A DETERIORIZAÇÃO DA
LINGUAGEM JORNALÍSTICA
Luciano Martins Costa
I._____ uma semana do
encerramento deste que foi um dos anos mais intensos do jornalismo no Brasil, é
preciso colocar em discussão uma questão que a imprensa evita o quanto pode: a
linguagem jornalística dá conta de decifrar adequadamente a realidade?
II. Analisada contra o
cenário deteriorado da mídia brasileira, a pergunta pode parecer impertinente e
até mesmo cândida, uma vez que o campo da comunicação institucionalizada se
deixou contaminar por outros vícios, que levaram ao fim da ilusão da
objetividade e do pressuposto da honestidade intelectual como princípios
fundadores da imprensa.
III._____ muitos outros
aspectos a serem contemplados numa análise do que vem a ser o jornalismo nesse
contexto, em que uma tecnologia de ruptura se impõe ao mesmo tempo em que a
gestão dos principais veículos da mídia tradicional se concentra e verticaliza.
Esse movimento do sistema da imprensa para dentro de si mesmo bloqueia a
inovação e condiciona as iniciativas a uma doutrina que em tudo é contrária ao
espírito de liberdade do jornalismo.
IV. A doutrina conservadora
que domina a imprensa no Brasil levanta um muro de contenção para a
criatividade, desestimula os espíritos livres e encoraja a mediocridade com
melhores oportunidades de carreira. O fato de que os nomes mais lustrosos da
mídia nacional, aqueles que mais vezes conquistam o espaço nobre dos
noticiários, são justamente os que cumprem com entusiasmo o trabalho sujo da
manipulação, é causa de empobrecimento da cultura jornalística. Existem, mas
são raros os profissionais que, descolando-se da orientação centralizadora,
ganham distinção pelo trabalho independente e de qualidade.
V.___(A)___ a gestão vertical
e centralizada resulta num jornalismo mais pobre, burocrático e em linha direta
com a opinião do comando das empresas de comunicação? ___(B)____ a atividade
jornalística exige que, na origem, o material que vai compor o noticiário e o
conjunto de opiniões seja colhido livremente, condicionado apenas pela ética –
e seja trabalhado até a edição final sob o crivo das múltiplas possibilidades
de interpretação.
VI. A observação diária e por
longo prazo da mídia tradicional no Brasil induz a concluir que a ligação
direta entre os donos das empresas e as bases da redação limita as
possibilidades de interpretação dos acontecimentos.
VII. Décadas atrás, quando as
redações eram caracterizadas pela diversidade, o debate se fazia desde a
pré-pauta, e os repórteres tinham um papel mais ativo na discussão sobre o que
era importante em cada edição. Com as principais reportagens direcionadas desde
a pauta até a manchete, o sinal que se dá aos repórteres é que, se quiserem
subir na carreira, têm que ser principalmente dóceis ao comando. Esse é um
elemento limitador da linguagem jornalística.
1. As lacunas presentes no
início dos parágrafos I e III deverão ser preenchidas, observando o rigor da
norma culta, conforme o indicado em qual alternativa.
a) I - Há; III - A
b) I - À; III - A
c) I - A; III - Há
d) I - Há; III - A
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2. Segundo o autor, a
pergunta lançada no primeiro parágrafo pode parecer "impertinente e até
mesmo cândida" considerando o teor do texto, isso equivale a dizer que ela
pode parecer:
a) arrogante e ultrapassada
b) contumaz e capciosa
c) inoportuna e ingênua
d) propicia e pueril
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3. Da leitura do texto não
é possível inferirmos tão somente o asseverado em qual alternativa?
a) A comunicação
institucionalizada deixou-se contaminar por vícios que levaram ao fim da ilusão
da objetividade.
b) Evidencia-se, no que se refere a mídia
tradicional, uma centralização e uma verticalização na gestão de seus principais
veículos.
c) A tendência de o sistema de imprensa mover-se
para dentro de sistema redunda no bloqueio da inovação e contraria o espírito
de liberdade do jornalismo.
d) o fim da ilusão da objetividade deu-se a
partir da interiorização, nos meios de comunicação, dos princípios que sempre
nortearam a imprensa.
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4. Segundo o autor, o empobrecimento da cultura
jornalística atrela-se a qual dos seguintes fatos?
a) Os nomes mais lustrosos do jornalismo
perderam espaço considerável nos noticiário do horário nobre.
b) Espíritos livres do jornalismo encorajam a
mediocridade que hoje domina os principais meios de comunicação.
c) A orientação centralizadora dos meios de
comunicação vedou melhores oportunidades de carreira aos destituídos de
formação jornalística.
d) As figuras mais destacadas na mídia nacional
aquiescem em cumprir o trabalho de manipulação do público.
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"Existem, mas são raros os profissionais que,
descolando-se da orientação centralizadora, ganham distinção pelo
trabalho independente e de qualidade" - parágrafo IV.
O parágrafo acima será
utilizado na resolução das questões 5 a 7.
5. O período do exemplo foi
reescrito de modo a se preservar seu sentido original e a adequação à norma
culta em qual alternativa?
a) Há, mas raros são os profissionais que ganham
distinção pelo trabalho independente e de qualidade, descolando-se da
orientação centralizadora.
b) Raros são os profissionais que ganham
distinção pelo trabalho independente e de qualidade, mas existem descolando-se
da orientação centralizadora.
c) Existem profissionais que ganha distinção
descolando-se da orientação centralizadora, a despeito do trabalho impendente e
de qualidade, são raros, mas há.
d) Profissionais que ganham distinção pelo
trabalho independente e de qualidade são raros, mas, descolando-se da
orientação centralizadora, existe.
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6. O elemento sublinhado
exerce, no caso, a função de:
a) pronome apassivador.
b) índice de indeterminação do sujeito.
c) substantivo.
d) parte integrante do verbo.
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7. Sobre o elemento em
itálico, é valido asseverar que:
a) exprime, no caso, restrição.
b) no contexto, classifica-se como advérbio.
c) assume o mesmo sentido do
contido na sentença: comemorou muito, mas muito mesmo.
d) denota corroboração do período que lhe
antecede.
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8. Para que esteja redigido em consonância com a
norma culta, os espaços A e B do parágrafo V deverão ser preenchidos conforme o
indicado em:
a) A - Por quê; B - Porque.
b) A - Por que; B - Por quê.
c) A - Por que; B - Porque.
d) A - Porquê; B - Porque.
9. Analise as proposições seguintes.
A. "a linguagem
jornalística da conta de decifrar adequadamente a realidade? - a linguagem jornalística revela-se hábil a
desvendar adequadamente a realidade?
B. "A doutrina conservadora que domina a
imprensa no Brasil levanta um muro de contenção para a criatividade" - Os princípios conservadores que norteiam a
imprensa no brasil favorecem a exacerbar da criatividade.
C. "Os profissionais que
descolando-se da orientação centralizadora, ganham distinção pelo trabalho
independente" - os profissionais
que, alinhando-se à orientação centralizadora, ganham distinção pelo trabalho
independente.
D. "e seja trabalhado
até a edição final sob o crivo das múltiplas possibilidades de
interpretação" - e seja laborado até
a edição final isentando-se das múltiplas possibilidades de interpretação.
A correta interpretação do
excerto apresentado deu-se adequadamente em:
a) uma das proposições somente.
b) duas proposições somente.
c) três proposições somente.
d) todas as proposições apresentadas.
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10. Avalie os elementos
sublinhados em cada um dos excertos seguintes.
A - "uma questão que a
evita quanto pode".
B - no Brasil induz a concluir
que".
C - "muitos outros
aspectos a serem comtemplados".
D - "encoraja a
mediocridade com melhores oportunidades de carreira".
Considerando-os sob o ponto
de vista morfológico, é valido afirmar que:
a) três deles classificam-se como artigo e um
como preposição.
b) dois deles classificam-se como artigo e dois
como preposição.
c) um deles classifica-se como artigo e três como
preposição.
d) temos, no caso, dois artigos, um pronome e uma
preposição.
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11. Leia os trechos seguintes
e avalie os vocábulos neles sublinhados.
I. " A deterioração da linguagem
jornalística" - título.
II. "Analisada contra o cenário
deteriorado da mídia brasileira" - parágrafo II.
Agora, assinale a alternativa
verdadeira.
a) Em ambos observamos a ocorrência de hiatos.
b) Nos dois o número de fonemas é superior ao de
letras.
c) Há ocorrência de hiato em I e de ditongo em
II.
d) Em I o número de letras é superior ao de
fonemas; em II ocorre o inverso.
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CLIC
Cidadão se descuidou e
roubaram seu celular. Como era um executivo e não sabia mais viver sem celular,
ficou furioso. Deu parte do roubo, depois teve uma idéia. Ligou para o número
do telefone. Atendeu uma mulher.
— Aloa.
— Quem fala?
— Com quem quer falar?
— O dono desse telefone.
— Ele não pode atender.
— Quer chamá-lo, por favor?
— Ele esta no banheiro. Eu
posso anotar o recado?
— Bate na porta e chama esse
vagabundo agora.
Clic. A mulher desligou. O
cidadão controlou-se. Ligou de novo.
— Aloa.
— Escute. Desculpe o jeito
que eu falei antes. Eu preciso falar com ele, viu? É urgente.
— Ele já vai sair do
banheiro.
— Como é seu nome?
— Quem quer saber?
O cidadão inventou um nome.
— Taborda. Sou primo dele.
— Primo do Amleto?
— É. De Quaraí.
— Vem cá. Como você sabia o
número do telefone dele? Ele recém-comprou.
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12. O texto em referência foi
publicado originalmente em 2000 e nele mantivemos sua grafia original. Assinale
a alternativa que contém o excerto no qual um vocábulo está incorretamente
acentuado em face das mudanças introduzidas pela recente reforma ortográfica da
língua portuguesa.
a) "Deu parte do roubo,
depois teve uma idéia".
b) "Quer chamá-lo, por favor?"
c) "De Quaraí"
d) "Ele recém
comprou".
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13. Sobre o texto de
Verissimo, é correto asseverar que:
a) o autor optou por redigi-lo integralmente utilizando
o discurso direto.
b) há passagens em que o autor optou pelo
discurso direto, como em "De Quaraí" em outras pelo discurso indireto
livre, como em "- Eu posso anotar o recado?".
c) foi redigido
predominantemente utilizando-se do discurso indireto; na passagem - "O
cidadão inventou um nome".-, contudo, optou-se pela adoção do discurso
direto livre.
d) nele observamos a presença predominante do
discurso direto e eventuais passagens redigidas na forma de discurso indireto.
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14. Analisando-se os dois textos apresentados,
podemos afirmar que:
a) o primeiro texto, de autoria de Luciano
Martins Costa é um texto dissertativo do tipo não argumentativo, no qual não
observamos a tentativa de influenciar o leitor, o segundo, de Verissimo,
trata-se também de um texto dissertativo, porém, de caráter argumentativo.
b) a presença de personagens e elementos de
clímax permite-nos classificar o texto de Luís Fernando Verissimo como uma
crônica narrativa; o de Luciano Martins Costa, por sua vez, no qual há a
predominância da utilização do predicado verbal, bem como o emprego de
metáforas e comparações, como descritivo.
c) o de Luciano Martins Costa é um texto
dissertativo argumentativo, nele inferimos pontos de vista do autor a respeito
do assunto tratado, já o de Luís Fernando Verissimo melhor se enquadra no
estilo narrativo, com a presença de personagens, espaço e tempo.
d) em ambos os textos observamos a presença de
elementos narrativos, descritivos e dissertativos.
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15. Leia e avalie os períodos
apresentados em I,II e III.
I. Não contive-me expulsei-o de minha casa
assim que soube do seu comportamento inadequado.
II. Assisti confortavelmente acomodado no sofá
da minha sala o filme que, segundo a crítica, apresenta enredo tão controverso.
III. Ao sair do palco, comprimentou graciosamente
o público que ali aparecera para lhe prestar justa homenagem.
No que se refere aos chamados
vícios de linguagem, o que é correto afirmar?
a) Em I observamos a chamada cacofonia, que
consiste no erro de grafia de um vocábulo; em II, um desvio no tocante a
sintaxe no que concerna à concordância; em III, contudo, não foram detectados
quaisquer desvios da norma padrão.
b) Em I não foram observados quaisquer afrontas
à norma culta; em II, e III, todavia, constatamos desvios no tocante à
semântica - em II no que se refere a
regência de um verbo e em III na concordância nominal.
c) Foram observados os chamados barbarismos nos
três exemplos; em I e III, no tocante à grafia de um vocábulo e, em III, a
chamada silabada - erro na pronuncia do acento tônico.
d) Em I e II observamos desvios da norma no que
concerne à sintaxe - em , no tocante à colocação pronominal, em II, à regência;
em III, por sua vez, observamos desvio semântico, pelo emprego inapropriado de um vocábulo.
2.C
3.D
4. D
5. A
6. X
7.A
8.C
9. A
10. B
11. C
12. A
13. D
14. C
15. D