A BELA
E A FERA
Há muito tempo, no fundo da floresta, vivia um
príncipe que não sabia o que era bondade ou compaixão.
Um dia,
uma pobre velha veio lhe pedir abrigo para passar a noite, que estava muito
fria. O príncipe, porém, expulsou a velhinha para longe do castelo.
Na noite seguinte, um feiticeiro
disfarçado de mendigo apareceu diante do príncipe e disse:
– Você não tem coração nem piedade,
e será punido por ter deixado uma pobre velhinha ao relento.
O feiticeiro estendeu o braço para o
príncipe e o transformou numa fera monstruosa.
– Escute o que tenho a lhe dizer:
aqui estão cinco rosas. Elas representam cinco anos de sua vida.
Durante
esse tempo você terá que aprender a ser bom e, mais ainda, a ser amado. Se
conseguir isso, o feitiço será desfeito; mas se fracassar, e todas as rosas
murcharem, será um monstro para sempre!
O feiticeiro desapareceu, deixando a
Fera entregue à própria sorte.
A partir desse dia, o príncipe sentiu
um grande arrependimento. Nunca mais negou pão a um faminto, nem
abrigo
a um viajante. Havia sempre uma refeição e um quarto à disposição de todos os
que passavam por ali.
Mas a
Fera nunca aparecia diante das pessoas. Envergonhado pela sua feiúra, o
príncipe ficava num dos quartos da torre, mandando que os empregados recebessem
os visitantes. Certa vez, um joalheiro passou a noite no castelo.
O joalheiro se levantou bem cedo. Ele
já se preparava para sair, quando viu as cinco rosas perfeitas nojardim. “Que
perfume! Vou levar uma para minha filha”, pensou ele.
Ao ver aquilo do alto da torre do
castelo, a Fera ficou furiosa.
– O que você fez, infeliz? Essa rosa
representa um ano da minha vida. Eu devia matá-lo.
O homem começou a tremer.
– Matar... Por causa de uma rosa...
eu ia levar ... para minha filha...
– Ah, você tem filha? Então ela
deverá vir morar para sempre no meu castelo. Em troca, pouparei sua vida.
Se
ela não vier, vou procurá-lo onde quer que esteja.
– Este é o meu cavalo. Ele se chama
Magnífico e conhece todas as trilhas da floresta – disse o príncipe.
De volta a casa, o joalheiro contou
sua terrível aventura para a filha, Bela, e lhe pediu que não fosse até o
castelo da Fera.
– Papai, eu não tenho medo de nada.
A Fera não vai me fazer mal; vou morar no castelo. Bela preparou
todas
as suas coisas, abraçou o pai e partiu. O cavalo do príncipe levou a moça a
galope pela floresta, até o castelo. A Fera estava impaciente, à espera, e
disse:
– Seja bem-vinda e fique à vontade.
Este castelo é a sua casa. Mas Bela se assustou com o aspecto horrível da Fera
e pensou: “Não vou aguentar viver com esse monstro”.
As estações do ano passavam, e o
horror que Bela sentia foi se transformando, pouco a pouco, em pena. O príncipe
cobria a moça de joias, oferecia roupas novas e livros. Os dois passavam dias
inteiros no campo, aproveitando as belezas naturais.
– Isto é o paraíso! Se eu fosse uma
fada, viria morar para sempre aqui! – exclamou Bela.
– Mas você é uma fada, com toda a
alegria que me traz! – respondeu a Fera.
A cada
dia que passava, aumentava a amizade entre os dois. Um ano inteiro se passou, e
o inverno se aproximava. Todas as manhãs, o príncipe e Bela davam comida aos
passarinhos.
– Bela, você parece triste hoje –
comentou ele.
– Estou com saudade de meu pai... –
respondeu a moça.
– Vou lhe dar alguns dias de
liberdade para visitá-lo – disse a Fera. Mas você vai levar um espelho mágico,
onde poderá me ver sempre que quiser.
Na
manhã seguinte, cavalgando Magnífico, ela deixou o príncipe, enquanto o sol
brilhava na neve.
– Em poucos dias estarei de volta –
prometeu Bela.
– Ficarei à espera – respondeu a
Fera.
O cavalo partiu, batendo os cascos
com força na neve. Logo, Bela desapareceu na floresta, deixando as marcas do
cavalo no chão.
– Estou só de novo! – suspirou a Fera,
com tristeza.
– Será que ela volta?
Quando o joalheiro reviu a filha,
começou a chorar de alegria.
– Que bom que você voltou, minha
filha! Senti tanta falta de você!
Os dois ficaram bastante tempo
abraçados. Bela falou sobre todas as maravilhas que conheceu no castelo e os
lindos passeios na floresta com a Fera, que tinha um coração bom e generoso.
Duas semanas se passaram... Bela
esqueceu sua promessa, e ficou junto do pai, sem se lembrar do tempo que
passava. De repente, olhou para o espelho mágico e viu que o príncipe estava
morrendo.
– Papai, tenho que voltar agora ao
castelo. Eu prometi...
– Assim, de noite?...
– É preciso. Mas não se preocupe:
Magnífico conhece o caminho.
– Minha filha, você ama aquele animal,
aquela Fera?
– Papai, ele não é um animal...
Bela fez o cavalo galopar rapidamente,
à luz da lua, pela floresta. A brisa gelada batia em seu rosto:
ela
começou a sentir vertigem, e quase caiu do cavalo.
– Vamos, depressa, Magnífico! – ela
gritava, no limite de suas forças.
Bela chegou correndo ao parque do
castelo; mas onde estava a Fera? Finalmente, encontrou o príncipe desmaiado
perto de uma fonte.
– Fera, acorde, estou aqui! – disse ela.
– Bela,
você voltou!
–
Voltei, e nunca mais vou lhe deixar.
– As rosas murcharam, os anos
passaram. Eu vou morrer… – disse a Fera.
– Não, não! Eu amo você!
Com
essas palavras, antes que a última pétala da última rosa caísse, o encantamento
se quebrou.
Uma luz radiante surgiu em volta da
Fera. Bela recuou, assustada e viu que todo o corpo do príncipe se transformava.
As garras viraram dedos, o focinho e os dentes pontudos desapareceram. O que
Bela via era o rosto de um belo rapaz.
– Fera, é você? – perguntou Bela.
– Estou livre do feitiço – disse ele,
abraçando Bela. –
Voltei
a ser um homem, um príncipe. E você vai ser o meu amor por toda a vida –
concluiu beijando a sua amada.
1. Por que o príncipe foi transformado numa fera monstruosa?
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2. Qual foi a condição estabelecida para que o feitiço fosse
desfeito?
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3. Qual foi a condição estabelecida por Fera para poupar a
vida do joalheiro?
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Releia, atentamente, o conto “A Bela e a Fera” e responda às
questões abaixo.
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4. O que Fera propõe quando Bela declara sentir saudade do
pai?
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5. “Duas semanas se passaram... Bela esqueceu sua promessa,
e ficou junto do pai, sem se lembrar do tempo que passava.” Qual foi a
consequência desta atitude?
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6. O que faz o encantamento se quebrar?
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7. Retire do texto o trecho que descreve a transformação a
que se submeteu Fera após a quebra do feitiço.
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8. Entre a complicação e o desfecho, há várias tentativas
denominadas de reequilíbrio, ou seja, tentativas de a Fera ser amada,
redimir-se de seus erros, tornar-se boa. Volte ao texto e indique quais são
estas tentativas.
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9. Em um conto de fadas, há sempre um elemento de
transformação da situação inicial para a situação final do conto. Considere os
elementos de transformação do conto “A Bela e a Fera”. Diga qual é a função de
cada um no texto.
Elemento função
Feiticeiro___________________________________________
Rosa _______________________________________________
Espelho Mágico
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10. As palavras de Bela para a
Fera “Eu amo você” podem ser consideradas palavras mágicas? Por quê?
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11. Contos de fadas apresentam
algum(s) ensinamento(s). E este conto de fadas? Ele também tem algum(ns) ensinamento(s)
a nos transmitir? Qual(is)?
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12. No trecho “ – O que você fez,
infeliz? Essa rosa representa um ano da minha vida. Eu devia matá-lo.”, os termos
destacados substituem quais personagens da narrativa?
__________________________________________________________________________Coordenadoria
de Educação
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13. Qual é o efeito de sentido das
reticências no décimo segundo parágrafo “– Matar... Por causa de uma rosa... eu
ia levar ... para minha filha...” ?
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14. No trecho
“ – Minha filha, você ama aquele
animal, aquela Fera?
– Papai, ele não é um animal...”,
qual é o efeito de sentido das reticências na resposta dada ao pai?
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