Biografia
A biografia narra, em geral em ordem
cronológica, a vida de uma pessoa que viveu ou vive em determinada sociedade e
se destacou ou tem se destacado por sua trajetória Assim, os textos biográficos
são utilizados para apresentar algumas etapas ou toda a vida de pessoas
consideradas importantes para dada sociedade. As biografias muitas vezes
adquirem características dos gêneros literários, mas, na esfera escolar, se
aproximam do verbete de enciclopédia e do relato histórico, gêneros que
divulgam conhecimentos científicos em diversas áreas. No final da Idade Média,
com o Renascimento, a concepção de “indivíduo” permitiu maior circulação e
popularização do gênero biografia, que, no século XX, passou a circular
em diferentes formatos: livro, filme, texto teatral, minissérie, documentário,
entrevista, etc.
A escolha do biografado é claramente
marcada pelo contexto social e político. Na Idade Média, por exemplo, as
biografias retratavam a vida de santos, senhores feudais e heróis nacionais. No
Renascimento, as produções concentravam-se nos dicionários e coleções
biográficas, evidenciando o interesse pela personalidade humana. No século XX,
surgia, no Brasil, a biografia romanceada, cujos episódios são narrados com
elementos da ficção.
O principal objetivo das atividades propostas
a seguir é fazer com que os alunos se familiarizem com biografias curtas e
longas, com o processo de sua produção e com algumas características do gênero.
O quadro a seguir visa a sintetizar e a
sistematizar algumas características da biografia relacionadas com seu contexto
de produção, com destaque para o conteúdo temático (o que se pode dizer em
textos desse gênero), a forma composicional (como o texto se organiza, as
partes que o compõem e como se articulam) e o estilo (que elementos e recursos
da língua são selecionados). Ressalte-se que não se trata de um rol de
conteúdos a serem transmitidos aos alunos.
Breve
descrição do gênero biografia
I – Situação comunicativa
Autor
Em geral, as biografias são
produzidas por escritores, jornalistas ou historiadores. O biógrafo pode ou não
conhecer pessoalmente a pessoa sobre a qual escreve. Algumas biografias são
autorizadas pelos biografados ou por sua família, enquanto outras são
“biografias não autorizadas”. Existe também a autobiografia, em que o próprio
autor escreve sua história de vida.
Público-alvo
Nas biografias que circulam na
esfera escolar, o público-alvo são os estudantes, auxiliando-os a compreender
alguns aspectos históricos e sociais da vida de determinadas personalidades.
Nos demais casos, predomina o público adulto, apesar de existirem publicações
de biografias para crianças e jovens. Normalmente, os leitores estão
interessados em conhecer aspectos da vida do biografado.
Objetivo/intenção
Apresentar a vida de pessoas
consideradas importantes para determinado grupo social.
Local de circulação/publicação
Livros, sites, filmes,
documentários, enciclopédias, dicionários biográficos e temáticos.
II – Conteúdo temático
De forma geral, as biografias
apresentam como tema a vida pessoal do biografado. Assim, elas constroem, por
meio de narrativas e relatos, a trajetória de vida de uma pessoa, focalizando
aspectos centrais da infância, adolescência, vida adulta, velhice, com destaque
para a relação com o trabalho. Crianças e jovens raramente são biografados, o
que revela uma escolha social por certas personalidades em dado momento
histórico. O biografado (personagem) é o elemento fundamental na temática da
biografia, sobretudo suas ações ao longo da vida. Nas biografias não
autorizadas, é possível encontrar aspectos negativos e posições diferentes da
opinião pública.
III – Estrutura composicional e
marcas linguísticas (estilo)
• Texto escrito em terceira
pessoa (biografia) e em primeira pessoa (autobiografia). No entanto, na
biografia pode haver alternância do foco narrativo, ora em terceira pessoa (voz
do biógrafo e outras pessoas), ora em primeira (voz do biografado).
• Apresentação do biografado
(personagem) por meio de descrições que caracterizam determinada imagem para o
público-leitor; as adjetivações e as referências nominais são essenciais para
que o leitor perceba o ponto de vista do biógrafo sobre a personagem.
• Mecanismos de coesão com
pronominalização para construção da cadeia de referentes nominais do texto, com
destaque para o biografado e outras pessoas citadas no texto (pai, mãe, irmãos,
amigos, filhos, etc.). Destacam-se também a grande quantidade de datas, nomes
próprios (pessoas e lugares).
• Advérbios, locuções adverbiais
e orações adverbiais para organizar o relato biográfico no tempo e no espaço.
Os fatos são normalmente apresentados em ordem cronológica, colaborando para a
organização do texto (capítulos, seções, títulos) em fases da vida.
• Verbos predominantemente no
pretérito perfeito e imperfeito do indicativo, mas também no presente e no
pretérito imperfeito do subjuntivo.
• Utilização de memórias pessoais
(autobiografia), assim como de documentos, fotografias, gravuras, cartas,
relatos de outras pessoas, diários. Por essa razão, encontramos uma construção
híbrida, em que várias vozes sociais podem estar presentes, contribuindo para a
construção de pontos de vista sobre o biografado.
1. A palavra biografia tem origem
do grego bio, que significa “vida”, e grafia, que quer dizer “escrita”.
a) Você já leu alguma biografia,
algum relato sobre a vida de outra pessoa?
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b) Sabe como se chama o autor que
conta histórias de vida no formato de livros? Ele precisa conhecer ou conviver
com as pessoas sobre as quais escreve?
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c) Será que qualquer pessoa pode
ser biografada?
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Leia o texto a seguir, que é uma nota
biográfica, veiculada em um site, sobre Luiz Gonzaga:
Luiz Gonzaga (1912-1989) foi
músico brasileiro. Sanfoneiro, cantor e compositor, recebeu o título de
"Rei do Baião". Foi responsável pela valorização dos ritmos
nordestinos, levou o baião, o xote e o xaxado, para todo o país. A música
"Asa Branca" feita em parceria com Humberto Teixeira, gravada por
Luiz Gonzaga no dia 3 de março de 1947, virou hino do nordeste brasileiro. Luiz
Gonzaga nasceu na Fazenda Caiçara, em Exu, sertão de Pernambuco, no dia 13 de
dezembro de 1912. Filho de Januário José dos Santos, o mestre Januário,
"sanfoneiro de 8 baixos" e Ana Batista de Jesus. O casal teve oito
filhos. Luiz Gonzaga desde menino já tocava sanfona. Aos 13 anos, com dinheiro
emprestado compra sua primeira sanfona. Em 1929, por causa de um namoro,
proibido pela família da moça, Luiz Gonzaga foge para a cidade de Crato no
Ceará. Em 1930 vai para Fortaleza, onde entra para o exército. Com a Revolução
de 30 viaja pelo país. Em 1933, servindo em Minas Gerais, é reprovado num
concurso de músico para o exército, passa a ser o corneteiro da tropa. Tem
aulas de sanfona com o soldado Domingos Ambrósio. Luiz Gonzaga deixa o
exército, depois de nove anos sem dar notícias à família. Foi para o Rio de
Janeiro e passou a se apresentar em bares, cabarés e programas de calouros. Em
1940 participa do programa de Calouros da Rádio Tupi e ganha o primeiro lugar,
com a música "Vira e Mexe". Tocando como sanfoneiro da dupla Genésio
Arruda e Januário, é descoberto e levado pela gravadora RCA Vitor, a gravar seu
primeiro disco. O sucesso foi rápido, vários outro discos foram gravados, mas
só em 11 de abril de 1945 grava seu primeiro disco como sanfoneiro e cantor,
com a música "Dança Mariquinha". Em 23 de setembro nasce seu filho
Gonzaguinha, fruto do relacionamento com a cantora Odaléia Guedes. Nesse mesmo
ano conhece o parceiro Humberto Teixeira. Depois de 16 anos Luiz volta para sua
terra natal. Vai ao Recife e se apresenta em vários programas de rádio. Em 1947
grava "Asa Branca", feita em parceria com Humberto Teixeira. Em 1948
casa-se com a cantora Helena Cavalcanti. Em 1949 leva sua família para morar no
Rio de Janeiro. As parcerias com Humberto Teixeira e com Zédantas rendeu muitas
músicas. Gonzaga e seu conjunto se apresentam em várias partes do país.
Em 1980, Luiz Gonzaga canta para
o Papa Paulo II, em Fortaleza. Canta em Paris a convite da cantora amazonense
Nazaré Pereira. Recebe o prêmio Nipper de ouro e dois discos de ouro pelo disco
"Sanfoneiro Macho". Em 1988 se separa de Helena e assume o
relacionamento com Edelzita Rabelo. Luiz Gonzaga é internado no Recife, no
Hospital Santa Joana, no dia 21 de junho de 1989, e no dia 2 de agosto falece.
Em 2012, se comemora 100 anos do nascimento de Luiz Gonzaga. É lançado o filme
"De Pai Para Filho", narrando a relação entre Gonzaga e Gonzaguinha.
O artista recebe várias homenagens em todo o país.
1. Tendo em vista o que o texto
diz, é possível dizer que o músico Luz Gonzaga teve uma carreira bem-sucedida?
Por quê?
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2. Na nota biográfica, você
encontrou várias datas, locais e nomes específicos. Releia o texto e grife cada
tipo de informação com uma cor:
·
datas ou expressões que indicam tempo;
·
locais;
·
nomes específicos.
·
Observe as informações que você grifou e em
seguida, reflita: por que elas são necessárias em um texto biográfico? Registre
o que pensou nas linhas a seguir:
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3. Ao ler a nota biográfica, você
percebeu que o texto
( ) traz informação sobre a data
de nascimento e morte do biografado.
( ) faz descrições dos fatos mais
importantes da vida.
( ) apresenta pouca preocupação
com a precisão dos fatos narrados.
( ) discute a vida com destaque
para a infância e juventude.
Mário de Andrade (1893-1945) foi
um escritor brasileiro. Publicou "Pauliceia Desvairada" o primeiro
livro de poemas da primeira fase do Modernismo. Estudou música no Conservatório
de São Paulo. Foi crítico de arte em jornais e revistas. Teve papel importante
na implantação do Modernismo no Brasil. Foi amigo inseparável de Anita Malfatti
e Oswald de Andrade. Foi diretor do departamento de Cultura da Prefeitura de
São Paulo. Foi funcionário do Serviço do Patrimônio Histórico do Ministério da
Educação. Seu romance "Macunaíma" foi sua criação máxima, levada para
o cinema. Mário de Andrade (1893-1945) nasceu na rua da Aurora, São Paulo, no
dia 9 de outubro de 1893. Filho de Carlos Augusto de Andrade e de Maria Luísa.
Concluiu o ginásio e entrou para a Escola de Comércio Alves Penteado, tendo
abandonado o curso depois de se desentender com o professor de Português. Em
1911 ingressou no Conservatório de Música de São Paulo, formando-se em piano.
Em 1917, com a morte de seu pai,
dava aula particular de piano para se manter. Nesse mesmo ano conhece Anita
Malfatti e Oswald de Andrade, tornando-se amigos inseparáveis. Ainda nesse ano
com o pseudônimo de Mário Sobral, publicou seu primeiro livro "Há Uma Gota
de Sangue em Cada Poema", no qual critica a matança produzida na Primeira
Guerra Mundial. No Primeiro Tempo do Modernismo (1922-1930) a lei era se
libertar do modismo europeu, procurar uma linguagem nacional e promover a
integração entre o homem brasileiro e sua terra. 1922 foi um ano
importantíssimo para Mário de Andrade. Além da Semana de Arte Moderna, foi
nomeado professor catedrático do Conservatório de Música. Publicou
"Pauliceia Desvairada", onde reuniu seus primeiros poemas modernistas.
Integrou o grupo fundador da revista Klaxon, que servia de divulgação para o
Movimento Modernista. Mário de Andrade fez várias viagens pelo Brasil, com o
objetivo de estudar a cultura de cada região. Visitou cidades históricas de
Minas, passou pelo Norte e Nordeste, recolhendo informações como festas
populares, lendas, ritmos, canções, modinhas, etc. Todas essas pesquisas lhe
renderam obras como "Macunaíma", "Clã do Jabuti" e
"Ensaio sobre a Música Brasileira". Mário foi Diretor do Departamento
de Cultura da Prefeitura de São Paulo, entre os anos de 1934 e 1938. Afastado
do cargo por motivos políticos, ainda em 1938 foi para o Rio de Janeiro, onde
lecionou Filosofia e História da Arte na Universidade. Foi incapaz de ficar
longe de São Paulo, a cidade que amava, e em 1940 estava de volta. Foi ainda
funcionário do Serviço do Patrimônio Histórico do Ministério da Educação. Mário
Raul de Morais Andrade faleceu em São Paulo, no dia 25 de fevereiro de 1945,
vítima de um ataque cardíaco.
1. Sobre o texto biográfico de
Mario de Andrade é correto afirmar que:
( ) É um texto literário porque
conta fatos reais.
( ) Carlos Drummond de Andrade
escreve sobre sua vida.
2. De acordo com o texto qual motivo levou Mario
de Andrade a deixar os estudos na Escola de Comércio Alves Penteado?
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3. Como ele iniciou a sua
carreira de escritor?
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4. Quem eram seus amigos
inseparáveis?
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5. Segundo o texto ele teve um
importante papel na implantação do ________________________no Brasil.
6. De acordo com o texto é
correto afirmar que Mario de Andrade
( ) nasceu na rua da Augusta,
Minas Gerais, no dia 9 de outubro de 1893.
( ) estudou música no
Conservatório de São Paulo. Foi crítico de arte em jornais e revistas.
( )publicou seu primeiro livro
"Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema", no qual critica a matança
produzida na Primeira Guerra Mundial.
( ) fez várias viagens ao
exterior, com o objetivo de estudar a cultura de cada País. Todas as pesquisas
internacionais lhe renderam obras como "Macunaíma", "Clã do
Jabuti" e "Ensaio sobre a Música Brasileira".