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domingo, 26 de fevereiro de 2017

INTERPRETAÇÃO O BICHO

O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa;
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira. Rio, 27 de dezembro de 1947

1. A expressão “Meu Deus” significa que o autor:
a) (     ) alegrou-se com a cena.                    
b) (     ) ficou indiferente.
c) (     ) solucionou um problema social.
d) (     ) fiou chocado com o espetáculo.

2. A causa principal da nossa admiração pela poesia é porque:
a) (     ) o autor retratou a cena que humilha a condição humana.                              
b) (     ) o autor procurou comparar o homem com cães e gatos.
c) (     ) o homem já não vive mais nesse ambiente de miséria.
d) (     ) é falsa a notícia de que a humanidade passa fome.

3. Essa admiração nos dá o sentimento de:
a) (     ) prazer.
b) (     )admiração.
c) (     ) pena.
d) (     ) desprezo.

4. A intenção do autor ao usar a palavra “bicho” parece que:
a) (     ) procurou chamar a nossa atenção para animais do lixo.                 
b) (     ) a história é mesmo sobre um lixo.
c) (     ) o homem se viu reduzido a condição de animal.
d) (     ) o homem deve ser tratado como animal.

5. O que motivou o bicho a catar restos foi:
a) (     ) a própria fome.
b) (     ) a imundice do pátio.
c) (     ) o cheiro da comida.
d) (     ) a amizade pelo cão.

6. O assunto do texto é:
a) (     ) a imundice de um pátio.
b) (     ) um bicho faminto.
c) (     ) a comida que as pessoas jogam fora.
d) (     ) a triste situação de um homem.

7. Destaque o verbo nesta frase: “Vi ontem um bicho na imundice do pátio.” 

8. Este poema serve para:
a) (     ) distrair.
b) (     ) informar sobre um acontecimento.
c) (     ) partilhar um sentimento.
d) (     ) informar sobre a vida de um homem.

9. Esse texto apresenta:
a) (     ) fato.
b) (     ) opinião.
c) (     ) descrição.

10) vamos tentar produzir um poema sobre tempo de sonhar!
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INTERPRETAÇÃO NO DIA EM QUE O GATO FALOU 20Q

NO DIA EM QUE O GATO FALOU
(Millôr Fernandes)
          Era uma vez uma dama gentil e senil que tinha um gato siamês. Gato de raça, de bom-tom, de filiação, de ânimo cristão. Lindo gato, gato terno, amigo, pertencente a uma classe quase extinta de antigos deuses egípcios. Este gato só faltava falar.  Manso e inteligente, seu olhar era humano. Mas falar não falava. E sua dona, triste, todo dia passava uma ou duas horas, repetindo sílabas e palavras para ele na esperança de que um dia aquela inteligência que via em seu olhar explodisse em sons compreensivos e claros. Mas, nada!
              A dama gentil e senil era, naturalmente, incapaz de compreender  o fenômeno. Tanto mais que ali mesmo à sua frente, preso a um poleiro de ferro, estava um outro ser, também animal, inferior até ao gato, pois era somente uma pobre ave, mas que falava! Falava mesmo, muito mais do que devia. Um papagaio, que falava pelas tripas do Judas. Curiosa natureza, pensava a mulher, que fazia um gato quase humano, sem fala, e um papagaio cretino mas parlapatão. E quanto mais meditava mais tempo gastava com o gato no colo, tentando métodos, repetindo silabas, redobrando cuidados para ver se conseguia que seu miado virasse fala.
          Exatamente no dia 16 de maio de 1958 foi que teve a ideia genial. Quando a ideia iluminou seu cérebro, veio acompanhada da critica, auto-crítica: “Mas, como não me ocorreu isso antes?” O papagaio viu no brilho do olhar da dona o seu (dele) terrível destino e tentou escapar, mas estava preso.Foi morto, depenado e cozinhado em menos de uma hora. Pois o raciocínio da mulher era lógico e científico: se 25.      desse ao gato o papagaio como alimentação, não era evidente que o     gato começaria a falar? Era? Não era? Veria. O gato, a princípio, não quis comer o companheiro. Temendo ver fracassado o seu experimento científico, a dama gentil e senil procurou forçá-lo. Não conseguindo que o gato comesse o papagaio, bateu-lhe mesmo – horror! – pela primeira vez. Mas o gato se recusou. Duas horas depois, porém, vencido pela fome, aproximou-se do prato e engoliu o papagaio todo. Imediatamente subiu-lhe uma ânsia do estômago, ele olhou para a dona e, enquanto esta chorava de alegria, começou a gritar (num tom meio currupaco, meio miau-miau-miau, mas perfeitamente compreensível):
– Madame, foge pelo amor de Deus! Foge, madame, que o prédio vai cair!
A mulher, tremendo de emoção e alegria, chorando e rindo, pôs-se a gritar por sua vez.
– Vejam, vejam, meu gatinho fala! Milagre! Fala o meu gatinho!
Mas o gato, fugindo ao seu abraço, saltou para a janela e gritou de novo: – Foge, madame, que o prédio vai cair! Madame, foge! – e pulou para a rua.
Nesse momento, com um estrondo monstruoso, o prédio inteiro veio abaixo, sepultando a dama gentil e senil em meio aos seus  escombros.
O gato, escondido melancolicamente num terreno baldio, ficou vendo o tumulto diante do desastre e comentou apenas, com um gato mais pobre que passava: – Veja só que cretina. Passou a vida inteira para fazer eu falar e no momento em que falei, não me prestou a mínima atenção.
MORAL: O mal do artista é não acreditar na própria criação.
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Marque com um X o sinônimo das palavras ou expressões em destaque:

1. Em: ”… gato de raça, de bom-tom…”, a expressão em destaque refere-se à pessoa que é:
a.(   ) rica         b.(   ) bondosa       c.(   ) fina          d.(   ) natural
2. A  frase: “Este gato só faltava falar”  tem o mesmo significado que:
a.(   ) Este gato, quando fica só, tenta falar.
b.(   ) Falar é só o que falta a este gato.
c.(   ) Só este gato é que falta falar.
d.(   ) Só este gato é que tenta falar.
3. Em: “Manso e inteligente, seu olhar era humano”, a palavra em destaque significa:
a.(   ) próprio do homem     b.(   ) bondoso
c.(   ) submisso                      d.(   ) que ama os seus semelhantes
4. Em: “Curiosa natureza, pensava a mulher…” a palavra em destaque tem o mesmo significado que em:
a.(   ) Vive arranjando confusões de toda a natureza.
b.(   ) Ele contemplava a natureza com olhos de artista.
c.(   ) Aquele rapaz tem péssima natureza.
d.(   ) Conservava, aos quarenta anos, todas as boas qualidades de sua natureza.
5. Em: “…e um papagaio cretino mas parlapatão…” a expressão em destaque indica que o papagaio era:
a.(   ) pouco inteligente mas muito falante
b.(   ) meio amalucado mas bonachão
c.(   ) pouco instruído mas muito observador
6. Em: “E quanto mais meditava mais tempo gastava…” a palavra em destaque significa:
a.(   ) planejava      b.(   ) pensava     c.(   ) examinava      d.(   ) estudava
7. Relacione as colunas de modo a fazer a correspondência entre as palavras que se seguem, formadas por auto e sua significação.
1. (   ) autocrítica                 a. vida de um indivíduo escrita por ele mesmo
2. (   ) autopunição              b. crítica feita por alguém a si mesmo
3. (   ) autobiografia            c. avaliação feita por um indivíduo para provar a ele próprio que sabe determinados conhecimentos
4. (   ) automóvel                  d. Veículo que se locomove por seus próprios meios
5. (   ) auto-retrato                e. castigo imposto por um indivíduo a si mesmo
6. (   ) autoa-valiação          f. retrato de um indivíduo feito por ele mesmo

8. Em: “Temendo ver fracassado o seu experimento científico…”  a palavra em destaque significa:
a.(   ) quebrado                  b.(   ) reduzido a pedaços
c.(   ) mal-acabado           d.(   ) malsucedido
9. Em: “…sepultando a dama gentil…”  a palavra em destaque significa:
a.(   ) escondendo     b.(   ) isolando    c.(   ) soterrando     d.(   ) abrigando
10. Em: “…em meio aos escombros…” a palavra em destaque significa:
a.(   ) restos de construção desmoronados
b.(   ) cinzas resultantes de um incêndio
c.(   ) ruídos provocados por um desmoronamento
d.(   ) substâncias venenosas
11. Em: “O gato, escondido melancolicamente num terreno baldio…” a palavra em destaque significa:
a.(   ) assustadoramente          b.(   ) tristemente
c.(   ) nervosamente                d.(   ) timidamente

Assinale a alternativa correta, de acordo com o texto.
12. São características da dama:
a.(   ) bondade, simpatia e inteligência
b.(   ) coragem, simpatia e desenvoltura
c.(   ) persistência, teimosia e velhice
13. O gato da dama é apresentado como sendo um animal:
a.(   ) bonito, terno, amigo, de boa raça e inteligente
b.(   ) bonito, inteligente, pacífico e preguiçoso
c.(   ) terno, amigo, raro e preguiçoso
d.(   ) bonito, terno, corajoso e inteligente
14. O fenômeno que a dama não conseguia compreender era:
a.(   ) a burrice do gato                          b.(   ) a mudez do papagaio
c.(   ) a inteligência do papagaio        d.(   ) a mudez do gato
15. O papagaio percebeu o que estava para acontecer-lhe quando:
a.(   ) olhou para a sua dona         b.(   ) escutou o que sua dona dizia
c.(   ) aproximou-se do gato          d.(   ) já estava para ser morto
16. Ao ter a ideia genial, a dama sentiu-se:
a.(   ) arrependida por ter que sacrificar a ave
b.(   ) satisfeita e recompensada
c.(   ) pesarosa pelo fato de a ideia não lhe ter ocorrido antes
d.(   ) temerosa de não estar certa
17. A operação que envolve a morte do papagaio até a ingestão do alimento por parte do gato durou aproximadamente:
a.(   ) 1 hora      b.(   ) 2 horas      c.(   ) 3 horas    d.(   ) 24 horas

Responda com sua palavras:
18. Quanto tempo era gasto diariamente pela dama com os métodos de ensino ao gato?
19. Quando foi que ocorreu à dama a fórmula que lhe pareceu adequada para fazer com que o gato falasse?
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GABARITO
1. c     2. B    3. A      4. B     5. A     6. B     7. A seqüência é: b, e,  a, d, f, c       8. D     9. C
10. a     11. B     12. C     13. A      14. D    15. A     16. C      17. C
18. Todo dia a dama gastava uma a duas horas tentando ensinar o gato a falar.
19. Exatamente no dia 16 de maio de 1958.



INTERPRETAÇÃO MODOS DE DIZER 6Q

MODOS DE DIZER
(Mário  Bachelet. Antologia Portuguesa. FTD, São Paulo, 1965)
Uma vez um rei sonhou que todos os seus dentes lhe foram caindo da boca, um após outro, até não  ficar nenhum. Era no tempo em que havia magos e adivinhos. O rei mandou chamar um deles, referiu-lhe o sonho e pediu-lhe que o decifrasse. O adivinho levou a mão à testa, pensou, pensou, consultou a sua ciência e disse:
– Saiba Vossa Majestade que a significação do seu sonho é a seguinte: está para lhe suceder uma grande infelicidade. Todos os seus parentes, a rainha, os seus filhos, netos, irmãos, todos vão morrer sem ficar um só ante os olhos de Vossa Majestade.
O rei entrou em cólera, ficou muito irritado e, chamando os guardas do palácio, mandou decepar a cabeça do adivinho que lhe profetizara coisas tão tristes.
Estava o rei muito acabrunhado com o vaticínio, quando se aproximou um cortesão e lhe aconselhou que consultasse outro adivinho, porque a interpretação do primeiro podia estar errada e não devia Sua Majestade se afligir em vão.
O rei adotou o conselho, mandou chamar outro mago e lhe narrou o mesmo sonho, pedindo que o decifrasse.
O adivinho levou a mão à testa, pensou, pensou, consultou a sua ciência e disse:
– Saiba Vossa Majestade que o seu sonho significa o seguinte: Vossa Majestade terá muitos anos de vida. Nenhum dos seus parentes lhe sobreviverá. Nem mesmo o mais moço e mais forte deles terá o desgosto de chorar a perda de Vossa Majestade.
O rei, muito satisfeito, mandou encher o adivinho de presentes, deu-lhe muitas moedas de ouro, muitos diamantes, roupas de seda bordadas e um palácio para morar, nomeando-o adivinho oficial do reino.
No entanto, o segundo mago, que recebeu tais prêmios, disse a mesma coisa que o primeiro, que foi degolado. A única diferença foi a linguagem que ele empregou. Esta fez que ele recebesse prêmio em vez de castigo.
Interpretação do texto.
1. Cada um dos magos, antes de expor ao rei o significado do sonho, levou a mão à testa para, com este gesto, indicar…
a. (   ) medo da reação do rei
b. (   ) concentração de pensamento
c. (   ) respeito diante do rei
d. (   ) indecisão sobre o que falar
2. O rei ficou muito triste com o que o primeiro mago lhe dissera porque…
a. (   ) soube que logo perderia todos os seus familiares
b. (   ) soube que não viveria muito tempo
c. (   ) soube que ficaria sem o seu trono
3. O segundo adivinho não provocou a irritação do rei. Por quê?
a. (   ) Porque ele deu a interpretação errada do sonho
b. (   ) Porque ele ficou calado diante do rei.
c. (   ) Porque ele apresentou o significado do sonho de modo agradável
4. A interpretação do segundo adivinho causou no rei a sensação de…
a.(   ) tristeza               b. (   ) admiração
c. (   ) satisfação              d. (   ) ira
5. A interpretação foi a mesma dada pelos dois magos. Qual a diferença existente entre uma e outra que levou o rei a ter reações diferentes?
a. (   ) O primeiro mago enfatizou o lado ruim do sonho (a morte de todos os familiares do rei); o segundo mago enfatizou o lado bom do sonho (o rei iria viver muito).
b. (   )  O primeiro mago usou de palavras grosseiras para dar a explicação do sonho; o segundo mago ficou calado diante do rei.
6. O texto de Mário Bachelet ensina que…
a. (   ) é melhor ficar calado para não sofrer as consequências.
b. (   ) não se deve dizer a verdade para não irritar os poderosos.
c. (   ) para tudo há dois modos de dizer a mesma coisa: o agradável e o desagradável.



INTERPRETAÇÃO MAES PARA UM MUNDO NOVO 5Q

MÃES PARA UM MUNDO NOVO
Vivemos sonhando com o mundo novo: o mundo do Bom Pastor, onde  a violência  ceda o lugar à paz, à justiça, à fraternidade. Para que o sonho se realize, o Bom Pastor é a última esperança. A penúltima são as mães, depositárias do amor infinito de Deus.
Quando vejo a violência praticada nas ruas contra pessoas indefesas, eu digo: “Será que não têm mãe, esses violentos? Antes de puxar o gatilho ou arremessar a faca, por que não pensam na aflição das mães dos violentados?”
E quando vejo a violência legalizada dos homens do governo a impor cargas pesadas às costas do pobre, do trabalhador, do assalariado, eu digo: “Será que não têm mãe, esses senhores? Ao aprontarem pacotes econômicos tão desumanos, por que não pensam em como ficariam as senhoras mães deles, se elas não tivessem pão para dar a seus filho?”
Hoje, antes de fazermos um discurso patético e comovente em homenagem às nossas mães, preferimos lançar a elas um grande desafio: o que é que elas podem fazer para deter a escalada da violência?
Nossos jovens estão se metendo num caminho de violência. Mas nós, os adultos, não temos nem um pouco de razão para censurá-los, uma vez que somos mais violentos do que eles. Porque, enquanto eles se agitam e gritam nas praças de punho fechado, nós pais, homens de governo e homens de Igreja, baixamos leis e decretos insuportáveis. Enquanto eles quebram vidraças e incendeiam carros, nós fazemos massacre dos valores cristãos, da fé e dos mandamentos.
Debaixo da cruz, estava a Mãe para receber o último suspiro do Inocente violentado. Com sua coragem e seu perdão, com suas lágrimas de amor, as mães dos violentos e dos violentados de hoje conseguirão derrotar a violência.
1. No texto, encontramos as palavras violentos e violentados. Que diferença de significado há entre elas?
2. Preencha adequadamente as lacunas do texto com as palavras abaixo, fazendo as adaptações necessárias à frase.
Aflição – desumanos – discurso – indefesas – justiça – lançou – massacres – patético – violência
O conferencista _________ seu olhar demoradamente pela plateia. Depois, demonstrando certa ____________, iniciou seu ____________. Falou da _______ que se pratica contra pessoas____________. Finalizou em tom _________, acusando de __________ todos esses ____________ que abalam a ___________
3. Localize, no texto, e transcreva as palavras que tenham os significados abaixo:
a)    amor ao próximo, convivência como irmãos __________________
b)    lançar com força para longe _______________________
c)    remissão da pena, indulto _________________________
4. Dá-se o nome de pacote a um pequeno embrulho. No texto, porém, pacote foi empregado com outro significado. Qual?.....................................................................................
5. Quando o autor diz que os adultos não podem censurar os jovens, pretende mostrar que:
a. (   ) a violência é consequência da falta de amor das mães pelos filhos.
b. (   ) cabe à juventude, a culpa pela escalada abusiva da violência.
c. (   ) os atos da juventude são consequência dos exemplos dos adultos.

d. (   ) o governo é o verdadeiro culpado pela escalada da violência.

INTERPRETAÇÃO COMO A ZEBRA FICOU LISTRADA 6º ANO

COMO A ZEBRA FICOU LISTRADA



            Há muito tempo atrás, mas há muito tempo mesmo, tanto que nem poeira ou lembrança existem mais, a terra era bem jovem e tudo estava por ser feito. Naqueles tempos, muitos animais tinham aparência bem diferente da que conhecemos hoje em dia. A zebra, por exemplo, era branca como a neve que  cobre o topo das montanhas e o babuíno tinha pelos que lhe cobriam o corpo inteiro, da cabeça até o rabo. A brilhante zebra branca era por demais vaidosa e costumava passar horas e mais horas admirando o belo reflexo no espelho d’água de rios e lagos.
           - Como sou bonita! – costumava dizer, toda cheia de si, sacudindo orgulhosamente a cabeça e balançando o rabo.
            Um dia, ao avistar um babuíno muito feio na outra margem do rio, pôs-se a dizer:
            - Olhe como sou bonita, macaco feio! Zombava cruelmente do pobre babuíno, a voz e a maldade ecoando em todas as direções e indo muito além das montanhas ecoando em todas as direções e indo muito além das montanhas.
            - Zebra imbecil! – reagiu o babuíno, raivoso, erguendo a cabeça e cravejando os olhos flamejantes.
            - Você pode ser mais bonita e certamente o é, mas eu sou bem mais forte!
            Dito isso, a desafiou para um duelo. Na noite seguinte, sob a luz de uma grande fogueira, toda a tribo Zulu veio assistir à briga da zebra com o babuíno.
            Este, muito esperto, cercara antecipadamente a fogueira com pedras. Usando de toda a sua habilidade, já que a beleza não põe mesa e inteligência é joia rara, ferramenta para as grandes construções da vida, rapidamente conseguiu encurralar a zebra cada vez mais perto do fogo.
            Quando  já se encontravam bem próximos, a zebra descuidou-se, tropeçou nas pedras e caiu de costas sobre as toras incandescentes da fogueira.
            Da dor à surpresa não se passou muito tempo e logo a zebra corria de um lado para o outro, gritando, saltando e escoiceando feito louca, o fogo e a fumaça desprendendo-se do rabo, a pele branquinha marcada por grandes listras negras feitas pela madeira queimada.
            A pobre zebra relinchava e a dor era tamanha que lá pelas tantas, entre coices e relinchos mais e mais furiosos e incontroláveis, acabou acertando o babuíno no traseiro.
          

Nossa, ela bateu com tanta força que até hoje, onde atingiu, não nasce mais pelo, você nunca viu?
            É por isso, que a zebra tem listras negras e o babuíno possui o traseiro rosado e sem pelo até os dias de hoje.    
                                                                            Adaptado por Júlio Emílio Braz







INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
a) O texto diz que “há muito tempo atrás, mas há muito tempo mesmo”, a zebra era diferente de como ela é hoje. Descreva-a:
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b) Nesse tempo, qual era a principal característica da zebra?
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c) O macaco tinha muito orgulho de uma característica sua. Qual?
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d) Quem fez o desafio para o duelo e por quê?
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e) Por que o babuíno cercou a fogueira com pedras?
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f) Por que a pele da zebra, que era branquinha, ficou marcada por grandes listras negras?
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g) O que fez a zebra para se vingar do babuíno? Você concorda com este tipo de atitude? Comente:
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h) Como você explica as expressões:
* a beleza não põe mesa: ...........................................................................................
* inteligência é joia rara: ..............................................................................................
i) Crie outro final para a história, mostrando a prática das virtudes entre a zebra e o babuíno para resolver as diferenças:

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A CIDADE DOS RESMUNGOS - CONTO - ATIVIDADE -ASSUNTO RECLAMACAO




Era uma vez um lugar chamado Cidade dos Resmungos, onde todos resmungavam, resmungavam, resmungavam. No verão, resmungavam que estava muito quente. No inverno, que estava muito frio. Quando chovia, as crianças choramingavam porque não podiam sair. Quando fazia sol, reclamavam que não tinham o que fazer. Os vizinhos queixavam-se uns dos outros, os pais queixavam-se dos filhos, os irmãos das irmãs. Todos tinham um problema, e todos reclamavam que alguém deveria fazer alguma coisa.
Um dia chegou à cidade um vendedor ambulante carregando um enorme cesto às costas. Ao perceber toda aquela inquietação e choradeira, pôs o cesto no chão e gritou:
— Ó cidadãos deste belo lugar! Os campos estão abarrotados de trigo, os pomares carregados de frutas. As cordilheiras são cobertas de florestas espessas, e os vales banhados por rios profundos. Jamais vi um lugar abençoado com tantos benefícios e tamanha abundância. Por que tanta insatisfação? Aproximem-se, e eu mostrar-lhes-ei o caminho para a felicidade.
Ora, a camisa do vendedor ambulante estava rasgada e puída. Havia remendos nas calças e buracos nos sapatos. As pessoas riram ao pensar que alguém como ele pudesse mostrar-lhes como ser feliz. Mas, enquanto riam, ele puxou uma corda comprida do cesto e esticou-a entre dois postes na praça da cidade.
Então, segurando o cesto diante de si, gritou:
— Povo desta cidade! Aqueles que estiverem insatisfeitos escrevam os seus problemas num pedaço de papel e ponham-no dentro deste cesto. Trocarei os vossos problemas por felicidade!
A multidão aglomerou-se ao seu redor. Ninguém hesitou diante da oportunidade de se livrar dos problemas. Todos os homens, mulheres e crianças da vila rabiscaram a sua queixa num pedaço de papel e lançaram-no no cesto.
Observaram o vendedor que pegava em cada problema e o pendurava na corda. Quando terminou, havia problemas a tremularem em cada polegada da corda, de um extremo a outro. Disse então:
— Agora cada um de vocês deve retirar desta linha mágica o menor problema que puder encontrar.
Todos correram para examinar os problemas. Procuraram, manusearam os pedaços de papel e ponderaram, cada qual tentando escolher o menor problema. Ao fim de algum tempo, a corda estava vazia.
Eis que cada um segurava o mesmíssimo problema que tinha colocado no cesto. Cada pessoa havia escolhido o seu próprio problema, achando ser ele o menor de todos.
Daí por diante, o povo daquela cidade deixou de resmungar constantemente. E sempre que alguém sentia o desejo de resmungar ou de reclamar, pensava no vendedor e na sua corda mágica.
( William J. Bennett )

Refletindo sobre o texto

1.     Escreva SIM ou NÃO nas afirmações, de acordo com sua veracidade. Caso a informação seja falsa, corrija-a:

a.    O espaço presente no texto é o mesmo cujo nome é citado no título do conto. _________________________________________________________
b.    O clímax do conto acontece quando todos começam a reclamar de seus problemas. ______________________________________________________
c.    No desfecho da história, a cidade tornou-se mais agitada devido às ações do vendedor e sua corda mágica. _______________________________
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2.    O tempo da narrativa é cronológico ou psicológico? Justifique sua resposta.
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3.     Os habitantes da Cidade dos Resmungos reclamavam muito. Retire do texto duas reclamações que eles costumavam fazer.
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4.    “As pessoas riram ao pensar que alguém como ele pudesse mostrar-lhes como ser feliz”. O que o narrador quis dizer com a expressão em destaque.
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5.     O vendedor afirmou que trocaria os problemas das pessoas por felicidade. Como ele fez para cumprir sua promessa?
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6.     O conto traz um personagem principal e, embora não haja detalhes de como ele seja, podemos perceber algumas características dele de acordo com suas ações. Escreva abaixo quem era esse personagem e como você acha que ele era.
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