Logo que a mamãe Darling saiu e fechou a porta atrás de si,
Peter Pan cuidadosamente levantou a vidraça atrás de si e entrou no quarto.
Ele, que até tinha aprendido com as fadas da Terra do Nunca a voar, não podia
viver sem a própria sombra. Era preciso encontrar a fujona!
Junto com ele,
como se fosse uma das estrelinhas do céu, vinha uma luzinha brilhante,
pequenina, que esvoaçava por todo lado como uma borboleta... Uma luzinha que
piscava, brilhava feito vaga-lume e tilintava como um sininho de ouro. E
Sininho era justamente o nome daquela lindeza,
uma fada tão pequena que caberia inteirinha na palma da sua
mão!
– Vamos,
Sininho! – sussurrou Peter Pan. – Procure a minha sombra. Como é que vou chegar
na Terra do Nunca sem a sombra?
– Tin-tlin tin?
– perguntou a fadinha.
– Onde
procurar? Bom, se eu fosse uma sombra e não quisesse ser encontrado, não ia
ficar num lugar iluminado. Ela deve ter se escondido em algum canto escuro, o
melhor lugar para uma sombra se esconder. Procure nas gavetas, Sininho!
Sininho entrou
pelas fechaduras de todas as gavetas e armários do quarto e... nada! Foi aí que
a fadinha viu o relógio cuco na parede. Sentou-se
em cima dele e esperou: logo os ponteiros chegaram às sete
horas, e a portinha do cuco abriu-se:
– Cuco! Cuco!
Mais que
depressa, Sininho entrou pela portinha e... lá estava a sombra!
– Tlin-tilin!
Tlin-tin! – fez Sininho, espantando a sombra, que foi cair nas mãos de Peter
Pan.
Plac! – fez a
portinha do relógio, fechando-se e prendendo Sininho lá dentro!
– Há, há! –
riu-se Peter Pan, sem perceber que a fada tinha ficado trancada no relógio. –
Venha cá, sua fujona!
A sombra
debateu-se, voou das mãos de Peter, mas o menino era ligeiro e acabou agarrando
a danada pelo pescoço.
– Pronto. Mas,
e agora? Como é que eu vou prender a sombra no lugar de novo?
Tentou colar
com cuspe, mas logo desistiu. Foi buscar um sabonete no banheiro e procurou
emendar a fujona no toquinho de sombra que havia sobrado nos seus pés, mas a
ideia não deu nem um pouquinho certo. Que tristeza!
Foi aí que Wendy
acordou ouvindo soluços. Sentou-se na cama e... o que viu foi seu herói, o
verdadeiro Peter Pan, sentado no tapete e chorando desconsolado!
– Peter Pan!
Que bom! Você veio me visitar! Mas por que você está chorando?
O menino parou
de chorar, pigarreou sem jeito e respondeu:
– Hum...
ha-rum... É que não consigo colar essa minha sombra rebelde no lugar. Vai ver o
sabão de vocês não é de boa qualidade...
Wendy sorriu e
ofereceu-se:
– Ora, Peter!
Sabão não serve pra colar sombra. O certo é costurar essa fujona no lugar dela.
E eu sei costurar direitinho!
Foi buscar uma
cestinha de costura, pegou linha preta e agulha, enfiou um dedal no dedinho e
avisou:
– Seja valente, Peter. Isso pode doer um
pouco.
O menino levantou o nariz:
– Não se
preocupe: eu não choro nem pra injeção
BANDEIRA, Pedro. Peter Pan /
recriação da obra de James Barrie. São
Paulo: Moderna, 2014
1 – “Era preciso
encontrar a fujona!”
a) A quem se refere a expressão destacada?
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b) Por que Peter Pan a estava chamando assim?
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2 – “Junto com ele,
como se fosse uma das estrelinhas do céu, vinha uma luzinha brilhante,
pequenina, que esvoaçava por todo lado como uma borboleta... Uma luzinha que
piscava, brilhava feito vaga-lume e tilintava como um sininho de ouro.”
a) Este trecho é uma descrição, ou seja, ele diz,
através de palavras, quais são as características de alguém. Quem está sendo
descrito?
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b) Copie, desse trecho, outra expressão que comprove que ela
tem algumas características de uma “estrelinha do céu”.
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c) Por que a personagem recebeu o nome de Sininho?
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3 – “– Tin-tlin tin? –
perguntou a fadinha.
– Onde procurar? Bom, se eu fosse uma sombra e não quisesse
ser encontrado, não ia ficar num lugar iluminado. [...]”
A fada Sininho apenas tilinta. Então, como o leitor fica
sabendo o que a fada perguntou?
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4 – “Sentou-se na cama e... o que viu foi seu herói, o
verdadeiro Peter Pan, sentado no tapete e chorando desconsolado!”
Qual o efeito de sentido causado pelo uso das reticências?
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5 – Circule, no trecho abaixo, as palavras ou expressões que
substituem o nome de Peter Pan:
“Foi aí que Wendy acordou ouvindo soluços. Sentou-se na cama
e... o que viu foi seu herói, o verdadeiro Peter Pan, sentado no tapete e
chorando desconsolado!
– Peter Pan! Que bom! Você veio me visitar! Mas por que você
está chorando?
O menino parou de chorar, pigarreou sem jeito e respondeu:
– Hum... ha-rum... É que não consigo colar essa minha sombra
rebelde no lugar. Vai ver o sabão de vocês não é de boa qualidade...”
6 – Observe dois trechos do texto:
1 “Ora, Peter! Sabão não serve pra colar
sombra. O certo é costurar essa fujona no lugar dela! E eu sei costurar direitinho!”
2 “Foi buscar uma cestinha de
costura, linha preta e agulha, enfiou um dedal no dedinho e avisou: [...]”
Em qual trecho a palavra destacada dá ideia de algo pequeno?
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7 – “Foi buscar uma cestinha de costura [...] e avisou:
– Seja valente, Peter. Isso pode doer um pouco.”
A que atitude de Wendy se refere a palavra destacada?
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8 - “O menino levantou o nariz:
– Não se preocupe: eu
não choro nem pra injeção!”
Que palavra você poderia usar para substituir os dois
pontos, sem alterar o
sentido do que está sendo dito?