a forma de convocar os passageiros de outro veículo de transporte. Que veículo é esse?
3. Em que outros momentos do texto o Autor compara, ironicamente, o ônibus ao avião? Transcreva os trechos.
4. O que são frases feitas? Retire um exemplo do texto.
5. O que o Autor entende por viagem normal, no texto?
6. Que tipo de crítica faz o Autor no texto?
7. Qual a sua opinião e o que deve ser feito a respeito de um motorista de ônibus que exagera na velocidade ao dirigir o veículo?
______________________________________________________________________________________
GABARITO
1. a) acionar b) orla c) sucedido d) abalroar e) lívido f) súbitas
2. o avião
3. “Aperte o cinto e não fume”; “… e só não levantou voo pela Rua do Catete porque os engarrafamentos não deram espaço para a decolagem”; “…colocar o colete salva-vidas.”
4. São frases organizadas com determinadas palavras que encerram uma ideia. São também conhecidas como “ditos populares” tais como: “Cada macaco no seu galho”, “Quem ama o feio, bonito lhe parece”. No texto encontramos: “Cada coletividade tem o coletivo que merece”.
5. Viagem “cheia de solavancos, batidas, freadas súbitas e imprudência…”
6. Critica a velocidade exagerada dos ônibus, na cidade do Rio de Janeiro.
7. Resposta pessoal.


CRONICA INTERPRETAÇÃO ABOLA HOTPOATOES professoracarol

A BOLA
http://www.professoracarol.org/HOTPOTATOES/cronica-aBola-interpretacao.htm

O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.

O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando não gostam do presente ou não querem magoar o velho.

Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.

- Como é que liga? - perguntou.
- Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
-Não tem manual de instrução?

O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.

- Não precisa manual de instrução.
- O que é que ela faz?
- Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
- O quê?
- Controla, chuta...
- Ah, então é uma bola.
- Claro que é uma bola.
- Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
- Você pensou que fosse o quê?
- Nada, não.

O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Ball, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente.O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina. O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.

- Filho, olha.

O garoto disse "Legal" mas não desviou os olhos da tela.O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola cheirava a nada.Talvez um manual de instrução fosse uma boa ideia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.

(Luís Fernando Veríssimo)

Qual é o título deste texto?



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Quem escreveu?
(Lembre-se que o nome do autor é um substantivo próprio, por isso devemos iniciar a escrita das palavras sempre com letra maiúscula)



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Neste texto o narrador participa ou só conta a história?
  ?    Ele só conta a história.
  ?    Ele também participa da história.
A partir do texto, podemos perceber que o menino:
  ?    Gosta de brincadeiras antigas
  ?    Gosta muito de assistir TV
  ?    Gosta mais de brinquedos eletrônicos
  ?    Gosta de brincar de bola
Este texto contém diálogos. Quem é que fala neste texto?
  ?    O pai, o filho e a bola
  ?    O pai e o filho
  ?    O pai, o filho, a bola e o narrador
  ?    O narrador e o filho
O que faz deste texto uma crônica?
  ?    Ele escreve sobre um fato cotidiano (de um pai que dá um presente ao filho), e fala como é legal ganhar uma bola de presente.
  ?    Ele escreve sobre um fato cotidiano (de um pai que dá um presente ao filho), e quer que o leitor acredite nele.
  ?    Ele escreve sobre um fato cotidiano (de um pai que dá um presente ao filho), e diz como os filhos devem tratar os pais.
  ?    Ele escreve sobre um fato cotidiano (de um pai que dá um presente ao filho), mas faz uma reflexão sobre esta situação, expondo o seu ponto de vista e fazendo com que o leitor também reflita sobre o texto
O que o autor pretende com esse texto?
  ?    Que o leitor acredite nele e concorde com tudo que ele disse.
  ?    Que o leitor fique sabendo que o pai deu uma bola de presente ao filho
  ?    Que o leitor leia e reflita sobre como as crianças de hoje não brincam mais como antigamente
  ?    Que o leitor fique feliz porque o menino ganhou um presente de seu pai
O tema central desta crônica é:
  ?    Os pais não tem mais contato com os seus filhos e não sabem direito quais são as suas brincadeiras preferidas
  ?    As crianças já nem ligam para as brincadeiras comuns do passado, elas estão mais interessadas nas inovações tecnológicas.
  ?    Mostrar que o menino não sabe jogar bola
  ?    Nos contar que o pai nunca ensinou o seu filho a jogar bola
No trecho:
"— O que é que ela faz?
— Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela."

O pronome "ela" está se referindo à quem?
  ?    tela
  ?    máquina
  ?    TV
  ?    bola
A bola que o menino ganhou era feita de:



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Quando o menino desembrulhou a bola ele disse "legal", mas será mesmo que ele gostou da bola?
  ?    Sim, porque se ele não tivesse gostado ele ia falar.
  ?    Não, ele só disse "legal" para não magoar o seu pai.
  ?    Sim, se ele falou "legal" deve ter sido porque ele gostou muito do presente.
  ?    Não, ele não gostou. Ele até pediu para o pai trocar o presente por um videogame.
Leia este trecho:

“Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
— Como é que liga? ”

O garoto estava procurando um botão que ligasse o brinquedo porque:
  ?    ainda não tinha lido o manual de instruções.
  ?    pensou que fosse um brinquedo eletrônico.
  ?    gostava muito de jogar Monster Ball.
  ?    não sabia o que era uma bola.
No trecho:
"— O que é que ela faz?
— Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela."

O que o menino pensou ao perguntar isso?
  ?    Ele pensou que a bola tivesse quebrada
  ?    Ele achou muito legal e queria ir brincar logo
  ?    Achou que a bola fazia alguma coisa a mais.
  ?    Ele gostou do presente e queria saber o que ela fazia
O termo "legal" indica um tipo de linguagem mais usada por:
  ?    idosos
  ?    professores
  ?    crianças
  ?    cientistas
Veja este trecho:
"Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
— Como é que liga? - perguntou."

Por que o menino achou que a bola deveria ter um botão de "ligar"?
  ?    Hoje em dia as crianças tem muitos brinquedos eletrônicos que necessitam ser ligados
  ?    Porque todos os brinquedos são obrigados a sair de fábrica com o botão "ligar"
  ?    O brinquedo deveria ter o botão "ligar" para que ele pudesse começar a brincar.

  ?    Se não tivesse o botão "ligar", ele não poderia jogar.

CRONICA INTERPRETAÇÃO GRANDE EDIGAR



Grande Edgar (Luis Fernando Verissimo)
Já deve ter acontecido com você.
– Não está se lembrando de mim?
Você não está se lembrando dele. Procura, freneticamente, em todas as fichas armazenadas na memória o rosto dele e o nome correspondente, e não encontra. [...]
Neste ponto, você tem uma escolha. Há três caminhos a seguir.
Um, curto, grosso e sincero.
– Não. [...]
O “Não” seco pode até insinuar uma reprimenda à pergunta. Não se faz uma pergunta assim, potencialmente embaraçosa, a ninguém, meu caro. [...] Você deveria ter vergonha. [...] Outro caminho, menos honesto, mas igualmente razoável, é o da dissimulação.
– Não me diga. Você é o... o...
“Não me diga”, no caso, quer dizer “Me diga, me diga”. [...]. Ou você pode dizer algo como:
– Desculpe, deve ser a velhice, mas...
Este também é um apelo à piedade. Significa “não tortura um pobre desmemoriado, diga logo quem você é!”. [...]
E há um terceiro caminho. O menos racional e recomendável. O que leva à tragédia e à ruína. E o que, naturalmente, você escolhe.
– Claro que estou me lembrando de você!
Você não quer magoá-lo, é isso! Há provas estatísticas de que o desejo de não magoar os outros está na origem da maioria dos desastres sociais, mas você não quer que ele pense que passou pela sua vida sem deixar um vestígio sequer. [...] Você ainda arremata:
– Há quanto tempo! [...]
Quem será esse cara meu Deus? Enquanto resgata caixotes com fichas antigas no meio da poeira e das teias de aranha do fundo do cérebro, [...].
Uma tentativa. É um lance arriscado, mas nesses momentos deve-se ser audacioso.
– Cê tem visto alguém da velha turma?
– Só o Pontes.
– Velho Pontes! ([...] Pelo menos agora tem um nome com o qual trabalhar. Uma segunda ficha para localizar no sótão. Pontes, Pontes...) [...]
– Sabe que a Ritinha casou? [...]
– Com quem?
– Acho que você não conheceu. O Bituca. (Você abandonou todos os escrúpulos. [...] Como que não conhece o Bituca?)
– Claro que conheci! Velho Bituca...
– Pois casaram.
É a sua chance. É a saída. Você passou ao ataque.
– E não avisou nada? [...]
– Desculpe, Edgar. É que...
– Não desculpo não. [...] (Edgar. Ele chamou você de Edgar. Você não se chama Edgar.
Ele confundiu você com outro. Ele também não tem a mínima ideia de quem você é. O melhor é acabar logo com isso. Aproveitar que ele está na defensiva. Olhar o relógio e fazer cara de “Já?!”.)
– Tenho que ir. Olha, foi bom ver você, viu?
– Certo, Edgar. E desculpe, hein? [...]
Ao se afastar, você ainda ouve, satisfeito, ele dizer “Grande Edgar”. Mas jura que é a última vez que fará isso. Na próxima vez que alguém lhe perguntar “Você está me reconhecendo?” não dirá nem não. Sairá correndo


.





1. Esse texto é um fragmento de
A) crônica. 
B) entrevista. 
C) notícia. 
D) resumo.
E) romance.

2. De acordo com esse texto, o narrador diz que conhece o interlocutor, porque:
A) deseja saber notícias dos amigos.
B) está atrasado para um compromisso.
C) não quer magoá-lo.
D) não quer prolongar a conversa.
E) sente-se esquecido.

3. O trecho “Você deveria ter vergonha” está relacionado ao fato de o interlocutor da conversa
A) chamar o narrador de Edgar.
B) dar detalhes sobre o casamento de Ritinha.
C) envolver-se em um lance arriscado.
D) escolher o terceiro caminho.
E) perguntar se o narrador lembrava-se dele.

4. No trecho “Você é o... o...” , o uso das reticências expressa
A) decepção.
B) dúvida.
C) ironia.
D) preocupação.
E) suspense.

5. Sobre o fato de o narrador afirmar ao interlocutor que lembrava-se dele, há uma opinião em:
A) “Um, curto, grosso e sincero”.
B) “Outro caminho, menos honesto, mas igualmente razoável”.
C) “não tortura um pobre desmemoriado, diga logo quem você é!”.
D) “Você não quer magoá-lo, é isso!”.
E) “É um lance arriscado, mas nesses momentos deve-se ser audacioso

6. “– Desculpe, Edgar.” Nesse fragmento a vírgula foi utilizada para separar:
a) aposto
b) sujeito
c) vocativo
d) adjunto adverbial.


7. Marque as  características de uma crônica há nesse texto.
a) faz uma reflexão.
b) fato do cotidiano.
c) tem opinião do narrador.
d) O narrador conversa com o leitor.


8. Faça um resumo do texto com suas palavras.
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9. Quais os personagens da crônica?
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10. O tempo e o espaço da narrativa estão claros? Por que?

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11. Quem é o autor dessa crônica?
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12. Retire do texto um fragmento que comprove o diálogo do narrador com o leitor.
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Profa. karla Faria

Aluno(A): ______________________________________________________________________________ - N°.: ______

ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL - 9º ANO
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Estudo da crônica “Grande Edgar”, de Luis Fernando Veríssimo.

Questões para análise

1- Identifique a razão para a mentira do personagem.
2- Identifique a consequência desta mentira para o desenvolvimento da narrativa.
3- Que aspecto do cotidiano está presente na crônica.
4- O final da crônica traz um desfecho surpreendente. Explique.
 Estudo de vocabulário e linguagem.
5- Explique o sentido da expressão sublinhada:
Você pulou no abismo. Seja o que Deus quiser.
6- Busque no dicionário expressões sinônimas para as expressões sublinhadas:
a) Você ainda arremata
b) Agora tudo dependerá da reação dele. Se for um calhorda, ele o desafiará
c) Uma tentativa. É um lance arriscado, mas nesses momentos deve-se ser audacioso.
7- Transcreva do texto um exemplo de onomatopeia.