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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

FÁBULA - A RÃ E O ESCORPIÃO

 FÁBULA - A RÃ E O ESCORPIÃO

       Parado ao sol, o escorpião olhava ao redor da montanha onde morava. "Positivamente, tenho de me mudar daqui" - pensou.

Esperou a madrugada chegar, lançou-se por caminhos empoeirados até atingir a floresta. Escalou rochedos, cruzou bosques e, finalmente, chegou às margens do rio largo e caudaloso.

"Que imensidão de águas! A outra margem parece tão convidativa... Se eu soubesse nadar..."

Subiu longo trecho da margem, desceu novamente, olhou para trás. Aquele rio certamente não teria medida. A travessia era impossível.

"Não vai dar. Tenho de reconsiderar minha decisão" - lamentou.

Estava quase desistindo quando viu a rã sobre a relva, bem próxima à correnteza. Os olhos do escorpião brilharam:

"Ora, ora... Acho que encontrei a solução!" - pensou rápido.

-- Olá, rãzinha! Me diga uma coisa: você é capaz de atravessar este rio?

-- Ih, já fiz essa travessia muitas vezes até a outra margem. Mas por que você pergunta? -- disse a rã, desconfiada.

-- Ah, deve ser tão agradável do outro lado -- disse. Pena eu não saber nadar.

A rã já estava com os olhos arregalados:

"Será que ele vai me pedir...?"

-- Se eu pedisse um favor, você me faria? -- disse o escorpião mansamente.

-- Que favor? -- murmurou a rã.

-- Bem -- o tom da voz era mais brando ainda --, bem, você me carregaria nas costas até a outra margem?

A rã hesitou:

-- Como é que eu vou ter certeza de que você não vai me matar?

-- Ora, não tenha medo. Evidentemente, se eu matar você, também morrerei -- argumentou o escorpião.

-- Mas... e se quando estivermos saindo daqui você me matar e pular de volta para a margem?

-- Nesse caso eu não cruzaria o rio nem atingiria meu destino -- replicou o escorpião.

-- E como vou saber se você não vai me matar quando atingirmos a outra margem?  -- perguntou a rã.

-- Ora, ora... quando chegarmos ao outro lado eu estarei tão agradecido pela sua ajuda que não vou pagar essa gentileza com a morte.

Os argumentos do escorpião eram muito lógicos. A rã ponderou, ponderou, e, afinal, convenceu-se.

O escorpião acomodou-se nas costas macias da agora companheira de viagem e começou a travessia. A rã nadava suavemente e o escorpião quase chegou a cochilar. Perdeu-se em pensamentos e planos futuros, olhando a extensão enorme do rio. De repente se deu conta de que estava dependendo de alguém, de que ficaria devendo um favor para a rãzinha. Reagiu, ergueu o ferrão.

"Antes a morte que tal sorte" - pensou.

A rã sentiu uma violenta dor nas costas e, com o canto do olho, viu o escorpião recolher o ferrão.

Um torpor  cada vez mais acentuado começava a invadir-lhe o corpo.

-- Seu tolo! -- gritou a rã. -- Agora nós dois vamos morrer! Por que fez isso?

O escorpião deu uma risadinha sarcástica e sacudiu o corpo.

-- Desculpe, mas eu não pude evitar. Essa é a minha natureza.

(Esopo)

 

1) Qual o principal argumento utilizado pelo escorpião para convencer a rã a transportá-lo?

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2) Que sentimento dominou o escorpião quando ele decidiu dar na rã a ferroada fatal?

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3) Como você explica a última frase do texto?

-- Desculpe, mas eu não pude evitar. Essa é a minha natureza.”

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4) Esse texto trata principalmente de dois sentimentos humanos. Quais?

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5) Copie a fala do escorpião que certamente foi a mais difícil para ele dizer à rã, explicando seu raciocínio:

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CRÔNICA - APRENDA A CHAMAR A POLÍCIA

 

Aprenda a chamar a polícia (Luís Fernando Veríssimo)

 

        Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro. Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranquilamente.

        Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço.

        Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa.

        Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.

        Um minuto depois, liguei de novo e disse com a voz calma:

        — Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro de escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!

        Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.

        Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.

        No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:

        — Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.

        Eu respondi:

        — Pensei que tivesse dito que não havia ninguém disponível.

 

    Luís Fernando Veríssimo.

 

Entendendo a crônica:

 

01 – Que fato provocou o desenrolar dos acontecimentos descritos no texto?

      O fato foi a invasão à casa do narrador, onde um criminoso tentaria um roubo.

 

02 – Qual o cenário em que aconteceu a história?

      Na casa do narrador.

 

03 – Que tipo de narrador há?

      Narrador-personagem.

 

04 – Quais personagens fazem parte dessa narrativa?

      O narrador é o personagem principal, sendo secundário, o ladrão e o atendente da polícia.

 

05 – Qual o desfecho da crônica?

      Quando o narrador diz ter baleado o ladrão, e então surgem muitas viaturas e a imprensa. Então o invasor é preso.

 

06 – No texto, ao dizer que o ladrão agiu “sorrateiramente”, o autor quis dizer que ele agiu:

a)   Com extrema violência.

b)   Com ignorância.

c)   De maneira desastrosa.

d)   De maneira sutil e às ocultas.

e)   De maneira brusca e rápida.

 

07 – De acordo com o texto, a pessoa que teve a casa invadida:

a)   Assim que percebeu que havia alguém no quintal se desesperou e começou a gritar.

b)   Não se preocupou muito inicialmente, mas tomou uma atitude em relação à situação.

c)   Entrou em pânico e tratou de partir para cima do invasor.

d)   Percebeu, logo que viu o bandido, que ele era perigoso e por isso foi logo atirando.

e)   Ficou extremamente preocupado, visto que sua residência não oferecia segurança suficiente.

 

08 – Em “Comandante da Polícia”, as letras maiúsculas foram utilizadas por tratar-se de:

a)   Entidade folclórica.

b)   Nome próprio.

c)   Uma citação referente ao governo.

d)   Uma autoridade de alto cargo e respectiva corporação.

e)   Designação de uma região.

 

09 – Pelo desfecho do texto, podemos concluir que:

a)   A Polícia foi até o local prontamente por tratar-se de um roubo.

b)   A Polícia não seria tão rápida se não pensasse que o ladrão tinha sido morto.

c)   A Polícia atendeu a primeira ligação, deslocando para o local imediatamente, por ser rápida e eficiente.

d)   A Polícia atende mais rápido a roubos do que a homicídios.

e)   A Polícia sempre atende a qualquer tipo de ocorrência assim que solicitada.

 

10 – Todos os verbos destacados abaixo indicam ação, EXCETO:

a)   “... alguém andando sorrateiramente no quintal de casa”.

b)   “Eu já matei o ladrão”.

c)   “Um minuto depois, liguei de novo...”.

d)   “Eles prenderam o ladrão...”.

e)   “... minha casa era muito segura...”.

 

 

 

 

 

CRÔNICA - ADOLESCENCÊNCIA -

 

ENSINO MÉDIO

Crônica: Adolescência (Luís Fernando Veríssimo)

        Já o Jander tinha quatorze anos, a cara cheia de espinhas e como se não bastasse isso, inventou de estudar violino.

        — Violino?! — horrorizou-se a família.

        — É.

        — Mas Jander...

        — Olha que eu tenho um ataque.

        Sempre que era contrariado, o Jander se atirava no chão e começava a espernear.

        Compraram um violino para ele.

        O Jander dedicou-se ao violino obsessivamente. Ensaiava dia e noite. Trancava-se no quarto para ensaiar. Mas o som do violino atravessava portas e paredes. O som do violino se espalhava pela vizinhança.

        Um dia a porta do quarto do Jander se abriu e entrou uma moça com um copo de leite.

        — Quié? — disse o Jander, antipático como sempre.

        — Sua mãe disse que é para você tomar este leite. Você quase não jantou.

        — Quem é você?

        — A nova empregada.

        Seu nome era Vandirene. Na quadra de ensaios da escola era conhecida como "Vandeca Furacão".

        Ela botou o copo de leite sobre a mesa-de-cabeceira, mas não saiu do quarto. Disse:

        — Bonito, seu violino.

        E depois:

        — Me mostra como se segura?

        Depois a vizinhança suspirou aliviada. Não se ouviu mais o som do violino aquela noite.

        O pai de Jander reuniu-se com os vizinhos.

        — Parece que deu certo.

        — É.

        — Não vão esquecer o nosso trato.

        — Pode deixar.

        No fim do mês todos se cotizariam para pagar o salário da Vandirene. A mãe do Jander não ficou muito contente. Pobre do menino. Tão moço. Mas era a Vandirene ou o violino.

        — E outra coisa — argumentou o pai do Jander. — Vai curar as espinhas.

 

1 – Que tipo de instrumento ele resolveu estudar e por que causou problemas em sua casa?

      Resolveu estudar violino e o Jander ensurdecia a casa e a vizinhança com os agudos desafinados do instrumento.

02 – Qual é o fato a partir do qual o autor desenvolve a sua crônica?

      A compra do violino para Jander.

03 – A crônica trata PRINCIPALMENTE:

a)   Das dificuldades de se aprender violino.

b)   Das dificuldades de se conseguir boas empregadas.

c)   Das dificuldades de se lidar com um adolescente.

d)   Da possibilidade de os vizinhos ajudarem a pagar uma empregada doméstica para um amigo.

04 – No texto, pode-se perceber:

a)   Uso de chantagem emocional por parte de Jander, em relação à família.

b)   Inexistência de referência sexual.

c)   A temática do amor puro e casto sendo trabalhada.

d)   O fato de tratarem Jander como uma pessoa especial porque sabia tocar violino.

 

05 – Que apelido tinha a nova empregada na quadra de ensaios da escola de samba?

      Vandeca Furacão.

06 – Quem são os personagens do fato narrado?

      Jander, o pai, a mãe, a vizinhança e a Vandirene.

07 – Que assunto é abordado nessa crônica?

      Os conflitos dos jovens com os pais na adolescência.

08 – Existe relação entre a situação vivida pelos personagens da crônica e a de nosso dia-a-dia? Justifique.

      Sim, pois conviver com filhos na fase adolescência é necessário ter diálogo como base para se relacionar bem.

09 – Essa crônica pode ser considerada como uma crônica humorística? Por quê?

      Sim, porque uma das marcas é ter um enfoque humorístico acerca das cenas e acontecimentos cotidianos, e isto ocorreu nesta crônica.

 

CRONICA - A TURMA

 

CRÔNICA: A TURMA - DOMINGOS PELEGRINI

 

          Eu também já tive turma, ou melhor, fiz parte de turma e sei como é importante em certa idade essa entidade, a turma.

           A gente é um ser racional, menos quando em turma. Existe, por exemplo, alguma razão para um grupo de pessoas sentar todo dia numa escadaria ou meio-fio e passar horas conversando? Você pode falar a um filho, por exemplo, que refrigerantes engordam e chocolates dão mais espinhas em quem já está na idade das espinhas. Ele nem ouvirá. Mas, se um dia a turma resolver, ele passará a tomar só água com limão e pegará nojo de chocolate. Você pode falar que cabelo tão comprido é incômodo, calorento, atrapalha, mas que nada, ele te pedirá dinheiro para comprar mais xampu. Agora, se a turma resolver cortar careca, ele aparecerá de repente careca no café da manhã e nem quererá falar no assunto – qual o problema em cortar careca? Você pode dizer que bossa nova é bom, e mostrar jornais e revistas, provar que só “Garota de Ipanema” já recebeu centenas de gravações em todo o mundo, mas ele aumentará o volume do rock pauleira ou da tecno-bost. Até o dia em que alguém da turma aparece com um CD de bossa nova e ele troca Axel Rose por Tom Jobim de um dia para o outro.

            A turma tem modas, como quando resolvem todos arregaçar as barras das calças, que usavam arrastando pelo chão.

           A turma tem traumas, como quando o namoradinho de uma se apaixona pela namoradinha de outro e ...

           A turma tem linguagem própria, uma variante local de um ramal regional da vertente adolescente da língua. A turma adora sentar na calçada e na praça e falar sobre o que viram em casa na televisão. A turma tem duplas de amigos e amigas mais chegados, e trios, e quartetos, que num grande minueto anarquista se misturam nas festas de aniversário.

           Ninguém da turma dança até que alguém da turma começa a dançar, aí dançam todos trocando de par até acabarem dançando todos juntos como turma que são.

          Um da turma se tatua, todos da turma querem se tatuar.

           Um bota uma argola no nariz, os outros, para variar, botam no lábio, na sobrancelha e na orelha e...

           A turma é isso aí, cara, uma reunião diária de espinhas e inquietações, habilidades e temperamentos, o baralho das personalidades se misturando, o jogo das informações e dos sentimentos rolando nas conversas sem fim, nas andanças sem cansaço, nas músicas compartilhadas, no refri com três canudos e uma empadinha pra quatro.

           Na turma pouco dá pra todos, todo mundo divide, cada um contribui, a turma se une partilhando e repartindo.

          A turma ri como só na turma se ri. A turma julga quando erramos. A turma castiga com silêncios e ironias.

        A turma te chama, te reprime, te liberta, te revela, te rebela, te maltrata, te orgulha, te ama e te envolve, te afasta e te atrai, mas a turma é assim porque a turma é a turma.

        Até o dia em que – disse a todos meus filhos – cansamos de ter turma e passamos a ser gente. E todos me disseram que sou um chato, mas o primogênito hoje já concorda: o tempo da turma passa.

          Mas, aqui entre nós, como dá saudade!



 PELEGRINI, Domingos. Ladrão que rouba ladrão e outras crônicas. São Paulo: Ática, 2004.

 

 Glossário

 “Garota de Ipanema”: canção de Tom Jobim e Vinícius de Morais, uma das expressões máximas do movimento musical chamado Bossa Nova.

 Meio-fio: arremate das calçadas; guia.



 

 1. O texto tem como tema a turma. Que aspecto relacionado ao tema é abordado nele de modo especial?

 A) A influência da família e da sociedade sobre o comportamento do adolescente.

 B) A influência do grupo de adolescentes sobre cada um de seus integrantes.

 C) A influência dos pais dos adolescentes sobre a turma.

 D) O sentimento de revolta do adolescente em relação às pressões do grupo social.



2. No trecho “Na turma pouco dá pra todos, todo mundo divide, cada um contribui”, que valores são destacados no comportamento da turma?

 A) a inveja, a ganância.

 B) as partilha, a indiferença.

 C) a solidariedade, a partilha.

 D) a felicidade, a alegria.

 

 

3. No 2º parágrafo, o narrador afirma que, quando em turma, o adolescente perde a racionalidade. Para comprovar seu ponto de vista, ele apresenta argumentos embasados no comportamento dos adolescentes. Qual argumento NÃO foi utilizado pelo autor?

 A) Ficar horas conversando sentados num meio fio.

 B) Trocar o hábito de comer chocolate por tomar só água com limão.

 C) Trocar o uso de cabelo comprido pelo corte careca.

 D) Não assistir a programas de televisão.



 4. A experiência do narrador com sua turma foi agradável. Retire do texto dois fragmentos que mostram esse sentimento

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5. “A turma tem linguagem própria, ” Retire do parágrafo 9 dois exemplos de palavras que retratam a linguagem jovem INFORMAL utilizada pelo narrador.

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6. Ao comentar certos hábitos, como dançar usar tatuagens ou piercings, o narrador aborda a relação do indivíduo com o grupo a que ele pertence. De acordo com esses exemplos:
a) O adolescente que faz parte da turma tem uma opinião ou um gosto próprio? Por quê?
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7. O narrador é uma pessoa já adulta ou jovem? Justifique.

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8. O texto A TURMA  foi publicado em 2004. E narra alguns comportamentos de turma do narrador. Atualmente quais seriam os comportamentos de turma que você conhece?

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CONTO - ESPELHO NO COFRE

 

Espelho no cofre

 

          De volta de uma longa peregrinação, um homem carregava sua compra mais preciosa adquirida na cidade grande: um espelho, objeto até então desconhecido para ele. Julgando reconhecer ali o rosto do pai, encantado, ele levou o espelho para sua casa. Guardou-o num cofre no primeiro andar, sem dizer nada a sua mulher. 

          E assim, de vez em quando, quando se sentia triste e solitário, abria o cofre para ficar contemplando “o rosto do pai”. Sua mulher observou que ele tinha um aspecto diferente, um ar engraçado, toda vez que o via descer do quarto de cima.

           Começou a espreitá-lo e descobriu que o marido abria o cofre e ficava longo tempo olhando para dentro dele. Depois que o marido saiu, um dia ela abriu o cofre, e nele, espantada, viu o rosto de uma mulher. Inflamada de ciúme, investiu contra o marido e deu-se então uma grave briga de família. O marido sustentava até o fim que era o seu pai quem estava escondido no cofre. Por sorte, passava pela casa deles uma monja

          Querendo esclarecer de vez a discussão, ela pediu que lhe mostrassem o cofre. Depois de alguns minutos no primeiro andar, a monja comentou ainda lá de cima: — Ora, vocês estão brigando em vão: no cofre não há homem nem mulher, mas tão somente uma monja como eu!

 

ESPELHO no cofre. In: Os cem melhores contos de humor da literatura universal. Seleção e tradução de Flávio Moreira da Costa. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. p. 29-30.

 

O texto O espelho no cofre é um conto. Nele, a ação pode situar-se em qualquer época, mesmo no futuro. No entanto, o espaço onde se passa a história costuma ser limitado. Pode existir mais de um cenário, mas a ação principal geralmente transcorre num lugar só.

 

No conto, é o conflito que organiza a ação. É em torno dele, geralmente estabelecido nos primeiros parágrafos, que a ação será desenvolvida e concluída.

 

1. Identifique no conto alguns elementos do enredo. Para cada um, escreva uma frase com suas palavras.

a) O conflito

A mulher, desconfiada do marido, abre o cofre e vê sua própria imagem no espelho.

 

b) O clímax

Ocorre uma grave briga em família.

 

c) A situação final

A monja vê no espelho sua própria imagem e tenta tranqüilizar o casal.

 

2 Onde está o humor do conto?

Espera-se que o aluno perceba que o humor está no fato de nenhum dos personagens conhecer um espelho.

 

3 Em que espaço a história acontece? Como você poderia caracterizá-lo?

Espera-se que o aluno responda que a história acontece numa casa de dois andares.

 

04. A história ocorre:

a) num espaço aberto

b) num espaço fechado

c) dentro do cofre

d) no texto não há elementos para responder a pergunta

 

05. Em que consiste o humor do conto?

a) No homem reconhecer, no espelho, o rosto do pai.

b) Na mulher ver, no espelho, o rosto de uma mulher.

c) Na monja reconhecer, no espelho, outra monja, como ela.

d) No fato de que nenhuma das personagens conhece ou sabe para que serve um espelho.

 

06. Indique o clímax do texto.

a) O marido sustenta que era seu pai quem estava no cofre.

b) A mulher abre o cofre e vê sua própria imagem refletida no espelho.

c) A monja vê sua imagem no espelho.

d) Ocorre uma briga entre marido e mulher.

 

07. O importante, no conto, é:

a) A briga entre marido e mulher, ou seja, o conflito.

b) A intervenção da monja, isto é, o desfecho.

c) A mulher ter visto sua imagem no espelho.

d) O homem ter dito à mulher que era seu pai quem estava no cofre.

 

08. No texto, a personagem principal:                                                                                                 

a) É o marido.                                                                                                                                        

b) É a monja.                                                                                                                                   

c) É a mulher.                                                                                                                                  

d) São homem, mulher e monja.

 

09. A palavra espreitar, no texto, tem como sinônimo:

a) Indagar.

b) Espremer.

c) Vigiar.

d) Olhar.

 

10. Em “Encantado, julgou reconhecer o rosto do pai”, percebe-se que:

a) O homem gostou de ter encontrado seu pai.

b) O homem havia comprado um espelho.

c) O homem parecia-se com o pai.

d) No espelho havia o retrato de seu pai.