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domingo, 26 de fevereiro de 2017

CRONICA INTERPRETAÇÃO O HOMEM NU

O Homem Nu
Fernando Sabino

        Ao acordar, disse para a mulher:
        — Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa.  Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
        — Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
        — Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém.   Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
        Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão.  Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
        Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
        — Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
        Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
        Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares...  Desta vez, era o homem da televisão!
        Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
        — Maria, por favor! Sou eu!
        Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
        Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
        — Ah, isso é que não!  — fez o homem nu, sobressaltado.
        E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pelo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
        — Isso é que não — repetiu, furioso.
        Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar.  Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador.  Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer?  Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
        — Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
         Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
        — Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso.  — Imagine que eu...
        A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
        — Valha-me Deus! O padeiro está nu!
        E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
        — Tem um homem pelado aqui na porta!
        Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
        — É um tarado!
        — Olha, que horror!
        — Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
        Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
        — Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
        Não era: era o cobrador da televisão.

Esta é uma das crônicas mais famosas do grande escritor mineiro Fernando Sabino. Extraída do livro de mesmo nome, Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 65


Glossário

Vigarice: Ato de trapaça; fraude.
Lanço: Parte de uma escada entre dois patamares sucessivos; o mesmo que lance.
Grotesco: Ridículo, extravagante.
Encetar: Iniciar, começar.
Em pelo: Nu, pelado.
Pesadelo de Kafka: Referência ao escritor checo Franz Kafka, que criou histórias fantásticas com toques de terror e situações incomuns. Muitas vezes, seus personagens se sentiam assustados e em agonia, como se vivessem um pesadelo.
Regime do Terror. Referência ao período da Revolução Francesa compreendido entre 31 de maio de 1793 e 27 de julho de 1794, em que milhares de pessoas foram executadas na guilhotina por se oporemao governo e às ideias de Maximilien de Robespierre.
Estarrecida. Espantada, horrorizada, perplexa.
Radiopatrulha. Veículo da polícia, equipado com rádio.

Compreensão do texto e análise da organização do enredo

1 -     O título da crônica é O homem nu. Que outro título você poderia atribuir ao assunto do texto?

2 -    O texto foi escrito no início da década de 1960. Que fatos ou situações nos permite concluir que a história não se passa nos dias de hoje?

3 -    Por que o homem ficou nu?

4 -    Por que a mulher não abriu a porta do apartamento quando a campainha tocou?
      
5 -    No quarto parágrafo do texto, o homem afirma:

             — Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas          obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que       não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.

      A atitude dele está de acordo com sua afirmação? Por quê?


6 -     Por que a vizinha gritou que o padeiro estava nu?

7 -    No final da história, o homem teve de encarar o cobrador da televisão. Escreva uma possível desculpa que ele poderia dar para não pagar a prestação.

8 -     Responda a estas perguntas sobre o texto “O homem nu.”

a) Qual era o desejo do homem nu ao se ver trancado fora de casa?
b) O que o impedia de realizar esse desejo?

9 -    Assinale a alternativa que expressa o principal conflito do protagonista, isto é, do personagem mais importante de “O homem nu”.


CRONICA TEORIA TIPOS DE CRONICA

TIPOS DE CRÔNICA
          
1- Crônica narrativa
Conta episódios cativantes cuja trama envolve muita ação, poucas personagens e um desfecho imprevisível. Esse tipo de crônica pode apresentar teor anedótico, crítico ou lírico.

2- Crônica lírica ou poética
Apresenta uma linguagem poética e metafórica. Nela predominam emoções, os sentimentos (paixão, nostalgia, saudades), traduzidos numa atitude poética.

3-Crônica reflexiva
O autor tece reflexões filosóficas, isto é, analisa os mais variados assuntos do cotidiano através de impressões e inferências.

4- Crônica metalinguística
É a crônica que fala do próprio ato de escrever, o fazer literário, o ato da criação.

5-Crônica humorística
São sátiras da vida em sociedade, ampliando seus problemas de forma caricatural
para reduzi-los ao humor.

6- Crônica Dissertativa
Opinião explícita, com argumentos mais "sentimentalistas" do que "racionais" (em vez de "segundo o IBGE a mortalidade infantil aumenta no Brasil", seria "vejo mais uma vez esses pequenos seres não alimentarem sequer o corpo"). Exposto tanto na 1ª pessoa do singular quanto na do plural

7- Crônica Descritiva
É o tipo de crônica que explora a caracterização de seres animados e inanimados num espaço. Preciso como uma fotografia ou dinâmico como um filme.

8- Crônica Jornalística
É a crônica que apresenta aspectos particulares de notícias ou fatos. Pode ser policial, esportiva ou política.

9- Crônica Histórica
É a crônica baseada em fatos reais ou fatos históricos.

10- Crônica narrativo-descritiva
Quando um texto alterna momentos narrativos com flagrantes descritivos, temos uma abordagem narrativo- descritiva. Dessa forma, as ações detêm-se para que o leitor visualize, mentalmente, as imagens que a sensibilidade do autor registra com palavras. O que se observa no texto assim qualificado é a predominância da sucessão de ações sobre as inserções descritivas.

11- Crônica-comentário
Cercando-se de impressões críticas, com ironia, sarcasmo ou humor, a crônica-comentário resulta num texto cujo ponto forte são as interpretações do autor sobre um determinado assunto, numa visão quase jornalística.

12- Crônica-ensaio
Apesar de ser escrita em linguagem literária, ter uma veia humorística e valer-se inclusive da ficção, este tipo de crônica apresenta uma visão abertamente crítica da realidade cultural e ideológica de sua época, servindo para mostrar o que autor quer ou não quer de seu país. Aproxima-se do ensaio, do qual guarda o aspecto argumentativo.


CRONICA INTERPRETAÇÃO OS NAMORADOS DA FILHA

OS NAMORADOS DA FILHA

Quando a filha adolescente anunciou que ia dormir com o namorado, o pai não disse nada. Não a recriminou, não lembrou os rígidos padrões morais de sua juventude. Homem avançado,  esperava que aquilo acontecesse um dia. Só não esperava que acontecesse tão cedo.
Mas tinha uma exigência, além das clássicas recomendações. A moça podia dormir com o namorado:
─ Mas aqui em casa.
Ela, por sua vez, não protestou. Até ficou contente. Aquilo resultava em inesperada comodidade. Vida amorosa em domicílio, o que mais podia desejar? Perfeito.
O namorado não se mostrou menos satisfeito. Entre outras razões, porque passaria a partilhar o abundante café da manhã da família. Aliás, seu apetite era espantoso: diante do olhar assombrado e melancólico do dono da casa, devorava toneladas do melhor requeijão, do mais fino presunto, tudo regado a litros de suco de laranja.
Um dia, o namorado sumiu. Brigamos, disse a filha, mas já estou saindo com outro. O pai pediu que ela trouxesse o rapaz. Veio, e era muito parecido com o anterior: magro, cabeludo, com apetite descomunal.
Breve, o homem descobriria que constância não era uma característica fundamental de sua filha. Os namorados começaram a se suceder em ritmo acelerado. Cada manhã de domingo, era uma nova surpresa: este é o Rodrigo, este é o James, este é o Tato, este é o Cabeça. Lá pelas tantas, ele desistiu de memorizar nomes ou mesmo fisionomias. Se estava na mesa do café da manhã, era namorado. Às vezes, também acontecia ─ ah, essa próstata, essa próstata ─ que ele levantava à noite para ir ao banheiro e cruzava com um dos galãs no corredor. Encontro insólito, mas os cumprimentos eram sempre gentis.
Uma noite, acordou, como de costume, e, no corredor, deu de cara com um rapaz que o olhou apavorado. Tranquilizou-o:
         ─ Eu sou o pai da Melissa. Não se preocupe, fique à vontade. Faça de conta que a casa é sua.
E foi deitar.
Na manhã seguinte, a filha desceu para tomar café. Sozinha.
─ E o rapaz? ─ perguntou o pai.
─ Que rapaz? ─ disse ela.
Algo lhe ocorreu, e ele, nervoso, pôs-se de imediato a checar a casa. Faltava o CD player, faltava a máquina fotográfica, faltava a impressora do computador. O namorado não era namorado. Paixão poderia nutrir, mas era pela propriedade alheia.
Um único consolo restou ao perplexo pai: aquele, pelo menos, não fizera estrago no café da manhã.

Moacyr Scliar (Crônica extraída da Revista Zero Hora, 26/4/1998, e contida no livro Boa Companhia: crônicas, organizado por Humberto Werneck, São Paulo: Companhia das Letras, 2006, 2. reimpressão, pp. 205-6.)

1 -  No texto, procure uma palavra que possa substituir os termos grifados nas frases abaixo sem alterar o sentido.

a)      “Não a censurou, não lembrou os rígidos padrões morais de sua juventude.” ________________________

b)      “Encontro inusitado, mas os cumprimentos eram sempre gentis.” ________________________________

2 -  Qual é o tipo de crônica escrita por Moacyr Scliar?

(a) narrativa              (b) reflexiva           
(c)  lírica                    (d) crônica-ensaio

3 -  Essa crônica contém elementos predominantemente narrativos. Agora localize no texto cada um desses elementos.

a)   Situação inicial __________________________________
b)   Conflito ________________________________________
c)   Clímax _________________________________________
d)  Desfecho _______________________________________

4 -  Quais são os personagens desse texto?

5 -   Qual o cenário onde a história acontece?

6 - Como podemos classificar o tempo? Cronológico ou psicológico?

7 - Como se apresenta o narrador e o foco narrativo  nessa crônica?

8 - Por que o pai da jovem era realmente um homem avançado?

9 - Qual é o tema retratado nessa crônica?

10 -  Como podemos classificar o tipo de discurso?

11 - Qual o objetivo desse texto?

12 -  Qual é sua opinião a respeito do comportamento da adolescente do texto?


CRONICA DOMINGÃO INTERPRETAÇÃO VARIAÇÃO LINGUISTICA

Domingão
Márcia Paganini Cavéquia


Domingo, eu passei o dia todo de bode. Mas, no começo da noite, melhorei e resolvi bater um fio para o Zeca.
       - E aí, cara? Vamos no cinema?
       - Sei lá, Marcos. Estou meio pra baixo...
      - Eu também tava, cara. Mas já estou melhor.
      E lá fomos nós. O ônibus atrasou, e nós pagamos o maior mico, porque, quando chegamos, o filme já tinha começado. Teve até um mane que perguntou se a gente tinha chegado para a próxima seção.
       Saímos de lá, comentando:
       - Que filme massa!
       - Maneiro mesmo!
       Mas já era tarde, e nem deu para contar os últimos babados pro Zeca. Afinal, segunda-feira é dia de trampo e eu detesto queimar o filme com o patrão. Não vejo a hora de chegar o final de semana de novo para eu agitar um pouco mais.


1) Você conseguiu entender o texto acima?

2) Em sua opinião todas as pessoas que lerem o texto conseguirão compreendê-lo? Por quê?

3) Você saberia explicar o significado de cada uma das gírias do texto acima? Vamos tentar?

4) Agora, depois de tentar descobrir o significado das gírias, reescreva o texto de acordo com suas sugestões.


CRONICA VARANDA GOURMET 9ºANO 4 Q.

crônica 
Varanda gourmet
De vez em quando a gente vê nos comerciais, empreendimentos anunciando a tal da varanda gourmet. Esta é uma sacada (permitam-me o trocadilho) da indústria imobiliária para sanar um problema antigo, uma velha dor de cabeça que atormentava os moradores de condomínios verticais; a incerteza de um lugar para o churrasquinho de domingo.
Pode até ser que a invenção tenha vindo de um dos nossos gênios na concepção do ambiente. Mas minha amiga Cristal Tobias, que é ambientalista defensora das areias de Algodoal e uma alma simpaticíssima, tem uma versão para a origem das atuais varandas fumegantes.
Ela nos conta que tinha uma amiga que esquentava muito a moringa toda vez que ia fazer uma programação na área de lazer dos conjuntos em que morava. Nunca conseguia uma vaga. Mudava de condomínio, recebia promessas de mil maravilhas, mas quando a coisa cambava para o salão de festas, era a mesma explicação enfastiada. E ela, sem agenda, sem esperança, sem saco. Passou, passou e aquela reunião com churrasquinho, aquele aniversário com língua de sogra, sempre eram desviados para a casa da própria sogra. Era ralado!
Até que um dia compraram um apartamento com sacada. Saíram do aluguel. Não podiam mudar mais. Era um investimento alto. As soluções teriam que vir dali. Na primeira investida: Lista. Tinham que entrar na lista de espera. Foi aí, que ela teve uma ideia.
Deu um rolé pelos empórios do Ver-o-Peso, juntou três ou quatro peças, chamou um cunhado que entende dessas coisas e montou uma churrasqueira num cantinho da sacada. Decidiu: não ia mais se submeter às listonas de espera. A satisfação daquele desejo atávico, incontrolável e já quase doentio, haveria de ser ali mesmo naquela quina.
Tudo pronto para a redenção, para a libertação total daqueles constrangimentos. Chamou a mãe, a sogra (era a forra), Pôs as latinhas pra gelar, salgou a carne, cortou umas calabresinhas pros meninos, umas asinhas de frango pro maridão, arrumou a mesinha com toalha nova. As coisas, ‘tudinho’, no jeito. Só que apareceu o desmancha prazer do cunhado com a má notícia. Iriam ter problemas com a fumaça. O vizinho do andar de cima com certeza não iria gostar daquela fumaça empestando a sala dele. Ela quase que tem um piripaque. Mas mulher, a gente sabe, não desiste fácil (‘as soluções teriam que vir dali’). Não contou conversa. Dois minutos depois, estava na porta do vizinho convidando toda a turma ali de cima para uma reuniãozinha de congraçamento, um momento de descontração. Sim, poderiam levar os meninos, a empregada, o cunhado. Todos estavam convidados. Se isso lhe garantia o churrasco, a quantidade de pessoas, não era problema...Desceu e acendeu o fogo. Não sabe explicar a felicidade daquele momento. Casa cheia, carne ardendo, marido chupando ossinhos de frango, molecada tuitando e melecando as teclas do computador com as mãos engorduradas. Emoção e êxtase. Vizinho porre dormindo no sofá.
A confraternização virou rotina. Domingo, feriado...salgava a carne, cortava a calabresinha, as asinhas...apertava a campainha e convidava o vizinho de cima...
E a invencionice ganhou simpatizantes. O vizinho de baixo montou também uma churrasqueira no cantinho. E, nesse caso, ela e toda a tropa eram os convidados.

1) Raimundo Sodré faz uso do parêntese , no primeiro parágrafo , para:
a) mostrar a valorização imobiliária que um cômodo produz.
b) esclarecer a mudança de sentido da palavra
c) explicar que varanda e sacada têm o mesmo significado.
d) alertar sobre os males da propaganda.

2) A expressão coloquial “esquentar a moringa” empregada em “esquentava muito a moringa”, no terceiro parágrafo significa.
a) aquecer os cômodos do apartamento.
b) isentar-se de problemas.
c) beber sem exagero.
d) preocupar-se com algo.
3) No texto, percebe-se que há uma relação pouco amistosa entre a “amiga de Cristal”( protagonista da crônica) e a família de seu cônjuge pelos fragmentos:
a) “era a forra” “ desmancha prazer do cunhado”
b) “a satisfação daquele desejo atávico”
c) “era um investimento alto”, “ não contou conversa”
d) “ pôs as latinhas para gelar”, “todos estavam convidados”
4) assinale a alternativa em que a pontuação do fragmento: “ De vez em quando a gente vê nos comerciais, empreendimentos anunciando a tal varanda gournet.” Ficará adequada à norma culta:

a) de vez em quando, a gente, vê nos comerciais, empreendimentos anunciando a tal varanda gournet.

CRONICA INTERPRETAÇÃO UM JOGO QUE É UMA VERGONHA 6º ANO

Crônica

Um jogo que é uma vergonha (Fernando Bonassi) 228 pal.
 

        Imagine um jogo deste jeito: o campo é de pedra bem pontuda e acontece num dia muito frio. Num time, os jogadores têm tênis e camisa de manga comprida e, no outro, os caras jogam descalços e só de calção.
         O time que tem tênis e camisa ganha fácil, dá aquela goleada! O outro fica a maior parte do tempo tomando cuidado pra não cortar os pés ou então esfregando o braço arrepiado de frio.
        Pra mim, a diferença da vida entre nós, que temos escola e casa e as crianças que não têm é um jogo assim. Quem não tem, perde sempre.
        Não acho que todo mundo que tem as coisas é culpado por causa dos outros que não têm, mas isso não quer dizer que a gente não possa fazer nada. Porque pode.
         Porque, se a gente quiser jogar um jogo justo, pode exigir que os dois times sejam iguais, para começar. Casa e escola.
        Não acredito que as crianças de rua viveriam na rua se tivessem outro lugar melhor pra escolher. Se a gente não exigir que todo mundo tenha casa e escola, vai sempre ficar jogando esse jogo besta.
         Ganhando de dez a zero de um time tão fácil, mas tão fácil, que não vai mais ter o gosto da vitória, vai ter só vergonha.

                                                                            












ALUNO:..........................................................................................TURMA...........
PROF.:DIORGES

1       -  O texto “1 jogo que é uma vergonha” é uma crônica. Foi escrito a partir de uma situação da vida real, com o objetivo de fazer uma crítica a essa situação. Se o autor teve esse objetivo ao escrever, que objetivo tem em relação ao leitor?
(   ) que aceite suas ideias.
(   ) que rejeite suas ideias.
(   ) que reflita sobre o assunto.
(   ) que se divirta com o assunto.

2 -  O trecho: “Num time, os jogadores têm tênis e camisa de manga comprida” e, no outro, os caras jogam descalços e só de calção”. Significa que:
(  ) um time toma cuidado para não cortar os pés, o outro time sente muito calor.
(  ) um time têm tênis e o outro time tem camisa.
(  ) um time é formado por jogadores bem equipados, o outro time por jogadores mal equipados.
(  ) um time tem jogadores ganhadores, o outro têm jogadores que usam tênis e camisa comprida.

3 - Esta crônica, de fato, compara:
(  ) a vida de pessoas que têm escola e casa com a vida de crianças que não têm escola e casa.
(  ) vida de crianças que têm casa com a vida de crianças que têm escola.
(   ) crianças que são culpadas com crianças que são inocentes.
(   ) crianças que podem fazer tudo com crianças que não fazem nada.

4 -  Quando o autor diz:
nós que temos escola e casa”  e “isto não quer dizer que a gente não possa fazer nada”,
As palavras “nós” e “a gente” ocupam o lugar:
(   ) do autor e de todos os leitores.
(   ) dos leitores que são conhecidos do autor.
(   ) dos ricos.
(   ) do leitor.


5 -  De acordo com o autor da crônica, diante da situação que é discutida:
(   ) “a gente” não pode fazer nada.
(   ) “a gente” pode fazer uma aposta.
(   ) “a gente” pode jogar.
(   )  “a gente” pode jogar um jogo justo.

6 - Quando o autor fala sobre “jogo justo”, ele quer dizer que:
(   ) as pessoas podem jogar mesmo sem saber.
(   ) as pessoas justas às vezes perdem.
(   ) as pessoas  jogam um jogo besta.;
(   ) as pessoas podem ajudar a fazer justiça.

7 -  O tema central da crônica é:
(   ) desigualdade.
(   ) miséria.
(   ) futebol.
(   ) crianças de rua.
8 - Por que "Quem não tem, perde sempre"?
(   ) Pois não corre atrás do que deseja
(   ) Pois sempre estará em desvantagem contra quem pode ter tudo.
(   ) Porque não tem vontade de fazer as coisas.
(   ) Eles não tem porque não querem.

9 - Por que o time que tem tênis e camisa ganha fácil?
(   ) Eles já haviam treinado mais
(   ) Eles tem mais vontade de jogar.
(   ) Eles estavam mais preparados e com mais equipamentos para jogar.
(   ) O outro time não precisava ganhar
10- Se o termo A GENTE separado significa NÓS, Qual o significado de  AGENTE?
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sábado, 25 de fevereiro de 2017

CRONICA TEORIA 3

Crônica -
A crônica trata dos mais variados assuntos, não importando tempo, espaço ou personagem. Na efemeridade das páginas de um jornal ou na eternidade de uma página de livro, ela está sempre ensinando alguma coisa, fazendo o leitor refletir, prestar atenção naquilo que, a princípio, parecia menor; apresentando uma realidade recriada.

Com essa responsabilidade estão os cronistas – pessoas sensíveis, atentas, preocupadas em captar um breve instante e proporcionar ao leitor a cumplicidade, o diálogo e, sobretudo, a reflexão. Profissionais que não pretendem informar ou "contar" a história, embora possam fazê-lo. Mas, acima de tudo, formar e trazer a história para a vida de cada um de seus leitores.

Crônica seria como um desabafo para o autor. Ele estaria relatando um problema do cotidiano e principalmente CRITICANDO, através do seu ponto de vista. Os autores de crônicas abusam dessa forma de texto exatamente pela oportunidade que tem de dar o seu ponto de vista.

No sentido atual, crônica é um tipo de texto publicado num jornal, diariamente, ou em alguns dias da semana.
Apoia-se num fato do dia-a-dia, que o cronista usa como pretexto, como ponto de partida para uma reflexão, ou para que ele conte uma história.
Obrigatoriamente, a crônica não apresenta uma forma fixa de composição (apresentação, desenvolvimento e desfecho) e é caracterizada, principalmente, pelo enfoque pessoal do cotidiano, através da emoção do cronista.

O foco narrativo pode ser em primeira ou terceira pessoa

As crônicas saem principalmente em jornais. Depois, algumas selecionadas, são publicadas em livros.

Crônica – características
• Narrativa curta – os cronistas normalmente têm um espaço fixo numa coluna de jornal. Nem mais, nem menos.
• É um relato do cotidiano.
• Narrado em primeira pessoa.
• Opinião e interferência do autor sobre a observação. (o jornalista não deve opinar)
• Não contém diálogos (LFVerissimo adora cronicar usando diálogos)
• Normalmente com bom humor – o autor procura cativar o leitor para outras leituras.
• É a narrativa a partir de um flash. Um artigo no jornal, uma conversa, um fato, uma particularidade.
• Identificação com o leitor. O cronista, no fundo, deseja que seu leitor seja um co-autor.
• Dizem que a grande inspiração do cronista é o prazo do editor.
• A crônica abre uma discussão, uma polêmica, um questionamento.
• Normalmente o suporte é o jornal.

• Finais surpreendentes.