BRUXAS NÃO EXISTEM
Quando eu
era garoto, acreditava em bruxas, mulheres malvadas que passavam o tempo todo maquinando
coisas perversas. Os meus amigos também acreditavam nisso. A prova para nós era
uma mulher muito velha, uma solteirona que morava numa casinha caindo aos pedaços
no fim de nossa rua. Seu nome era Ana Custódio, mas nós só a chamávamos de
"bruxa".
Era muito
feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o nariz era comprido, ela
tinha uma enorme verruga no queixo. E estava sempre falando sozinha. Nunca tínhamos
entrado na casa, mas tínhamos a certeza de que, se fizéssemos isso, nós a encontraríamos
preparando venenos num grande caldeirão.
Nossa
diversão predileta era incomodá-la. Volta e meia invadíamos o pequeno pátio
para dali roubar frutas e quando, por acaso, a velha saía à rua para fazer
compras no pequeno armazém ali perto, corríamos atrás dela gritando
"bruxa, bruxa!".
Um dia
encontramos, no meio da rua, um bode morto. A quem pertencera esse animal nós
não sabíamos, mas logo descobrimos o que fazer com ele: jogá-lo na casa da
bruxa. O que seria fácil.
Ao contrário
do que sempre acontecia, naquela manhã, e talvez por esquecimento, ela deixara aberta
a janela da frente. Sob comando do João Pedro, que era o nosso líder,
levantamos o bicho, que era grande e pesava bastante, e com muito esforço nós o
levamos até a janela. Tentamos empurrá-lo para dentro, mas aí os chifres
ficaram presos na cortina.
– Vamos logo – gritava o João Pedro –,
antes que a bruxa apareça. E ela apareceu. No momento exato em que, finalmente,
conseguíamos introduzir o bode pela janela, a porta se abriu e ali estava ela,
a bruxa, empunhando um cabo de vassoura. Rindo, saímos correndo. Eu, gordinho, era
o último.
E então
aconteceu. De repente, enfiei o pé num buraco e caí. De imediato senti uma dor
terrível na perna e não tive dúvida: estava quebrada. Gemendo, tentei me
levantar, mas não consegui. E a bruxa, caminhando com dificuldade, mas com o
cabo de vassoura na mão, aproximava-se. Àquela altura a turma estava longe,
ninguém poderia me ajudar. E a mulher sem dúvida descarregaria em mim sua
fúria.
Em um
momento, ela estava junto a mim, transtornada de raiva. Mas aí viu a minha
perna, e instantaneamente mudou. Agachou-se junto a mim e começou a examiná-la
com uma habilidade surpreendente.
– Está
quebrada – disse por fim. – Mas podemos dar um jeito. Não se preocupe, sei
fazer isso. Fui enfermeira muitos anos, trabalhei em hospital. Confie em mim.
Dividiu o
cabo de vassoura em três pedaços e com eles, e com seu cinto de pano,
improvisou uma tala, imobilizando-me a perna. A dor diminuiu muito e, amparado
nela, fui até minha casa. – "Chame uma ambulância", disse a mulher à
minha mãe. Sorriu.
Tudo ficou
bem. Levaram-me para o hospital, o médico engessou minha perna e em poucas semanas
eu estava recuperado. Desde então, deixei de acreditar em bruxas. E tornei-me
grande amigo de uma senhora que morava em minha rua, uma senhora muito boa que
se chamava Ana
Custódio. Moacyr Scliar Fonte:
http://www.escolakids.com/contos-curtinhos.htm
1. O texto “Bruxas não existem”, se encaixa no GÊNERO textual:
a) Lenda.
b) Mito.
c) Conto.
d) Fábula.
2. Esse texto “Bruxas não existem”, se encaixa na TIPOLOGIA
textual de:
a) Descrição.
b) Narração.
c) Dissertação.
d) Injunção.
3. O texto só NÃO ABORDA o assunto:
a) Superstição
b) Preconceito
c) Crendice popular
d) Saúde
4. O título do conto é “Bruxas não existem” porque:
a) O menino não acreditava que bruxas podiam existir.
b) O menino aprende que Ana Custódio não era uma bruxa, e
sim, uma boa mulher.
c) Em toda a história não aparece nenhuma bruxa.
d) Nenhuma das alternativas.
5. O narrador do texto é:
a) um adulto.
b) um menino.
c) Moacyr Scliar.
d) João Pedro.
6. A única alternativa que NÃO apresenta a ideia de lugar é:
a) numa casinha caindo aos pedaços
b) naquela manhã
c) trabalhei em hospital
d) fui até minha casa.
PARTE II https://armazemdetexto.blogspot.com/2020/11/conto-bruxas-nao-existem-moacyr-scliar.html
Após ler o conto com atenção, responda às questões a seguir:
1) O narrador conta que, quando era garoto, acreditava em
bruxas. Para ele, o que era uma bruxa?
Para o narrador,
bruxas eram “mulheres malvadas que passavam o tempo todo maquinando coisas
perversas”.
2) Qual era a prova concreta, para o narrador e seus amigos,
de que as bruxas existiam?
A prova para eles
era uma mulher muito velha, uma solteirona que morava numa casinha caindo aos
pedaços no fim da rua.
3) Como ele descreve sua vizinha, Ana Custódio?
Segundo ele, ela
era muito feia, gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o nariz era comprido,
tinha uma enorme verruga no queixo e estava sempre falando sozinha.
4) Qual era a
diversão predileta dos meninos?
( X ) Incomodar a
senhora, fazendo travessuras.
( ) Ajudar a velha a fazer compras no
pequeno armazém.
( ) Entrar na casa da “bruxa” e vê-la
preparando venenos no caldeirão.
5) Um dia, ao tentar
jogar um bode morto na casa da senhora pela janela da frente, a velha apareceu
empunhando um cabo de vassoura. Os meninos saíram correndo, e o narrador enfiou
o pé num buraco, caiu e quebrou a perna. O que aconteceu após isso?
( ) Os colegas voltaram para ajudá-lo.
( ) A mulher o alcançou e descarregou nele
sua raiva.
( X ) A mulher, que
já foi enfermeira, ajudou-o, cuidando de sua perna.
6) Por que o título do conto é “Bruxas não
existem”? Relacione o título ao final da história.
Porque o
narrador deixou de acreditar em bruxas desde que a senhora o ajudou quando ele
quebrou a perna; a partir dessa ocasião, ele tornou-se grande amigo dela.
Observe as palavras
empregadas no conto e marque a opção correta.
7) Releia o trecho:
Era muito feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam
palha, o nariz era comprido, ela tinha uma enorme verruga no queixo.
As palavras em destaque apresentam características,
modificando outras palavras. Tais palavras ajudam a criar cenários, paisagens e
são muito importantes nos textos descritivos. Por isso, com relação à classe
gramatical, podemos dizer que são exemplos de:
( X ) adjetivos.
( ) advérbios.
( ) pronomes.
( ) substantivos.
8) No mesmo
fragmento, encontramos a palavra “ela”, utilizada para se referir à mulher:
“Era muito feia, ela; [...] ela tinha uma enorme verruga no queixo”. Essa
palavra pode ser classificada como um:
( ) adjetivo.
( ) advérbio.
( X ) pronome.
( ) substantivo.
9) No trecho:
De repente, enfiei o pé num buraco e caí. De imediato senti
uma dor terrível na perna e não tive dúvida: estava quebrada. Gemendo, tentei
me levantar, mas não consegui.
Essas palavras indicam os acontecimentos, as sequências de
ações, a passagem de tempo e dão movimento ao texto. Não há como contar uma
história ou narrar um fato sem elas. Essas palavras são:
( X ) verbos.
( ) artigos.
( ) adjetivos.
( ) pronomes.
10) Observe os substantivos destacados e numere a 2ª coluna
de acordo com a 1ª:
( 1 ) “Quando eu
era garoto, acreditava em bruxas”.
( 2 ) “Fui
enfermeira muitos anos, trabalhei em hospital”.
( 3 ) “Sob
comando do João Pedro, que era o nosso líder, levantamos o bicho”.
( 4 ) “De
imediato senti uma dor terrível na perna e não tive dúvida: estava quebrada”.
( 4 )
Substantivos abstratos.
( 3 )
Substantivo próprio e substantivo comum.
( 2 )
Substantivo derivado e substantivo primitivo.
( 1 )
Substantivos concretos (ser real / ser imaginário).
11) Releia e observe
as palavras destacadas:
A prova para nós era uma mulher muito velha, uma solteirona
que morava numa casinha caindo aos pedaços no fim de nossa rua.
Nesse trecho, o narrador apresenta a mulher, que ele achava
que era uma bruxa, ao leitor. Os termos destacados são:
( ) pronomes
demonstrativos, pois indicam a posição de um ser ou objeto.
( ) artigos
definidos, pois designam um ser já conhecido do leitor ou ouvinte.
( X ) artigos
indefinidos, pois designam um ser ao qual não se fez menção anterior.
12) Analise o
fragmento:
[...] a velha saía à rua para fazer compras no pequeno
armazém ali perto.
Os termos em destaque designam uma circunstância de lugar;
fazem referência a onde era o armazém. Por isso, esses termos podem ser
considerados:
( ) verbos.
( ) artigos.
( X ) advérbios.
( ) substantivos.
13) As palavras que acompanham o substantivo
normalmente concordam com ele em gênero (masculino/ feminino) e número
(singular/plural). Veja:
A prova para nós era uma mulher muito velha, uma solteirona
que morava numa casinha caindo aos pedaços no fim de nossa rua.
Reescreva o trecho acima, trocando a palavra mulher pela
palavra homem e fazendo as alterações necessárias.
A prova para nós era um homem muito velho, um solteirão que morava numa casinha caindo aos pedaços no fim de nossa rua.
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