GABARITO:
https://drive.google.com/file/d/1rL6swUI2PrtzqUIjOE65y7ZHmOu75dqh/view?usp=sharing
O conto popular que você vai ler
foi publicado em uma coletânea que reúne narrativas com personagens femininas
corajosas e determinadas no papel principal. O texto é uma adaptação de uma
versão da história publicada no século XIX na Inglaterra. Leia o título e
responda: Considerando os contos populares que você já conhece, o que poderia
ser o kow de Hedley? Que relação a protagonista desse conto, ou
seja, a personagem principal, poderia ter com ele?
O
kow de Hedley
Era uma vez uma velhinha que ganhava a
vida fazendo alguns
servicinhos para as esposas dos fazendeiros da aldeia onde morava. Embora só recebesse um almoço e um pouco de pão e queijo para o jantar por seu trabalho, estava sempre alegre, como se não precisasse de mais nada no mundo.
servicinhos para as esposas dos fazendeiros da aldeia onde morava. Embora só recebesse um almoço e um pouco de pão e queijo para o jantar por seu trabalho, estava sempre alegre, como se não precisasse de mais nada no mundo.
Todos os dias, ela levantava cedo para catar galhos e pinhas. Deixava-os perto
da lareira e, quando voltava para o chalé à noite, fazia uma fogueira para se esquentar.
O chalé era pequeno e
tinha poucos móveis. Ficava isolado nos arredores da aldeia, mas a velhinha
dizia que não se incomodava de morar sozinha e não se importava de ter de
caminhar tanto tempo para chegar em casa.
Mesmo assim, as
mulheres de Hedley sempre faziam questão de mandá-la para casa antes do
pôr do sol. Quando ficava escuro, o kow de Hedley zanzava por lá, aterrorizando os
aldeões desde tempos imemoriais. Se era um bicho-papão ou um trasgo,
ninguém na aldeia conseguia decidir, mas todos sabiam que podia se transformar em
criaturas amedrontadoras e fazer as pessoas enlouquecerem de pavor. O kow perseguia suas vítimas,
gritando, uivando e dando gargalhadas, e, às vezes,
as deixava furiosas com as peças que pregava.
No fim de uma tarde de
verão, quando já estava escurecendo e a velhinha se encaminhava depressa
para casa, ela encontrou uma panela enorme jogada na beira da estrada.
—
Seria perfeita para mim se eu tivesse alguma coisa para colocar dentro —disse ela, abaixando
para dar uma olhada. — Quem será que a largou aqui?
A velhinha olhou para todos os lados para
ver se havia alguém em volta que pudesse
ter perdido a panela, mas não tinha ninguém nem nos campos nem na estrada.
— Talvez esteja furada — disse. — É, deve ser
por isso que deixaram aqui. Mesmo assim posso colocar alguma coisa dentro. Acho que vou
levar para casa.
Ela dobrou as costas
doloridas e ergueu a tampa para ver dentro da panela.
— Minha nossa! — exclamou a velhinha,
dando um pulo para trás. — Está cheia de moedas
de ouro!
Durante
algum tempo, ela ficou só andando em volta do tesouro, admirando o ouro
amarelo, impressionada com sua sorte e pensando: "Ora, mas se eu não fiquei
rica e importante agora!". Logo começou a se perguntar como faria para
levar aquilo para casa. O único jeito que lhe ocorreu foi amarrar uma ponta do xale na
panela e arrastá-la pela estrada.
—
Tenho a noite toda
para pensar no que fazer com o ouro — disse para si mesma. — Posso comprar
uma casa enorme e viver como uma
rainha; ou talvez enterre tudo num buraco no jardim; posso colocar um pouco na chaminé perto
da chaleira, como se fosse um enfeite.
Ah, estou me sentindo tão importante que nem sei!
A essa altura, a velhinha já
estava bem cansada de arrastar tanto peso, por isso parou para descansar um minuto e se virou para ver se o tesouro estava são e salvo.
Mas, quando foi olhá-lo, viu que
na panela não havia moedas de ouro, mas um enorme bloco de prata.
Olhou para a panela, esfregou os
olhos e olhou de novo, mas ainda era um enorme bloco de prata.
—
Eu jurava que eram
moedas de ouro — disse, afinal. — Devo ter
sonhado. Ora, melhor ainda: vai dar muito menos trabalho cuidar da prata, que
não vai chamar tanto a atenção dos ladrões. É complicado cuidar de moedas de
ouro. Que bom que me livrei delas. Com esse bloco de prata, continuo rica como nunca!
E ela voltou a caminhar para casa,
planejando alegremente todas as
coisas maravilhosas que ia fazer com• a prata. Depois de pouco tempo, no entanto, ficou cansada
de novo e parou para descansar.
A velhinha voltou a virar para
olhar seu tesouro e, assim que pousou os olhos nele, soltou uma exclamação de espanto:
—
Minha nossa! Agora é
um bloco de ferro! Ora, não podia ser melhor. É muito conveniente. Vou vender isso fácil, fácil e conseguir várias moedinhas por ele. Sim, é
muito mais prático que um monte de ouro e
prata que ia me deixar acordada de noite, com medo de ser roubada. Um bloco de ferro é uma coisa boa de ter
em casa: a gente nunca sabe quando
vai precisar dele.
E lá se foi ela, rindo e se
sentindo muito sortuda, até que olhou por cima do ombro só para ter certeza de que o ferro ainda estava ali.
— Ora, o que é isso? O
ferro virou uma pedra enorme! Como é que ele sabia que eu estava mesmo precisando de
uma para segurar a porta? Foi uma mudança boa. Tenho muita sorte.
E, numa pressa danada de ver como a pedra ia ficar em seu cantinho perto da porta,
a velhinha foi descendo a ladeira e só parou lá embaixo, no portão de casa.
Então
ela se virou para desamarrar o xale. A pedra permanecia lá, quietinha. A velhinha podia vê-la muito
bem ao dobrar as costas doídas.
Mas, de repente, a pedra deu um pulo e soltou um guincho. Num segundo, ficou do
tamanho de um cavalo enorme. Esticou quatro pernas finas, sacudiu duas orelhas compridas e
fez brotar uma cauda. Então deu um coice no ar, com uma gargalhada.
A velhinha ficou
olhando, espantada, enquanto aquele bicho galopava, guinchava e revirava os
olhos vermelhos.
— Ora! — disse ela, afinal. — Eu sou mesmo muito sortuda! O kow de Hedley
apareceu só para mim e ainda está me dando a maior pelota!
m
kow de Hedley parou
de galopar e gritar para olhar para a velhinha, irritado.
— Não está com medo? — perguntou.
—
Eu, não! — respondeu ela, rindo. —
O senhor é uma coisa rara de se ver!
— A maioria grita e me xinga — disse ele. — E ainda sai correndo
e gritando!
— Mas você não me fez
nenhum mal
— disse a velhinha,
alegre. — Eu ainda tenhO um
pouco de pão e queijo para o jantar.
Ela
se cobriu com o xale e abriu seu portãozinho. Quando voltou a olhar, em vez de um
cavalo enorme, viu um homenzinho de chapéu pontudo arrastando os pés. Ele era
moreno como uma maçã assada e tinha uma barba branca toda emaranhada.
— Ora — disse a velhinha,
bondosamente. — Não tenho muita coisa, mas o senhor pode entrar e jantar comigo,
se quiser.
— Muito obrigado — disse o kow de
Hedley.
Então ele jantou com a velhinha e, de algum jeito, o pedacinho de queijo se transformou
num pedaço imenso, e de repente apareceram na mesa alguns ovos cozidos e uns bolinhos para
acompanhar o chá.
A
refeição foi bastante alegre. Quando os dois terminaram de comer, sentaram
diante da lareira, e o kow de Hedley distraiu a velhinha com histórias das
peças qtie tinha pregado. Ela riu tanto que até chorou, e declarou que nunca uma
noite tinha passado tão depressa.
m homenzinho moreno foi
visitá-la várias outras vezes. Jantavam e passavam a noite conversando. A velhinha passou
a encontrar lenha suficiente para a fogueira e o armário cheio de comida, mas, sabiamente, não contou nada
para ninguém.
m povo da aldeia ainda
falava com medo do kow de Hedley, ou praguejava contra ele por causa de suas
travessuras. Mas a velhinha só
ria e dizia:
— Ele não é mau. Só
gosta de rir um pouco, só isso.
O kow de Hedley. Em: Ethet Johnston Phelps (Org.). Chapeuzinho
Esfarrapado e outros contos feministas do folclore
mundial. Tradução de Jutia Romeu. São Pauto: Seguinte, 2016. p. 43-47.
1. Antes da leitura, você respondeu a duas
questões presentes no boxe O que vem a seguir. Retome as respostas dadas para
verificar se, após a leitura, elas se confirmam ou não.
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2. A história se passa em uma aldeia na
Inglaterra.
a) Qual
o nome dessa aldeia?
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b) Que
características da aldeia podem ser percebidas no texto?
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c) Como
é o clima na aldeia? Justifique sua resposta com informações do texto.
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3. O texto que você leu tem uma
protagonista.
a) De
que modo ela é denominada?
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b) Quais
são suas características físicas?
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c) Que
marcas de sua personalidade são percebidas no texto?
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4. O conto descreve a moradia da
personagem principal.
a) Em
que tipo de moradia ela vive?
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b) Quais
são as características dessa moradia?
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5. A protagonista desse conto popular é
retratada como uma trabalhadora.
a) Qual
é a ocupação dela?
......................................................................................................................................................
b) Para
quem ela trabalha?
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c) Copie
no caderno o fragmento do texto que indica qual é o pagamento que ela recebe
por seu trabalho.
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d) Você
acha justo esse pagamento? Explique.
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6. O que acontece de extraordinário, no
início do conto, que complica a volta da velhinha para sua casa?
7. Além da protagonista, há outra
personagem importante na história.
a) Que
personagem é essa?
...................................................................................................................................................
b) Como
ela é caracterizada no texto?
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c) Durante
a história, o que muda na vida dessa personagem?
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d) O
que ocasiona essa mudança?
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e) Considerando
o encontro dessa personagem com a velhinha, o temor do povo da aldeia em
relação a ela se justifica? Explique.
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8. No fim do conto, é possível perceber
que a vida da protagonista está diferente do que era no início da narrativa.
a) O
que mudou na vida dela?
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b) Que
atitude da personagem principal possibilitou essa mudança? Copie no caderno o
parágrafo que mostra essa atitude.
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ANOTE AÍ
Para compreender uma história, é essencial
identificar as características dos espaços da narrativa, das personagens e
perceber as mudanças pelas quais elas passam ao longo da história. Também é
fundamental identificar a complicação: o acontecimento que provoca as
transformações na narrativa.
O CONTEXTO DE PRODUÇÃO j
9. Leia este trecho da introdução do livro
do qual foi extraído o conto lido.
Na verdade, a única certeza que temos em
relação a contos folclóricos tradicionais é que eles são constantemente
adaptados, com novos contadores mudando alguns detalhes e enfatizando outros,
de maneira a se amoldar tanto à época quanto à plateia local. Existem diversas
versões ou variações da maioria dos contos, que muitas vezes surgem em países
diferentes ou regiões diferentes do mesmo país. Não existe uma versão
"autêntica" de um conto folclórico.
Ethet Johnston Phelps (Org.). Chapeuzinho
Esfarrapado e outros contos feministas do folclore mundial. Tradução de Julia
Romeu. São Pauto: Seguinte, 2016. p. 19.
a) Quem
inventou as histórias que compõem o livro?
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b) Como
as histórias que compõem o livro chegaram até os dias de hoje? 1 0. No conto,
algo passa por quatro transformações mágicas.
.............................................................................................................................................
10. No conto algo passa por quatro transformações
mágicas.
a) No caderno, organize um quadro
semelhante a este, com quatro linhas, e complete-o com as transformações
ocorridas.
...............................................se
transformou em...................................................................
...............................................se
transformou
em...................................................................
...............................................se
transformou
em...................................................................
...............................................se
transformou
em...................................................................
b) Qual
é a reação da personagem principal diante dessas transformações?
..........................................................................................................................................
c) Como
os contos populares circulam em geral oralmente, você acha que estru¬turas
repetitivas como essa ajudam o contador a contar a história? Por quê?
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11. Observe que, na narrativa, há
diferentes opiniões sobre o kow de Hedley.
a) Sintetize
as opiniões sobre ele indicando de quem são.
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b) Essas
opiniões estão ligadas a um ensinamento transmitido pelo conto. Qual é esse
ensinamento?
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c) A
forma como a protagonista é chamada nos indica um valor da comunidade que gerou
esse conto. Explique essa afirmação.
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ANOTE AÍ
A repetição de desafios e ações é frequente
em contos populares. Esse recurso mantém a atenção do leitor e facilita a
memorização das histórias.
Além disso, muitos desses contos
transmitem um ensinamento, isto é, procuram orientar o leitor ou ouvinte quanto
a um comportamento, de acordo com os valores, tradições e saberes da comunidade
que deu origem à história.
A LINGUAGEM DO TEXTO
12. Releia esta fala da velhinha no conto:
— Ora! — disse ela, afinal. — Eu sou mesmo
muito surtuda! O kow de Hedley apareceu só para mim e ainda está me dando a
maior pelota!
a) Por
que a palavra mesmo foi destacada na fala da velhinha?
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b) O
que significa a expressão "está me dando a maior pelota"?
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c) Essa
expressão se relaciona a uma situação formal ou informal?
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13. Hedley fica no norte da Inglaterra. Ao
traduzir o conto para o português, o tradutor manteve kow na língua original.
Pelo contexto, qual é o sentido desse termo?
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