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quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

O MENINO QUE CAIU NO BURACO – CAPITULO I

 

ATIVIDADES -  O MENINO QUE CAIU NO BURACO – CAPITULO I – BORBOLETA AZUL

 

 

1.Por que o menino custou a sair da cama?

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2. O menino se sentia culpado ao comer, por quê?

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3. Qual a explicação médica para o fato de o pai do menino ficar na cama?

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4. O menino não teria as duas primeiras aulas, por que mesmo assim ele saiu cedo?

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5. O que ele encontrou no caminho?

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6. O menino conhecia o lugar, seu pai o levava lá para fazer o quê?

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7.  O pai do menino o ensinou a voar de que maneira?

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8. O que a mãe do menino dizia para ele não entrar na antiga fábrica?

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9. O que o menino viu quando estava na pequena clareira?

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10.  Onde o menino caiu?

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• Borboleta azul

           O menino acordou cedo para ir à aula. Muito cedo. O galo cacarejava nos fundos da casa. Pela janela do quarto podia ver o sol despontando atrás das montanhas. O dia prometia ser lindo, com o céu de inverno muito azul e quase sem nuvens, os passarinhos cantando e o cheiro da cerca de eucaliptos que seu pai plantara havia muito tempo.

           O menino tinha treze anos, mas já sabia que um dia bonito não queria dizer nada. Em dias bonitos também aconteciam coisas ruins, porque a natureza não podia ficar prestando atenção à vida das pessoas.

          Custou a sair da cama. Tinha a forte impressão de que nada de bom ia acontecer depois que fizesse isso. Seria melhor continuar ali, afundando cada vez mais para debaixo dos cobertores, com as pernas dobradas e as duas mãos entre elas, naquele mundo quente, escuro e quieto.

          O grito da mãe o acordou de verdade. Pulou da cama, vestiu o uniforme do colégio às pressas, pegou a mochila, que já estava arrumada, calçou os tênis ainda sujos da lama das chuvas da semana anterior e correu para o banheiro.

          Sua mãe já colocara o copo de café com leite e os biscoitos em cima da mesa da cozinha. Ela estava como sempre: os cabelos desgrenhados, as rugas profundas, os olhos inchados de uma noite maldormida, vestindo aquele roupão ensebado amarrado na cintura por um pedaço de corda de varal.

          A mãe apontou um pequeno embrulho sobre a mesa, dentro de um saco plástico. Era o lanche. Ele o colocou dentro da mochila. Precisava dele. Passava quase o dia todo fora e na escola não davam comida. Mas sentia-se culpado: cada pão, cada grão de feijão, cada pedaço de carne que ele comia vinha do trabalho da mãe, lavando e passando, de manhã até a noite, as roupas dos turistas que vinham se divertir nos sítios do outro lado do rio.

          O pai não tinha ido embora, abandonado a família, se acabado com bebida, sumido no mundo, nada disso. O pai do menino vivia lá no quarto, na cama. E não estava nem doente do corpo.

          Tinha sido um marceneiro muito bom, com muitos clientes. Fazia móveis, prateleiras, armários, escadas, sabia montar toda a armação de um telhado e chegou a fazer um chalé inteiro de madeira. Conhecia o nome das árvores, tinha uma bolsa de couro cheia de ferramentas bem tratadas, procurava deixar tudo perfeito e usava uns óculos de lentes muito grossas, de tanto que se preocupava com os pequenos detalhes.

          Naquele tempo o menino sentia muito orgulho do pai. Aos sábados, ia na garupa da bicicleta, com a bolsa das ferramentas no colo, ajudar nos serviços. Todos tratavam seu pai com muito respeito. Era um homem sério, que trabalhava calado e em silêncio. Chegava a pedir que desligassem um rádio, por exemplo, porque precisava “ouvir” a madeira. Quando alguém reclamava que assim, sem distração, o trabalho pesava mais, ele dizia que era só questão de se acostumar.

          — O silêncio primeiro é um problema, depois uma solução — falava ele.

           O menino gostava muito das frases do pai.

           Mas agora o pai vivia na cama. Havia quase um ano. Ninguém sabia o que estava acontecendo. Sem forças para trabalhar. Os médicos alegavam que ele não tinha nada, que se quisesse poderia levantar e fazer as coisas, mas o problema era que ele não queria. Depois de um longo período sem trabalho, ele simplesmente desistiu e ficou no quarto.

          O menino lembrava de uma noite, quando o pai chegou da vila e sentou na cadeira da varanda, olhando os vaga-lumes. Lembrava da mãe perguntando o que havia acontecido, e o pai repetindo:

          — Muito barulho. Muito barulho.

          No dia seguinte, não saiu da cama.

          Tiveram de vender as ferramentas melhores, para comprar comida.

          Se alguém entrasse no quarto e perguntasse o que estava sentindo, a resposta era sempre a mesma:

          — Estou triste.

          E depois o silêncio.

          Agora ninguém falava mais sobre isso naquela casa.

          O menino botou a mochila nas costas e saiu sem dizer nada.

          Havia muito tempo que naquela casa ninguém gostava de falar, muito menos de sorrir.

          O dia estava mesmo bonito. O sol refletia no orvalho e o menino ia pisando pequenos arco- -íris na grama rala do caminho. Havia uma única nuvem, muito branca, sobre as montanhas, parecida com as bolas de algodão que ele tirava de dentro dos vidros de remédio que davam para o seu pai, mas que não adiantavam nada.

           A escola ficava a três quilômetros de distância e ele normalmente levava uma meia hora até lá, porém naquele dia estava sem pressa nenhuma. Não teria as duas primeiras aulas. Podia até ter continuado na cama. Mas a verdade é que qualquer coisa era melhor do que ficar em casa.

          A primeira parte do caminho eram duas faixas de barro paralelas que cortavam o mato ralo de um pasto, feitas pelas rodas das charretes e dos carros de boi. Por ali se chegava a uma estrada mais larga, de barro socado e cheia de buracos, em que às vezes passava algum automóvel, porém o mais comum era o menino andar até a escola sem cruzar com ninguém.

           O pasto continuava do outro lado da estrada, onde uma trilha estreita levava a uma fábrica de panelas de barro.

          A fábrica já não funcionava. Estava parada havia muitos anos. Diziam que o lugar era assombrado. Vários bois e cavalos foram encontrados mortos no pasto em volta, com marcas de garras afiadas no pescoço. Logo espalharam que por ali vivia um lobisomem e a fábrica acabou abandonada.

          O menino costumava ir bem distraído. Seus pensamentos chegavam à escola mais cedo do que ele… o dever de casa feito às pressas, uma lição mal decorada, a menina da outra turma que ele queria que gostasse dele, a nota da prova de matemática… nunca prestava atenção no caminho. Mas naquele dia, como estava mesmo sem pressa, ia observando uma grande borboleta azul que o acompanhava.

          A borboleta não virou à direita, em direção à escola. Ela atravessou a estrada e o menino achou uma boa ideia fazer o mesmo.

         A escola só abriria dali a umas duas horas. Podia dar um passeio. Aproveitar aquela manhã ensolarada. Passaria pela antiga fábrica, atravessaria a pinguela sobre o ribeirão e alcançaria a estrada, lá do outro lado. Uma hora de caminhada, no máximo. E ele conhecia bem o lugar. Seu pai o levara por ali algumas vezes, quando era criança, para pescar os cascudos que saíam de debaixo das pedras depois das chuvas.

          O menino continuou em frente. A borboleta azul desapareceu logo depois.

          Era o mesmo pasto, mas agora não se via nem um só cavalo ou boi. Um bando de maritacas passou voando, depois o silêncio voltou. O silêncio lembrava o seu pai.

          Andou por meia hora, até avistar as paredes caídas da velha fábrica de panelas de barro. Haviam tirado as telhas, as portas e as janelas; os caibros apodreceram; o vento derrubara os tijolos, que se desfaziam. Agora o mato crescia entre as ruínas e a construção aos poucos voltava a ser terra.

          A única coisa que resistia ao tempo era o grande forno de barro, no centro do terreiro. Parecia uma casa de cupins gigante, com uma pequena abertura na frente, como uma gruta. Quando era pequeno, seu pai o colocou lá em cima e o fez pular em seus braços. O menino custou muito a tomar coragem, mas por fim se jogou, de braços abertos. Depois, disse para os amigos que seu pai o ensinara a voar.

          Havia muito tempo não passava por ali e resolveu olhar o forno, onde colocavam as panelas para assar e endurecer o barro. Por dentro era muito largo, oco e escuro, ainda preto de fuligem. Sua mãe não queria que ele passasse por ali e o assustava, dizendo que o lobisomem dormia dentro daquele forno.

          O menino jogou uma pedra lá dentro. Ela quicou nas paredes de barro e o vazio produziu um eco triste. Ouviu um barulho a suas costas e se virou. Viu alguma coisa se mexer perto das ruínas da fábrica. Um bicho peludo saiu dos escombros e sumiu no mato.

          Devia ser um gambá ou um gato. Foi ver mais de perto.

          Contornou as paredes desabadas e, mais adiante, voltou a ver o mato se mexer. O capim estava alto, mas não resistiu à curiosidade e avançou alguns passos.

          O bicho continuava sempre a sua frente. Podia ver seus movimentos pelo mato, afastando-se um pouco quando o menino o perseguia, parando quando ele parava.

          Um pouco adiante, abriu-se uma pequena clareira, com uma grama rala queimada de sol sobre pequenos montes de terra revolvida. Ao lado, um galho partido, muito comprido, ainda com algumas folhas, ressecadas.

          O menino viu o vulto do animal peludo passar atrás de uma goiabeira. Pareceu maior do que havia imaginado. Talvez um cachorro. Ficou com medo, mas mesmo assim deu um passo à frente.

         A terra sob o seu pé cedeu.

           Ele esticou os braços, tentando segurar alguma coisa, e arranhou as mãos. Os braços bateram com força no barro duro, um pedaço de pau rasgou seu cotovelo esquerdo e os dois pés desceram. O chão se abriu embaixo dele. Paredes de terra cresceram a sua volta, o corpo girou, sentiu uma forte pancada na nuca, o peito ralou com força no barro, as pernas rasparam em pedras enquanto caía. As mãos agarraram um pedaço de raiz. O corpo parou por alguns segundos, pendurado. Gritou. Ouviu o eco na escuridão. A raiz partiu-se, ele girou e bateu de costas no fundo do buraco, com toda a força.

O MISTÉRIO DA ILHA ATIVIDADE

 

O MISTÉRIO DA ILHA

 

1. Dia claro e com mistério

 

        O dia era lindo, tão lindo quanto se puder imaginar. E Carlos estava de férias. Quer dizer, não precisava acordar cedo. Mas, mesmo assim, acordou. Talvez por causa da luz que entrava tão clara pela janela. Talvez por causa do hábito do horário da escola. Talvez por causa de um sonho esquisito que agora fugia da cabeça sem que ele conseguisse lembrar, apesar de fazer força. Tudo se desmanchando, sumindo para longe, por mais que a curiosidade fizesse com que ele tentasse agarrar as imagens na memória. Como se a luz do dia e o ato de abrir os olhos derretessem tudo o que ele tinha visto e vivido naquela misteriosa região do sono. Nem mesmo sabia se era um sonho bom ou um pesadelo. Só tinha certeza de que era muito nítido, como uma coisa vivida de verdade. E agora estava esquecendo, que droga!

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         Mas já sabia que, quando acontece isso, o melhor é a gente não ficar forçando. Mais tarde, a lembrança do sonho volta. Na hora que ela quiser, porque não dá para comandar muito esses assuntos. Pelo menos, ele, Carlos, não conseguia.

        De qualquer jeito, o que importava agora é que tinha acordado. Por isso, o melhor era levantar.

        Foi até a janela e olhou o dia que começava.

        Lá embaixo, do outro lado da rua e da calçada, dos coqueiros e da areia, o mar de água clara se espreguiçava.

        Como se também estivesse acabando de acordar. Mas, também, como se estivesse chamando o menino para perto dele. Não do jeito manso que o mar sabe chamar quando a gente encosta um búzio no ouvido, uma voz que vem de longe. Mas do jeito urgente que a água verde usa para atrair quem nasceu e vive na beira do seu movimento salgado. Aquele jeito cheiroso e, de repente, o jeito que faz a gente largar tudo o que tem para fazer e sair correndo para junto do mar.

        Foi o que Carlos fez. Nem teve dúvidas. Abriu a gaveta, pegou um calção, vestiu uma camisa colorida, apanhou um impermeável para o caso de alguma emergência e num instante estava na sala. Engoliu o café às pressas, reclamando da demora:

        - Puxa, Maria, que lesma... Anda logo com isso, que eu não posso perder tempo... E prepare um lanche para eu levar. Depressa, que eu vou passar o dia no mar.

        Quando Carlos queria uma coisa, era sempre assim. Queria porque queria porque queria. Feito uma criancinha teimosa. Pouco estava ligando para os problemas dos outros. Estava mesmo acostumado a que fizessem tudo para ele. Já de saída, avisou à mãe:

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        - Vou sair de barco.

         A resposta veio um tanto preocupada:

        - Sozinho, meu filho? Você sabe que eu não gosto...

        - Bobagem, mãe, já estou grande, sei velejar direito. Afinal de contas, desde pequeno que não faço outra coisa com papai todo domingo. E depois, não vou sozinho. Vou chamar o Chico. Ele vai comigo e me dá uma mão. O mar está calmo, o vento está ótimo, não tem nem uma nuvem no céu...

        A mãe insistiu: 

        - Mas Chico é da sua idade, meu filho... Não é a mesma coisa que sair com um adulto.

        - Fique descansada, mãe. A gente não vai longe. Vamos só ficar dentro da baía, não tem nem onda... Como das outras vezes. Não se preocupe. Tchau. 

        Desceu as escadas apressado, acabando de fechar a sacola onde tinha jogado de qualquer maneira as frutas e os sanduíches que a empregada lhe entregara. Ainda se preocupou um pouco: e se não encontrasse Chico? O chato de só resolver sair de barco em cima da hora é que podia ser que o companheiro tivesse ido fazer outra coisa. E sozinho, Carlos não podia ir. Não sabia nem manobrar a embarcação direito.

        Mas Chico estava no cais. Com um bando de amigos, preparando-se para soltar pipa. Pipa que ele mesmo tinha feito. Chico era danado de jeitoso. Fazia cada coisa linda - pipa, balão, espingardinha de cabo de guarda-chuva, atiradeira. Consertava tudo. Dava jeito em tudo. Fazia milagres com seu inseparável canivete. Era um bamba na bola de gude. Um craque no futebol. E ainda soltava pipa como ninguém.

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        Chico, vamos sair de barco - avisou Carlos, em tom de mando.

        Dava para ver que Chico não tinha gostado da idéia. Em volta, os amigos todos olhavam, esperando, de pipa na mão. Ele ainda tentou reclamar:

         - Mas, Carlos, você não tinha avisado nada... Eu já tinha combinado outra coisa. Está uma brisa ótima, a gente ia soltar pipa.

        - Não avisei nada porque não sabia, não podia adivinhar. Só hoje de manhã é que me deu vontade. Essa tal brisa ótima de que você falou... Anda logo. Estou te esperando lá dentro.

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        E enquanto Chico suspirava, ainda veio outra ordem:

        - Ah, vê se arruma também qualquer coisa para matar a sede. Eu só trouxe comida...

        Com suspiro ou sem suspiro, que jeito? Chico tinha mesmo que perder seu programa. Afinal de contas, assim é que eram as coisas, desde que ele se entendia por gente. O pai de Carlos pagava. O pai de Chico recebia. O pai de Carlos mandava. O pai de Chico cumpria. E, se Carlos ordenava, a pipa de Chico ficava mesmo para outro dia.

        Providenciou tudo. E num instante estavam saindo. Bom filho de marinheiro, ajudando o pai desde pequeno, Chico era um mestre nas coisas do mar. Gostava de domar a brisa, cavalgar as 8 ondas, empinar na arrebentação, deslizar no sol. Soltar as velas ao vento era com ele mesmo. Só tinha se aborrecido porque nesse dia seu encontro com o vento devia ser outro, em terra, de pipa na linha, na companhia dos amigos... Pelo menos, era o que tinha planejado. Mas Carlos até que podia ser bom companheiro - às vezes. E o passeio, afinal, era bom. Dava gosto sentir o calor do sol e os respingos da água, ouvir o cabo da vela gemer de vez em quando, ver passar uma gaivota, descobrir o brilho de um peixe pulando ao longe.

        Por sua vez, Carlos estava feliz. Tinha sido boa a idéia de aproveitar o barco que o pai só usava no fim de semana. Um passeio lindo. O mar azul, encontrando o céu claro lá longe, um dia limpo, sem nuvem nenhuma... Sem nuvem? E aquela ali na frente, tão perto? Seria capaz de jurar que ela tinha se formado de repente, justamente naquele instante, não estava ali ainda há pouco, tinha certeza. Tinha olhado naquela direção há pouquinho, não havia nada. Ia exatamente comentar alguma coisa, quando ouviu a voz de Chico reclamar:

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        - Mas que neblina mais esquisita aí na frente... 

        - Também achei - concordou Carlos. - E se formou de repente, ainda agora não tinha nada.

        - Nunca vi uma neblina desse jeito, assim tão esquisita...

        - repetiu Chico, e sua voz mostrava que ele estava meio assustado.

        Carlos também estava, mas tentou dar um palpite fingindo calma. Afinal de contas, ele era uma espécie de capitão daquele barco e não podia dar a impressão de que estava com medo.

        - Vamos desviar dela, Chico.

        - Se a gente pudesse, bem que eu desviava. Mas é que ela não está desviando da gente, veja só. A gente muda o rumo do barco e ela também muda. Está vindo para cá, na direção da gente, e bem depressa.

        Estava mesmo.

        Num instante estavam inteiramente cercados.

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ALUNO:_____________________________________________________TURMA___DATA____

LIVRO : O MISTÉRIO DA ILHA

 

1. Qual o título do livro?

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2. A partir da leitura do título do livro o que você imagina que irá acontecer?

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3. Qual o nome da autora?

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4. Quais são os personagens principais dom primeiro capítulo?

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5. O Que o pai de Chico era do pai de Carlos?

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6. Qual era o nome da empregada?

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7. O que cercou o barco?

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8. Como era a personalidade de Carlos?

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ATIVIDADE SOBRE O LIVRO O PEQUENO NICOLAU

 

ALUNO:______________________________________________Turma:______Data:______

SALA DE LEITURA - ATIVIDADE SOBRE O LIVRO O PEQUENO NICOLAU

 

01 – O que quer dizer a frase: “Uma lembrança para guardar com carinho.”?

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02 – Quem narra a história?

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03 – Onde se passa essa história?

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04 – Quem disse para todo mundo vir bem limpo e penteado?

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05 – O que aconteceria de importante naquele dia?

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06 – Como ficou a formação dos alunos para tirar a foto, organizada pelo fotógrafo?

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07 – “Hoje de manhã todo mundo chegou muito contente na escola, porque nós vamos fotografia da classe, que vai ficar de lembrança para a gente guardar por toda a vida". Nesse trecho, as palavras grifadas, todo mundo, nós, e a gente representam:

(A) os alunos da classe.

(B) as pessoas em geral e a professora.

(C) os alunos, a professora e o fotógrafo.

(D) todas as pessoas da cidade.

 

08 – O narrador comenta: "Essa roupa de marciano é um arranjo incrível"! Porque:

(A) com o capacete parece um aquário.

(B) ele acha essa roupa uma fantasia bonita e gostaria de ter uma.

(C) o capacete não deixa que a professora puxe as orelhas de quem está com ele.

(D) o capacete protege o rosto e o aluno não precisa se lavar.

 

09 – No trecho "e foi a professora que tirou o saco da cabeça dele", a palavra grifada se refere ao:

(A) Rufino.          

(B) Godofredo.             

(C) velho.    

(D) Agnaldo.

 

10 – Quando o fotógrafo diz "eu sei como se fala com criança", ele quer:

(A) fazer uma brincadeira com a professora.

(B) mostrar que pode, com calma, organizar as crianças para a foto.

(C) mostrar que é preciso ser rigoroso com as crianças.

(D) que as crianças tenham medo dele.

 

 

 

 

 

Entendendo o texto:

 

01 – O que quer dizer a frase: “Uma lembrança para guardar com carinho.”?

      Refere-se a foto que iriam tirar todos juntos com a professora.

 

02 – Quem narra a história?

      O narrador-personagem.

 

03 – Onde se passa essa história?

      Na escola.

 

04 – Quem disse para todo mundo vir bem limpo e penteado?

      A professora.  

 

05 – O que aconteceria de importante naquele dia?

      Iriam tirar fotos todos juntos para guardar com lembrança.

 

06 – Como ficou a formação dos alunos para tirar a foto, organizada pelo fotógrafo?

 

 

      O fotógrafo resolveu que a gente tinha que ficar em três filas: a primeira fila sentada no chão, a segunda em pé em volta da professora, que ia ficar sentada numa cadeira, e a terceira, em pé em cima de uns caixotes.

 

07 – “Hoje de manhã todo mundo chegou muito contente na escola, porque nós vamos fotografia da classe, que vai ficar de lembrança para a gente guardar por toda a vida". Nesse trecho, as palavras grifadas, todo mundo, nós, e a gente representam:

(A) os alunos da classe.

(B) as pessoas em geral e a professora.

(C) os alunos, a professora e o fotógrafo.

(D) todas as pessoas da cidade.

 

08 – O narrador comenta: "Essa roupa de marciano é um arranjo incrível"! Porque:

(A) com o capacete parece um aquário.

(B) ele acha essa roupa uma fantasia bonita e gostaria de ter uma.

(C) o capacete não deixa que a professora puxe as orelhas de quem está com ele.

 

 

(D) o capacete protege o rosto e o aluno não precisa se lavar.

 

09 – No trecho "e foi a professora que tirou o saco da cabeça dele", a palavra grifada quer dizer:

(A) do Rufino.          

(B) do Godofredo.             

(C) do velho.    

(D) do Agnaldo.

 

10 – Quando o fotógrafo diz "eu sei como se fala com criança", ele quer:

(A) fazer uma brincadeira com a professora.

(B) mostrar que pode, com calma, organizar as crianças para a foto.

(C) mostrar que é preciso ser rigoroso com as crianças.

(D) que as crianças tenham medo dele.

 

11 – Em "O fotógrafo resolveu que a gente tinha que ficar em três filas:", os dois pontos servem para:

(A) pôr em dúvida a arrumação dos alunos.  

(B) obrigar os alunos a ficar em filas.

(C) perguntar como seria cada fila.                

(D) explicar como será cada fita.

O ÓDIO QUE VOCE SEMEIA The Hate You Give

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O ÓDIO QUE VOCE SEMEIA  The Hate You Give fragmento

UM

          Eu não devia ter vindo pra cá. Nem sei se essa festa é meu lugar.

          Nem falando burguesa nem nada. É que tem alguns lugares onde não basta ser eu. Nenhuma versão minha. A festa de recesso de primavera de Big D é um desses lugares.

          Eu me espremo em meio a corpos suados e sigo Kenya, os cachos balançando abaixo dos ombros. Tem uma névoa com cheiro de maconha no ar e a música faz o chão tremer. Um rapper grita para todo mundo cantar e dançar o Nae-Nae, seguido de um monte de "Heys" conforme as pessoas dão suas próprias versões. Kenya levanta o copo e dança enquanto anda em meio à multidão. Entre uma dor de cabeça por causa da música alta e a náusea pelo cheiro da maconha, vou ficar impressionada se atravessar a sala sem derramar minha bebida.

          Nós abrimos caminho no mar de gente. A casa de Big D está lotada. Eu sempre ouvi falar que Deus e o mundo vão a essas festas de recesso de primavera (bom, todo o mundo menos eu), mas, caramba, eu não sabia que haveria tanta gente. As garotas têm cabelo pintado, cacheado, alisado e armado. Fiquei me sentindo básica demais de rabo de cavalo. Os caras de tênis novos e calças largas rebolam tão Perto das garotas que praticamente precisam de camisinha. Minha avó gosta de dizer que com a primavera vem o amor. A primavera em Garden Heights nem sempre traz o amor, mas promete bebês no inverno.

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         Eu não ficaria surpresa se muitos deles fossem concebidos na noite da festa de Big D. Ele sempre faz na sexta-feira da serrana de recesso de primavera porque a gente precisa do sábado para se recuperar e do domingo para se arrepender.

          _ Para de me seguir e vai dançar, Starr - diz Kenya. - As pessoas já vivem dizendo que você se acha.

          _ Eu não sabia que tinha tantos leitores de pensamentos morando em Garden Heights. - Nem que as pessoas me conhecem corno qualquer coisa além de "a filha de Big Mav que trabalha no mercado".

          _ Tomo um gole de bebida e cuspo de volta no copo. Eu sabia que haveria mais do que só suco na bebida, mas está bem mais forte do que estou acostumada. Não deviam nem chamar de ponche. Só de álcool mesmo. Coloco o copo na mesinha de centro e digo:

          _ Essas pessoas me matam achando que sabem o que eu penso.

          _ Ei, eu só estou falando. Você age como se não conhecesse ninguém porque estuda naquela escola.

          Estou ouvindo isso há seis anos, desde que meus pais me colocaram na Williamson Prep.

          _ Não tô nem aí - murmuro.

          - E não faria mal nenhum você não se vestir... Ela levanta o nariz enquanto olha dos meus tênis até meu casaco enorme de moletom. - Assim. Esse moletom não é do meu irmão?

          Do nosso irmão. Kenya e eu temos um irmão mais velho em comum, Seven. Mas ela e eu não somos parentes. A mãe dela é mãe de Seven, e meu pai é pai de Seven. Maluquice, eu sei.

          _ É dele, sim.  

           - Imaginei. Você sabe o que mais as pessoas estão dizendo. Tem gente achando que você é minha namorada.

          - E por acaso eu pareço estar ligando para o que as pessoas pensam?

          - Não! E esse é o problema!

          - Não tô nem aí.

          Se eu soubesse que vir com ela para essa festa significaria ela querer inventar um *Extreme Makeover: Edição Starr, teria ficado em

(*transformação total)

 

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 casa vendo as reprises de Um maluco no pedaço. Meus tênis Jordan são confortáveis e, poxa, estão novinhos. Isso é mais do que algumas pessoas podem dizer. O moletom é grande demais, mas eu gosto assim. Além do mais, se eu deixar a gola em cima do nariz, não sinto o cheiro de maconha.

          Bom, não vou ficar de babá para você a noite toda, então é melhor ir fazer alguma coisa — diz Kenya, e observa a sala. Kenya poderia ser modelo, de verdade. Ela tem pele marrom-escura perfeita (acho que nunca tem espinhas), olhos castanhos amendoados e cílios compridos que nem são artificiais. Tem a altura perfeita de modelo, mas é um pouco mais cheia de curvas do que aqueles palitos nas passarelas. Ela nunca usa a mesma roupa duas vezes. O pai dela, King, cuida disso.

          Kenya é a única pessoa com quem eu ando em Garden Heights; é difícil fazer amizade quando você estuda em uma escola que fica a 45 minutos de distância, tem pais que não deixam você fazer nada e só é vista no mercado que pertence à família. É fácil andar com Kenya por causa da nossa ligação com Seven. Mas ela é muito complicada às vezes. Sempre arruma briga e vai logo dizendo que o pai vai dar uma surra em alguém. É verdade, mas eu queria que ela parasse de arrumar encrenca para poder usar seu trunfo. Eu também poderia usar o meu. Todo mundo sabe que ninguém se mete com meu pai, Big Mav, nem com os filhos dele. Mesmo assim, eu não saio por aí arrumando treta.

          Tipo, na festa de Big D, Kenya está olhando de cara muito feia para Denasia Allen. Não me lembro de muita coisa sobre Denasia, mas lembro que ela e Kenya não se gostam desde o quarto ano. Esta noite, Denasia está dançando com um cara no meio da sala sem prestar atenção nenhuma em Kenya. Mas, onde quer que a gente vá, Kenya encontra Denasia e faz cara feia e o problema da cara feia é que chega uma hora que a pessoa sente que aquilo é um convite para dar ou levar uma surra.

          - Ah! Eu não suporto essa garota - diz Kenya, furiosa, outro dia a gente estava na fila do refeitório, sabe? E ela atrás de mim,

 

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falando um monte de merda. Não falou meu nome, mas sei que estava falando de mim, dizendo que tentei ficar com DeVante. Sério?

           - Eu digo o que devo dizer.

            - Aliam. Eu não quero nada com ele.

            - Eu sei. - Sinceramente? Nem sei quem é DeVante. - E o que você fez?

             — o que você acha que eu fiz? Eu me virei e perguntei se ela tinha algum problema comigo. A vaca foi logo dizendo "Eu nem estava falando de você", mas eu sabia que estava! Você tem tanta sorte de estudar naquela escola de brancos e não ter que aguentar essas filhas da puta.

          Não é muito louco? Menos de cinco minutos atrás eu era metida porque estudava na Williamson. Agora eu tenho sorte?

           - Pode acreditar, minha escola também tem filhos da puta. A filhadaputice é universal.

            - Fica de olho, a gente vai dar um jeito nela hoje. - Acara  feia de Kenya chega ao nível máximo. Denasia sente a intensidade e olha diretamente para Kenya. Aham confirma Kenya, como se Denasia estivesse ouvindo. — Fica de olho.

          Espera aí. A gente? Foi por isso que você implorou pra eu vir a essa festa? Pra ter uma parceira de treta?

          Ela tem coragem de parecer ofendida.

           - Você não tinha nada pra fazer! Nem ninguém com quem sair. Estou te fazendo um favor. - É sério, Kenya? Você sabe que eu tenho amigos, né?

           Ela revira os olhos. Com força. Só a parte branca fica visível por alguns segundos.

            - Aquelas burguesinhas da sua escola não contam.

          - Elas não são burguesinhas e contam sim. — Eu acho. Maya e eu nos damos bem. Não sei bem o que anda rolando entre mim e Hailey nos últimos tempos. — Sinceramente? Se me meter em uma  briga é seu jeito de ajudar minha vida social, pode me deixar sozinha. Que droga, sempre rola um drama com você perto.

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          Por favor, Starr. — Ela alonga bem o por favor. Demais, até. o que estou pensando é o seguinte. A gente espera ela se afastar do DeVante, certo? Depois...

          Meu celular vibra na coxa, e olho para a tela. Como ignorei as ligações, Chris me manda mensagem.

 

          Podemos conversar?

          Eu não queria que fosse daquele jeito.

 

          Claro que não queria. Ele queria que tivesse sido completamente diferente ontem e esse é o problema. Coloco o celular no bolso. Não sei bem o que quero dizer, então prefiro resolver as coisas com ele depois.

          Kenya! — grita alguém.

          Uma garota grande de pele clara, com cabelo liso esticado, anda entre as pessoas e vem na nossa direção. Um cara alto com moicano afro preto e louro vem atrás. Os dois abraçam Kenya e dizem o quanto ela está linda. Eu nem estou ali.

          - Por que você não disse que vinha? — pergunta a garota, e co-loca o polegar na boca. Ela tem os dentes para a frente de tanto fazer isso. - Podia ter vindo com a gente.

          - Que nada, garota. Eu tinha que ir buscar Starr — diz Kenya.

          - Agente veio andando juntas.

           É nessa hora que eles reparam em mim, a uns 15 centímetros de Kenya.

           O cara aperta os olhos enquanto rapidamente me avalia de cima a baixo. Franze a testa por um segundo, mas eu reparo.

           Você não é a filha de Big Mav que trabalha no mercado? Está vendo? As pessoas agem como se esse fosse o nome na minha certidão de nascimento.

          — É, sou eu.

            Ahhh! - diz a garota. — Eu sabia que você era familiar. Estudamos juntas no terceiro ano. Na turma da Sra. Bridges. Eu me sentava atrás de você.

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          Ah- sei que é nesse momento que eu devia me lembrar dela mas não me lembro. Acho que Kenya estava certa, eu não conheço ninguém de verdade. Os rostos são familiares, mas não se presta atenção em nomes e histórias de vida quando se está botando as compras de alguém numa sacola.

        Mas posso mentir.

          É, eu me lembro de você.

          Garota, para de mentir — diz o cara. Você sabe que não conhece ela.

          — "Porque você está sempre mentindo?" Kenya e a garota cantam juntas. O cara canta com elas, e todos caem na gargalhada.

          - Bianca e Chance, sejam legais — diz Kenya. É a primeira festa da Starr. Os pais dela não deixam ela ir a lugar nenhum.

          Eu a encaro de canto de olho.

          Eu vou a festas, Kenya.

          Vocês já viram Starr em alguma festa daqui? Kenya para eles.

          — Não!

          Pronto. E, antes que você fale alguma coisa, festinhas de subúrbio de gente branca não contam.

          Chance e Bianca dão risadinhas. Droga, eu queria que esse casaco de moletom pudesse me engolir.

           Aposto que tomam ecstasy e essas merdas, não é? Pergunta Kenia para eles.  - Adolescentes brancos amam comprimidos.

          E Ouvir Taylor Swift - acrescenta Bianca, falando com polegar na boca.

          Isso é mais ou menos verdade, mas eu não vou admitir.

          - Que nada, as festinhas são bem iradas - Uma vez J.Cole cantou na festa de aniversário de um garoto.

          Caramba. É sério? - pergunta Chance. Merrrda. Porrrrra. Me convida da próxima vez. Eu danço com os brancos.

           - Então - diz Kenya em voz alta. - A gente estava falando de ir para cima da Danasia. A vaca estava ali, dançando com DeVante.

 

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          - Aquela vaca diz Bianca. —Você sabe que ela anda falando merda de você, né? Eu estava na aula do Sr. Donald na semana passada quando Aaliyah me Contou...

          Chance revira os olhos.

          - Ugh! O Sr. Donald.

          - Você só está com raiva porque ele expulsou você da sala diz Kenya.  

          - Claro!

          - Então, Aaliyah me contou... começa Bianca.

          Eu me perco de novo quando alunos e professores que não conheço são mencionados. Não posso dizer nada. Mas não importa. Sou invisível.

          Sinto-me assim com frequência aqui.

          No meio da reclamação deles sobre Denasia e os professores, Kenya diz qualquer coisa sobre pegar outra bebida, e os três saem andando sem mim.

          De repente, sou Eva no Paraíso depois que comeu a maçã; tenho a impressão de estar nua. Estou sozinha em uma festa em que não devia estar, onde quase não conheço ninguém. E a pessoa que conheço me deixou no vácuo.

          Kenya implorou que eu viesse a essa festa durante semanas. Eu sabia que não ia ficar à vontade, mas cada vez que dizia não, ela agia como se eu me achasse boa demais para uma festa do Garden. Acabei ficando cansada de ouvir essa merda e decidi provar que ela estava errada. O problema é que só um Jesus Negro convenceria meus pais a me deixarem vir. Agora, o Jesus Negro vai ter que me salvar se eles descobrirem que estou aqui.

          As pessoas olham para mim com aquela expressão de "quem é essa garota encostada na parede sozinha, toda otária?" Coloco as mãos nos bolsos. Enquanto eu bancar a descolada e ficar na minha, vou ficar bem. O irônico é que na Williamson eu não preciso "bancar a descolada"; eu sou descolada automaticamente, por ser uma dentre os poucos alunos negros lã. Em Garden Heights, eu preciso conquistar

 

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meu título de descolada, e isso é mais difícil do que comprar um par retro de Jordan no dia do lançamento.

           Mas é engraçado como funciona com os adolescentes brancos. É maneiro ser negro até ser difícil ser negro.

           Starr! - chama uma voz familiar.

            O  mar de pessoas se abre como se ele fosse um Moisés de pele  negra. Os garotos batem com o punho no dele e as garotas inclinam o pescoço para olhar para ele. Ele sorri para mim, suas covinhas: ruinam qualquer imagem que ele esteja querendo passar.

           Khalil é maneiro, não tem outro jeito de dizer. E eu tomava banho com ele. Não assim, mas antigamente, quando a gente ria porque ele tinha piupiu e eu tinha o que a avó dele chamava de pipinha, Mas juro que não tinha nada de pervertido. Ele me abraça e está com cheiro de sabonete e talco de bebê.

        - E aí, garota? Não vejo você há um século. - Ele me solta. - Você não manda mensagem nem nada. Por onde anda

          - A escola e o time de basquete me deixam bem ocupada respondo. - Mas estou sempre no mercado. É, você' ninguém mais vê.

          As covinhas desaparecem. Ele passa a mão no nariz, como sempre faz antes de mentir.

          Eu ando ocupado.

          Obviamente. Os tênis Jordan novinhos, a camiseta branquinha, os diamantes nas orelhas. Quando você cresce em Garden Heights, sabe o que "ocupado" quer dizer de verdade.

          Porra. Eu não queria que ele estivesse ocupado assim. Não sei se tenho vontade de chorar ou de bater nele.

          Mas é difícil ficar chateada com Khalil me olhando daquele jeito  com aqueles olhos cor de mel. Parece que tenho 10 anos de novo e Porão da Igreja Templo de Cristo dando meu primeiro beijo nele nas aulas de estudos bíblicos durante as férias de repente, lembro que estou de moletom durante as férias. Posso não com aparência desleixada... que tenho namorado. Posso não estar  atendendo as ligações nem respondendo

 

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          as mensagens de Chris agora, mas ele ainda é meu e quero que continue sendo.

          Como está sua avó? - pergunto. - E Cameron?

          Tudo indo. Mas vovô está doente. - Khalil toma um gole de bebida. - Os médicos disseram que está com câncer, sei lá.

          Puxa. Sinto muito, K.

          - É, ela está fazendo quimio. Mas só estava preocupada em conseguir uma peruca. - Ele dá uma leve gargalhada que não chega a revelar suas covinhas. - Ela vai ficar bem.

          É mais uma oração do que uma profecia.

          - Sua mãe está ajudando com Cameron?

          - Essa é a Starr que eu conheço. Sempre procurando o melhor nas pessoas. Você sabe que ela não está ajudando.

          - Ei, foi só uma pergunta. Ela passou no mercado outro dia. Está com a aparência melhor.

          - Por enquanto  - diz Khalil. - Ela diz que está tentando ficar limpa, mas é o de sempre. Fica limpa algumas semanas, decide que quer mais uma dose e volta com tudo. Mas, como falei, eu estou bem. Cameron está bem, vovó está bem. - Ele dá de ombros. - É só isso que importa.

          - É - digo, mas me lembro das noites que passei com Khalil na varanda, esperando a mãe dele voltar para casa. Quer ele goste ou não, ela é importante para ele também.

          A música muda, e Drake manda um rap pelos alto-falantes. Balanço a cabeça com a batida e canto junto baixinho. Todo mundo na pista de dança grita na parte do "started from the bottom, now we're here". Tem dias em que estamos no fundo do poço em Garden Heights, mas ainda compartilhamos o sentimento de que, caramba, podia ser pior.

           Khalil está me olhando. Um sorriso tenta se formar nos lábios dele, mas ele balança a cabeça. Não consigo acreditar que você ainda gosta desse chorão do Drake,

 

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          Eu olho para ele com indignação.

          — Deixa o meu marido em paz.

          Seu marido brega. "Baby, You my everything, ve et. »ti wanted» ....— canta Khalil com voz chorosa. Eu o empurro com mando do copo. — Você sabe que é assim que você canta.

          Eu mostro o dedo do meio para ele. Ele junta os lábios e faz um som de beijo. Tantos meses separados, mas voltamos ao normal como se não fosse nada.

          Khalil pega um guardanapo na mesa de centro e limpa a bebida que caiu nos tênis Jordan, o modelo retro. Saiu uns anos atrás, mas dá para jurar que os dele são novinhos. Custam uns trezentos dólares, isso se você conseguir encontrar algum vendedor tranqüilo no eBay. Chris conseguiu. Comprei os meus por uma ninharia, 150, mas isso Porque uso tamanho infantil. Graças aos meus pés pequenos, Chris e eu temos tênis iguais. Sim, somos esse tipo de casal. Merda, nós fomos feitos um para o outro. Se ele conseguir parar de fazer besteira, vamos ficar bem.

           - Gostei dos pisantes digo para Khalil.

           Valeu. — Ele passa o guardanapo no sapato. Eu me encolho. A cada movimento, os sapatos gritam pedindo socorro. Não estou mentindo, cada vez que um tênis é limpo do jeito errado, um gatinho morre.

          Khalil - digo, a um segundo de tirar o guardanapo dele. p Limpe delicadamente de um lado para o outro ou dê batidinhas. Não esfregue. É sério.

           Ele olha para mim com um sorrisinho debochado.

            -Tudo bem, senhorita especialista. Graças ao Jesus Negro, ele dá batidinhas.  Como -- você me fez derramar bebida nos tênis, eu devia mandar você limpar.

          - Vai Custar sessenta dólares.

          Sessenta? grita ele, se empertigando.

           Ah! Claro. E Custaria oitenta se tivesse um solado branco. – Sapatos claros são um saco de limpar. Um Kit de limpeza não é barato. Além do mais, você deve estar ganhando uma grana boa se pode comprar um desses.

 

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          Khalil bebe um gole como se eu não tivesse dito nada e murmura:

          Caramba, que merda forte. — Ele coloca o copo na mesinha de centro. — Diz pro seu pai que tenho que falar com ele. Tem umas coisas rolando e precisamos conversar.

          - Que coisas?

          - Coisas de gente grande.

          Ah, tá, porque você é tão grande.

          Cinco meses, duas semanas e três dias mais velho do que você. - Ele pisca. - Eu não esqueci.

          Uma agitação começa no meio da pista de dança. Vozes discutem mais alto do que a música. Palavrões voam para todo lado.

          Meu primeiro pensamento? Kenya foi para cima de Denasia, como prometeu. Mas as vozes são mais graves do que as delas.

          Pop! Um tiro soa. Eu me abaixo.

           Pop! Um segundo tiro. As pessoas correm para a porta, o que leva a mais palavrões e brigas, porque é impossível todo mundo sair ao mesmo tempo.

          Khalil segura minha mão.

          Vem.

          Tem gente demais e cabelo cacheado demais para eu identificar Kenya.

           - Mas Kenya...

          Esquece ela, vamos!

          Ele me puxa no meio da multidão, empurra pessoas e pisa em pés. Só isso já podia fazer a gente levar uns tiros. Procuro Kenya no meio dos rostos em pânico, mas ainda não vejo sinal dela. Não tento ver quem levou tiro e quem atirou. Não se pode dedurar quando não se sabe de nada.

          Carros saem em disparada lá fora, e as pessoas correm na noite em qualquer direção em que não haja tiros sendo disparados. Khalil me leva até um Chevy Impala estacionado embaixo de um poste de luz com lâmpada fraca. Ele me enfia no carro pelo lado do motorista, e vou para o banco do carona. Saímos cantando pneus e deixando o caos no retrovisor.

 

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          - Sempre dá merda _ Resmunga ele. Não dá pra fazer festa sem que alguém leva um tiro.

           Ele parece os meus pais falando. E exatamente por isso que não me deixam ira a lugar nenhum, como Kenia diz. Pelo menos não em Garden Heights. Mando uma mensagem para Kenya e torço para ela estar bem. Duvido que as balas fossem para ela, mas balas vão para onde querem ira Kenya responde meio rápido.

          Tô bem.

          Mas tô vendo aquela piranha.

          Vou dar um jeito nela. Onde vc tá?

          Essa garota é real? A gente acabou de fugir para salvar a vida e ela quer brigar? Nem respondo essa merda idiota. 

          O Impala de Khalil é legal. Não é exagerado corno o carro de alguns caras. Não vi aro nas rodas quando entrei e o couro do banco está rachado. Mas o interior é de um verde-limão cafona, então foi customizado em algum momento.

          Enfio o dedo num rasgo no banco.

          - Quem você acha que levou tiro?

           Khalil tira a escova de cabelo do compartimento na porta.

          Provavelmente um King Lord  - diz ele, penteando as laterais do corte meio raspado. - Uns Garden disciples entraram eu quando cheguei. Alguma coisa ia mesmo acontecer.

          Eu concordo com a cabeça. Garden Heights está parecendo um campo de batalhas nos últimos dois meses  por causa de uma guerra idiota de territórios. Nasci " rainha" porque papai era King Lord. Quando ele pulou fora, meu status de realeza terminou. Mas mesmo tendo crescido no meio disso, eu nunca entenderia a razão de brigar por ruas que não são de ninguém.

         Khalil guarda a escova e aumenta o volume do som, um rap antigo que papai ouve um milhão de vezes. Eu ergo as sobrancelhas para ele.

          - Por que você sempre ouve essas coisas velhas?

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          - Para com isso! Tupac era o melhor.

          - E, o melhor vinte anos atrás.

          - Que nada, mesmo agora. Ouve só isso. - Ele aponta para mim, o que quer dizer que vai entrar em um dos momentos filosóficos de Khalil. 'Pac disse que Thug Life, "vida bandida", queria dizer The Hate U Give Little Infants Fucks Everybody, ou "o ódio que você passa pras criancinhas fode com todo mundo".

          Eu levanto as sobrancelhas mais uma vez.

           - Como é?

           - Escuta! Presta atenção nas iniciais. The Hate U Give Little Infants Fucks Everybody. T-H-U-G-L-I-F-E. Isso quer dizer que o ódio que a sociedade nos dá quando somos pequenos morde a bunda dela quando crescemos e ficamos doidos. Entendeu?

          Caraca. Entendi.

          Está vendo? Eu falei que ele era relevante. —Ele balança a ca-beça com a batida e canta junto. Mas agora, estou me perguntando o que ele está fazendo para "foder com todo mundo". Por mais que eu ache que sei, espero estar errada. Preciso ouvir dele.

          E por que você anda tão ocupado? — pergunto. —Uns meses atrás, papai disse que você largou o mercado.. Não vi mais você de-pois disso.

          Ele chega mais perto do volante.

          - Aonde você quer que eu te leve, pra casa ou para o mercado?

          - Khalil...

          Pra sua casa ou para o mercado?

            - Se você estiver vendendo aquelas coisas...

            - Cuida da sua vida, Starr! Não se preocupa comigo. Estou fazendo o que tenho que fazer.

          - Porra nenhuma. Você sabe que meu pai te ajudaria.

          Ele esfrega o nariz antes da mentira.

          - Não preciso da ajuda de ninguém, tá? E aquele emprego de sa-lário mínimo que seu pai me deu não fazia nada acontecer. Me cansei de ter que escolher entre a luz e a comida.

           - Achei que sua avó estivesse trabalhando.

 

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          Ela estava. Quando ficou doente, os palhaços do hospital disseram que iam ajudar. Dois meses depois, ela não estava cumprindo as funções direito, porque quando uma pessoa faz quimio, não consegue puxar cestos enormes de lixo de um lado Para o Outro. mandaram ela embora. — Ele balança a cabeça. — Engraçado né? O hospital mandou ela embora porque ela estava doente.

        Ficamos em silêncio no Impala, exceto por Tupac perguntando em quem você acredita? Eu não sei essa resposta.

          Meu celular vibra de novo, provavelmente Chris pedindo perdão ou Kenya pedindo ajuda com Denasia. Mas é uma mensagem do meu irmão, toda em letras maiúsculas, que aparece na tela. Não sei p que ele faz isso. Deve achar que me intimida. Mas me irrita demais.

 

          ONDE VC TÁ?

          É MELHOR VC E KENYA NÃO ESTAREM NAQUELA FESTA.

          EU SOUBE QUE LEVARAM UM TIRO.

          A única coisa pior do que pais superprotetores são irmãos mais velhos superprotetores. Nem o Jesus Negro pode me salvar de Seven.

          Khalil olha para mim.

          Seven, é?

            - Como você sabe?

            - Porque você sempre faz cara de quem quer dar um soco em alguma coisa quando ele fala com você. Lembra aquela vez na sua festa de aniversário em que ele ficava dizendo o que você devia pedir ao apagar a vela?

           E eu dei um soco na boca dele.

            - E Natasha ficou com raiva de você por ter mandado o namorado dela calar boca - diz Khalil, rindo.

           Eu reviro os olhos.

            Ela me irritou com aquela paixão por Seven. Na metade das vezes, eu achava que ela só ia lá para vê-lo.

          Que nada, era porque você tinha aqueles filmes do Harry potter. Como é que a gente se chamava? O Trio de Ouro. Mais unidos do que...

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          As fendas do nariz do Voldemort.

           A gente era tão bobo. Não é?

          - diz ele Nós rimos, mas está faltando alguma coisa. Está faltando alguém. Natasha.

          Khalil olha para a rua.

          É uma coisa doida que faz seis anos, sabe?

          Um som de whoop-whoop nos assusta, e luzes azuis piscam no  retrovisor.

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 ALUNO: ____________________________________________Turma:______Data;____

LIVRO: O ÓDIO QUE VOCÊ SEMEIA

 

1. Nae-nae é um: p.9

a) cantor               b) passo de dança hip-hop     c) grito de guerra          d) refrão

 

2. Qual o nome do pai de Starr? p.10

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3. Qual o nome da escola em que Starr estuda? P. 10

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4. Qual o nome do pai de Kenya? P.11

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5. Kenya está querendo brigar com quem?

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6. Qual o nome a protagonista (personagem principal?).p.13

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7. Qual o nome do namorado de Starr? P.13

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8. Que tênis os brancos usam para ser descolado? P.16

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9. Qual o significado da expressão “ocupado” em Garden Heights? P.16.

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10. Que doença a vó de Khalil tinha?p.17

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11. Por que Starr saiu da festa com Khalil?

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12. Qual o nome das gangues que viviam em guerra? P.20

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13. Qual a frase de Pac dita por Khalil? P.21

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14. THUG LIFE é o nome de: p.21

a) uma banda  b) uma música  c) um a gang  d) um filme

 

15. Onde a vó de Khalil trabalhava? P.22

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16. A polícia para o carro de Khalil. O que você acha que irá acontecer?

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