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quarta-feira, 3 de julho de 2024

RETRATAR A PAZ - ATIVIDADES - GABARITO

 RETRATAR A PAZ - ATIVIDADES - GABARITO

          Um rei queria adquirir para o seu palácio um quadro que representasse a paz. Para isso, convocou artistas de diversas partes do mundo e lançou um concurso por meio do qual seria escolhido o tal quadro e premiado o seu autor.    

          Logo começaram a chegar ao palácio quadros de todo tipo. Uns retratavam a paz através de lindas paisagens com jardins, praias e florestas; outros a representavam através de arco-íris, alvoradas e crepúsculos.

          O rei analisou todos os quadros e parou diante de um que retratava uma forte tempestade com nuvens pesadas, redemoinhos de ventos e uma árvore arqueada abrigando, dentro de seu tronco, um pássaro que dormia tranquilamente.

          Diante de todos os participantes do concurso, o rei declarou aquele quadro da tempestade o vencedor do concurso. Todos ficaram surpresos, e alguém protestou dizendo:

          - Mas... Majestade! Esse quadro parece ser o único que não retrata a paz!

          Nesse momento o rei respondeu com toda a convicção:

          - O pássaro dorme tranquilamente dentro do tronco apesar da tempestade lá fora. Esta é a maior paz que se pode ter: a paz interior.

          Paz não é a ausência de agitação no ambiente em que vivemos, mas o estado de tranquilidade interior que cultivamos diante das tempestades da vida.

Maria Salete A. Silva, Wilma Ruggeri, Jota Lima. Para que minha família se transforme.

Título original: Mantenha sempre a calma. p.75 Campinas, SP: Verus Editora. 4ªed.

2003.

ATIVIDADE 1

 

1- Segundo o texto “paz não é ausência de agitação no ambiente em que vivemos”, você concorda com isso?

 

2- A tranquilidade diante dos problemas ajuda as pessoas a viverem melhor?

 

3- Você vive ou já viveu alguma situação que tirou a sua paz? Como você age ou agiu?

 

4- Conhece algum fato real em que alguém agiu com tranquilidade apesar dos problemas que enfrentava?

 

5- Que sentimento nos desperta uma tempestade? É possível ficarmos tranquilos com ventos, trovões e relâmpagos? Explique.

 

6- Você já viu ou ouviu falar de algum símbolo da paz? Qual ou quais?

 

7- Você sabe por que a pomba é conhecida universalmente como símbolo da paz? Explique em poucas palavras.

 

8- Alguma vez utilizou um gesto ou símbolo de paz em alguma situação? Você pode contar como foi?

 

9- Existem diversas músicas que tratam do tema paz. Você conhece alguma? Cite o nome ou um pequeno trecho.

 

10-E você, como vê a paz? Faça um desenho retratando a paz, segundo seu modo de vê-la.

 

11- Cite três exemplos de momentos tempestuosos da vida que podemos encontrar em nosso cotidiano:

 

12-Segundo sua opinião, quais desses ambientes são possíveis o não encontro da Paz:

 

Na escola, na família, na sociedade em que vivemos, no mundo? Explique como chegou a essa conclusão.

ATIVIDADE 2

 

01 – Do que fala o texto?

      O texto fala de como ter paz na vida.

 

02 – Para que o rei promoveu o concurso?

      Para adquirir um quadro que representasse a paz.

 

03 – Quais os tipos de quadros que mais apareceram no concurso?

·        Retratavam a paz através de lindas paisagens com jardins, praias e florestas.

 

·        Representavam através de arco-íris, alvoras e crepúsculos.

 

·        Representava uma forte tempestade com nuvens pesadas, redemoinhos de ventos.

 

04 – Como era o quadro escolhido pelo rei?

      Retratava uma forte tempestade com nuvens pesadas, redemoinhos de ventos e uma árvore arqueada abrigando, dentro de seu tronco, um pássaro que dormia tranquilamente.

 

05 – Por que alguns protestaram com a escolha do rei?

 

      Porque no quadro não tinha pinturas de cores e alegrias.

 

06 – Como os autores definem paz ao final do texto?

      Paz não é a ausência de agitação no ambiente em que vivemos, mas o estado de tranquilidade interior que cultivamos diante das tempestades da vida.

 

07 – O texto confirmou as nossas hipóteses sobre o retrato da paz? Comente.

      Sim. Pela paz e tranquilidade que aquele pássaro dormia, sem se preocupar com a tempestade.

 

 

08 – É possível, entender a paz desta maneira apresentada pela parábola? Explique.

      Sim. Porque mostra que a paz está dentro de cada um de nós.

 

09 – Como você define a paz? Depois da leitura do texto, mantém a mesma definição de antes dele?

      Resposta pessoal do aluno.

 

10 – Você já participou de algum concurso? Em que ele se pareceu com o do texto?

      Resposta pessoal do aluno.

 

11 – Você já visitou um palácio ou já viu um pela televisão? Como era?

      Resposta pessoal do aluno.

 

12 – Que situações da vida você considera tempestuosas?

      Resposta pessoal do aluno.

 

13 – A tranquilidade diante dos problemas ajuda as pessoas a viverem melhor? Justifique.

      Sim. Somente com tranquilidade é que conseguiremos resolver os problemas e vivermos melhor.

 

 

14 – Você vive ou já viveu alguma situação que tirou a sua paz? Como você age ou agiu?

      Resposta pessoal do aluno.

 

15 – Marque X nas afirmativas corretas sobre o texto.

(X) O rei queria um quadro que representasse a paz para colocar em seu palácio.

(X) A maioria das pessoas tentou representar a paz com paisagens, arco-íris, alvoradas e crepúsculos.

(X) O dono do quadro escolhido receberia um prêmio por isso.

(  ) Todas as pessoas concordaram com a escolha que o rei fez sem questionar, pois ele escolheu bem.

 

(X) O rei convocou para o concurso do quadro, artistas de todas as partes do mundo.

(X) O quadro escolhido retratava uma tempestade.

(X) O rei valorizou na escolha do quadro a paz interior que se podia perceber no pássaro que dormia.

 

16 – Segundo o texto, o que é paz?

      É a tranquilidade interior das pessoas. Esta é a maior paz que se pode ter.     

 

ATIVIDADE 3

 

 

Localizar informações explícitas no texto

 

1 - Do que fala o texto?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

2 - Para que o rei promoveu o concurso?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

3 - Quais os tipos de quadros que mais apareceram no concurso?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

4 - Como era o quadro escolhido pelo rei?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

5 - Por que alguns protestaram com a escolha do rei?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

6 - Como os autores definem paz ao final do texto?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 Levantar e checar hipóteses

 

1 - O texto confirmou as nossas hipóteses sobre o retrato da paz? Comente.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

2 - A paz descrita no texto é como nós pensávamos? O que é diferente?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

3 - É possível, entender a paz desta maneira apresentada pela parábola? Explique.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

4 - Como você define a paz? Depois da leitura do texto, mantém a mesma definição de antes dele?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

Inferir e extrapolar o texto

 

1 - Você já participou de algum concurso? Em que ele se pareceu com o do texto?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

2 - Você já visitou um palácio ou já viu um pela televisão? Como era?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

3 - E um rei ou rainha, você conhece algum da televisão, revista ou jornais? Quem? São da ficção ou da realidade?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

4 - Que situações da vida você considera tempestuosas?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

5 - No texto há palavras que você desconhece o significado? Quais?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

6 – Use o dicionário e escreva o significado das palavras que indicou como desconhecidas.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

Extrapolar e apreciar criticamente o texto

 

1 - Segundo o texto “paz não é ausência de agitação no ambiente em que vivemos”, você concorda com isso?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

2 - A tranquilidade diante dos problemas ajuda as pessoas a viverem melhor?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

3 - Você vive ou já viveu alguma situação que tirou a sua paz? Como você age ou agiu?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________

 

4 - Você conhece algum fato real em que alguém agiu com tranquilidade apesar dos problemas que enfrentava?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

5 - Que sentimento nos desperta uma tempestade? É possível ficarmos tranquilos com ventos, trovões e relâmpagos? Explique.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

6 - Marque X nas afirmativas corretas sobre o texto.

 

(   ) O rei queria um quadro que representasse a paz para colocar em seu palácio.

(    ) A maioria das pessoas tentou representar a paz com paisagens, arco-íris, alvoradas e crepúsculos.

(    ) O dono do quadro escolhido receberia um prêmio por isso.

(  ) Todas as pessoas concordaram com a escolha que o rei fez sem questionar, pois ele escolheu bem.

(    ) O rei convocou para o concurso do quadro, artistas de todas as partes do mundo.

(    ) O quadro escolhido retratava uma tempestade.

(    ) O rei valorizou na escolha do quadro a paz interior que se podia perceber no pássaro que dormia.

 

7 - Responda: Segundo o texto, o que é paz?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

8 - Cite três exemplos de momentos tempestuosos da vida que podemos encontrar em nosso cotidiano:

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

9 - Marque X na opção em que, segundo sua opinião, são ambientes onde falta paz.

 

( ) na escola

( ) na família

( ) na sociedade em que vivemos

( ) no mundo

 

Como você chegou a esta conclusão?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

Com quais atitudes é possível melhorar estes ambientes?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

ATIVIDADE 4

 

Análise textual

 

1 - A parábola apresenta uma breve descrição do quadro escolhido pelo rei.

Copie no espaço abaixo a descrição do quadro escolhido pelo rei.

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

 

 Identificação de referências a outros textos

 

1 - Você já viu ou ouviu falar de algum símbolo da paz? Qual?

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

O aluno poderá mencionar como símbolo da paz: o aperto de mãos, pomba branca, bandeira branca, arco-íris, anjos, cachimbo sagrado dos índios, cruz, o tsuru, aros olímpicos, velas brancas, duas mãos abertas entrelaçadas...

 

2 - Você sabe por que a pomba é conhecida universalmente como símbolo da paz?

____________________________________________________________________________________________________________

Lembra-se: Os pombos são considerados símbolos de paz e harmonia. Segundo o Antigo Testamento bíblico, depois do dilúvio, Noé soltou uma pomba que voltou com um ramo de oliveira no bico, isso mostrava que a água estava baixando e que tinham sido feitas as pazes entre Deus e os homens.

 

3 - Você alguma vez utilizou um gesto ou símbolo de paz em alguma situação? Você pode contar como foi?

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

4 - Existem diversas músicas que tratam do tema paz. Você conhece alguma?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

O PÃO DO DIABO - CONTO - ATIVIDADES - CARLOS DRUMMOND

 

O PÃO DO DIABO

https://bronzeletras.blogspot.com/2015/07/o-pao-do-diabo.html

 

          Espalhou-se no bairro a notícia de que Ludovico, ao partir o pão quando jantava, teria exclamado:

          — Este é realmente o pão que o Diabo amassou.

          O padeiro Romualdo sentiu-se ofendido em sua honra profissional e foi pedir satisfação. Ludovico não só confirmou o que dissera como aduziu:

          — É também o Diabo que fabrica a sua farinha, Romualdo. Fique alerta e

verá.

          O padeiro não dormiu aquela noite. De madrugada, pé ante pé, entrou na

padaria e surpreendeu um estranho ser que retirava os pães do forno, fazendo-os desaparecer e substituindo-os por outros que eram amassados na hora, feitos de uma farinha especial, com vago cheiro de enxofre.

          Petrificado de espanto, Romualdo nada pôde fazer. Mesmo porque logo em seguida caiu duro no chão, onde foi encontrado ao amanhecer, e pouco a pouco recuperou a consciência.

          Seu primeiro gesto foi pedir um pão e cheirá-lo. Cheirava natural, mas o

padeiro não ousou prová-lo. Fechou o estabelecimento e sumiu no mundo.

          Ludovico arrematou as instalações e passou a ser o padeiro do bairro, sem problemas.

Carlos Drummond de Andrade, in Contos plausíveis

 

INTERPRETAÇÃO

 

1. O que Ludovico teria dito no momento em que partiu o pão durante o jantar?

_________________________________________________________________________________

 

2. O padeiro não gostou de saber o que Ludovico havia dito.

a) Como se chamava o padeiro?

_________________________________________________________________________________

 

b) Que atitude ele tomou?

_________________________________________________________________________________

 

3. Responda.

a) Ludovico, diante da reação do padeiro, confirmou ou negou o que já havia dito?

_________________________________________________________________________________

 b) O que mais ele disse ao padeiro a respeito da farinha?

_________________________________________________________________________________

c) Que conselho deu ao padeiro?

____________________________________________________________________________________________

 

4. Naquela noite, o pedreiro não dormiu. a) Aonde o padeiro foi de madrugada?

 _________________________________________________________________________________

b) O que havia de estranho lá?

____________________________________________________________________________________________

 

5. Ao ver a cena, o pedreiro desmaiou. Na manhã seguinte, ele pegou um pão e cheirou-o.

a) Que cheiro tinha o pão?

____________________________________________________________________________________________

 

b) Por que, então, o padeiro não teria tido coragem de comê-lo?

____________________________________________________________________________________________

 

6) Depois disso, o que o padeiro fez? E Ludovico?

____________________________________________________________________________________________

 

7) Pelo desfecho - a maneira como o texto termina - é possível tirar duas conclusões:

a) Quem era, nessa história, o “Diabo”?

 ____________________________________________________________________________________________

b) Com que objetivo ele teria dito o que disse no início do texto?

____________________________________________________________________________________________

 

8) A frase -“comer o pão que o diabo amassou”- é comumente empregada na linguagem popular.

Explique o que ela quer dizer.

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9) Utilize de forma coerente a frase: “comer o pão que o diabo amassou”

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domingo, 30 de junho de 2024

O ÓDIO QUE VOCÊ SEMEIA - ATIVIDADES P. 9 A 23

 O ÓDIO QUE VOCÊ SEMEIA - ATIVIDADES P. 9 A 23 - FILME ATÉ OS 25 MINUTOS


UM

          Eu não devia ter vindo pra cá. Nem sei se essa festa é meu lugar.

          Nem falando burguesa nem nada. É que tem alguns lugares onde não basta ser eu. Nenhuma versão minha. A festa de recesso de primavera de Big D é um desses lugares.

          Eu me espremo em meio a corpos suados e sigo Kenya, os cachos balançando abaixo dos ombros. Tem uma névoa com cheiro de maconha no ar e a música faz o chão tremer. Um rapper grita para todo mundo cantar e dançar o Nae-Nae, seguido de um monte de "Heys" conforme as pessoas dão suas próprias versões. Kenya levanta o copo e dança enquanto anda em meio à multidão. Entre uma dor de cabeça por causa da música alta e a náusea pelo cheiro da maconha, vou ficar impressionada se atravessar a sala sem derramar minha bebida.

          Nós abrimos caminho no mar de gente. A casa de Big D está lotada. Eu sempre ouvi falar que Deus e o mundo vão a essas festas de recesso de primavera (bom, todo o mundo menos eu), mas, caramba, eu não sabia que haveria tanta gente. As garotas têm cabelo pintado, cacheado, alisado e armado. Fiquei me sentindo básica demais de rabo de cavalo. Os caras de tênis novos e calças largas rebolam tão Perto das garotas que praticamente precisam de camisinha. Minha avó gosta de dizer que com a primavera vem o amor. A primavera em Garden Heights nem sempre traz o amor, mas promete bebês no inverno.

P.9

 

         Eu não ficaria surpresa se muitos deles fossem concebidos na noite da festa de Big D. Ele sempre faz na sexta-feira da serrana de recesso de primavera porque a gente precisa do sábado para se recuperar e do domingo para se arrepender.

          _ Para de me seguir e vai dançar, Starr - diz Kenya. - As pessoas já vivem dizendo que você se acha.

          _ Eu não sabia que tinha tantos leitores de pensamentos morando em Garden Heights. - Nem que as pessoas me conhecem corno qualquer coisa além de "a filha de Big Mav que trabalha no mercado".

          _ Tomo um gole de bebida e cuspo de volta no copo. Eu sabia que haveria mais do que só suco na bebida, mas está bem mais forte do que estou acostumada. Não deviam nem chamar de ponche. Só de álcool mesmo. Coloco o copo na mesinha de centro e digo:

          _ Essas pessoas me matam achando que sabem o que eu penso.

          _ Ei, eu só estou falando. Você age como se não conhecesse ninguém porque estuda naquela escola.

          Estou ouvindo isso há seis anos, desde que meus pais me colocaram na Williamson Prep.

          _ Não tô nem aí - murmuro.

          - E não faria mal nenhum você não se vestir... Ela levanta o nariz enquanto olha dos meus tênis até meu casaco enorme de moletom. - Assim. Esse moletom não é do meu irmão?

          Do nosso irmão. Kenya e eu temos um irmão mais velho em comum, Seven. Mas ela e eu não somos parentes. A mãe dela é mãe de Seven, e meu pai é pai de Seven. Maluquice, eu sei.

          _ É dele, sim.  

           - Imaginei. Você sabe o que mais as pessoas estão dizendo. Tem gente achando que você é minha namorada.

          - E por acaso eu pareço estar ligando para o que as pessoas pensam?

          - Não! E esse é o problema!

          - Não tô nem aí.

          Se eu soubesse que vir com ela para essa festa significaria ela querer inventar um *Extreme Makeover: Edição Starr, teria ficado em

(*transformação total)

 

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casa vendo as reprises de Um maluco no pedaço. Meus tênis Jordan são confortáveis e, poxa, estão novinhos. Isso é mais do que algumas pessoas podem dizer. O moletom é grande demais, mas eu gosto assim. Além do mais, se eu deixar a gola em cima do nariz, não sinto o cheiro de maconha.

          Bom, não vou ficar de babá para você a noite toda, então é melhor ir fazer alguma coisa — diz Kenya, e observa a sala. Kenya poderia ser modelo, de verdade. Ela tem pele marrom-escura perfeita (acho que nunca tem espinhas), olhos castanhos amendoados e cílios compridos que nem são artificiais. Tem a altura perfeita de modelo, mas é um pouco mais cheia de curvas do que aqueles palitos nas passarelas. Ela nunca usa a mesma roupa duas vezes. O pai dela, King, cuida disso.

          Kenya é a única pessoa com quem eu ando em Garden Heights; é difícil fazer amizade quando você estuda em uma escola que fica a 45 minutos de distância, tem pais que não deixam você fazer nada e só é vista no mercado que pertence à família. É fácil andar com Kenya por causa da nossa ligação com Seven. Mas ela é muito complicada às vezes. Sempre arruma briga e vai logo dizendo que o pai vai dar uma surra em alguém. É verdade, mas eu queria que ela parasse de arrumar encrenca para poder usar seu trunfo. Eu também poderia usar o meu. Todo mundo sabe que ninguém se mete com meu pai, Big Mav, nem com os filhos dele. Mesmo assim, eu não saio por aí arrumando treta.

          Tipo, na festa de Big D, Kenya está olhando de cara muito feia para Denasia Allen. Não me lembro de muita coisa sobre Denasia, mas lembro que ela e Kenya não se gostam desde o quarto ano. Esta noite, Denasia está dançando com um cara no meio da sala sem prestar atenção nenhuma em Kenya. Mas, onde quer que a gente vá, Kenya encontra Denasia e faz cara feia e o problema da cara feia é que chega uma hora que a pessoa sente que aquilo é um convite para dar ou levar uma surra.

          - Ah! Eu não suporto essa garota - diz Kenya, furiosa, outro dia a gente estava na fila do refeitório, sabe? E ela atrás de mim,

 

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falando um monte de merda. Não falou meu nome, mas sei que estava falando de mim, dizendo que tentei ficar com DeVante. Sério?

           - Eu digo o que devo dizer.

            - Aliam. Eu não quero nada com ele.

            - Eu sei. - Sinceramente? Nem sei quem é DeVante. - E o que você fez?

             — o que você acha que eu fiz? Eu me virei e perguntei se ela tinha algum problema comigo. A vaca foi logo dizendo "Eu nem estava falando de você", mas eu sabia que estava! Você tem tanta sorte de estudar naquela escola de brancos e não ter que aguentar essas filhas da puta.

          Não é muito louco? Menos de cinco minutos atrás eu era metida porque estudava na Williamson. Agora eu tenho sorte?

           - Pode acreditar, minha escola também tem filhos da puta. A filhadaputice é universal.

            - Fica de olho, a gente vai dar um jeito nela hoje. - Acara  feia de Kenya chega ao nível máximo. Denasia sente a intensidade e olha diretamente para Kenya. Aham confirma Kenya, como se Denasia estivesse ouvindo. — Fica de olho.

          Espera aí. A gente? Foi por isso que você implorou pra eu vir a essa festa? Pra ter uma parceira de treta?

          Ela tem coragem de parecer ofendida.

           - Você não tinha nada pra fazer! Nem ninguém com quem sair. Estou te fazendo um favor. - É sério, Kenya? Você sabe que eu tenho amigos, né?

           Ela revira os olhos. Com força. Só a parte branca fica visível por alguns segundos.

            - Aquelas burguesinhas da sua escola não contam.

          - Elas não são burguesinhas e contam sim. — Eu acho. Maya e eu nos damos bem. Não sei bem o que anda rolando entre mim e Hailey nos últimos tempos. — Sinceramente? Se me meter em uma  briga é seu jeito de ajudar minha vida social, pode me deixar sozinha. Que droga, sempre rola um drama com você perto.

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          Por favor, Starr. — Ela alonga bem o por favor. Demais, até. o que estou pensando é o seguinte. A gente espera ela se afastar do DeVante, certo? Depois...

          Meu celular vibra na coxa, e olho para a tela. Como ignorei as ligações, Chris me manda mensagem.

 

          Podemos conversar?

          Eu não queria que fosse daquele jeito.

 

          Claro que não queria. Ele queria que tivesse sido completamente diferente ontem e esse é o problema. Coloco o celular no bolso. Não sei bem o que quero dizer, então prefiro resolver as coisas com ele depois.

          Kenya! — grita alguém.

          Uma garota grande de pele clara, com cabelo liso esticado, anda entre as pessoas e vem na nossa direção. Um cara alto com moicano afro preto e louro vem atrás. Os dois abraçam Kenya e dizem o quanto ela está linda. Eu nem estou ali.

          - Por que você não disse que vinha? — pergunta a garota, e co-loca o polegar na boca. Ela tem os dentes para a frente de tanto fazer isso. - Podia ter vindo com a gente.

          - Que nada, garota. Eu tinha que ir buscar Starr — diz Kenya.

          - Agente veio andando juntas.

           É nessa hora que eles reparam em mim, a uns 15 centímetros de Kenya.

           O cara aperta os olhos enquanto rapidamente me avalia de cima a baixo. Franze a testa por um segundo, mas eu reparo.

           Você não é a filha de Big Mav que trabalha no mercado? Está vendo? As pessoas agem como se esse fosse o nome na minha certidão de nascimento.

          — É, sou eu.

            Ahhh! - diz a garota. — Eu sabia que você era familiar. Estudamos juntas no terceiro ano. Na turma da Sra. Bridges. Eu me sentava atrás de você.

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          Ah- sei que é nesse momento que eu devia me lembrar dela mas não me lembro. Acho que Kenya estava certa, eu não conheço ninguém de verdade. Os rostos são familiares, mas não se presta atenção em nomes e histórias de vida quando se está botando as compras de alguém numa sacola.

        Mas posso mentir.

          É, eu me lembro de você.

          Garota, para de mentir — diz o cara. Você sabe que não conhece ela.

          — "Porque você está sempre mentindo?" Kenya e a garota cantam juntas. O cara canta com elas, e todos caem na gargalhada.

          - Bianca e Chance, sejam legais — diz Kenya. É a primeira festa da Starr. Os pais dela não deixam ela ir a lugar nenhum.

          Eu a encaro de canto de olho.

          Eu vou a festas, Kenya.

          Vocês já viram Starr em alguma festa daqui? Kenya para eles.

          — Não!

          Pronto. E, antes que você fale alguma coisa, festinhas de subúrbio de gente branca não contam.

          Chance e Bianca dão risadinhas. Droga, eu queria que esse casaco de moletom pudesse me engolir.

           Aposto que tomam ecstasy e essas merdas, não é? Pergunta Kenia para eles.  - Adolescentes brancos amam comprimidos.

          E Ouvir Taylor Swift - acrescenta Bianca, falando com polegar na boca.

          Isso é mais ou menos verdade, mas eu não vou admitir.

          - Que nada, as festinhas são bem iradas - Uma vez J.Cole cantou na festa de aniversário de um garoto.

          Caramba. É sério? - pergunta Chance. Merrrda. Porrrrra. Me convida da próxima vez. Eu danço com os brancos.

           - Então - diz Kenya em voz alta. - A gente estava falando de ir para cima da Danasia. A vaca estava ali, dançando com DeVante.

 

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          - Aquela vaca diz Bianca. —Você sabe que ela anda falando merda de você, né? Eu estava na aula do Sr. Donald na semana passada quando Aaliyah me Contou...

          Chance revira os olhos.

          - Ugh! O Sr. Donald.

          - Você só está com raiva porque ele expulsou você da sala diz Kenya.  

          - Claro!

          - Então, Aaliyah me contou... começa Bianca.

          Eu me perco de novo quando alunos e professores que não conheço são mencionados. Não posso dizer nada. Mas não importa. Sou invisível.

          Sinto-me assim com frequência aqui.

          No meio da reclamação deles sobre Denasia e os professores, Kenya diz qualquer coisa sobre pegar outra bebida, e os três saem andando sem mim.

          De repente, sou Eva no Paraíso depois que comeu a maçã; tenho a impressão de estar nua. Estou sozinha em uma festa em que não devia estar, onde quase não conheço ninguém. E a pessoa que conheço me deixou no vácuo.

          Kenya implorou que eu viesse a essa festa durante semanas. Eu sabia que não ia ficar à vontade, mas cada vez que dizia não, ela agia como se eu me achasse boa demais para uma festa do Garden. Acabei ficando cansada de ouvir essa merda e decidi provar que ela estava errada. O problema é que só um Jesus Negro convenceria meus pais a me deixarem vir. Agora, o Jesus Negro vai ter que me salvar se eles descobrirem que estou aqui.

          As pessoas olham para mim com aquela expressão de "quem é essa garota encostada na parede sozinha, toda otária?" Coloco as mãos nos bolsos. Enquanto eu bancar a descolada e ficar na minha, vou ficar bem. O irônico é que na Williamson eu não preciso "bancar a descolada"; eu sou descolada automaticamente, por ser uma dentre os poucos alunos negros lã. Em Garden Heights, eu preciso conquistar

 

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meu título de descolada, e isso é mais difícil do que comprar um par retro de Jordan no dia do lançamento.

           Mas é engraçado como funciona com os adolescentes brancos. É maneiro ser negro até ser difícil ser negro.

           Starr! - chama uma voz familiar.

            O  mar de pessoas se abre como se ele fosse um Moisés de pele  negra. Os garotos batem com o punho no dele e as garotas inclinam o pescoço para olhar para ele. Ele sorri para mim, suas covinhas: ruinam qualquer imagem que ele esteja querendo passar.

           Khalil é maneiro, não tem outro jeito de dizer. E eu tomava banho com ele. Não assim, mas antigamente, quando a gente ria porque ele tinha piupiu e eu tinha o que a avó dele chamava de pipinha, Mas juro que não tinha nada de pervertido. Ele me abraça e está com cheiro de sabonete e talco de bebê.

        - E aí, garota? Não vejo você há um século. - Ele me solta. - Você não manda mensagem nem nada. Por onde anda

          - A escola e o time de basquete me deixam bem ocupada respondo. - Mas estou sempre no mercado. É, você' ninguém mais vê.

          As covinhas desaparecem. Ele passa a mão no nariz, como sempre faz antes de mentir.

          Eu ando ocupado.

          Obviamente. Os tênis Jordan novinhos, a camiseta branquinha, os diamantes nas orelhas. Quando você cresce em Garden Heights, sabe o que "ocupado" quer dizer de verdade.

          Porra. Eu não queria que ele estivesse ocupado assim. Não sei se tenho vontade de chorar ou de bater nele.

          Mas é difícil ficar chateada com Khalil me olhando daquele jeito  com aqueles olhos cor de mel. Parece que tenho 10 anos de novo e Porão da Igreja Templo de Cristo dando meu primeiro beijo nele nas aulas de estudos bíblicos durante as férias de repente, lembro que estou de moletom durante as férias. Posso não com aparência desleixada... que tenho namorado. Posso não estar  atendendo as ligações nem respondendo

 

16

 

 

          as mensagens de Chris agora, mas ele ainda é meu e quero que continue sendo.

          Como está sua avó? - pergunto. - E Cameron?

          Tudo indo. Mas vovô está doente. - Khalil toma um gole de bebida. - Os médicos disseram que está com câncer, sei lá.

          Puxa. Sinto muito, K.

          - É, ela está fazendo quimio. Mas só estava preocupada em conseguir uma peruca. - Ele dá uma leve gargalhada que não chega a revelar suas covinhas. - Ela vai ficar bem.

          É mais uma oração do que uma profecia.

          - Sua mãe está ajudando com Cameron?

          - Essa é a Starr que eu conheço. Sempre procurando o melhor nas pessoas. Você sabe que ela não está ajudando.

          - Ei, foi só uma pergunta. Ela passou no mercado outro dia. Está com a aparência melhor.

          - Por enquanto  - diz Khalil. - Ela diz que está tentando ficar limpa, mas é o de sempre. Fica limpa algumas semanas, decide que quer mais uma dose e volta com tudo. Mas, como falei, eu estou bem. Cameron está bem, vovó está bem. - Ele dá de ombros. - É só isso que importa.

          - É - digo, mas me lembro das noites que passei com Khalil na varanda, esperando a mãe dele voltar para casa. Quer ele goste ou não, ela é importante para ele também.

          A música muda, e Drake manda um rap pelos alto-falantes. Balanço a cabeça com a batida e canto junto baixinho. Todo mundo na pista de dança grita na parte do "started from the bottom, now we're here". Tem dias em que estamos no fundo do poço em Garden Heights, mas ainda compartilhamos o sentimento de que, caramba, podia ser pior.

           Khalil está me olhando. Um sorriso tenta se formar nos lábios dele, mas ele balança a cabeça. Não consigo acreditar que você ainda gosta desse chorão do Drake,

 

p.17

 

          Eu olho para ele com indignação.

          — Deixa o meu marido em paz.

          Seu marido brega. "Baby, You my everything, ve et. »ti wanted» ....— canta Khalil com voz chorosa. Eu o empurro com mando do copo. — Você sabe que é assim que você canta.

          Eu mostro o dedo do meio para ele. Ele junta os lábios e faz um som de beijo. Tantos meses separados, mas voltamos ao normal como se não fosse nada.

          Khalil pega um guardanapo na mesa de centro e limpa a bebida que caiu nos tênis Jordan, o modelo retro. Saiu uns anos atrás, mas dá para jurar que os dele são novinhos. Custam uns trezentos dólares, isso se você conseguir encontrar algum vendedor tranqüilo no eBay. Chris conseguiu. Comprei os meus por uma ninharia, 150, mas isso Porque uso tamanho infantil. Graças aos meus pés pequenos, Chris e eu temos tênis iguais. Sim, somos esse tipo de casal. Merda, nós fomos feitos um para o outro. Se ele conseguir parar de fazer besteira, vamos ficar bem.

           - Gostei dos pisantes digo para Khalil.

           Valeu. — Ele passa o guardanapo no sapato. Eu me encolho. A cada movimento, os sapatos gritam pedindo socorro. Não estou mentindo, cada vez que um tênis é limpo do jeito errado, um gatinho morre.

          Khalil - digo, a um segundo de tirar o guardanapo dele. p Limpe delicadamente de um lado para o outro ou dê batidinhas. Não esfregue. É sério.

           Ele olha para mim com um sorrisinho debochado.

            -Tudo bem, senhorita especialista. Graças ao Jesus Negro, ele dá batidinhas.  Como -- você me fez derramar bebida nos tênis, eu devia mandar você limpar.

          - Vai Custar sessenta dólares.

          Sessenta? grita ele, se empertigando.

           Ah! Claro. E Custaria oitenta se tivesse um solado branco. – Sapatos claros são um saco de limpar. Um Kit de limpeza não é barato. Além do mais, você deve estar ganhando uma grana boa se pode comprar um desses.

 

18

 

          Khalil bebe um gole como se eu não tivesse dito nada e murmura:

          Caramba, que merda forte. — Ele coloca o copo na mesinha de centro. — Diz pro seu pai que tenho que falar com ele. Tem umas coisas rolando e precisamos conversar.

          - Que coisas?

          - Coisas de gente grande.

          Ah, tá, porque você é tão grande.

          Cinco meses, duas semanas e três dias mais velho do que você. - Ele pisca. - Eu não esqueci.

          Uma agitação começa no meio da pista de dança. Vozes discutem mais alto do que a música. Palavrões voam para todo lado.

          Meu primeiro pensamento? Kenya foi para cima de Denasia, como prometeu. Mas as vozes são mais graves do que as delas.

          Pop! Um tiro soa. Eu me abaixo.

           Pop! Um segundo tiro. As pessoas correm para a porta, o que leva a mais palavrões e brigas, porque é impossível todo mundo sair ao mesmo tempo.

          Khalil segura minha mão.

          Vem.

          Tem gente demais e cabelo cacheado demais para eu identificar Kenya.

           - Mas Kenya...

          Esquece ela, vamos!

          Ele me puxa no meio da multidão, empurra pessoas e pisa em pés. Só isso já podia fazer a gente levar uns tiros. Procuro Kenya no meio dos rostos em pânico, mas ainda não vejo sinal dela. Não tento ver quem levou tiro e quem atirou. Não se pode dedurar quando não se sabe de nada.

          Carros saem em disparada lá fora, e as pessoas correm na noite em qualquer direção em que não haja tiros sendo disparados. Khalil me leva até um Chevy Impala estacionado embaixo de um poste de luz com lâmpada fraca. Ele me enfia no carro pelo lado do motorista, e vou para o banco do carona. Saímos cantando pneus e deixando o caos no retrovisor.

 

19

 

 

          - Sempre dá merda _ Resmunga ele. Não dá pra fazer festa sem que alguém leva um tiro.

           Ele parece os meus pais falando. E exatamente por isso que não me deixam ira a lugar nenhum, como Kenia diz. Pelo menos não em Garden Heights. Mando uma mensagem para Kenya e torço para ela estar bem. Duvido que as balas fossem para ela, mas balas vão para onde querem ira Kenya responde meio rápido.

          Tô bem.

          Mas tô vendo aquela piranha.

          Vou dar um jeito nela. Onde vc tá?

          Essa garota é real? A gente acabou de fugir para salvar a vida e ela quer brigar? Nem respondo essa merda idiota. 

          O Impala de Khalil é legal. Não é exagerado corno o carro de alguns caras. Não vi aro nas rodas quando entrei e o couro do banco está rachado. Mas o interior é de um verde-limão cafona, então foi customizado em algum momento.

          Enfio o dedo num rasgo no banco.

          - Quem você acha que levou tiro?

           Khalil tira a escova de cabelo do compartimento na porta.

          Provavelmente um King Lord  - diz ele, penteando as laterais do corte meio raspado. - Uns Garden disciples entraram eu quando cheguei. Alguma coisa ia mesmo acontecer.

          Eu concordo com a cabeça. Garden Heights está parecendo um campo de batalhas nos últimos dois meses  por causa de uma guerra idiota de territórios. Nasci " rainha" porque papai era King Lord. Quando ele pulou fora, meu status de realeza terminou. Mas mesmo tendo crescido no meio disso, eu nunca entenderia a razão de brigar por ruas que não são de ninguém.

         Khalil guarda a escova e aumenta o volume do som, um rap antigo que papai ouve um milhão de vezes. Eu ergo as sobrancelhas para ele.

          - Por que você sempre ouve essas coisas velhas?

p.20

 

 

 

 

 

          - Para com isso! Tupac era o melhor.

          - E, o melhor vinte anos atrás.

          - Que nada, mesmo agora. Ouve só isso. - Ele aponta para mim, o que quer dizer que vai entrar em um dos momentos filosóficos de Khalil. 'Pac disse que Thug Life, "vida bandida", queria dizer The Hate U Give Little Infants Fucks Everybody, ou "o ódio que você passa pras criancinhas fode com todo mundo".

          Eu levanto as sobrancelhas mais uma vez.

           - Como é?

           - Escuta! Presta atenção nas iniciais. The Hate U Give Little Infants Fucks Everybody. T-H-U-G-L-I-F-E. Isso quer dizer que o ódio que a sociedade nos dá quando somos pequenos morde a bunda dela quando crescemos e ficamos doidos. Entendeu?

          Caraca. Entendi.

          Está vendo? Eu falei que ele era relevante. —Ele balança a ca-beça com a batida e canta junto. Mas agora, estou me perguntando o que ele está fazendo para "foder com todo mundo". Por mais que eu ache que sei, espero estar errada. Preciso ouvir dele.

          E por que você anda tão ocupado? — pergunto. —Uns meses atrás, papai disse que você largou o mercado.. Não vi mais você de-pois disso.

          Ele chega mais perto do volante.

          - Aonde você quer que eu te leve, pra casa ou para o mercado?

          - Khalil...

          Pra sua casa ou para o mercado?

            - Se você estiver vendendo aquelas coisas...

            - Cuida da sua vida, Starr! Não se preocupa comigo. Estou fazendo o que tenho que fazer.

          - Porra nenhuma. Você sabe que meu pai te ajudaria.

          Ele esfrega o nariz antes da mentira.

          - Não preciso da ajuda de ninguém, tá? E aquele emprego de sa-lário mínimo que seu pai me deu não fazia nada acontecer. Me cansei de ter que escolher entre a luz e a comida.

           - Achei que sua avó estivesse trabalhando.

 

21

 

          Ela estava. Quando ficou doente, os palhaços do hospital disseram que iam ajudar. Dois meses depois, ela não estava cumprindo as funções direito, porque quando uma pessoa faz quimio, não consegue puxar cestos enormes de lixo de um lado Para o Outro. mandaram ela embora. — Ele balança a cabeça. — Engraçado né? O hospital mandou ela embora porque ela estava doente.

        Ficamos em silêncio no Impala, exceto por Tupac perguntando em quem você acredita? Eu não sei essa resposta.

          Meu celular vibra de novo, provavelmente Chris pedindo perdão ou Kenya pedindo ajuda com Denasia. Mas é uma mensagem do meu irmão, toda em letras maiúsculas, que aparece na tela. Não sei p que ele faz isso. Deve achar que me intimida. Mas me irrita demais.

 

          ONDE VC TÁ?

          É MELHOR VC E KENYA NÃO ESTAREM NAQUELA FESTA.

          EU SOUBE QUE LEVARAM UM TIRO.

          A única coisa pior do que pais superprotetores são irmãos mais velhos superprotetores. Nem o Jesus Negro pode me salvar de Seven.

          Khalil olha para mim.

          Seven, é?

            - Como você sabe?

            - Porque você sempre faz cara de quem quer dar um soco em alguma coisa quando ele fala com você. Lembra aquela vez na sua festa de aniversário em que ele ficava dizendo o que você devia pedir ao apagar a vela?

           E eu dei um soco na boca dele.

            - E Natasha ficou com raiva de você por ter mandado o namorado dela calar boca - diz Khalil, rindo.

           Eu reviro os olhos.

            Ela me irritou com aquela paixão por Seven. Na metade das vezes, eu achava que ela só ia lá para vê-lo.

          Que nada, era porque você tinha aqueles filmes do Harry potter. Como é que a gente se chamava? O Trio de Ouro. Mais unidos do que...

p.22

 

          As fendas do nariz do Voldemort.

           A gente era tão bobo. Não é?

          - diz ele Nós rimos, mas está faltando alguma coisa. Está faltando alguém. Natasha.

          Khalil olha para a rua.

          É uma coisa doida que faz seis anos, sabe?

          Um som de whoop-whoop nos assusta, e luzes azuis piscam no  retrovisor.

p.23

 

 

1. Nae-nae é um: p.9

a) cantor               b) passo de dança hip-hop     c)  grito de guerra    d) refrão

 

2. Qual o nome do pai de Starr? p.10

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3. Qual o nome da escola em que Starr estuda? P. 10

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4. Qual o nome do pai de Kenya? P.11

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5. Kenya está querendo brigar com quem?

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6. Qual o nome a protagonista (personagem principal?).p.13

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7. Qual o nome do namorado de Starr? P.13

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8. Que tênis os brancos usam para ser descolado? P.16

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9. Qual o significado da expressão “ocupado” em Garden Heights? P.16.

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10. Que doença a vó de Khalil tinha?p.17

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11. Por que Starr saiu da festa com Khalil?

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12. Qual o nome das gangues que viviam em guerra? P.20

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13. Qual a frase de Pac dita por Khalil? P.21

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14. THUG LIFE é o nome de: p.21

a) uma banda  b) uma música  c) um a gang  d) um filme

 

 

15. Onde a vó de Khalil trabalhava? P.22

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16. A polícia para o carro de Khalil. O que você acha que irá acontecer?

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segunda-feira, 24 de junho de 2024

O MISTÉRIO DA ILHA - DIA CLARO E COM MISTÉRIO - ATIVIDADES

 

O MISTÉRIO DA ILHA

 PDF DO LIVRO: https://doceru.com/doc/n1ssecn

1. Dia claro e com mistério

 

        O dia era lindo, tão lindo quanto se puder imaginar. E Carlos estava de férias. Quer dizer, não precisava acordar cedo. Mas, mesmo assim, acordou. Talvez por causa da luz que entrava tão clara pela janela. Talvez por causa do hábito do horário da escola. Talvez por causa de um sonho esquisito que agora fugia da cabeça sem que ele conseguisse lembrar, apesar de fazer força. Tudo se desmanchando, sumindo para longe, por mais que a curiosidade fizesse com que ele tentasse agarrar as imagens na memória. Como se a luz do dia e o ato de abrir os olhos derretessem tudo o que ele tinha visto e vivido naquela misteriosa região do sono. Nem mesmo sabia se era um sonho bom ou um pesadelo. Só tinha certeza de que era muito nítido, como uma coisa vivida de verdade. E agora estava esquecendo, que droga!

p.9

         Mas já sabia que, quando acontece isso, o melhor é a gente não ficar forçando. Mais tarde, a lembrança do sonho volta. Na hora que ela quiser, porque não dá para comandar muito esses assuntos. Pelo menos, ele, Carlos, não conseguia.

        De qualquer jeito, o que importava agora é que tinha acordado. Por isso, o melhor era levantar.

        Foi até a janela e olhou o dia que começava.

        Lá embaixo, do outro lado da rua e da calçada, dos coqueiros e da areia, o mar de água clara se espreguiçava.

        Como se também estivesse acabando de acordar. Mas, também, como se estivesse chamando o menino para perto dele. Não do jeito manso que o mar sabe chamar quando a gente encosta um búzio no ouvido, uma voz que vem de longe. Mas do jeito urgente que a água verde usa para atrair quem nasceu e vive na beira do seu movimento salgado. Aquele jeito cheiroso e, de repente, o jeito que faz a gente largar tudo o que tem para fazer e sair correndo para junto do mar.

        Foi o que Carlos fez. Nem teve dúvidas. Abriu a gaveta, pegou um calção, vestiu uma camisa colorida, apanhou um impermeável para o caso de alguma emergência e num instante estava na sala. Engoliu o café às pressas, reclamando da demora:

        - Puxa, Maria, que lesma... Anda logo com isso, que eu não posso perder tempo... E prepare um lanche para eu levar. Depressa, que eu vou passar o dia no mar.

        Quando Carlos queria uma coisa, era sempre assim. Queria porque queria porque queria. Feito uma criancinha teimosa. Pouco estava ligando para os problemas dos outros. Estava mesmo acostumado a que fizessem tudo para ele. Já de saída, avisou à mãe:

  p.10     

        - Vou sair de barco.

         A resposta veio um tanto preocupada:

        - Sozinho, meu filho? Você sabe que eu não gosto...

        - Bobagem, mãe, já estou grande, sei velejar direito. Afinal de contas, desde pequeno que não faço outra coisa com papai todo domingo. E depois, não vou sozinho. Vou chamar o Chico. Ele vai comigo e me dá uma mão. O mar está calmo, o vento está ótimo, não tem nem uma nuvem no céu...

        A mãe insistiu:  

        - Mas Chico é da sua idade, meu filho... Não é a mesma coisa que sair com um adulto.

        - Fique descansada, mãe. A gente não vai longe. Vamos só ficar dentro da baía, não tem nem onda... Como das outras vezes. Não se preocupe. Tchau.  

        Desceu as escadas apressado, acabando de fechar a sacola onde tinha jogado de qualquer maneira as frutas e os sanduíches que a empregada lhe entregara. Ainda se preocupou um pouco: e se não encontrasse Chico? O chato de só resolver sair de barco em cima da hora é que podia ser que o companheiro tivesse ido fazer outra coisa. E sozinho, Carlos não podia ir. Não sabia nem manobrar a embarcação direito.

        Mas Chico estava no cais. Com um bando de amigos, preparando-se para soltar pipa. Pipa que ele mesmo tinha feito. Chico era danado de jeitoso. Fazia cada coisa linda - pipa, balão, espingardinha de cabo de guarda-chuva, atiradeira. Consertava tudo. Dava jeito em tudo. Fazia milagres com seu inseparável canivete. Era um bamba na bola de gude. Um craque no futebol. E ainda soltava pipa como ninguém.

p.11

 

        Chico, vamos sair de barco - avisou Carlos, em tom de mando.

        Dava para ver que Chico não tinha gostado da idéia. Em volta, os amigos todos olhavam, esperando, de pipa na mão. Ele ainda tentou reclamar:

         - Mas, Carlos, você não tinha avisado nada... Eu já tinha combinado outra coisa. Está uma brisa ótima, a gente ia soltar pipa.

        - Não avisei nada porque não sabia, não podia adivinhar. Só hoje de manhã é que me deu vontade. Essa tal brisa ótima de que você falou... Anda logo. Estou te esperando lá dentro.

p.12

 

        E enquanto Chico suspirava, ainda veio outra ordem:

        - Ah, vê se arruma também qualquer coisa para matar a sede. Eu só trouxe comida...

        Com suspiro ou sem suspiro, que jeito? Chico tinha mesmo que perder seu programa. Afinal de contas, assim é que eram as coisas, desde que ele se entendia por gente. O pai de Carlos pagava. O pai de Chico recebia. O pai de Carlos mandava. O pai de Chico cumpria. E, se Carlos ordenava, a pipa de Chico ficava mesmo para outro dia.

        Providenciou tudo. E num instante estavam saindo. Bom filho de marinheiro, ajudando o pai desde pequeno, Chico era um mestre nas coisas do mar. Gostava de domar a brisa, cavalgar as 8 ondas, empinar na arrebentação, deslizar no sol. Soltar as velas ao vento era com ele mesmo. Só tinha se aborrecido porque nesse dia seu encontro com o vento devia ser outro, em terra, de pipa na linha, na companhia dos amigos... Pelo menos, era o que tinha planejado. Mas Carlos até que podia ser bom companheiro - às vezes. E o passeio, afinal, era bom. Dava gosto sentir o calor do sol e os respingos da água, ouvir o cabo da vela gemer de vez em quando, ver passar uma gaivota, descobrir o brilho de um peixe pulando ao longe.

        Por sua vez, Carlos estava feliz. Tinha sido boa a idéia de aproveitar o barco que o pai só usava no fim de semana. Um passeio lindo. O mar azul, encontrando o céu claro lá longe, um dia limpo, sem nuvem nenhuma... Sem nuvem? E aquela ali na frente, tão perto? Seria capaz de jurar que ela tinha se formado de repente, justamente naquele instante, não estava ali ainda há pouco, tinha certeza. Tinha olhado naquela direção há pouquinho, não havia nada. Ia exatamente comentar alguma coisa, quando ouviu a voz de Chico reclamar:

p.13

p.14 - imagem

        - Mas que neblina mais esquisita aí na frente...  

        - Também achei - concordou Carlos. - E se formou de repente, ainda agora não tinha nada.

        - Nunca vi uma neblina desse jeito, assim tão esquisita...

        - repetiu Chico, e sua voz mostrava que ele estava meio assustado.

        Carlos também estava, mas tentou dar um palpite fingindo calma. Afinal de contas, ele era uma espécie de capitão daquele barco e não podia dar a impressão de que estava com medo.

        - Vamos desviar dela, Chico.

        - Se a gente pudesse, bem que eu desviava. Mas é que ela não está desviando da gente, veja só. A gente muda o rumo do barco e ela também muda. Está vindo para cá, na direção da gente, e bem depressa.

        Estava mesmo.

        Num instante estavam inteiramente cercados.

p.15

 

1. Qual o título do livro?

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2. A partir da leitura do título do livro o que você imagina que irá acontecer?

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3. Qual o nome da autora?

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4. Quais são os personagens principais dom primeiro capítulo?

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5. O Que o pai de Chico era do pai de Carlos?

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6. Qual era o nome da empregada?

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7. O que cercou o barco?

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8. Como era a personalidade de Carlos?

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