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domingo, 4 de junho de 2017

CRONICA: O RELÓGIO MAGDA SOARES 9º ANO, PAG. 91

CRÔNICA       O RELÓGIO

            Eu tinha medo de dormir na casa do meu avô. Era um sobradão colonial enorme, longos corredores, escadarias, portas grossas e pesadas que rangiam, vidros coloridos nos caixilhos das janelas, pátios calçados com pedras antigas… De dia, tudo era luminoso. Mas quando vinha a noite e as luzes se apagavam, tudo mergulhava no sono: pessoas, paredes, espaços. Menos o relógio… De dia, ele estava lá também. Só que era diferente. Manso, tocando o carrilhão a cada quarto de hora, ignorado pelas pessoas, absorvidas por suas rotinas. Acho que era porque durante o dia ele dormia. Seu pêndulo regular era seu coração que batia, seu ressonar, e suas músicas eram seus sonhos, iguais aos de todos os outros relógios. De noite, ao contrário, quando todos dormiam, ele acordava, e começava a contar estórias. Só muito mais tarde vim a entender o que ele dizia: “Tempus fugit“. E eu ficava na cama, incapaz de dormir, ouvindo sua marcação sem pressa, esperando a música do próximo quarto de hora. Eu tinha medo. Hoje, acho que sei por quê: ele batia a Morte. Seu ritmo sem pressa não era coisa daquele tempo da minha insônia de menino. Vinha de muito longe. Tempo de musgos crescidos em paredes húmidas, de tábuas largas de assoalho que envelheciam, de ferrugem que aparecia nas chaves enormes e negras, da senzala abandonada, dos escravos que ensinaram para as crianças estórias de além-mar “dinguele-dingue que eu vou para Angola, dingue-ledingue que eu vou para Angola“ de grandes festas e grandes tristezas, nascimentos, casamentos, sepultamentos, de riqueza e decadência… O relógio batera aquelas horas – e se sofrera, não se podia dizer, porque ninguém jamais notara mudança alguma em sua indiferença pendular. Exceto quando a corda chegava ao fim e o seu carrilhão excessivamente lento se tomava num pedido de socorro: “Não quero morrer…“ Aí, aquele que tinha a missão de lhe dar corda – (pois este não era privilégio de qualquer um. Só podia tocar no coração do relógio aquele que já, por muito tempo, conhecesse os seus segredos) – subia numa cadeira e, de forma segura e contada, dava voltas na chave mágica. O tempo continuaria a fugir… Todas aquelas horas vividas e morridas estavam guardadas. De noite, quando todos dormiam, elas saíam. O passado só sai quando o silêncio é grande, memória do sobrado. E o meu medo era por isto: por sentir que o relógio, com seu pêndulo e carrilhão, me chamava para si e me incorporava naquela estória que eu não conhecia, mas só imaginava. Já havia visto alguns dos seus sinais imobilizados, fosse na própria magia do espaço da casa, fosse nos velhos álbuns de fotografia, homens solenes de colarinho engomado e bigode, famílias paradigmáticas, maridos assentados de pernas cruzadas, e fiéis esposas de pé, ao seu lado, mão docemente pousada no ombro do companheiro. Mas nada mais eram que fantasmas, desaparecidos no passado, deles, não se sabendo nem mesmo o nome. “Tempus fugit“. O relógio toca de novo. Mais um quarto de hora. Mais uma hora no quarto, sem dormir… Sentia que o relógio me chamava para o seu tempo, que era o tempo de todos aqueles fantasmas, o tempo da vida que passou. Depois o sobradão pegou fogo. Ficaram os gigantescos barrotes de pau-bálsamo fumegando por mais de uma semana, enchendo o ar com seu perfume de tristeza. Salvaram-se algumas coisas. Entre elas, o relógio. Dali saiu para uma casa pequena. Pelas noites adentro ele continuou a fazer a mesma coisa. E uma vizinha que não suportou a melodia do “Tempus fugit“ pediu que ele fosse reduzido ao silêncio. E a alma do relógio teve de ser desligada.
             Tenho saudades dele. Por sua tranqüila honestidade, repetindo sempre, incansável, “Tempus fugit“. Ainda comprarei um outro que diga a mesma coisa. Relógio que não se pareça com este meu, no meu pulso, que marca a hora sem dizer nada, que não tem estórias para contar. Meu relógio só me diz uma coisa: o quanto eu devo correr, para não me atrasar. Com ele, sinto-me tolo como o Coelho da estória da Alice, que olhava para seu relógio, corria esbaforido, e dizia: “Estou atrasado, estou atrasado…“

           Não é curioso que o grande evento que marca a passagem do ano seja uma corrida, corrida de São Silvestre?

          Correr para chegar, aonde?

         Passagem de ano é o velho relógio que toca o seu carrilhão.

         O sol e as estrelas entoam a melodia eterna: “Tempus fugit“.

         E porque temos medo da verdade que só aparece no silêncio solitário da noite, reunimo-nos para espantar o tenor, e abafamos o ruído tranqüilo do pêndulo com enormes gritarias. Contra a música suave da nossa verdade, o barulho dos rojões…

        Pela manhã, seremos, de novo, o tolo Coelho da Alice: “Estou atrasado, estou atrasado…“

        Mas o relógio não desiste. Continuará a nos chamar à sabedoria:

       Quem sabe que o tempo está fugindo descobre, subitamente, a beleza única do momento que nunca mais será…

Rubem Alves

1. O narrador conta que na infância, tinha medo de dormir na casa do avô. Que relação tinha o relógio com esse medo?
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2. Só mais tarde o narrador entende por que o relógio lhe causava medo, na infância. Explique as causas que ele dá para esse medo.
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a) “Eu tinha medo. Hoje, acho que sei por quê: ele batia a morte.” Por que o bater do relógio lembrava a morte?
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b) Identifique na crônica esta frase que introduz outra causa para o medo “ E O MEU MEDO ERA POR ISTO” Isto o quê?
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3. O narrador declara que só mais tarde entendeu o que o relógio dizia: “Só mais tarde vim entender o que o relógio dia: tempus fugit.”
a) Relógio não fala ...como o relógio dizia : “tempus fugit”?
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b) Por que o que o relógio dizia era “ Tempus fugit”?
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4.Localize este trecho na crônica: “ Todas aquelas horas vividas e morridas estavam guardadas> De noite, quando todos dormia, elas saiam”.
a) A expressão “horas vividas” se refere a que acontecimentos? E a expressão “horas morridas”?
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b) O que fazia que as “horas vividas e morridas” saíssem quando todos dormiam?
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5. Localize na crônica: “Já havia visto alguns dos seus sinais imobilizados”
a) Seus sinais – sinais de quem?
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b) Que sinais o narrador, quando criança, já havia visto?
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c) Por que esses sinais estavam imobilizados?
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6. Recorde este trecho em que o narrador explica sua saudade do relógio da casa de seu avô. “tenho saudade dele. Por sua tranquilidade honestidade, repetindo sempre, incansável, tempus fugit” Por que o narrador considera que o relógio era honesto?
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7. Segundo o narrador, o relógio de pulso, ao contrario do relógio da casa de seu avô, “ marca a hora sem dizer nada” Por que o relógio de pulso não diz nada?
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8. Por que é curioso que o grande evento que marca a passagem do ano seja a corrida de São Silvestre?
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9. Quando criança o narrador tinha medo – recorde as duas primeiras questões. No final da crônica, o narrador fala de novo de medo, um medo que todos temos; localize este trecho: “É porque temos medo da verdade que só aparece no silêncio solitário da noite”
a) Que verdade é essa que temos medo?
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b) Por que esse medo aparece na noite de passagem de ano?
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c) Segundo o narrador, o que fazemos para espantar esse medo?
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10. Recorde este trecho no final da crônica: “Mas o relógio não desiste. Continuará a nos chamar à sabedoria”
a) O relógio não desiste de quê?
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b) Que mensagem sábia nos dá o relógio?
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CRÔNICA BILHETE AO FUTURO MARCAR X 10 Q. COM GABARITO

CRÔNICA – CONCEITO:

       A crônica é um texto em geral curto. Faz registro do cotidiano – fatos, sensações, impressões – mostrando ora seu lado pitoresco ou cômico, ora seu lado trágico, ora seu lado comovente, poético.
       As crônicas são, em geral, escritas para colunas que escritores mantém em jornais ou revistas, só depois é que costumam ser reunidas em livro.



BILHETE AO FUTURO  ( Affonso Romano de Sant, Anna)


       Bela ideia essa de Cristóvam Buarque, ex-reitor da Universidade de Brasília e ex-ministro da Educação, de pedir às pessoas do nosso país que escrevessem um “bilhete ao futuro”. O projeto teve a intenção de recolher, no final dos anos 80, no século passado, uma série de mensagens que seriam abertas em 2089, nas quais os brasileiros expressariam suas esperanças e perplexidades diante do tumultuado presente do fabuloso futuro.
        Oportuníssima e fecunda ideia.Ela nos colocou de frente ao século XXI, nos incitou a liquidar de vez o século XX e a sair da hipocondria político-social. Pensar o futuro sempre será um exercício de vida.
O que projetar para amanhã? (...)


1 - Os dois parágrafos acima fazem parte do texto cujo autor é Affonso Sant’Anna. Esse tipo de produção textual é chamado de crônica, porque:
a)   defende um tema.
b)   tenta ludibriar o leitor.
c)   faz o registro do dia-a-dia.
d)   conta uma história antiga.
e)   exalta as belezas do país amado.

2 - O acontecimento que originou esse texto está relacionado:
a)   à promoção do reitor da Universidade de Brasília.
b)   à realização do reitor como mestre da Universidade de Brasília.
c)   ao pedido feito pelo reitor da Universidade às pessoas de Brasília.
d)   à liquidação dos problemas do século XX.
e) ao pedido feito pelo ex-reitor da Universidade de Brasília aos brasileiros.

3 - Segundo o cronista, o bilhete ao futuro:
a)   incitaria as pessoas a “sair da hipocondria político-social”.
b)   incitaria as pessoas à revolta social e política no presente e no futuro.
c)   incitaria as pessoas a liquidarem de vez com as ideias do século XX e do século XXI.
d)   incitaria as pessoas a escreverem mensagens de desilusão.
e)   incitaria as pessoas a se comunicarem por bilhetes, algo incomum nos dias atuais.

4 - Segundo o cronista:
a) futuro jamais deverá ser pensado pelos hipocondríacos político-sociais.
b) o amanhã é algo imprevisível; sempre haverá momentos tumultuados.
c) o estímulo à fuga da hipocondria político-social seria a oportunidade que a redação do bilhete oferece.
d) o povo não queria se comprometer com as políticas sociais da década.
e) a população tinha muita dificuldade para redigir o bilhete do futuro.

5 - A frase que exprime a conclusão do cronista sobre o significado de escrever um bilhete ao futuro é:
a)   “O futuro e o presente só interessam ao passado.”
b)   “O passado é importante e, no futuro, seja o que Deus quiser.”
c)   “O presente é hoje e não é necessário preocupação com o futuro.”
d)   “Pensar o futuro é um exercício de vida.”
e)   “O futuro, a gente deixa para pensar amanhã.”

6 - As mensagens que as pessoas enviariam ao futuro são representadas, no texto, pelas palavras:
a)   belezas e possibilidades
b)   esperanças e perplexidades
c)   angústias e esperanças
d)   realizações e lembranças
e)   frustrações e melancolias

7 - O tratamento adequado para se referir ao reitor de uma Universidade é:
a)   Ilustríssimo Senhor
b)   Vossa Magnificência
c)   Excelentíssimo Senhor
d)   Vossa Senhoria
e)   Vossa Excelência

8 - As duas vírgulas que aparecem na primeira frase foram empregadas para expressar uma:
a)  explicação
b)  contrariedade
c)  adversidade
d)  enumeração
e)  oposição

9 - Um ser humano que sofra de hipocondria, segundo o texto, e considerando o sentido conotativo, é assim conhecido por:
a)   apresentar obesidade descontrolada
b)   possuir seríssimos  problemas de saúde
c)   ser extremamente romântico
d)   isolar-se socialmente
e)   ser dependente de medicamentos

10 - O pronome ela, destacado no texto, relaciona-se à palavra:
a)  mensagem
b)  hipocondria
c)   esperança
d)  intenção
e)  ideia 

GABARITO 1C, 2E, 3A, 4C, 5D, 6B, 7B, 8A, 9D, 10E.
Fonte: http://resultadosquestoes.blogspot.com.br/2015/03/bilhete-ao-futuro.html


CRÔNICA BILHETE AO FUTURO MAGDA SOARES 9º ANO

CRÔNICA – CONCEITO:

       A crônica é um texto em geral curto. Faz registro do cotidiano – fatos, sensações, impressões – mostrando ora seu lado pitoresco ou cômico, ora seu lado trágico, ora seu lado comovente, poético.
       As crônicas são, em geral, escritas para colunas que escritores mantém em jornais ou revistas, só depois é que costumam ser reunidas em livro.



BILHETE AO FUTURO  ( Affonso Romano de Sant, Anna)


       Bela ideia essa de Cristóvam Buarque, ex-reitor da Universidade de Brasília e ex-ministro da Educação, de pedir às pessoas do nosso país que escrevessem um “bilhete ao futuro”. O projeto teve a intenção de recolher, no final dos anos 80, no século passado, uma série de mensagens que seriam abertas em 2089, nas quais os brasileiros expressariam suas esperanças e perplexidades diante do tumultuado presente do fabuloso futuro.
        Oportuníssima e fecunda ideia.Ela nos colocou de frente ao século XXI, nos incitou a liquidar de vez o século XX e a sair da hipocondria político-social. Pensar o futuro sempre será um exercício de vida.
O que projetar para amanhã? (...)

1. Segundo o conceito de crônica, a crônica é um texto que “faz o registro do cotidiano” de que fato cotidiano o cronista parte para escrever esta sua crônica?
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2. Recorde o ano em que a crônica foi publicada e expliquem:
a) O cronista diz estar diante de um “ tumultuado presente”.
·         A que época se refere esse “presente”?
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·         Por que esse presente era “tumultuado”?
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b) segundo o cronista, escrever um bilhete ao futuro era uma maneira de se colocar “de frente ao século XXI” e de “liquidar de vez o século XX.
·         Quanto tempo ainda faltava para chegar ao século XXI e liquidar o século XX?
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c) Segundo a proposta, os bilhetes ao futuro seriam abertos quantos anos depois de escritos?
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3. Segundo o cronista, o bilhete ao futuro incitaria as pessoas a sair da hipocondria político-social.
HIPOCONDRI A = focalização compulsiva do pensamento e das preocupações  sobre a própria saúde.
a) Concluam: a que atitude das pessoas o cronista se refere com a expressão hipocondria político-social?
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b) Por que o bilhete ao futuro estimularia as pessoas a sair da hipocondria político-social?
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4. Segundo o cronista, as mensagens ao futuro expressariam esperanças e perplexidades. Explique esses dois sentimentos em relação ao futuro.
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5. Releia essa frase que exprime a conclusão do cronista sobre o significado de escrever um bilhete ao futuro.

PENSAR O FUTURO É UM EXERCÍCIO DE VIDA.

a) Observem: a expressão do cronista é “pensar o futuro” e não pensar no futuro; qual a diferença?
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b) Por que pensar o futuro é um exercício de vida?
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sexta-feira, 2 de junho de 2017

ANÚNCIO CEREJA 6º ANO PAG. 29 Masp.






1. O texto é produzido por alguém e para alguém; além disso, cumpre uma finalidade comunicativa.
a) Quem é o anunciante, no anúncio lido?
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b) O que o anúncio promove ou divulga?
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c) Levante hipóteses: Qual é o publico alvo desse anúncio?
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2. Na frase “Faça de conta que o Masp está em Paris” , o anunciante revela ter uma opinião sobre o turista brasileiro. Qual é ela?
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3. No enunciado “ Faça uma viagem. Visite o Masp” há ambiguidade, ou seja, há mais de um sentido possível. Quais são esses sentidos?

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ANÚNCIO CERJA 6º ANO PAG. 28




1. O anúncio promove um tipo e uma marca de motocicleta.
a) Observe as imagens do anúncio. O motociclista é comum ou especial?
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b) Levante hipóteses: Qual é o perfil do consumidor que o anúncio pretende atingir?
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2. As palavras AIR e BAG são originárias do inglês. O que elas significam?
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3. As palavras AIR e BAG, quando utilizadas juntas, formam a expressão AIRBAG, que, no Brasil, designa um equipamento que compõe alguns carros. Que equipamento é esse e qual a sua função?
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4. Segundo o texto, andando na motocicleta, tem-se AIR na frente e BAG  nas costas.
a) No contexto do anúncio, a que situação esses termos fazem referência?
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b) Entre as palavras a seguir, quais traduzem melhor a sensação que a situação mostrada no anúncio proporciona?
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MODERAÇÃO   LIBERDADE    SEGURANÇA   AVENTURA

5. Ao explorar os sentidos das palavras AIR e BAG, o anúncio acaba contrapondo dois perfis de motorista: os motoristas de carro e os motoristas da moto anunciada. Explique como se dá essa oposição?

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ANÚNCIO CEREJA 6º ANO PAG. 24






1. Releia o enunciado principal do anúncio:

“NÃO DÁ PARA DISCUTIR DESIGN COM UM POVO QUE DESENHA ATÉ NA HORA DE ESCREVER”

a) Qual é o povo a que o texto se refere?
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b) Quais elementos do texto permitem chegar à resposta da pergunta anterior? Trate-se de elementos verbais ou não verbais?
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2. A respeito da escrita do povo referido no anúncio, responda:
a) Qual a particularidade dessa escrita, segundo o anúncio?
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b) de que forma essa particularidade contribui para a caracterização do produto anunciado?
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3. Interprete: Qual é o sentido da expressão” não dá para discutir” no contexto?
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RELATO PESSOAL BANHOS DE MAR CEREJA 6º ANO PAG. 141 INTERPRETAÇÃO

Banhos de mar


Meu pai acreditava que todos os anos se devia fazer uma cura de banhos de mar. E nunca fui tão feliz quanto naquelas temporadas de banhos em Olinda, Recife.
Meu pai também acreditava que o banho de mar salutar era o tomado antes do sol nascer. Como explicar o que eu sentia de presente inaudito em sair de casa de madrugada e pegar o bonde vazio que nos levaria para Olinda ainda na escuridão?
De noite eu ia dormir, mas o coração se mantinha acordado, em expectativa. E de puro alvoroço, eu acordava às quatro e pouco da madrugada e despertava o resto da família. Vestíamos depressa e saíamos em jejum. Porque meu pai acreditava que assim devia ser: em jejum.
Saímos para uma rua toda escura, recebendo a brisa da pré-madrugada. E esperávamos o bonde. Até que lá de longe ouvíamos o seu barulho se aproximando. Eu me sentava bem na ponta do banco: e minha felicidade começava. Atravessar a cidade escura me dava algo que jamais tive de novo. No bonde mesmo o tempo começava a clarear e uma luz trêmula de sol escondido nos banhava e banhava o mundo.
Eu olhava tudo: as poucas pessoas na rua, a passagem pelo campo com os bichos-de-pé: "Olhe um porco de verdade!" gritei uma vez, e a frase de deslumbramento ficou sendo uma das brincadeiras da minha família, que de vez em quando me dizia rindo: "Olhe um porco de verdade."
Passávamos por cavalos belos que esperavam de pé pelo amanhecer.
Eu não sei da infância alheia. Mas essa viagem diária me tornava uma criança completa de alegria. E me serviu como promessa de felicidade para o futuro. Minha capacidade de ser feliz se revelava. Eu me agarrava, dentro de uma infância muito infeliz, a essa ilha encantada que era a viagem diária.
No bonde mesmo, começava a amanhecer. Meu coração batia forte ao nos aproximarmos de Olinda. Finalmente saltávamos e íamos andando para as cabinas pisando em terreno já de areia misturada com plantas. Mudávamos de roupa nas cabinas. E nunca um corpo desabrochou como o meu quando eu saía da cabina e sabia o que me esperava.
O mar de Olinda era muito perigoso. Davam-se alguns passos em um fundo raso e de repente caía-se num fundo de dois metros, calculo.
Outras pessoas também acreditavam em tomar banho de mar quando o sol nascia. Havia um salva vidas que, por uma ninharia de dinheiro, levava as senhoras para o banho: abria os dois braços, e as senhoras, em cada um dos braços, agarravam o banhista para lutar contra as ondas fortíssimas do mar.
O cheiro do mar me invadia e me embriagava. As algas boiavam. Oh, bem sei que não estou transmitindo o que significavam como vida pura esses banhos em jejum, com o sol se levantando pálido ainda no horizonte. Bem sei que estou tão emocionada que não consigo escrever. O mar de Olinda era muito iodado e salgado. E eu fazia o que no futuro sempre iria fazer: com as mãos em concha, eu as mergulhava nas águas, e trazia um pouco de mar até minha boca: eu bebia diariamente o mar, de tal modo queria me unir a ele.
Não demorávamos muito. O sol já se levantara todo, e meu pai tinha que trabalhar cedo. Mudávamos de roupa, e a roupa ficava impregnada de sal. Meus cabelos salgados me colavam na cabeça.
Então esperávamos, ao vento, a vinda do bonde para Recife. No bonde a brisa ía secando meus cabelos duros de sal. Eu às vezes lambia meu braço para sentir sua grossura de sal e iodo.
Chegávamos em casa e só então tomávamos café. E quando eu me lembrava de que no dia seguinte o mar se repetiria para mim, eu ficava séria de tanta ventura e aventura.
Meu pai acreditava que não se devia tomar logo banho de água doce: o mar devia ficar na nossa pele por algumas horas. Era contra a minha vontade que eu tomava um chuveiro que me deixava límpida e sem o mar.
A quem devo pedir que na minha vida se repita a felicidade? Como sentir com a frescura da inocência o sol vermelho se levantar? Nunca mais?
Nunca mais.
Nunca.



1.O texto relata uma recordação feliz da narradora: os passeios que, na infância, fazia com a família as praias de Olinda, cidade situada na região metropolitana de recife.
a) Por que a família costumava ir `aquelas praias?
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b) O passeio, como um todo, envolvia alguns costumes cultivados pelo pai. Quais eram esses costumes quanto ao banho de mar
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2. A narradora, na companhia de sua família, saía de casa para pegar o bonde ainda de madrugada.
a) Como ela se sentia na véspera do passeio e nos momentos que antecediam a saída de casa?
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b) Ao relatar a viagem que fazia para Olinda, A narradora diz: “Atravessar a cidade escura me dava algo que jamais tive de novo”, Por que, na sua opinião, atravessar a cidade escura era algo marcante para a menina?
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3. A narradora descreve as emoções que as viagens as praias de Olinda com a família lhe despertava.
a) Por que ela considerava essa viagem como uma “ilha encantada” em sua infância?
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b) O que essa viagem revelava para a menina quanto ao seu presente? E o que representava quanto ao seu futuro?
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4. A família chegava a praia e se dirigia as cabines para, a seguir, tomar o banho de mar.
a) Ao mudar de roupa na cabine, a menina sentia-se transformada. Que imagem a narradora utiliza para representar essa transformação?
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b) O mar de Olinda era fascinante pra a menina. Que características desse lugar despertavam tal sentimento?
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5. A narradora descreve suas sensações ao tomar banho de mar.
a) Entre os cinco sentidos humanos ( a visão, o olfato, a audição, o tato e o paladar), qual ou quais ela experimentava ao entrar no mar? Justifique sua resposta.
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b) Durante o banho de mar, a menina mergulhava as mãos em concha e trazia um pouco do mar à boca. Levante hipóteses: Por que depois, adulta, ela repetia essa ação de mergulhar as mãos em concha nas aguas para trazer um pouco do mar para si?
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c) Na sua opinião, por que a menina queria se unir ao mar?
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6. Com os corpos impregnados de sal, a família retornava a Recife, e a menina ficava a espera da nova “ventura e aventura”.
a) Que atitudes da menina expressam seu desejo de se manter ligada ao mar de Olinda?
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b) Por que as palavras “ventura e aventura” resumem as sensações da narradora durante os banhos de mar?
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7. Quando uma pessoa relata fatos do passado, é natural que aflorem nela alguns sentimentos.
a) A narradora considera que as palavras do relato que ela faz exprimem a intensidade das emoções que ela viveu na infância? Justifique sua resposta com elementos do texto.
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b) Que sentimento principal a narradora vivencia ao fazer seu relato?
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