PáginasDESCRITOR

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

CONTO: UM PEIXE

 

CONTO: UM PEIXE - LUIZ VILELA - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: Um Peixe TEMAS: MORTE, HUMOR.

         Luiz Vilela

 

        Virou a capanga de cabeça para baixo, e os peixes espalharam-se pela pia. Ele ficou olhando, e foi então que notou que a traíra ainda estava viva. Era o maior peixe de todos ali, mas não chegava a ser grande: pouco mais de um palmo. Ela estava mexendo, suas guelras mexiam-se devagar, quando todos os outros peixes já estavam mortos. Como que ela podia durar tanto tempo assim fora d'água? ...

        Teve então uma ideia: abrir a torneira, para ver o que acontecia. Tirou para fora os outros peixes: lambaris, chorões, piaus; dentro do tanque deixou só a traíra. E então abriu a torneira: a água espalhou-se e, quando cobriu a traíra, ela deu uma rabanada e disparou, ele levou um susto – ela estava muito mais viva do que ele pensara, muito mais viva. Ele riu, ficou alegre e divertido, olhando a traíra, que agora tinha parado num canto, o rabo oscilando de leve, a água continuando a jorrar da torneira. Quando o tanque se encheu, ele fechou-a.

 

        – E agora? – disse para o peixe. – Quê que eu faço com você? ...

 

        Enfiou o dedo na água: a traíra deu uma corrida, assustada, e ele tirou o dedo depressa.

        – Você tá com fome? ... E as minhocas que você me roubou no rio? Eu sei que era você; devagarzinho, sem a gente sentir... Agora está aí, né? ... Tá vendo o resultado? ...

 

        O peixe, quieto num canto, parecia escutar. Podia dar alguma coisa para ele comer. Talvez pão. Foi olhar na lata: havia acabado. Que mais? Se a mãe estivesse em casa, ela teria dado uma ideia – a mãe era boa para dar ideias. Mas ele estava sozinho. Não conseguia lembrar de outra coisa. O jeito era ir comprar um pão na padaria. Mas sujo assim de barro, a roupa molhada, imunda.

        – Dane-se – disse, e foi.

        Era domingo à noite, o quarteirão movimentado, rapazes no footing, bares cheios. Enquanto ele andava, foi pensando no que acontecera. No começo fora só curiosidade; mas depois foi bacana, ficou alegre quando viu a traíra bem viva de novo, correndo pela água, esperta. Mas o que faria com ela agora? Matá-la, não ia; não, não faria isso. Se ela já estivesse morta, seria diferente; mas ela estava viva, e ele não queria matá-la. Mas o que faria com ela? Poderia criá-la; por que não? Havia o tanquinho do quintal, tanquinho que a mãe uma vez mandara fazer para criar patos. Estava entupido de terra, mas ele poderia desentupi-lo, arranjar tudo; ficaria cem por cento. É, é isso o que faria. Deixaria a traíra numa lata d'água até o dia seguinte e, de manhã, logo que se levantasse, iria mexer com isso.

        Enquanto era atendido na padaria, ficou olhando para o movimento, os ruídos, o vozerio do bar em frente. E então pensou na traíra, sua trairinha, deslizando silenciosamente no tanque da pia, na casa escura. Era até meio besta como ele estava alegre com aquilo. E logo um peixe feio como traíra, isso é que era o mais engraçado.

 

        Toda manhã – ia pensando, de volta para casa – ele desceria ao quintal, levando pedacinhos de pão para ela. Além disso, arrancaria minhocas, e de vez em quando pegaria alguns insetos. Uma coisa que podia fazer também era pescar depois outra traíra e trazer para fazer companhia a ela; um peixe sozinho num tanque era algo muito solitário.

        A empregada já havia chegado e estava no portão, olhando o movimento.

        – Que peixada bonita você pegou...

        – Você viu?

        – Uma beleza... Tem até uma trairinha.

        – Ela foi difícil de pegar, quase que ela escapole; ela não estava bem fisgada.

        – Traíra é duro de morrer, hem?

        – Duro de morrer? ...

        Ele parou.

         – Uai, essa que você pegou estava vivinha na hora que eu cheguei, e você ainda esqueceu o tanque cheio d'água... Quando eu cheguei, ela estava toda folgada, nadando. Você não está acreditando? Juro. Ela estava toda folgada, nadando.

        – E aí?

        – Aí? Uai, aí eu escorri a água para ela morrer; mas você pensa que ela morreu? Morreu nada! Traíra é duro de morrer, nunca vi um peixe assim. Eu soquei a ponta da faca naquelas coisas que faz o peixe nadar, sabe? Pois acredita que ela ainda ficou mexendo? Aí eu peguei o cabo da faca e esmaguei a cabeça dele, e foi aí que ele morreu. Mas custou, ô peixinho duro de morrer! Quê que você está me olhando?

        – Por nada.

        – Você não está acreditando? Juro; pode ir lá na cozinha ver: ela está lá do jeitinho que eu deixei.

        Ele foi caminhando para dentro.

        – Vou ficar aqui mais um pouco – disse a empregada. – depois vou arrumar os peixes, viu?

        – Sei.

        Acendeu a luz da sala. Deixou o pão em cima da mesa e sentou-se. Só então notou como estava cansado.

 

  Luiz Vilela. O violino e outros contos. 7. ed. São Paulo: Ática, 2007. p. 36-38.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·Capanga: bolsa pequena, de tecido, couro ou plástico, usada a tiracolo.

 

·        Footing: passeio a pé, com o objetivo de arrumar namorado(a).

 

·Guelra: estrutura do órgão respiratório da maioria dos animais aquáticos.

·        Rabanada: movimento brusco com o rabo.

·        Vozerio: som de muitas vozes juntas.

 

02 – Qual é o foco narrativo do conto? Justifique com elementos do texto.

      O texto é narrado em terceira pessoa. Os verbos e pronomes na terceira pessoa justificam essa resposta.

 

03 – Quais são as características do narrador dessa história?

      É um narrador em terceira pessoa, que não participa da história, mas sabe de tudo sobre as personagens, incluindo o que estão pensando.

 

 

04 – Releia o trecho a seguir: “[...] Como que ela podia durar tanto tempo assim fora d’água? ...”. De quem é essa voz?

      É a voz do narrador onisciente, que conhece até mesmo os pensamentos das personagens.

 

05 – O conto é um gênero de narrativa no qual se desenvolve um único conflito envolvendo o(s) protagonista(s). Nesse conto, assistimos a um conflito interior, que se passa no íntimo do protagonista.

a)Qual é esse conflito?

O conflito é o que fazer com o peixe que não havia morrido.

 

b)Que fato provoca tal conflito?

O fato de a traíra ainda estar viva quando a personagem principal despeja os peixes na pia.

 

06 – O conflito interior do protagonista se inicia e vai se desenvolvendo até a decisão final.

a)Qual é a decisão do protagonista a respeito do peixe?

A decisão é criar a traíra no tanquinho do quintal.

 

b)Quais são as etapas desde o conflito até a tomada de decisão?

No começo, a personagem principal fica apenas curiosa, mas depois se anima com a ideia de o peixe estar vivo. Resolve sair para comprar comida para o peixe e decide limpar o tanquinho para ele cria-lo.

 

07 – Reproduza o trecho que corresponde ao clímax desse conto e explique por que você considera esse o momento de maior tensão da história.

      O clímax se dá no momento em que a empregada diz “—Traíra é duro de morrer, hem?”; porque, então, a personagem principal vê desmoronar seu sonho de criar a traíra como um peixe de estimação.

 

08 – A escolha do foco narrativo em terceira pessoa permite que exista um diálogo, como o que se dá entre a personagem principal e a empregada, carregado de tensão. Se esse conto fosse narrado em primeira pessoa, isso seria possível? Por quê?

      Não. Se o narrador fosse o menino, ele diria o que pensou ao ouvir a empregada, e todo o clima de tensão desapareceria.

 

09 – Considerando o que foi estudado neste capítulo sobre os determinantes do substantivo, podemos dizer que, no início da narrativa, a traíra era realmente “um peixe” para a personagem principal, mas, no final, o menino já poderia se referir a ela como “o peixe”. Por quê?

      No início da narrativa, o uso do artigo um mostra que o peixe é desconhecido, um peixe qualquer, igual a outros que o menino já viu. No fim, o artigo o individualiza esse peixe: não se trata mais de qualquer peixe, mas daquele ao qual a personagem se afeiçoou.

 

10 – Nos primeiros parágrafos, o narrador descreve a cena em que a personagem principal volta de uma pescaria. Logo em seguida, esse mesmo narrador oferece ao leitor uma informação que vai alterar a situação inicial da história.

a)Que informação é essa?

Trata-se da informação de que a traíra estava viva.

 

b)Por que essa informação vai alterar o rumo da trama?

Porque, a partir deste momento, a traíra mostra-se realmente viva. E o que fazer com ela é a questão que se segue.

 

11 – A personagem começa a gostar do peixe. Como isso aparece no texto?

      A personagem começa a conversar com o peixe.

 

12 – Releia: “[...] E então pensou na traíra, sua trairinha, deslizando silenciosamente no tanque da pia, na casa escura.”

a)O que o diminutivo trairinha revela sobre os sentimentos da personagem?

O diminutivo mostra que a personagem já estava se afeiçoando à traíra.

 

b)Como a personagem encara essa relação com a traíra?

O menino acha curioso se interessar pela traíra, afeiçoar-se a um peixe que nem bonito era.

 

13 – Releia:

        “– Traíra é duro de morrer, hem?

        – Duro de morrer? ...

        Ele parou.

         – Uai, essa que você pegou estava vivinha na hora que eu cheguei, e você ainda esqueceu o tanque cheio d'água... Quando eu cheguei, ela estava toda folgada, nadando. Você não está acreditando? Juro. Ela estava toda folgada, nadando.”

 

a)Em vez de dizer tudo o que a personagem sentiu ao ouvir a empregada, o narrador limitou-se a uma frase curta e seca: “Ele parou”. Que efeito esse recurso provoca no leitor?

Frases curtas e secas são mais diretas. Neste caso, a frase cria um suspense, deixando o leitor na expectativa do que poderia ter de fato acontecido ao peixe.

 

b)O que a personagem pode ter pensado naquele momento?

Resposta pessoal do aluno.

 

c)Explique o uso do diminutivo vivinha nesse trecho.

O diminutivo, nesse trecho, intensifica a ideia de vivacidade e vitalidade; vivinha quer dizer “muito viva, bem viva”.

 

14 – Há no texto perguntas não indicadas por travessão. Observe:

        “[...]No começo fora só curiosidade; mas depois foi bacana, ficou alegre quando viu a traíra bem viva de novo, correndo pela água, esperta. Mas o que faria com ela agora? Matá-la, não ia; não, não faria isso. Se ela já estivesse morta, seria diferente; mas ela estava viva, e ele não queria matá-la. Mas o que faria com ela? Poderia criá-la; por que não?”

 

a)Essas perguntas estão relacionadas à voz de qual personagem?

À voz da personagem principal, o menino.

 

b)Que informações essas perguntas revelam ao leitor?

Essas perguntas permitem que o leitor conheça as dúvidas, os sentimentos e pensamentos da personagem principal.

FABULA O HOMEM DAS ISCAS

 

FABULA O HOMEM DAS ISCAS

 

          "Um homem tinha uma fazenda perto de um rio. Certo dia o rio começou a subir e ele percebeu que sua fazenda ia ficar submersa. Transferiu toda sua família e todo seu gado e todos seus utensílios e móveis para o alto da montanha mais próxima.

          Havia, na sua fazenda, exatamente 284 quilômetros de cerca de arame farpado. Era um arame de sete farpas por metro, num total de sete mil farpas por quilômetro e, portanto, toda cerca somava 1.988.000 farpas. O homem arranjou um empregado, que, sem comer nem dormir, colocou em cada uma dessas farpas um pedacinho de carne, uma isca qualquer. Quando terminou, mal teve tempo de subir a montanha. Veio o dilúvio.

          Durante noventa e três horas choveu ininterruptamente. Durante noventa e seis horas o rio esteve três metros acima da cerca. Mas logo as águas cederam, e rapidamente o rio voltou ao normal. O homem desceu e examinou a cerca. Encontrou, maravilhado, um peixe pendente de cada farpa, exceto três. Ou seja, um total de 1.987.997 peixes. Havia tainhas, e havia robalos, corvinas, namorados, galos e muitas outras espécies que ele nunca vira.

          Cada peixe pesava, em média, duzentas e cinqüenta gramas, de modo que o homem tinha um total de 496.099.250 gramas de peixe fresco, ou seja, 496.999 quilos de peixe. Isso tudo, vendido a 200 cruzeiros o quilo, vocês façam a conta e Ah, naturalmente o empregado foi despedido porque colocou mal as iscas nas três farpas que falharam.

 

        Entendendo a fábula:

 01 – A história narrada por Millôr Fernandes refere-se a um fato:

      (   ) Real.          (   ) Histórico.        (X) Fictício.

 

 02 – Transcreva do quinto parágrafo a frase que nos informa a causa de o rio ter começado a subir:

      Durante noventa e três horas choveu ininterruptamente.

 

 03 – O fazendeiro transferiu sua família e pertences para o alto da montanha, por que?

      Percebeu que sua fazenda ia ficar submersa.

 

 04 – Por fazer isso, o fazendeiro mostrou seu um homem:

          a)   Ambicioso.

          b)   Prevenido. X

          c)   Precipitado.

          d)   Medroso.

 

 05 – Assinale as afirmações absurdas (fatos impossíveis):

      (   ) Transferiu todo o seu gado para o alto da montanha mais próxima.

      (X) O homem, sem comer, sem dormir, colocou em cada uma das farpas um pedacinho de carne.

      (   ) Durante 93 horas choveu ininterruptamente.

      (X) Encontrou, maravilhado, um peixe pendente de cada farpa, exceto três.

 

   06 – Por que a segunda afirmação do item 5 é absurda?

      Porque para colocar um pedacinho de carne nas farpas todos os dois homens levariam, pelo menos, um mês. Ora, ninguém é capaz de aguentar tanto tempo sem comer nem dormir.

 

   07 – O fazendeiro agiu bem, despedindo o empregado? Justifique a sua resposta:

      Não, agiu mal, foi injusto, porque despediu o empregado por um motivo à-toa.

CONTO FANTÁSTICO O HOMEM CUJA ORELHA CRESCEU

 

CONTO FANTÁSTICO O HOMEM CUJA ORELHA CRESCEU (Ignácio de Loyola Brandão)

 9º ano

          Estava escrevendo, sentiu a orelha pesada. Pensou que fosse cansaço, eram 11 da noite, estava fazendo hora-extra. Escriturário de uma firma de tecidos, solteiro, 35 anos, ganhava pouco, reforçava com extras. Mas o peso foi aumentando e ele percebeu que as orelhas cresciam. Apavorado, passou a mão.  Deviam ter uns dez centímetros. Eram moles, como de cachorro. Correu ao banheiro. As orelhas estavam na altura do ombro e continuavam crescendo. Ficou só olhando. Elas cresciam, chegavam à cintura. Finas, compridas, como fitas de carne, enrugadas. Procurou uma tesoura, ia cortar a orelha, não importava que doesse. Mas não encontrou, as gavetas das moças estavam fechadas. O armário de material também. O melhor era correr para a pensão, se fechar, antes que não pudesse mais andar na rua. Se tivesse um amigo, ou namorada, iria mostrar o que estava acontecendo. Mas o escriturário não conhecia ninguém a não ser os colegas de escritório. Colegas, não amigos. Ele abriu a camisa, enfiou as orelhas para dentro.  Enrolou uma toalha na cabeça, como se estivesse machucado.

           Quando chegou na pensão, a orelha saía pela perna da calça. O escriturário tirou a roupa. Deitou se, louco para dormir e esquecer. E se fosse ao médico? Um otorrinolaringologista. A esta hora da noite?  Olhava o forro branco. Incapaz de pensar, dormiu de desespero. 

          Ao acordar, viu aos pés da cama o monte de uns trinta centímetros de altura. A orelha crescera e se enrolara como cobra. Tentou se levantar. Difícil. Precisava segurar as orelhas enroladas. Pesavam. Ficou na cama. E sentia a orelha crescendo, com uma cosquinha. O sangue correndo para lá, os nervos, músculos, a pele se formando, rápido. Às quatro da tarde, toda a cama tinha sido tomada pela orelha. O escriturário sentia fome, sede. Às dez da noite, sua barriga roncava. A orelha tinha caído para fora da cama. Dormiu.

          Acordou no meio da noite com o barulhinho da orelha crescendo. Dormiu de novo e quando acordou na  manhã seguinte, o quarto se enchera com a orelha. Ela estava em cima do guarda-roupa, embaixo da  cama, na pia. E forçava a porta. Ao meio-dia, a orelha derrubou a porta, saiu pelo corredor. Duas horas mais tarde, encheu o corredor. Inundou a casa. Os hóspedes fugiram para a rua. Chamaram a polícia, o corpo de bombeiros. A orelha saiu para o quintal. Para a rua.

Vieram os açougueiros com facas, machados, serrotes. Os açougueiros trabalharam o dia inteiro  cortando e amontoando. O prefeito mandou dar a carne aos pobres. Vieram os favelados, as organizações  de assistência social, irmandades religiosas, donos de restaurantes, vendedores de churrasquinho na porta  do estádio, donas de casa. Vinham com cestas, carrinhos, carroças, camionetas. Toda a população apanhou carne de orelha. Apareceu um administrador, trouxe sacos de plástico, higiênicos, organizou filas, fez uma distribuição racional.

          E quando todos tinham levado carne para aquele dia e para os outros, começaram a estocar.  Encheram silos, frigoríficos, geladeiras. Quando não havia mais onde estocar a carne de orelha, chamaram outras cidades. Vieram novos açougueiros. E a orelha crescia, era cortada e crescia, e os açougueiros trabalhavam. E vinham outros açougueiros. E os outros se cansavam. E a cidade não suportava mais carne de orelha. O povo pediu uma providência ao prefeito. E o prefeito ao governador. E o governador ao presidente.

E quando não havia solução, um menino, diante da rua cheia de carne de orelha, disse a um policial:  "Por que o senhor não mata o dono da orelha?”

 

 Publicado em "Os melhores contos de Ignácio de Loyola Brandão”, Global Editora, 1993, pág. 135.

 

1. Qual é o foco narrativo empregado no texto?

 

2. No primeiro parágrafo é possível obter várias informações sobre a personagens. Identifique-as.

 

3. Na história é desenvolvida em vários ambientes. Numere os espaços na ordem que aparecem na narrativa.

(  ) rua   (   ) quintal    (   )escritório     (    ) quarto da pensão      (   ) corredor

 

4.A única personagem do texto que ataca o problema na causa é:

( A) o dono da orelha  ( B) o presidente.        (C) os açougueiros.   (D) o menino.

 

5. No começo,como o homem justifica a sensação que sua orelha estava crescendo? 

 

6. Assinale V

(verdadeiro) ou F (falso) e justifique cada resposta.

(    ) A princípio, a carne de orelha torna-se um benefício para a sociedade.

(    ) O caso do crescimento tornou-se um problema nacional.

(    ) A reação das demais personagens ao crescimento da orelha é de aceitação.

(    ) O escriturários tinha vários amigos no trabalho.

 

7. O crescimento contínuo das orelhas da personagem é um recurso usado pelo autor para produzir o efeito de humor ou desconforto? Justifique sua resposta.

 

8. Qual foi a atitude das pessoas quando já tinham se fartado da carne de orelha?

 

9. Por que a pergunta do menino é o mais tenso da narrativa?

 

10. Na sua opinião, qual é a intenção do autor ao não definir o que vai acontecer com a personagem?

 

11. Uma palavra pode ter vários significados, dependendo do contexto. Dê o significado para “perna” em cada frase:

 A orelha saía pela perna da calça.

Não quero nenhum perna-de-calça cercando minhas filhas.

As belas pernas enlouquecem os homens.

Cuidado, a mesa está com a perna quebrada.

A casa está de pernas para o ar.

 

12. Na sua opinião, esse conto pode ser uma crítica à sociedade?

domingo, 2 de fevereiro de 2025

CONTO - NEGOCIO DE MENINA COM MENINO – 6 ANO

 CONTO - NEGOCIO DE MENINA COM MENINO – 6 ANO -   Ivan Ângelo

 FONTE:https://armazemdetexto.blogspot.com/2022/04/conto-negocio-de-menino-com-menina-ivan.html#google_vignette

        O menino, de uns dez anos, pés no chão, vinha andando pela estrada de terra da fazenda com a gaiola na mão. Sol forte de uma hora da tarde. A menina, de uns nove anos, ia de carro com o pai, novo dono da fazenda. Gente de São Paulo. Ela viu o passarinho na gaiola e pediu ao pai:

        – Olha que lindo! Compra pra mim?

        O homem parou o carro e chamou:

        – Ô menino.

        O menino voltou, chegou perto, carinha boa. Parou do lado da janela da menina. O homem:

        – Esse passarinho é pra vender?

        – Não senhor.

        O pai olhou para a filha com cara de deixa pra lá. A filha pediu suave como se o pai tudo pudesse:

        – Fala pra ele vender.

        O pai, mais para atendê-la, apenas intermediário:

        – Quanto você quer pelo passarinho?

        – Não tou vendendo, não, senhor.

        A menina ficou decepcionada e segredou:

        – Ah, pai, compra.

        Ela não considerava, ou não aprendera ainda, que negócio só se faz quando existe um vendedor e um comprador. No caso, faltava o vendedor. Mas o pai era um homem de negócios, águia da Bolsa, acostumado a encorajar os mais hesitantes ou a virar a cabeça dos mais recalcitrantes:

        – Dou dez mil.

        – Não senhor.

        – Vinte mil.

        – Vendo não.

        O homem meteu a mão no bolso, tirou o dinheiro, mostrou três notas, irritado.

        – Trinta mil.

        – Não tou vendendo, não, senhor.

        O homem resmungou “que menino chato” e falou pra filha:

        – Ele não quer vender. Paciência.

        A filha, baixinho, indiferente às impossibilidades de transação:

       – Mas eu queria. Olha que bonitinho.

        O homem olhou a menina, a gaiola, a roupa encardida do menino, com um rasgo na manga, o rosto vermelho de sol.

        – Deixa comigo.

        Levantou-se, deu a volta, foi até lá. A menina procurava intimidade com o passarinho, dedinho nas gretas da gaiola. O homem, maneiro, estudando o adversário:

        – Qual é o nome deste passarinho?

        – Ainda não botei nome nele, não. Peguei ele agora.

        O homem, quase impaciente:

        – Não perguntei se ele é batizado não, menino. É pintassilgo, é sabiá, é o quê?

        – Aaaah. É bico-de-lacre.

 

        A menina, pela primeira vez, falou com o menino:

        – Ele vai crescer?

        O menino parou os olhos pretos nos olhos azuis.

        – Cresce nada. Ele é assim mesmo, pequenininho.

        O homem:

        – E canta?

        – Canta nada. Só faz chiar assim.

        – Passarinho besta, hein?

        – É. Não presta pra nada, é só bonito.

        – Você pegou ele dentro da fazenda?

        – É. Aí no mato.

        – Essa fazenda é minha. Tudo que tem nela é meu.

        O menino segurou com mais força a alça da gaiola, ajudou com a outra mão nas grades. O homem achou que estava na hora e falou já botando a mão na gaiola, dinheiro na outra mão.

        – Dou quarenta mil! Toma aqui.

        – Não senhor, muito obrigado.

        O homem, meio mandão:

        – Vende isso logo, menino. Não tá vendo que é pra menina?

        – Não, não tou vendendo, não.

        – Cinquenta mil! Toma! – e puxou a gaiola.

        Com cinquenta mil se comprava um saco de feijão, ou dois pares de sapatos, ou uma bicicleta velha.

       O menino resistiu, segurando a gaiola, voz trêmula.

        – Quero, não, senhor. Tou vendendo não.

        – Não vende por quê, hein? Por quê?

        O menino, acuado, tentando explicar:

        – É que eu demorei a manhã todinha pra pegar ele e tou com fome e com sede, e queria ter ele mais um pouquinho. Mostrar pra mamãe.

        O homem voltou para o carro, nervoso. Bateu a porta, culpando a filha pelo aborrecimento.

        – Viu no que dá mexer com essa gente? É tudo ignorante, filha. Vam’bora.

        O menino chegou pertinho da menina e falou baixo, para só ela ouvir:

        – Amanhã eu dou ele para você.

        Ela sorriu e compreendeu.

 

ÂNGELO, Ivan. O ladrão de sonhos e outras histórias. São Paulo: Ática, 1994. p. 9-11.

 

Fonte: Livro – PORTUGUÊS: Linguagens – Willian R. Cereja/Thereza C. Magalhães – 5ª Série – 2ª edição - Atual Editora – 2002 – p. 173-6.

 

Entendendo o conto:

 

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

 

·        Águia (figurado): pessoa de grande talento e perspicácia, notável.

 

·        Encorajar: dar coragem a, animar, estimular.

 

·        Greta: fenda, abertura estreita.

 

·        Hesitante: que hesita, indeciso, vacilante.

 

·        Intermediário: que está de permeio, que intervém, mediador, árbitro.

 

·        Maneiro: hábil, jeitoso.

 

·        Recalcitrante: obstinado, teimoso.

 

·        Transação: combinação, ajuste, operação comercial.

 

02 – O texto trata de uma “negociação” entre pessoas de nível social diferente: o menino, de um lado, e o homem e a menina, de outro.

 

a)   Que dados do texto comprovam que o menino é pobre?

 

O menino está de pés no chão, sua roupa está encardida e com um rasgo na manga; seus pais, provavelmente, são lavradores na fazenda, empregados do homem que quer comprar o passarinho.

 

b)   Que dados do texto comprovam que o homem e sua filha são ricos?

 

O homem é o dono da fazenda, tem carro, mora em São Paulo, trabalha na Bolsa de Valores, vai oferecendo cada vez mais dinheiro ao menino para satisfazer um capricho de sua filha, que provavelmente tem todos os seus desejos satisfeitos.

 

c)   Supostamente, quem tem mais força para vencer na negociação? Por quê?

 

O homem, porque pode amedrontar o menino, intimidá-lo, tem poder, é rico, é o dono, o patrão.

 

03 – Mesmo diante das negativas do menino, a menina insiste em que o pai compre o passarinho. O que esse comportamento revela sobre o tipo de mundo em que ela vive?

 

      Esse comportamento revela que a menina é mimada e vive num mundo em que o dinheiro pode comprar tudo, satisfazer todos os seus desejos ou caprichos.

 

04 – O pai, homem experiente no mundo dos negócios, usa estratégias para convencer o menino e, nessas tentativas, vai ficando cada vez mais irritado.

 

a)   Quais são as primeiras estratégias?

 

Oferecer dinheiro; primeiro, dez mil; depois, vinte, trinta.

 

b)   Já desistindo da compra, diante da insistência da filha o pai tenta novamente. Que novas estratégias ele usa?

 

Ele conversa de forma amistosa com o menino, buscando intimidade, estudando-o como adversário num negócio.

 

c)   Com que argumento o pai da menina pretendia encerrar a negociação?

 

Dizendo que tudo na fazenda lhe pertencia.

 

05 – No final do texto, no auge da irritação, o homem dia à filha: “Viu no que dá mexer com essa gente? É tudo ignorante, filha. Vam’bora”.

 

a)   Podemos comparar o homem do texto com a raposa da fábula “A raposa e as uvas”. Por quê?

 

Porque, tal como ocorre na fábula, em que a raposa, não conseguindo apanhar as uvas, diz que elas estão verdes, o homem, não conseguindo convencer o menino, diz que ele é ignorante.

 

b)   O que revela em relação ao menino e à sua gente essa fala do homem?

 

Revela desprezo; ou que o homem se acha mais importante do que o menino; ou que, para ele, o menino e sua gente não passam de gentalha, são pessoas socialmente inferiores a ele.

 

06 – O passarinho tem um valor ou um significado diferente para cada uma das personagens.

 

a)   Que valor o passarinho tem para o pai da menina?

 

Para o pai da menina, o passarinho tem o valor de mercadoria e, além disso, representa um desafio; porém ele é vencido nesse desafio.

 

b)   E que valor ele tem para o menino e para a menina?

 

As crianças querem o passarinho pelo que ele é, para brincar com ele.

 

07 – Pelo final da história, você acha que o menino deu uma lição na menina e n pai dela? Por quê?

 

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Sim, pois pai e filha tiveram uma lição de que o dinheiro não compra tudo, de que é preciso respeitar o desejo das outras pessoas, etc.

 

08 – Observe algumas falas das personagens do texto:

 

        “— Você pegou ele dentro da fazenda?” (Pai da menina).

 

        “— Fala pra ele vender.” (Menina).

 

        “— Ainda não botei nome nele, não. Peguei ele agora.” (Menino)

 

a)   Para se comunicar, as personagens usam a variedade padrão da língua ou uma variedade não padrão?

 

Usam uma variedade não padrão.

 

b)   Na situação em que eles se encontram – uma conversa entre um adulto e duas crianças –, o uso dessa variedade é adequado? Por quê?

 

Sim, pois eles estão numa situação informal e apenas um é adulto; a situação não exige o emprego da variedade padrão.

 

c)   Como você acha que o pai da menina diria a primeira frase se ele estivesse trabalhando na Bolsa?

 

Provavelmente ele empregaria a variedade padrão. Ficaria assim: Você o pegou dentro da fazenda?

CONTO - GAROTO LINHA-DURA - 6 ANO

GAROTO LINHA-DURA

Fonte: pag. 71

https://pdfcoffee.com/passando-a-limpo-aluno-pdf-free.html

 

file:///C:/Users/Dioges/OneDrive/Documentos/pdfcoffee.com_passando-a-limpo-aluno-pdf-free.pdf

 

          Deu-se que Pedrinho estava jogando bola no jardim e, ao emendar a bola de bico por cima do travessão, a dita foi de contra uma vidraça e despedaçou tudo. Pedrinho botou a bola debaixo do braço e sumiu até a hora do jantar, com medo de ser espinafrado pelo pai.

          Quando o pai chegou, perguntou à mulher quem quebrara o vidro e a mulher disse que foi Pedrinho, mas que o menino estava com medo de ser castigado, razão pela qual ela temia que a criança não confessasse seu crime.

          O pai chamou Pedrinho e perguntou:

          - Quem quebrou o vidro, meu filho?

          Pedrinho balançou a cabeça e respondeu que não tinha a mínima ideia. O pai achou que o menino estava ainda sob o impacto do nervosismo e resolveu deixar para depois.

          Na hora em que o jantar ia para a mesa, o pai tentou de novo:

          - Pedrinho, quem foi que quebrou a vidraça, meu filho? – E, ante a negativa reiterada do filho, apelou: - Meu filhinho pode dizer quem foi que eu prometo não castigar você.

          Diante disso, Pedrinho, com a maior cara de pau, pigarreou e lascou:

          - Quem quebrou foi o garoto do vizinho.

          - Você tem certeza?

          - Juro.

          Aí o pai se queimou e disse que, acabado o jantar, os dois iriam ao vizinho esclarecer tudo. Pedrinho concordou que era a melhor solução e jantou sem dar a menor mostra de remorso. Apenas – quando o pai fez ameaça – Pedrinho pensou um pouquinho e depois concordou.

          Terminado o jantar o pai pegou o filho pela mão e – já chateadíssimo – rumou para a casa do vizinho. Foi aí que Pedrinho provou que tinha ideias revolucionárias. Virou-se para o pai e aconselhou:

          - Papai, esse menino do vizinho é um subversivo desgraçado. Não pergunte nada a ele não. Quando ele vier atender a porta, o senhor vai logo tacando a mão nele.

( Stanislaw Ponte Preta. A palavra é.... humor. Contos selecionados por Ricardo Ramos. São Paulo:Scipione, 1989.p.84-601.

 

 

1. Depois que quebrou a vidraça jogando bola, Pedrinho sumiu até a hora do jantar “com medo de ser espinafrado pelo pai” . O menino realmente estava com medo? Marque a alternativa correta.

 

 

1. Depois que quebrou a vidraça jogando bola, Pedrinho sumiu até a hora do jantar “com medo de ser espinafrado pelo pai”. Na sua opinião, o menino realmente estava com medo? Justifique sua resposta.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. O texto mostra uma situação familiar em que os pais desejam repreender uma falta do filho. A mãe sabia que Pedrinho tinha quebrado a vidraça, mas preferiu esperar o pai chegar. Por que você acha que ela própria não repreendeu o filho?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. A forma como os pais educam os filhos varia muito, mas é possível dizer que existem dois modelos básicos de educação: um tradicional e outro moderno. No modelo tradicional, os pais são mais duros com os filhos e dialogam pouco; o pai é a figura principal. Como você imagina que seja o modelo de educação moderno?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

4. O pai de Pedrinho, ao saber da aprontação do menino, conversou com ele e disse:

“— Pedrinho, quem foi que quebrou a vidraça, meu filho? […] Meu filhinho, pode dizer quem foi que eu prometo não castigar você.”

a) Por esse trecho, pode-se dizer que o pai estava procurando seguir um modelo tradicional ou um modelo moderno de educação?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b) Por essa fala do pai de Pedrinho, pode-se concluir que ele já sabia quem era o culpado?

Por quê?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

c) O pai de Pedrinho inicialmente chamou o filho de “meu filho” e depois de “meu filhinho”. O que

o pai pretendia com isso?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Com a insistência de Pedrinho, “o pai se queimou e disse que, acabado o jantar, os dois iriam ao vizinho esclarecer tudo”. Depois, “chateadíssimo”, pegou o filho pela mão e “rumou para a casa do vizinho”.

a) Qual o sentido de se queimou nesse contexto?

_____________________________________________________________________________

b) Por que, na sua opinião, o pai, mesmo antes de ir, já estava chateadíssimo?

______________________________________________________________________________

6. . Pedrinho, prevendo que o filho do vizinho o desmentiria, deu um conselho ao pai. Por que, na sua opinião, podemos dizer que, em vez do vizinho, Pedrinho é que era um subversivo?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

7. Quanto ao modelo de educação adotado pelos pais de Pedrinho, podemos tirar algumas conclusões.

a) Ele é tradicional (linha-dura), moderno (baseado no diálogo) ou uma mistura dos dois? Por quê?

______________________________________________________________________________

 

b) Na sua opinião, que método o pai iria experimentar depois de sair da casa do vizinho? Por quê?

______________________________________________________________________________

 

 

1. Stanislaw Ponte Preta, o autor do texto, foi um famoso cronista de jornais no Rio de Janeiro. Seus textos geralmente apresentam uma linguagem informal, às vezes com gírias.

Indique o sentido que têm, no texto, as palavras destacadas:

a) “com medo de ser espinafrado pelo pai” repreendido severamente, com dureza

________________________________________________________________

b) “Pedrinho, com a maior cara-de-pau, pigarreou e lascou” cínico, descarado; disse

_________________________________________________________________

c) “o senhor vai logo tacando a mão nele” atirando, lançando

________________________________________________________________

 

2. O texto se inicia por uma expressão pouco usada nos dias de hoje: “Deu-se que Pedrinho estava jogando bola no jardim”. Que outra expressão você empregaria no lugar dessa expressão?

_______________________________________________________________

3. A palavra cara compõe, com outras palavras, algumas expressões bem brasileiras, muito usadas nas variedades não padrão da língua.

a) Identifique o significado das expressões destacadas nas frases abaixo

Ao acusar o filho do vizinho, Pedrinho livrou sua cara.

____________________________________________

O pai, querendo dialogar com o garoto, quebrou a cara.

_____________________________________________

O garoto meteu a cara na casa do amigo.

________________________________________

 

b) Que outras expressões com a palavra cara você conhece? O que elas significam?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

O texto lido mostra que os pais de Pedrinho misturavam os modelos moderno e tradicional de educação e, na situação narrada, não conseguiram fazer com que o filho assumisse o que fez.

1. Em relação à educação dos filhos, que método, na sua opinião, os pais devem adotar para obter bons resultados?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Em que situações, já vividas por você, cada um dos métodos funcionou melhor?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

3. Supondo que um dia você também terá filhos, que método adotará para educá-los? Por quê?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

CONTO - VACAS QUE ESCREVEM A MÁQUINA.

 

Teque Teque Muu! Vacas que escrevem à máquina

 Obs: Apesar do conto ser ndicado para crianças de 6 a 8 anos, é possível usar com alunos do fundamental II.

          O fazendeiro Geraldo tem um problema: Suas Vacas gostam de escrever à máquina. Ele ouve o dia inteiro:

          TEQUE, TEQUE MUU!

          TEQUE, TEQUE MUU!

          TEREQUI TEQUI, TEQUI MUU!

          A princípio, ele não confia em seus ouvidos:

          — Vacas que escrevem à máquina? Impossível!

         TEQUE, TEQUE MUU!

         TEQUE, TEQUE MUU!

         TEREQUI TEQUI, TEQUI MUU!

         Depois, ele não acredita em seus olhos:

         “Prezado Fazendeiro Geraldo, o galpão é muito frio à noite. Queremos cobertores elétricos. Atenciosamente, as Vacas.”

         — Já não basta as Vacas terem encontrado a velha máquina de escrever no galpão, agora elas querem cobertores elétricos? Nem pensar! — disse o fazendeiro Geraldo. Cobertores elétricos coisa nenhuma!

          Então, as Vacas entram em greve. Deixam um bilhete na porta do galpão: “Desculpe o galpão está fechado. Não haverá leite hoje!”

         — Não haverá leite hoje? — berrou o fazendeiro Geraldo.

        Ao fundo ele podia ouvir as Vacas:

       TEQUE, TEQUE MUU!

       TEQUE, TEQUE MUU!

       TEREQUI TEQUI, TEQUI MUU!

       No dia seguinte, recebe outro bilhete:

       “Prezado fazendeiro Geraldo, as Galinhas também estão com frio. Elas querem cobertores elétricos. Atenciosamente, as Vacas.”

         As Vacas estão cada vez mais impacientes com o fazendeiro. Elas deixam um outro bilhete na porta do galpão: “Fechado, não haverá leite. Não haverá ovos.”

         — Não haverá ovos? — berrou o fazendeiro Geraldo.

         Ao fundo ele podia ouvir as Vacas:

         TEQUE, TEQUE MUU!

         TEQUE, TEQUE MUU!

         TEREQUI TEQUI, TEQUI MUU!

         Vacas que escrevem? Galinhas em greve? Quem já ouviu uma coisa dessas? Como posso tocar a fazenda sem leite e sem ovos? — o fazendeiro Geraldo estava furioso.

         O fazendeiro pega a sua própria máquina de escrever: “Prezadas Vacas e Galinhas: Não haverá cobertores elétricos. Vocês são apenas Vacas e Galinhas. Eu exijo leite e ovos. Atenciosamente, fazendeiro Geraldo.”

         O Pato, que não tinha tomado partido, leva o ultimato para as Vacas.

         As Vacas convocam uma reunião de emergência. Todos os animais reúnem-se em volta do galpão para bisbilhotar, mas nenhum deles conseguem entender um “MUU” sequer.

         O fazendeiro Geraldo espera pela resposta a noite inteira.

         Na manhã seguinte, bem cedinho, o Pato bate na porta e entrega um bilhete ao fazendeiro Geraldo: “Prezado fazendeiro Geraldo, nós aceitamos trocar a máquina de escrever por cobertores elétricos. Deixe-os na porta do galpão, do lado de fora, e nós enviaremos a máquina pelo Pato. Atenciosamente, as Vacas.”

         O fazendeiro Geraldo acha a troca um bom negócio. Ele deixa os cobertores próximo à porta do galpão e aguarda a chegada do Pato com a máquina de escrever.

         Na manhã seguinte, ele recebe um bilhete: “Prezado fazendeiro Geraldo, o lago está muito chato. Queremos um trampolim. Atenciosamente, os Patos.”

        TEQUE, TEQUE QUACK!

        TEQUE, TEQUE QUACK!

(Doreen Cronin)

1. Quais dos sentidos o fazendeiro Geraldo utilizou?

a) olfato

b) paladar

c) visão

d) audição

e) tato

 

2. O que permitiu que as vacas lutassem por melhores condições de trabalho?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

3. O fazendeiro Geraldo acha a troca um bom negócio. Por que troca da máquina pelos cobertores é uma bom negócio para o fazendeiro?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

4.  Quais sinais de pontuação foram utilizados para introduzir as falas das personagens no texto?

_____________________________________________________________________________

 

5. TEQUE, TEQUE MUU! Por que o narrador usou caixa alta nesse fragmento?

____________________________________________________________________________

 

6.  Qual dos assuntos abaixo é abordado no texto?

a) Violência contra os animais.

b) Relações de trabalho.

c) Preconceito.

d) Proteção ao meio ambiente.