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sexta-feira, 15 de maio de 2020

GABARITO MITO O PEIXE COM CHIFRES 7º ANO ALPHA


MITOLOGIA

Cabeça de elefante, homem-pássaro e peixe com chifres são deuses da mitologia indiana. Você conhece algum deles? Os mitos hindus, surgidos há milênios, foram e são transmitidos oralmente de geração a geração. O texto que você vai ler apresenta o mito do peixe com chifres. Antes de ler, pense sobre um possível papel desse deus no mito. Depois, leia o texto e descubra.
TEXTO
O peixe com chifres
Aquele que não parava de crescer
Há muitos anos, havia um rei, filho do Sol, que se chamava Manu, e que pos­suía inúmeras qualidades. Por ser um asceta e desejar levar a vida afastado do mundo e em meditação, Manu entregou o reino a seu filho e, recolhendo-se num lugar solitário no Himalaia, atingiu o mais alto grau na prática de ioga.
Passou assim um milhão de anos, até que um dia recebeu a visita de Brahma, que, satisfeito com seu ascetismo rigoroso, concedeu-lhe a escolha de um dom.
                Escolha o que quiser — disse-lhe o deus criador — e seu pedido será realizado. O rei saudou a divindade e respondeu:
                Há apenas um dom supremo que desejo obter: deixa-me ser o protetor de todos os seres, animados e inanimados, quando acontecer a destruição.
A alma de todas as criaturas vivas concordou. Então, enviada pelos deuses, uma chuva de flores caiu do céu.
Um dia, quando Manu preparava o ritual dos antepassados, um pequeno peixe brilhante veio parar em suas mãos, com a água usada na cerimônia. O rei, vendo aquele peixinho tão frágil quanto belo, foi tomado de compaixão e resolveu cuidar dele, colocando-o numa vasilha cheia d'água.
Apenas um dia e uma noite se passaram e o peixe já havia crescido meio metro. Nesse momento, começou a gritar: "Salva-me, salva-me!", e Manu o jogou dentro de um pote.
Ao fim de uma só noite, ele aumentou de tamanho, medindo agora mais de um metro. E novamente se pôs a gritar em desespero:
— Salva-me, salva-me! Vim aqui em busca de refúgio.
O rei jogou-o dentro de um poço e, quando ele já não cabia mais ali, o jeito foi atirá-lo num grande lago. Mas aquela criatura aquática não parava de crescer. Media já mil metros e continuava a gritar desesperadamente:
— Salva-me, salva-me, ó melhor dos reis!
Então Manu o arremessou no rio Ganges e, como ainda crescesse, lançou-o no oceano. Quando o peixe ocupou todo o mar, o rei, Senhor da Terra, ficou com medo e perguntou:
           Afinal quem é você? O senhor dos demônios? Ou o Divino Benfeitor? De quem é esse corpo desmedido? Eu o reconheci na sua forma de peixe, ó Iluminado dos Cabelos Longos, mas você está me esgotando completamente. Presto-lhe homenagens, Senhor do Mundo.
Matsya, a deus-peixe
Então o deus Vishnu, que tinha tomado a forma do peixe, disse:
           Muito bem, muito bem! Você me reconheceu corretamente e cumpriu seu voto sem nenhum erro. Dentro em pouco, a terra, com suas montanhas, árvores, casas e animais, será submersa pelas águas. Este barco foi construído em conjun­to pelos deuses, de modo a proteger os viventes: os que nasceram do suor, do ovo, da água e aquelas criaturas que trocam de pele. Coloque todos no barco e salve­-os, pois eles não têm um protetor. E quando o barco for golpeado pelos ventos que sopram do fim dos tempos, amarre-o ao meu chifre, ó rei, Senhor dos Reis, Senhor da Terra. Ao fim da destruição, você será Prajapati, o grande sábio de todo o universo animado e inanimado. Assim, no início da idade de ouro, isto é, quando todos pertencerem a uma única casta, adorarem a um único deus e tiverem um único livro sagrado, você será o rei, firme e sábio, adorado até pelos deuses.
O dilúvio
Nesse momento, Manu perguntou a Vishnu:
— Senhor, quantos anos vai durar a destruição? Como protegerei as criaturas e como poderei ir para o seu lado novamente?
O peixe respondeu:
                A partir de hoje haverá uma seca que durará cem anos. A comida será pouca e a desgraça farta. Sete raios terríveis destruirão as poucas criaturas que sobrarem e sete vezes sete raios farão chover carvões em brasa. Chamas venenosas sairão da boca da égua submarina, até então fechada. Grande Sábio, o fogo sairá também do terceiro olho de Bhava, esse que é uma das forças da natureza, e queimará o universo. Quan­do a terra for reduzida às cinzas, o céu será aquecido pelo vapor. Então o universo, com seus deuses e constelações, será totalmente destruído. Redemoinho, Rugido­-Aterrorizante, Caçamba, Feroz, Grou, Relâmpago-Bandeira e Sangue-Vermelho, as sete nuvens do apocalipse, nascidas do suor de Agni, deus do fogo, inundarão a terra. Os mares serão agitados e os três universos formarão um único oceano. É chegada a hora de tomar este barco, colocar nele as essências e as sementes de todas as criatu­ras vivas e, prendendo a corda que lhe ensinei, amarrar o barco ao meu chifre. Assim você será protegido pela minha suprema majestade. Restará apenas você, pois até os deuses serão queimados. A Lua e o Sol, Brahma e eu, com os quatro Protetores do mundo, o rio Sagrado Narmada, o Grande Sábio Markandeya, Bhava, os livros sagrados Vedas, os Puranas, que contam antigas histórias, e as ciências auxiliares, todos ficarão ao seu lado, enquanto durar a destruição. No começo da nova criação, recitarei-lhe o Vedas, ó Senhor da Terra, fulminador dos inimigos.
E então Vishnu desapareceu.
Quando chegou o dilúvio, corno tinha sido dito pela boca do Divino Benfeitor, Vishnu apareceu sob forma de um peixe com chifres e uma serpente em forma de cor­da se aproximou de Manu. O sábio rei juntou todas as criaturas e colocou-as no barco.
[...]
Quando tudo terminou, aproximou-se de Vishnu, ajoelhou-se a seus pés, e adorou-o.
Lúcia Fabrini de Almeida. O peixe com chifres. Em: O cabeça de elefante e outras histórias da mitologia indiana. São Paulo: Cosac Naify, 2001. p. 59-65.

PARA ENTENDER O TEXTO j

1. Após a leitura do mito, converse com os colegas sobre estas questões.
a) O que você pensou sobre o papel do peixe com chifres na narrativa se confirmou ou não após a leitura do mito? Explique.
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b) Qual é o papel do peixe com chifres nesse mito?
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c) Você já ouviu ou leu uma narrativa parecida com a do mito apresentado?
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2. No início do mito "O peixe com chifres", a personagem Manu é retratada como um ser dotado de inúmeras qualidades.
a) Quem concedeu um dom ao rei Manu? Que dom ele escolheu?
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b) Quais são os dois momentos em que Manu cumpre seu voto?
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c) As atitudes de Manu ao longo de toda a narrativa revelam uma preocupação individual ou com o bem comum? Explique.
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3. Os heróis das histórias mitológicas demonstram sentimentos elevados, qualidades morais que indicam sua proximidade com o mundo dos deuses. Copie uma passagem do texto que comprove esse aspecto em Manu.
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4. No caderno, indique se a afirmação sobre o mito é verdadeira (V) ou falsa (F).
I. Brahma transforma-se em peixe para destruir a Terra.
II. Brahma é chamado de "a alma de todas a criaturas vivas".
III. Manu concede o dom da proteção dos animais a Vishnu.
IV. Vishnu é o peixe com chifres.
5. O mito que você leu é dividido em três partes. Copie o quadro abaixo no caderno e faça uma síntese dos principais acontecimentos de cada parte.
Partes
Principais acontecimentos
I. "Aquele que não parava de crescer"

Il. "Matsya, o deus-peixe"

III. "O dilúvio"


      Os mitos são narrativas que explicam o surgimento do Universo, da humanidade, de determinado comportamento humano ou dos fenômenos da natureza. Datados de tempos remotos, eles revelam traços da cultura dos povos que os criaram. Nos episódios mitológicos, há sempre a presença de seres sobrenaturais, como deuses e semideuses, que podem encarnar as forças da natureza ou características da condição humana.

6. O mito faz referência a lugares específicos como Himalaia e rio Ganges; e também referências genéricas como lago e oceano. O que esses espaços têm em comum? Comente sua resposta.
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7. O mito do peixe com chifres nos conta sobre um dilúvio que destruiu a Terra.
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a)É possível determinar com exatidão em que época as situações narradas no mito ocorreram? Por quê?

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b)  Quanto tempo dura a história narrada nesse mito? Justifique sua resposta.
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8. Relacione as expressões temporais aos episódios descritos no mito.
a) período de seca que aconteceu o dilúvio.
b) período que Manu passou no Himalaia antes da visita de Brahma.
c) período próspero em que a terra viverá em equilíbrio.
I. Um milhão de anos.
II. idade de ouro.

III. Cem anos.

Anote aí

      No mito, os espaços em que a narrativa se desenvolve costumam ter dimensões sobre-humanas e, por vezes, um caráter sagrado. O tempo mítico refere-se a um passado remoto, as origens do mundo ou do Universo Geralmente, os fatos narrados nos mitos são separados por um grande intervalo de tempo e não correspondem ao tempo comum A imprecisão do tempo esta expressa também na sentença crucial do mito lido· "Há muitos anos"

 

 

9. Observe a capa do livro O cabeça de elefante.

Descreva brevemente os elementos da capa

A personagem da capa é uma divindade indiana chamada Ganesha Que ca­racterística comum ha entre Ganesha e Vishnu?

Em sua opinião por que os mitos continuam a ser lidos na atualidade?

 

10.  O. Leia este trecho da introdução do livro O cabeça de elefante.

 

        A mitologia faz parte da vida dos indianos. Desde pequenas, as crianças

ouvem a narração dos mitos de seu país. Essas histórias permanecem vivas em cerimônias religiosas, festivais, danças e canções folclóricas, assim como na música e na dança clássicas indianas. [...]


        São mitos criados por uma cultura que começou cerca de 2500 a. C., no vale dos rios Indo e Ganges, e se espalhou por todo o subcontinente. [...]


       A mitologia indiana teve origem nos livros sagrados: os Vedas. Estes celebravam as forças da natureza, vistas como deuses: a Terra, o Sol, as águas, o vento, o raio, o fogo, os animais e as plantas. O mundo da natureza e dos homens eram tidos como inseparáveis, e o universo inteiro era sagrado.


       Com o passar do tempo, surgiram novos deuses e novos mitos. Os deuses principais são: Brahma, o criador; Shiva, o destruidor; e Vishnu, o preservador. [...]


       Os dois grandes poemas épicos Mahabharata e Ramayana são um verdadeiro tesouro da mitologia indiana. Os mitos são encontrados no enorme conjunto de livros denominado Puranas, as chamadas "histórias antigas".

      A mitologia indiana procura nos dizer que o universo é ilimitadamente variado, que todas as coisas se passam ao mesmo tempo, e, portanto, tudo pode acontecer. [...]


Lúcia Fabrini de Almeida. Introdução. Em: 0 cabeça de elefante e
outras histórias da mitologia indiana. São Paulo: Cosac Naify, 2001. p. 7-9.


a) Como as histórias da mitologia indiana sobreviveram ao longo do tempo?
Qual é a importância dos mitos para a cultura indiana na atualidade?

b) Relacione a ideia mítica da união entre o mundo da natureza e o dos homens
apresentada em "Peixe com chifres".​

 



FONTE: COSTA, Cibele Lopresti, Geração Alpha Língua portuguesa: ensino fundamental: anos finais: 7ºano­­-2ª ed. - São Paulo: Edições SM, 2018.


GABARITO

1.        

a) Resposta pessoal Professor, converse com os alunos para verificar se as hipóteses levantadas antes da leitura se confirmaram.

b) Na grande inundação, ele protege e conduz o barco.

c) Resposta pessoal Espera-se que os alunos Já tenham conhecimento sobre alguns mitos que contam histórias de dilúvio.

 

2.        

a) Quem concedeu esse dom a Manu foi Brahma O rei Manu escolheu ser o protetor de todos os seres, animados e inanimados, durante o período da destruição.

b) Manu cumpre seu voto ao cuidar do peixe e ao salvar os seres viventes da inundação

c) Revelam uma preocupação com o bem comum, pois ele salva to¬dos os seres da destruição.

 

3.         Possibilidades de resposta: "Passou assim um milhão de anos, até que um dia recebeu a visita de Brahma, [ ]"; "Então [ ] Você me reconheceu corretamente e cumpriu seu voto sem nenhum erro".

 

4.         Verdadeiras: li e IV; falsas· 1 e 111.

 

5.        

Parte I: Manu se retira para um lugar solitário no Himalaia Lá, recebe a visita de Brahma. Manu encontra um peixe e fala com ele.

 

Parte II: O deus Vishnu, na forma do peixe, apresenta-se a Manu. Ele avisa da grande destruição sobre a Terra Vishnu orienta Manu a colocar todas as criaturas vivas em um barco.

 

Parte IlI: Vishnu explica a Manu o que deve fazer para proteger as criaturas da inundação O dilúvio chega, e Manu procede como o deus lhe recomendou, salvando as criaturas

 

6.         São espaços da natureza. Professor, verifique a pertinência dos comentários dos alunos.

 

7.        

a) Não. Parece que os fatos narrados acontecem nos primórdios da história humana

 

b) Provavelmente, mais de um milhão de anos, pois, entre a ida de Manu ao Himalai e a visita de Brahma, passa-se um milhão de anos Depois de um tempo, Manu encontra o peixe, e há o período em que o peixe cresce. Vishnu diz que, antes do dilúvio, haverá uma seca de cem anos. Não é revelado exatamente o tempo do dilúvio.

 

8.I-b;

9. II-c;

10.III - a

 

8. 

9.a) A capa apresenta o título e o subtítulo do livro e o nome da au­tora e do ilustrador Há ainda a figura de um ser com cabeça de elefante, tronco, braços (dois bra­ços esquerdos) e pernas de ser humano, com uma espécie de co­roa na cabeça - provavelmente é o ser que dá título ao livro

 

b) As duas mesclam característi­cas humanas e de animais

 

c) Resposta pessoal. Possibilidade de resposta. Essas histórias con­tinuam a aguçar a imaginação, Já que os temas que abordam são atemporais e universais.

 

10.

a) Os mitos permanecem vivos nas cerimônias religiosas, nas danças e nas canções folclóricas e nas músicas e nas danças clássicas da Índia A mitologia faz parte da vida dos indianos; logo, tem uma grande importância para essa cultura

 

b) A união entre natureza e ho­mens está presente na disposição de Manu de ser o protetor de to­dos os seres animados e inanima­dos da Terra, como também na manifestação dos deuses que as­sumem forma humana e animal.


TEXTO DRAMÁTICO 7º ANO A MORATÓRIA


       O texto que você vai ler é de Jorge de Andrade, um dos autores brasileiros mais representativos do gênero dramático. A história narra a decadência de uma família aristocrática em plena crise na produção cafeeira nacional, desencadeada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929. Obrigada a sair das terras cultivadas pelos seus antepassados, a família vai morar na cidade enquanto espera pela possibilidade de reaver a propriedade. Em sua opinião, como o pai e a filha vão reagir diante dessa situação?
A moratória
Personagens: Joaquim, Helena, Lucília, Marcelo, Olímpio, Elvira
PRIMEIRO ATO
CENÁRIO — Dois planos dividem o palco mais ou menos em diagonal.
Primeiro plano ou plano da direita: Sala modestamente mobiliada. Na parede lateral direita, duas portas: a do fundo, quarto de Marcelo; a do primeiro plano, cozinha. Ao fundo da sala, corredor que liga às outras dependências da casa. À esquerda, mesa comprida de refeições e de costura; junto a ela, em primeiro
plano, máquina de costura. Encostado à parede lateral direita, entre as duas portas, banco comprido, sem pintura. Na mesma parede, bem em cima do banco, dois quadros: Coração de Jesus e Coração de Maria. Acima dos quadros, relógio grande de parede. No corte da parede imaginária que divide os dois planos, preso à parede como se fosse um enfeite, um galho seco de jabuticabeira.
Segundo plano ou plano da esquerda: Elevado, mais ou menos uns trinta ou quarenta centímetros acima do piso do palco. Sala espaçosa de uma antiga e tradicional fazenda de café. À esquerda-baixa, porta do quarto de Joaquim; à es­querda-alta, porta em arco que liga a sala com a entrada principal da casa e as outras dependências. Na parede do fundo, à direita, porta do quarto de Marcelo; à esquerda, porta do quarto de Lucília. Bem no centro da parede do fundo, o mesmo relógio do primeiro plano. Na parede, entre a porta do quarto de Joaquim e a porta em arco, os mesmos quadros do primeiro plano.
Observação: As salas são iluminadas, normalmente, como se fossem uma úni­ca, não podendo haver jogo de luz, além daquele previsto no texto. A diminuição da luz no plano da direita ou primeiro plano, na cena final da peça, embora deter­minada pelo texto, não precisa ser rigorosamente seguida.
Ação — No segundo plano ou plano da esquerda, a ação se passa em uma fa­zenda de café em 1929; no primeiro plano ou plano da direita, mais ou menos três anos depois, numa pequena cidade nas proximidades da mesma fazenda.
CENA — Ao abrir-se o pano, somente o primeiro plano está iluminado. Lucília acaba de cortar um vestido, senta-se à máquina e começa a costurar; suas pernas movimentam-se com incrível rapidez. Joaquim, ligeiramente curvado, aparece à porta da cozinha com uma cafeteira na mão.

PRIMEIRO PLANO

   JOAQUIM: Lucília! (Sai)
(Pausa. Lucília continua costurando. Joaquim aparece novamente)
JOAQUIM: Lucilia!
LUCÍLIA: (Sem parar de costurar) Senhor. JOAQUIM: Venha tomar o café.
LUCÍLIA: Agora não posso.
JOAQUIM: O café esfria.
LUCÍLIA: Meu serviço está atrasado. JOAQUIM: Ora, minha filha, cada coisa em sua hora.
LUCÍLIA: Para quem tem muito tempo. JOAQUIM: Não é preciso se matar assim. Tudo tem um limite.
LUCÍLIA: Sou obrigada a trabalhar como uma... (Contém-se)
JOAQUIM: Você já amanhece irritada! LUCÍLIA: Desculpe, papai.
JOAQUIM: Venha.
LUCÍLIA: (Acalmando-se) O senhor pode trazer para mim?
(Joaquim entra na cozinha e logo aparece com uma xícara de leite).
JOAQUIM: Olhe aqui, beba.
LUCÍLIA: Não suporto este leite.
JOAQUIM: Não comece, Lucilia.
LUCÍLIA: (Pausa) Foi ao médico?
JOAQUIM: Fui. Só para fazer a sua vontade. LUCÍLIA: Que disse ele?
JOAQUIM: Nada. Que poderia dizer?
LUCÍLIA: O senhor anda se queixando do braço. JOAQUIM: Deve ser de rachar lenha.
LUCÍLIA: Não deu nenhum remédio? JOAQUIM: Tenho saúde de ferro. Pensa que sou igual a esses mocinhos de hoje?
LUCÍLIA: Estou perguntando, papai, se não re­ceitou algum remédio.
JOAQUIM: Se tivesse receitado, eu teria dito. LUCÍLIA: O senhor acha que comprar remédio é jogar dinheiro fora.
JOAQUIM: E é mesmo.
LUCÍLIA: Tenho dinheiro. Se o senhor precisar, é só falar.
JOAQUIM: (Impaciente) Já disse que não receitou. LUCÍLIA: Melhor, então.
JOAQUIM: O médico disse que ainda tenho cem anos de vida.
LUCÍLIA: Não gosto de gente exagerada. JOAQUIM: Está muito certo. Nunca
senti nada.
LUCÍLIA: (Voltando à costura) Hoje,
tudo está atrasado.
JOAQUIM. Não se afobe, minha filha. LUCÍLIA: E que faço do meu serviço? JOAQUIM: Que importância tem? Você não é
obrigada a costurar. Até prefiro que...
LUCÍLIA: (Corta) Ora, papai! (Pausa. Lucília olha para Joaquim e disfarça) Tia Elvira vem experimentar o vestido e ainda tenho que acabar o da Mafalda.
JOAQUIM: Por que é que sua tia precisa de tan­tos vestidos?
LUCÍLIA: Ela vai a uma festa amanhã. JOAQUIM: (Joaquim sai levando a xícara) É um
despropósito fazer um vestido para cada festa. LUCÍLIA: Assim gasta um pouco do dinheiro
que tem.
JOAQUIM: (Voz) Não é a festa do Coronel Bernardino?
LUCÍLIA: É.
JOAQUIM: (Voz) Você não vai?
LUCÍLIA: Não.
JOAQUIM: (Voz) Por que não? Recebemos convite. LUCÍLIA: Não quero.
JOAQUIM: (Pausa. Reaparecendo) Não sei por que, depois que viemos para a cidade, você se afas­tou de tudo e de todos.
LUCÍLIA: Convidaram por amabilidade, apenas. JOAQUIM: Convidaram porque você é minha filha. É uma obrigação.
LUCÍLIA: Conheço essa gente.
JOAQUIM: Você precisa se divertir também. LUCÍLIA: Preciso, mas não posso. JOAQUIM: (Violento) Pode! Pode! LUCÍLIA: Não se exalte, papai.
JOAQUIM: Eu digo que pode! LUCÍLIA: Está certo, sou eu que não
quero.
JOAQUIM: (Pausa) Sei o que você sente. Eu também me sinto assim.
LUCÍLIA: É apenas por causa do meu trabalho, nada mais.
JOAQUIM: Há de chegar o dia em que vai poder ir a todas as festas nova­mente. E de cabeça erguida.
LUCÍLIA: Ainda estou de cabeça erguida. Posso perfeitamente recusar um convite. (Pausa. Os dois se entre­olham ligeiramente) Não vou porque fico cansada.
JOAQUIM: Eu sei. Eu sinto o que é. (Pausa) De cabeça erguida! Prometo isso a você.
LUCÍLIA: Não faço questão ne­nhuma.
JOAQUIM: Eu faço.
LUCÍLIA: Está bem. Não se toca mais nesse assunto.
(Pausa)
JOAQUIM: Com a nulidade do pro­cesso, vou recuperar a fazenda. Darei a você tudo que desejar.
LUCÍLIA: Não vamos falar nisto. JOAQUIM: Por que não? Eu quero Falar.
LUCÍLIA: É bom esperar primeiro a decisão do Tribunal.
JOAQUIM: (Impaciente) O mal de vocês é não ter esperança. Essa é que é a verdade.
LUCÍLIA: E o mal do senhor é ter demais.
JOAQUIM: Esperança nunca é de­mais.
LUCÍLIA: Não gosto de me iludir. E depois, se recuperarmos a fazenda, vamos ter que trabalhar muito para pagá-la.
JOAQUIM: Pois, trabalha-se.
LUCÍLIA: Só depois disto, poderemos pensar em recompensa... e outras coisas. Até lá preciso costurar e com calma.
JOAQUIM: É exatamente o que não suporto.
LUCÍLIA: O quê?
JOAQUIM: Ver você costurando para esta gente. Gente que não mere­cia nem limpar nossos sapatos!
LUCÍLIA: Não reparo neles. Não sei quem são, nem me interessa. Trabalho, apenas. (Por um momento fica retesada) Por enquanto não há outro caminho.
JOAQUIM: Gentinha! Só têm di­nheiro...
LUCÍLIA: (Seca) É o que não temos mais.
JOAQUIM: (Pausa) Quando meus antepassados vieram para aqui, ainda não existia nada. Nem gente desta es­pécie. (Pausa) Era um sertão virgem! (Sorri) A única maneira de se ganhar dinheiro era fazer queijos. Imagine, Lu­cília, enchiam de queijos um carro de bois e iam vender na cidade mais próxi­ma, a quase duzentos quilômetros! Na volta traziam sal, roupas, ferramentas, tudo que era preciso na fazenda. Foram eles que, mais tarde, cederam as ter­ras para se fundar esta cidade. (Pausa) Quando eu penso que agora...
LUCÍLIA: (Corta, áspera) Papai! Já pedi ao senhor para não falar mais nisto. O que não tem remédio, remediado está.
(Pausa. Joaquim fica sem saber o que fazer. Atrapalha-se quando tenta arrumar os figurinos que estão em cima da mesa)
Jorge Andrade. A moratória. Rio de Janeiro: Agir, 1987. p. 18-33.

1. Após a Leitura do texto, retome as hipóteses levantadas. O que você e seus colegas imaginaram antes da leitura se confirmou?
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2. O texto lido é um trecho da peça A moratória. Com as suas palavras, resuma o que acontece nesse trecho.
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3. Com base na leitura desse fragmento de A moratória, é possível deduzir o grande conflito dessa história. Qual é ele?
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4. Em sua opinião, qual é a finalidade de um texto dramático?
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5. No texto dramático, como se nota, há indicações entre parênteses que são chamadas de rubricas.
a) Qual é o objetivo dessas indicações?
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b) Por que elas são escritas de maneira diferente do restante do texto?
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c) Quando o texto dramático é encenado, o texto das rubricas aparece? Explique.
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Texto dramático não tem narrador, pois a história é contada pelos próprios personagens em cena. No texto escrito, o tom das falas, as expressões e até mesmo a postura que os atores devem assumir durante a encenação são indicados por meio das rubricas, grafadas geralmente em itálico e entre parênteses.

6. No trecho lido, há indicações do cenário da história. A seguir, observe a imagem do cenário da peça A moratória na primeira vez em que foi encenada, em 1955.
a)O autor divide o cenário em dois planos. Que espaço cada plano retrata?
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b)Por que, ao escrever a história em um texto dramático, o autor descreve também o cenário?
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c)Por que a máquina de costura de Lucília fica em primeiro plano na cena?
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d)Na peça A moratória, o cenário auxilia o espectador a saber quando os acontecimentos representados acontecem. Como isso é possível? Em que momento do trecho lido esse recurso fica evidente?
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7. No início do texto, há a indicação das personagens da história.
a) No fragmento lido, aparecem todas as personagens da peça? Justifique.
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b) Como Lucília reage diante da situação da família?
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c) Lucília tem esperança de que eles vão conseguir a fazenda de volta? Co­mente sua resposta.
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d) Qual é a atitude de Joaquim em relação à situação da família? Ele tem espe­rança de que vai reaver a fazenda? Justifique.
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8. Releia o trecho no qual Joaquim e Lucília conversam sobre a festa do coronel Bernardino e responda às questões.
a) Leia o significado da palavra coronel no dicionário. Que significado essa pa­lavra assume no texto?
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b) O que o uso dessa palavra demonstra sobre a época em que se passa a história? Comente.
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c) Por que Joaquim afirma que é uma obrigação convidarem Lucília por ela ser filha dele? Comente.
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      O texto dramático é escrito com o objetivo de ser encenado. Por isso, seus elementos, como personagens, rubricas, cenário e iluminação formam um importante conjunto que atribui significado à peça teatral.

O CONTEXTO DE PRODUÇAO j
9. O texto dramático A moratória foi um dos primeiros escritos por Jorge Andra­de, no ano de 1954. Um aspecto dessa peça e que também está presente em quase todas as criações do dramaturgo é a memória. Segundo ele, não é possível compreender o presente ou prever o futuro sem que se pense, antes de tudo, no passado.
a) O primeiro ato de A moratória se passa em que época? Justifique.
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b) A peça A moratória retrata a época na qual foi escrita? Explique.
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c) Jorge Andrade foi filho de fazendeiros e teve uma vivência no campo. Em sua opinião, é possível que a história de vida do dramaturgo o tenha auxiliado na escrita dessa peça?
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10. Formado pela Escola de Arte Dramática, Jorge Andrade decide aplicar em sua obra o projeto que conheceu na universidade: o da formação de um dramatur­go que utilizasse "cores locais" em seus textos, representando o Brasil e a história de seu país nos palcos.
a) Em dupla, pesquise sobre o período no qual a peça se passa e responda, em seu caderno, qual é a parte da história do Brasil que o dramaturgo decidiu levar para os palcos.
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b) Você já assistiu a uma peça que retratasse parte da história do Brasil?
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        Na leitura de um texto ficcional, é importante atentar para dois contextos: o da história narrada e o de produção. O contexto da história narrada é importante para a compreensão da linguagem, das expressões, de alguns fatos e acontecimentos que permeiam a história, tornando-se, assim, parte importante da interpretação. Com o contexto de produção, compreendemos as condições de produção desse texto, conhecendo, por exemplo, a motivação para escrevê-lo e também características que se repetem na obra do autor.

FONTE: COSTA, Cibele Lopresti, Geração Alpha Língua portuguesa: ensino fundamental: anos finais: 7ºano­­-2ª ed. - São Paulo: Edições SM, 2018.



terça-feira, 12 de maio de 2020

NARRATIVAS MÍTICAS, MITOLÓGICAS



NARRATIVAS MÍTICAS/ MITOLOGIA GREGA PARTE I

Leia o título. Que tipos de personagens você imagina que encontrará nesse texto? Que tipos de ações acontecerá?

Prometeu e a criação do homem

      No começo havia apenas o vazio e o Caos, e nele morava Nyx, um pássaro de asas negras. Esse pássaro pôs um ovo de ouro, de onde surgiu Eros, o deus do amor. Uma parte da casca subiu e se tornou o céu e a outra se tornou a Terra.
       Eros então nomeou o céu de Urano e a Terra de Gaia. Depois, fez eles se apaixonarem.
      Urano e Gaia tiveram muitos filhos, tanto deuses quanto monstros. Um deles, chamado Cronos, matou seu pai e tomou o posto como governante, e para que ele não fosse traído também, sempre engolia seus filhos ao nascerem.
     Quando seu sexto filho nasceu, sua mãe o escondeu para que ele não tivesse o mesmo destino. Esse filho era Zeus, que quando cresceu conseguiu enganar seu pai e salvar seus irmãos. Assim, Zeus se tornou líder dos deuses.
Mas ainda não haviam homens e animais na Terra. Então Zeus pediu a seus filhos Prometeu e Epimeteu que fossem à Terra, criassem esses seres e dessem um presente a cada um deles.
      Prometeu criou os homens à imagem dos deuses, enquanto Epimeteu trabalhou nos animais. Epimeteu terminou primeiro a sua obra, dando um presente a cada um dos animais, e quando Prometeu terminou sua criação, já não havia presentes para dar ao homem.
      Por isso, Prometeu decidiu roubar o fogo dos deuses e dar aos homens. Zeus ficou furioso quando descobriu, e além de castigar seu filho com o sofrimento eterno, resolveu punir também os homens.
      Para isso, ele criou uma mulher muito bela chamada Pandora, e a fez esposa de Epimeteu. Zeus deu à Pandora uma caixa que nunca deveria ser aberta, mas movida pela curiosidade, ela o fez.
      Quando Pandora abriu a caixa, dela saíram todos os males que assolam a humanidade até hoje, como a dor, a doença e a ganância.




1. Quais os personagens do texto?
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2. Que tipo de ações esses personagens fizeram?
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3. As hipóteses que você fez antes de ler o texto se confirmaram?
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4. Qual o tema do texto?
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5. Esse texto tem a finalidade de explicar o que?
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6. De acordo com o texto os animais foram criados por:
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7. O que era a caixa de Pandora?
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8. Na mitologia mítica, como é chamada a terra?
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9. É importante conhecer os gêneros textuais e a sua finalidade. A narrativa mítica fala sobre:
a) magia, príncipes, castelos...
b) humor, histórias engraçadas...
c) ação, perigo, desafios...
d) origem e ações de deuses...

10.Texto narrativo possui personagens, espaço, tempo, narrador. Qual das alternativas abaixo apresenta um texto narrativo?
a) história em quadrinhos
b) fotografia
c) agenda
d) charge






segunda-feira, 11 de maio de 2020

CRÔNICA MEXERIQUEIRA EM FLOR ALPHA 7º ANO P. 97


CRÔNICA MEXERIQUEIRA EM FLOR  ALPHA 7º ANO P. 97

Olivia mostra ao pai um caroço de mexerica. Que relação pode existir entre esse fato e o título da crônica? Que reação você acha que o pai tem ao vê-la com esse caroço na mão? Como você imagina que o texto se desenvolve?

Mexeriqueira em flor
       Olivia vem correndo, para na minha frente, mostra o caroço de mexerica e faz a pergunta favorita de seus dois anos e meio de vida: “Papai, o que é isso?”. Quase sem tirar os olhos do jornal – com essa displicência da qual vou me arrepender muito quando ela for grande e já tiver suas próprias respostas –, digo “É um caroço”.
        Olivia, porém, continua ali, ansiosa, olhando pro caroço, olhando pra mim. Óbvio, “caroço” não significa nada e ela quer, ou melhor, precisa saber que diabo de bolinha é aquela que estava dentro da fruta. Abaixo o iPad, explico que se a gente puser aquele caroço num vaso nasce uma planta e a planta vira uma árvore e a árvore dá um monte de mexerica. Como um céu nublado se abrindo ao sol em efeito “time-lapse”, a curiosidade dá lugar ao deslumbre. “Papai, vamos plantar o caroço?! Vamos plantar o caroço?! Vamos plantar o caroço?!”. Vamos plantar o caroço.
       Saímos pro jardim, enfiamos o caroço num pequeno vaso amarelo, onde jazem os restos semimumificados de uma violeta – e só me dou conta da encrenca em que me meti quando, de volta ao sofá, vejo minha filha acocorada, imóvel, lá fora. “Olivia, que que cê tá fazendo aí?”. “Esperando a árvore.”
       Explico que não é assim. Que demora. Que a gente tem que regar e aguardar uns dias, mas a minha suposta calma esconde uma ponta de pânico: e se essa semente não brotar? Será, sem dúvida, a maior frustração daqueles 30 meses de vida. Ao deitar a cabeça no travesseiro, relembro minhas palavras com um eco bíblico: “Se a gente puser o caroço num vaso... aso... aso... Nasce uma árvore... ore... ore...”.
        São dias de angústia na Alameda dos Araçás. A cada manhã, Olivia me faz ir direto do berço ao jardim. Voltando da escola, a primeira parada é o vaso amarelo. Regamos juntos. Olhamos a terra de perto, por minutos a fio. Ela metralha perguntas: que tamanho terá a árvore? Vai poder comer mexerica antes do almoço? Vai poder levar mexerica pra escola? Respondo sem olhá-la no olho.
       Na terceira noite de tribulação, proponho à minha mulher um esquema fraudulento. Compramos uma muda. Plantamos na madrugada. Ou arrumamos logo uma mexeriqueira em flor, cheia de frutas, já com balanço e casa na árvore. A Julia só me faz uma pergunta: “Caso a semente não germine, será que é a Olivia quem não vai aguentar a frustração?”.
       Brigo com a Julia, critico sua psicanálise de botequim e viro pro lado ciente de que ela tem toda razão. Percebo que, desde o apito inicial de Brasil e Alemanha, não acalento nenhuma esperança. De lá pra cá, foi tudo 7 x 1. Sete a um na política. Sete a um na economia. Onde não tem lama, é deserto: uma aridez total. E, de uma hora pra outra, essa semente que vai virar planta que vai virar árvore que vai dar um monte de mexerica. Ou não vai?
       Na quarta manhã, nem tenho coragem de ir lá fora. Abro a porta e deixo a Olivia sair correndo. Engulo a seco. Então ouço seus gritos de euforia. Vou apressado até o vaso amarelo: ao lado dos despojos da violeta nasceu, tímida e espalhafatosa, uma Maria Sem Vergonha. “Papai! Você plantou uma flor! Você plantou uma flor! Você plantou uma flor!”. Olivia abraça a minha perna, dá uns pulos pela grama, depois segue pra sala, com passos decididos, para cuidar de outros assuntos.

1.As hipóteses levantadas sobre a crônica se confirmaram após a leitura?
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2. No início da crônica, como o pai reage ao questionamento da filha? Por que ele pode se arrepender de ter reagido assim quando ela tiver crescido?
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3. Após plantar o caroço de mexerica, o pai percebe que está em uma encrenca. O que o preocupa a principio e por que essa preocupação se intensifica?
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4. nos dias seguintes, Olivia faz perguntas sobre a mexeriqueira ao pai, que responde aos questionamentos “sem olhá-la no olho”. Por quê?
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5. No sexto parágrafo do texto, o pai propõe a esposa que engane a filha.
a) Ao responder à proposta dele, a esposa faz uma pergunta. Que afirmação está explicita nessa pergunta e o que ele pensa sobre essa afirmação?
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b) Que justificativas ele apresenta para se sentir dessa forma?
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c) Qual é o desfecho da situação vivida por pai e filha?
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d) Pode-se dizer que o desfecho foi satisfatório para Olivia. Justifique.
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e) Releia a última sentença do parágrafo. Com base nela pode-se supor que a preocupação do pai com a frustração de Olivia fosse exagerada? Por quê?
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FONTE: COSTA, Cibele Lopresti, Geração Alpha Língua portuguesa: ensino fundamental: anos finais: 7ºano­­-2ª ed. - São Paulo: Edições SM, 2018.


CRÔNICA HOMEM NO MAR ALPHA 7º ANO P. 84


CRÔNICA HOMEM NO MAR ALPHA 7º ANO P. 84 

No texto o cronista observa um homem nadando no mar. O que será que pode unir esse cronista ao nadador? Como você imagina que um deles pode afetar a vida do outro? Leia a crônica em busca das respostas para essas perguntas.
Homem no Mar
Rubem Braga

       De minha varanda vejo, entre árvores e telhados, o mar. Não há ninguém na praia, que resplende ao sol. O vento é nordeste, e vai tangendo, aqui e ali, no belo azul das águas, pequenas espumas que marcham alguns segundos e morrem, como bichos alegres e humildes; perto da terra a onda é verde.
        Mas percebo um movimento em um ponto do mar; é um homem nadando. Ele nada a uma certa distância da praia, em braçadas pausadas e fortes; nada a favor das águas e do vento, e as pequenas espumas que nascem e somem parecem ir mais depressa do que ele. Justo: espumas são leves, não são feitas de nada, toda sua substância é água e vento e luz, e o homem tem sua carne, seus ossos, seu coração, todo seu corpo a transportar na água.
      Ele usa os músculos com uma calma energia; avança. Certamente não suspeita de que um desconhecido o vê e o admira porque ele está nadando na praia deserta. Não sei de onde vem essa admiração, mas encontro nesse homem uma nobreza calma, sinto-me solidário com ele, acompanho o seu esforço solitário como se ele estivesse cumprindo uma bela missão. Já nadou em minha presença uns trezentos metros; antes, não sei; duas vezes o perdi de vista, quando ele passou atrás das árvores, mas esperei com toda confiança que reaparecesse sua cabeça, e o movimento alternado de seus braços. Mais uns cinquenta metros, e o perderei de vista, pois um telhado a esconder? Que ele nade bem esses cinquenta ou sessenta metros; isto me parece importante; é preciso que conserve a mesma batida de sua braçada, e que eu o veja desaparecer assim como o vi aparecer, no mesmo rumo, no mesmo ritmo, forte, lento, sereno. Será perfeito; a imagem desse homem me faz bem.
       É apenas a imagem de um homem, e eu não poderia saber sua idade, nem sua cor, nem os traços de sua cara. Estou solidário com ele, e espero que ele esteja comigo. Que ele atinja o telhado vermelho, e então eu poderei sair da varanda tranquilo, pensando — "vi um homem sozinho, nadando no mar; quando o vi ele já estava nadando; acompanhei-o com atenção durante todo o tempo, e testemunho que ele nadou sempre com firmeza e correção; esperei que ele atingisse um telhado vermelho, e ele o atingiu".
       Agora não sou mais responsável por ele; cumpri o meu dever, e ele cumpriu o seu. Admiro-o. Não consigo saber em que reside, para mim, a grandeza de sua tarefa; ele não estava fazendo nenhum gesto a favor de alguém, nem construindo algo de útil; mas certamente fazia uma coisa bela, e a fazia de um modo puro e viril.
       Não desço para ir esperá-lo na praia e lhe apertar a mão; mas dou meu silencioso apoio, minha atenção e minha estima a esse desconhecido, a esse nobre animal, a esse homem, a esse correto irmão.
Janeiro, 1953.
Extraído do livro "A Cidade e a Roça", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1964, pág. 11.

1.Após a leitura, as hipóteses levantadas sobre o que unia o cronista ao nadador se confirmaram? Explique.
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2. No primeiro parágrafo da crônica, identificamos onde o cronista se encontra ao observar o fato cotidiano que inspira o texto.
a) Que lugar é esse?
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b) Qual é o ângulo de visão que o cronista tem do mar? Explique.
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c) Como o clima está nesse dia?
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3. No segundo parágrafo, o cronista apresenta o fato que vê no mar.
a) o que o cronista percebe ao comparar o nadador ás espumas do mar?
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b) Como ele avalia e justifica essa percepção?
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4.A partir do terceiro parágrafo, o cronista revela seus sentimentos em relação à cena que observa.
a) Quais são os sentimentos do cronista em relação ao nadador?
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b) De que forma ele justifica esses sentimentos?
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c) O interesse do cronista pelo nadador é correspondido/ Explique.
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d) Que pistas indicam que o cronista observa o nadador com atenção?
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5. No quarto parágrafo, o cronista afirma: “É apenas a imagem de um homem, e eu não poderia saber sua idade, nem sua cor, nem os traços de sua cara” Que item explica a importância desse fato na crônica?
I. Esse fato é importante porque, se o homem fosse jovem, o cronista não ficaria tão admirado por ele nadar bem.
II. A passagem comprova que a admiração do cronista pelo nadador não se prende a nenhuma característica particular daquele individuo.
III. de acordo com o trecho, podemos perceber que o homem nada a uma grande distância do cronista, o que justifica a sua admiração por ele.

6. Ainda o quarto parágrafo, apesar de avaliar que o nadador não sabe que está sendo observado, o cronista afirma: “Estou solidário com ele, e espero que ele esteja comigo” Explique o que você entende dessa afirmação.
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7. No segundo parágrafo, o cronista admite que admira o nadador, mas não sabe o motivo desse sentimento. No quinto, ele chega a uma conclusão. Qual?
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8. Em sua opinião, a cena na praia que chamou a atenção do cronista teria tido o mesmo efeito sobre outros observadores? Por quê?
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9.Considerando o que você observou a respeito dos sentimentos expressos na crônica , qual é a reflexão proposta no texto?
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FONTE: COSTA, Cibele Lopresti, Geração Alpha Língua portuguesa: ensino fundamental: anos finais: 7ºano­­-2ª ed. - São Paulo: Edições SM, 2018. P. 84