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domingo, 26 de fevereiro de 2017

INTERPRETAÇÃO A CARTA DE AMOR

A CARTA DE AMOR
          No momento em que Malvina ia por a frigideira no fogo, entrou a cozinheira com um envelope na mão. Isso bastou para que ela se tornasse nervosa. Seu coração pôs-se a bater precipitadamente e seu rosto se afogueou. Abriu-o com gesto decisivo e extraiu um papel verde-mar, sobre o qual se liam, em caracteres enérgicos, masculinos, estas palavras: “Você será amada…”.
        Malvina empalideceu, apesar de já conhecer o conteúdo dessa carta verde-mar, que recebia todos os dias, havia já uma semana. Malvina estava apaixonada por um ente invisível, por um papel verde-mar, por três palavras e três pontos de reticências. “Você será amada…”. Há uma semana que vivia como ébria.
          Olhava para a rua, e qualquer olhar de homem que se cruzasse com o seu, lhe fazia palpitar tumultuosamente o coração. Se o telefone tilintava, seu pensamento corria célere: talvez fosse “ele”. Se não conhecesse a causa desse transtorno, por certo Malvina já teria ido consultar um médico de doenças nervosas. Mandara examinar por um grafólogo a letra dessa carta. Fora em todas as papelarias à procura desse papel verde-mar e, inconscientemente, fora até ao correio ver se descobria o remetente no ato de atirar o envelope na caixa.
         Tudo em vão. Quem escrevia, conseguia manter-se incógnito. Malvina teria feito tudo quanto ele quisesse. Nenhum empecilho para com o desconhecido. Mas para que ela pudesse realizar o seu sonho, era preciso que ele se tornasse homem de carne e osso. Malvina imaginava-o alto, moreno, com grandes olhos negros, forte e espadaúdo!
        O seu cérebro trabalhava: seria ele casado? Não, não o era. Seria pobre? Não podia ser. Seria um grande industrial? Quem sabe?
          As cartas de amor, verde-mar, haviam surgido na vida de Malvina como o dilúvio, transtornando-lhe o cérebro.
        Afinal, no décimo dia, chegou a explicação do enigma. Foi uma coisa tão dramática, tão original, tão crível, que Malvina não teve nem um ataque de histerismo, nem uma crise de cólera. Ficou apenas petrificada.
          “Você será amada… se usar, pela manhã, o creme de beleza Lua Cheia. O creme Lua Cheia é vendido em todas as farmácias e drogarias. Ninguém resistirá a você, se usar o creme Lua Cheia.
          Era o que continha o papel verde-mar, escrito em enérgicos caracteres masculinos.
Ao voltar a si, Malvina arrastou-se até ao telefone:
– Alô! É Jorge quem está falando? Já pensei e resolvi casar-me com você. Sim, Jorge, amo-o! Ora, que pergunta! Pode vir.
A voz de Jorge estava rouca de felicidade!
E nunca soube a que devia tanta sorte!
( André Sinoldi )
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1. Substitua as palavras destacadas por sinônimos:
a) Seu rosto se afogueou.
b) Seu pensamento corria célere.
c) Quem escrevia, conseguia manter-se incógnito.
d) Afinal, chegou a explicação do enigma.
    e) Malvina arrastou-se até ao telefone.
f) Seu coração pôs-se a bater precipitadamente.
g) Ficou apenas petrificada. 
2. Quem é o protagonista do texto lido?
3. Identifique a frase do texto que revela, com clareza, que Malvina reagia alucinadamente.
4. Que frase do texto revela que Malvina, se encontrasse o autor das cartas, lhe seria submissa?
5. Qual é o elemento gerador do conflito nesta história?
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Gabarito
1. a) corou       b) veloz, ligeiro     c) escondido      d) mistério      e) dirigiu      f) aceleradamente       g) paralisada
2. Malvina
3. “Há uma semana que vivia como ébria.”
4. “Malvina teria feito tudo quanto ele quisesse. Nenhum empecilho para o desconhecido.”
5. A carta anônima.


CORDEL TEORIA EM CORDEL


Literatura de Cordel
É poesia popular,
É história contada em versos
Em estrofes a rimar,
Escrita em papel comum
Feita pra ler ou cantar.


A capa é em xilogravura,
Trabalho de artesão,
Que esculpe em madeira
Um desenho com ponção
Preparando a matriz
Pra fazer reprodução.


Mas pode ser um desenho,
Uma foto, uma pintura,
Cujo título, bem à mostra,
Resume a escritura.
É uma bela tradição,
Que exprime nossa cultura.





Os folhetos de cordel
Nas feiras eram vendidos
Pendurados num cordão
Falando do acontecido,
De amor, luta e mistério,
De fé e do desassistido.


A minha literatura
De cordel é reflexão
Sobre a questão social
E orienta o cidadão
A valorizar a cultura
E também a educação.

Mas trata de outros temas:
Da luta do bem contra o mal,
Da crença do nosso povo,
Do hilário, coisa e tal
E você acha nas bancas
Por apenas um real.

O cordel é uma expressão
Da autêntica poesia
Do povo da minha terra
Que luta pra que um dia
Acabem a fome e a miséria,
Haja paz e harmonia.



CORDEL ADOLESCENTE INTERPRETAÇÃO

Cordel adolescente, ó xente!

Sou mocinha nordestina,
Meu nome é Doralice,
Tenho treze anos de idade,
Conto e reconto o que disse,
Pois me chamo Doralice,
Sou quem vende meu cordel
Nas feiras lindas do longe
Onde a poesia se esconde
Nas sombras do meu chapéu!


Eu falo tudo rimado
No adoçado da palavra
Do Nordeste feiticeiro;
No meu jeito brasileiro,
Aqui vim dizer e digo
Que escrevo muito livro
Que penduro num cordel,
Todo fato acontecido
Eu coloco no papel!


Vim pra feira, noutro dia,

Armei a minha poesia
Num cordel de horizonte,
Quem passasse no defronte
Daquilo que eu vendia,
Parava e me escutava,
Pois sou mocinha falante,
Declamava o que escrevia!


Contei de uma garota
Que amava um cangaceiro,
Era um tal cabra da peste,
Um valentão do Nordeste
Que montava a ventania,
Trazia susto e coragem
Por cada canto que ia!
Virge Maria!


O nome da tal mocinha?
Não digo... é um segredo,
Escrevo o que não devo,
Invento, pois tenho medo
De contar que a tal menina
Era... toda fantasia!
(...)

1. O cordel, uma narrativa em versos, é um tipo de texto elaborado para ser declamado ou cantado.

a) O texto que você leu se inicia com uma apresentação. Quem se apresenta ao leitor/ouvinte? Qual o seu nome e o que faz?

b) Qual é a estratégia empregada pela cordelista para atrair a atenção das pessoas para o seu cordel?

c) Qual é o tema do cordel?


2. Na 4ª estrofe, a narradora começa a contar a história da garota que amava um cangaceiro.

a) Que aspectos do cangaceiro são ressaltados nessa estrofe?

b) Que expressão tipicamente nordestina é usada para qualificar o cangaceiro?

c) Transcreva a expressão da linguagem oral empregada pela narradora. Que significado ela adquire no contexto?


3. Ao referir-se à mocinha da história, na 5ª e 6ª estrofes, a narradora não a identifica claramente. Por que ela utiliza esta estratégia?


4. A primeira vez que Bertulina viu o cangaceiro, algo aconteceu.

a) Que imagem representa o despertar do amor em Bertulina?

b) Que verso expressa a emoção incontida desse momento?

c) Que efeito de sentido é decorrente dessa escolha?


5. O cangaceiro é caracterizado na 9ª estrofe.

a) Que versos mostram o seu jeito de ser?

b) O que esse trecho revela sobre as características do cangaceiro?


6. A 11ª estrofe narra o momento em que explode a paixão de Bertulina.



a) Que substantivos empregados nessa estrofe podem ser associados às sensações vividas por Bertulina?

b) Que sentido os substantivos empregados nessa estrofe atribuem ao momento narrado e consequentemente ao sentimento de Betulina?


7. Na 13ª estrofe, Bertulina, após o beijo, afirma estar assustada.

a) Qual a preocupação dela em relação ao beijo?

b) Na fala de Bertulina, o que as reticências podem revelar?


8. Doralice e Bertulina são a mesma pessoa.

a) Que pistas, no texto, podem levá-lo a concluir isso?

b) Com que objetivo a narradora pode ter usado essa estratégia na sua história.














Atividades
1. O nome cordel deve-se ao fato de, antigamente, na Espanha e em Portugal, onde surgiram, esses folhetos serem pendurados em cordas ou barbantes, como se fossem roupas em um varal. Sabendo disso, copie da 3ª estrofe os dois versos que comprovem essa informação.
2. Os folhetos de cordel costumam ser vendidos em feiras e mercados. Na 1ª estrofe, há dois versos que tratam desse assunto. Copie-os.
3. Em que região do país se passam as histórias de cordel que Doralice conta? Explique como foi possível saber isso.
4. O que era a ventania do cangaceiro?
5. O que significa a expressão "ó xente!" que aparece no título do texto?
6. Nos poemas de cordel há a presença de versos que rimam. Que tal começar a rimar? Crie estrofes de dois versos usando os pares de palavras  abaixo.
a) AMIZADE - FELICIDADE
b) ALEGRIA - HARMONIA
c) SOL - GIRASSOL


CONTO TENTAÇÃO INTERPRETAÇÃO

TENTAÇÃO


   Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.
   Na rua vazia as pedras vibravam de calor - a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.
   Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo.
   Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.
   A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.

 Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo.
   Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos.
   Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento, surpreendidos.
   No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes de Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam.
   Mas ambos eram comprometidos.
   Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada.
   A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-la dobrar a outra esquina.

   Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás
__________________
Conto extraído de LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.

Após ler o texto, responda:

1 Quem são as personagens principais? O que elas têm em comum?

2. O que a menina fazia sentada na porta de casa, às duas horas da tarde?

3. Onde se passa a história? Retire do texto uma frase que apresenta uma característica marcante do cenário.

4.De acordo com o texto, como a menina se sentia em relação a outras pessoas? Retire do texto uma frase para justificar sua resposta.

5. “Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava.” O que a menina suportava?
Indique a alternativa que melhor responde a questão:
(a) a pessoa que esperava o bonde   (b)  a bolsa velha        (c) o calor e a solidão              (d) sua mãe

6. “O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida.” Do que a bolsa a salvava?
(a) do calor excessivo                               (b) da solidão, já que a bolsa era sua companhia
(c) das brigas com a mãe                         (d)  do homem que esperava o bonde

7) No texto, quem é o narrador?
( a ) a mãe                                                                                 (c) alguém que não presente na história
(b ) alguém presente na história, mas sem participar muito      (d) a menina ruiva

8) Retire  do texto um trecho em que se percebe a presença do narrador como personagem.

9) O que o narrador fazia naquele lugar ?

10)Pode-se dizer que o narrador se identifica com a menina? Por quê?

11) O cão basset provoca uma mudança na cena inicial. Qual a reação da menina e do cão quando se veem ?

12) “Mas ambos eram comprometidos.” Segundo o texto, com o que eles eram comprometidos ? O que isso pode significar?

13) Por que o cachorro não olhou para trás?

14) Considerando a reação da menina e do cão quando se encontram e a resposta à questão 12, o que o título TENTAÇÃO pode indicar?


15) Qual é o tema central do texto?

CONTO OS TRES DESEJOS INTERPRETAÇÃO

Os três desejos

          Era uma vez um lenhador que morava com sua esposa em uma pequena cabana na floresta. Eles eram pobres, porém muito felizes... se amavam muito. Eles sempre costumavam dividir tudo o que tinham com quem batesse à sua porta.
          Certo dia, o lenhador teve que trabalhar na floresta. Sua mulher ficou cuidando da casa e apareceu um velho à porta. Ele disse estar muito faminto e a mulher tinha pouca comida em sua casa. Mesmo assim, dividiu com ele.
          O velho comeu com vontade e disse:
          - Deus me enviou até sua casa para testá-la. Você e seu marido sempre dividem as coisas que têm com outras pessoas. Deus quer lhes dar um presente especial por causa de sua generosidade.
          - E qual é esse presente?
          - Você e seu marido podem fazer três desejos, que eles se tornarão realidade.
         - Gostaria tanto que meu marido estivesse aqui para ouvir isso... – disse a mulher, transbordando de felicidade.
          Em um minuto, seu marido estava lá. Seu primeiro desejo havia se tornado realidade.
          - O que aconteceu? – perguntou o lenhador – Eu estava na floresta e agora estou aqui!
          Sua mulher o beijou e explicou tudo o que havia acontecido. Ele ouviu a história e ficou furioso. Logo, começou a gritar com a mulher.
          - Você gastou um de nossos desejos! Agora, só temos dois sobrando. Você deveria ter orelhas de burro!
          No mesmo instante, as orelhas de sua esposa começaram a crescer. Elas se transformaram em grandes orelhas de burro. A mulher começou a chorar e seu marido se sentiu muito mal pelo que havia dito.
          - Vocês nunca tinham gritado um com o outro antes. Vocês ficaram diferentes. – disse o velho – Vocês sabem que têm o poder de enriquecer. Ainda há um desejo. Vocês querem ser ricos? Talvez queiram ter roupas bonitas?
          - Só queremos ser felizes novamente, como éramos antes. – disse o lenhador.
          As orelhas de burro desapareceram. O lenhador e a esposa ficaram muito felizes.
          - Pessoas pobres também podem ser felizes. Há muitas pessoas ricas que são infelizes. Deus irá lhes dar a maior felicidade que um casal pode ter. – disse o velho antes de partir.
          Poucos meses depois, a mulher engravidou e o casal teve um lindo bebê. A família do lenhador viveu feliz para sempre.

( conto porto-riquenho, traduzido por Janaína Spolidorio )

Atividades

1.     Coloque as informações na ordem em que aparecem no texto. Escreva 1 no que acontece primeiro e assim sucessivamente.

_____ As orelhas de burro desapareceram.
_____ O lenhador e sua esposa tiveram um bebê.
_____ O lenhador ficou bravo com sua esposa.
_____Um velho veio à casa do lenhador.
_____O lenhador desejou ser feliz novamente.
_____A mulher desejou que seu marido estivesse lá.
_____ O velho disse que o casal teria três desejos.
_____ Orelhas de burro apareceram na esposa.

2.     Complete as lacunas com informações da história lida:

     Um ___________ e sua esposa viviam muito felizes juntos. Eles _______________ tudo o que tinham com outras pessoas.
     Certo dia, um velho foi à casa deles e disse à mulher que Deus havia concedido três ______________ ao casal. A mulher ficou tão entusiasmada, que acabou fazendo um desejo ______________ porque ela não pensou antes de falar. O lenhador começou a ___________ com ela e desejou que ela tivesse orelhas de ___________. Elas só desapareceram quando o lenhador desejou que eles fossem _______________ novamente.
     O casal logo teve um bebê e sua família sempre foi muito feliz.

3.     Responda:

a.     Por que o velho foi até a casa do lenhador?
Resposta: ___________________________________________
___________________________________________________

b.     Qual presente ele ofereceu ao casal?
Resposta: ___________________________________________
___________________________________________________

c.      Quais foram os três desejos do casal?
Resposta: ___________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________

d.     De que forma os desejos mudaram a vida do lenhador e da esposa?
Resposta: ____________________________________________
___________________________________________________

4.     Complete a tabela de acordo com as informações do texto lido:

Desejo número
Quem fez?
O que desejou?
Um


Dois


Três



5.     Na sua opinião...

a.     Por que nem sempre a riqueza traz felicidade?
Resposta: ____________________________________________
____________________________________________________

b.     O que faz você feliz?
Resposta: ____________________________________________
____________________________________________________

c.      O que faz você ficar infeliz?
Resposta: ____________________________________________
___________________________________________________

CONTO - OS QUATRO LADRÕES - 7º ANO - CONTO PEQUENO

Os quatro ladrões
Diz que era uma vez quatro ladrões muito sabidos e finos. Num domingo de manhã estavam deitados, gozando a sombra de uma árvore, quando viram passar na estrada um homem levando um carneiro grande e gordo. Palpitaram furtar o carneiro e comê-lo assado. Acertaram um plano e se espalharam por dentro do mato.
O primeiro ladrão foi para o caminho, encontrando o homem do carneiro e salvou-o:
— Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
— Para sempre seja louvado!
— O senhor, que mal pergunto, para onde leva este cachorrinho?
— Que cachorrinho?
— Esse aí que está amarrado numa corda! Bem bonitinho!
— Isso não é cachorro. É carneiro. Repare direito.
— Estou reparando, mas é cachorro inteiro. Vigie o focinho, as patas, o pelo. É cachorro e dos bons.
Separaram-se e o dono do carneiro ficou olhando o animal meio desconfiado. Adiante saiu o segundo ladrão, deu as horas, e foi logo entrando na conversa:
— Cachorro bonito! Esse dá para tatu e cutia. Focinho fino, bom para farejar. Perna fina corredeira. É capaz de correr veado. Onde comprou o bicho?
— O senhor repare que não é cachorro. É um carneiro. Já outro cidadão ali atrás veio com essa palúxia para meu lado. Bote os olhos direito no bicho.
— Homem, desde que nasci que conheço cachorro e carneiro. Se esse aí não é o cachorro eu ando espritado. Deixar de conhecer cachorro?
O homem seguiu sozinho, mas não tirava os olhos do carneiro, quase convencido de que comprara o bicho errado. O outro ladrão apareceu e fez a mesma conversa, misturando os dois animais, e ficando espantado quando o dono dizia que era um carneiro. Discutiram um bom pedaço e o terceiro ladrão espirrou para dentro do marmeleiro.
O quarto camarada veio e puxou conversa, oferecendo preço para o cachorro que dizia ser bom caçador de preás. Deu os sinais de cachorro de faro e todos encontravam no bicho que o homem ia levando.
Assim que despediu, o dono do carneiro, que ia comendo o animal com os olhos, parou, desatou o laço da corda e soltou o carneiro, certo e mais que certo que o carneiro era cachorro.
Os quatro ladrões que vinham acompanhando por dentro da capoeira agarraram o carneiro e fizeram dele um almoço especial.
CASCUDO, Luís da C. Contos tradicionais do Brasil. 13. ed., 6ª reimp. São Paulo: Global, 2009.

2. Analisando o texto
a) Discuta com seus colegas:
● Os ladrões agem como na maioria dos furtos? Explique.
Resposta pessoal.
b) Que argumentos cada ladrão usou para convencer o homem de que ele tinha um cachorro?
1º ladrão: Afirma que o animal é um cachorro e ainda aponta o focinho, as patas, o pelo como provas de que é um cachorro.            
2º ladrão: Afirma que o animal é um cachorro farejador, bom para caçar tatu e cutia.            
3º ladrão: Repetiu os argumentos do primeiro e do segundo ladrão.             
4º ladrão: Afirmou que o animal era um cachorro bom para caçar preás.
c) Qual foi a consequência da estratégia usada pelos ladrões para conseguir o carneiro?
O homem desistiu do carneiro, convencido de que era um cachorro.
d) O que você acha da estratégia usada pelos homens para conseguir o carneiro? Você considera que houve realmente um furto? Resposta pessoal.

3. Analisando as palavras e expressões do texto
a) No segundo parágrafo do texto, que palavra ou expressão é usada para introduzir a fala do primeiro ladrão? Sublinhe-a no texto. Salvou-o.
b) Que expressões são usadas para introduzir a fala do segundo ladrão? Sublinhe-as no texto.
c) Que outras expressões poderiam ser usadas para isso? Foi logo entrando na conversa.
● Na fala do primeiro ladrão: Cumprimentou-o, saudou-o.                      
● Na fala do segundo ladrão: Puxando conversa, conversando.

d) Releia os trechos a seguir e diga qual é o sentido das expressões sublinhadas:
● “— O senhor repare que não é cachorro. É um carneiro. Já outro cidadão ali atrás veio com essa palúxia para meu lado.” Veio com essa conversa para o meu lado. Veio com esse papo pra cima de mim.
● “Discutiram um bom pedaço e o terceiro ladrão espirrou para dentro do marmeleiro.
Correu para dentro do mato. Voltou rapidamente para dentro do mato.
● “Assim que despediu, o dono do carneiro, que ia comendo o animal com os olhos[...]”
Olhando fixamente o animal; olhando o animal com atenção.
e) Por que você imagina que o texto usa essas expressões?
Para tornar a fala das personagens mais verossímil, isto é, mais próxima de como seria em uma conversa cotidiana.
4. Analisando o começo do conto.
a) Releia:
Diz que era uma vez quatro ladrões muito sabidos e finos. Num domingo de manhã estavam deitados, gozando a sombra de uma árvore, quando viram passar na estrada um homem levando um carneiro grande e gordo. Palpitaram furtar o carneiro e comê-lo assado. Acertaram um plano e se espalharam por dentro do mato.

b) De acordo com esse trecho, o cenário (local onde se passa o fato narrado)
( X ) é apresentado primeiro e depois se sabe o que aconteceu nele.
(    ) não é apresentado de início. Vai-se tomando conhecimento dele no desenrolar da narrativa.
(    ) não é importante para o conto, por isso não há menção ao lugar onde se passa o fato.

c) E a expressão temporal “Diz que era uma vez” o que sugere: um tempo exato em que é possível situar a história ou o tempo do faz de conta?
O tempo do faz de conta.
5. Analisando a passagem do tempo nos contos
a) Agora, releia o conto “Os quatro ladrões” e identifique as palavras e as expressões que indicam a passagem do tempo. Sublinhe-as no texto.
“Num domingo de manhã”; “adiante”; Assim que despediu”.
b) Em sua opinião, o uso dessas expressões é importante na organização do texto? Por quê?
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno reconheça sua importância na organização da ordem dos acontecimentos no texto.
6. Analisando o desenvolvimento do conto
a) Ao verem o homem passar com o carneiro, que ideia os ladrões tiveram?
A ideia de furtar o carneiro.
b) Qual é o plano para colocar a ideia em prática?
Espera-se que o aluno seja capaz de inferir o plano latente nas ações narradas: convencer o dono do carneiro de que o animal era um cachorro.
Atividade adaptada do "Caderno de Apoio e Aprendizagem" da Prefeitura de São Paulo.


CONTO BICHOS DE ESTIMAÇÃO INTERPERTAÇÃO 20 QUESTOES

Conto: Bichos de Estimação

__ Droga, não para de chover nunca mais, pra gente ir brincar no quintal, não é, Eurico?
__ …
__ Eu sei, eu entendi. Daí você não pode enterrar seu osso debaixo da trepadeira, senão seu focinho fica cheio de lama, e mamãe vai logo implicar. Ela anda sempre reclamando que você anda muito sujo. Mas também, com esse tempo, não tem nunca sol para lavar e secar você, não é Eurico?
__ …
__ Ah, entendi. Espera que eu vou desamarrar essa corda e soltar essa coleira. Está apertando seu pescoço, não está? Deve incomodar mesmo! Mas aqui no meu quarto não precisa. Mamãe não vai bronquear se você ficar solto. Pronto. Assim está melhor.
__ …
__ O quê? A gente pode brincar de esconder seu osso aqui mesmo? Boa ideia. Bate cara, Eurico!
__ …
__ Você não sabe onde escondeu o osso? Mas agora mesmo ele estava aí do seu lado! Afinal, pra que serve esse seu nariz, hein?
__ …
__ É, eu sei. Os cachorros nunca lembram onde escondem os ossos. Eu vejo sempre isso nos filmes da tevê…
__ …
__ Eu sei, cachorros não gostam de assistir tevê. Preferem correr lá fora no quintal. Mas com esse tempo… Droga, está chovendo mais forte! E justo agora que tocou a campainha. É o carteiro (coitado, está todo molhado). Vai ver que está trazendo a carta do meu tio do Canadá e dos meus primos que eu nem conheço.
__ …
__ Sabe, Eurico, eu escrevi para meu tio, contando do meu cachorro de estimação. Que é você, é claro. E perguntei se eles têm cachorro em casa. Então falei também do meu passarinho na gaiola, e que eu não gosto de gaiola, mas tem que ter, senão ele foge e o gato do vizinho acaba comendo. E eu contei que meu passarinho se chama Yellow, porque canário de verdade tem que ser mesmo amarelo, é claro.
__ …
__ Mas eu não botei na história o gato cinzento que eu salvei de cair no bueiro, e que mamãe não deixou ficar. Eu bem que vi quando ela deu o gatinho pro lixeiro, e ele foi miando na caixa de papelão, no caminhão do lixo. Tomara que os filhos do lixeiro gostem de gato!
__ …
__ É, eu sei. Você não gosta. Mas eu também não contei, na minha redação, do Birau, aquele cachorro meio pelado, que era tão bonzinho e me seguia lá do ponto do ônibus, todos os dias. Sabe, Eurico, um dia eu escondi o Birau, no quartinho atrás do tanque, aquele de guardar garrafas vazias. Mas, a Finoca descobriu e correu com ele de lá. Ele fugiu com o rabo no meio das pernas. Naquele dia eu chorei escondido.
__ …
__ Foi aí que eu arrumei o Yellow w botei na gaiola. E depois arrumei você. Na minha redação, eu conto que você é corajoso, já salvou até gente, como os cachorros ensinados da tevê. E que eu dou banho em você, que anda sempre limpo!
__ …
__ Olha, Eurico, eu só não levo você em uma escola de cães porque os donos dos outros cachorros vão caçoar de mim. É que você é diferente. Sabe como é gente… Droga! Essa chuva não para, e eu já estou cheio de não ter nada pra fazer!
__ …
__ Agora mamãe vem vindo. Você também escutou? Ela está subindo a escada. Será que o carteiro trouxe a resposta do meu tio do Canadá?
__ Fábio! O que você está fazendo que não desce para o lanche?
__ …
__ É, você tem razão. É melhor destrancar a porta, senão ela vai ficar zangada.
__ O que é isso debaixo do tapete? Eu já disse, filho! Para com essa mania de esconder ossos debaixo das coisas. Ummmm… Que cheiro ruim é esse? O quarto está horrível! Já sei. É essa espiga de milho dentro da gaiola vazia. Já está podre; você tem que jogar fora. Filho porque você não brinca com brinquedos normais, como as outras crianças? Fica aí arrastando pela casa essa corda amarrada num travesseiro imundo…
Stella Carr, Assombrassustos, 1995



1- Quem são as personagens do conto?

2- Quais são as características psicológicas do garoto?

3- E as características psicológicas da mãe?

4- Porque o garoto não lavava seu “cachorro”?

5- Por quê no texto aparece várias vezes o seguinte recurso “ __ …” ?

6- Qual era o maior sonho do menino?

7- Quem disse a última fala do diálogo?

8- Cite exemplos de “brinquedos normais” que a mãe de Fábio gostaria que ele brincasse.

9- O que significa a expressão: “Ummmmm” ?

10- Porque o menino inventou animais de estimação?

11- Quantos anos você imaginou para o menino?

12- Por quê o menino ficava arrastando pela casa uma corda amarrada num travesseiro imundo?

13- Quem eram os animais de estimação do garoto?

14- Que outra palavra podemos utilizar para substituir a palavra imundo?

15- Além de brincar com seus animais imaginários que outras atividades o menino realizava?

16- A mãe do menino gostava de animais? Justifique sua resposta.
17- Quem escondeu o osso embaixo do tapete

(A) A mãe (B) O cachorro (c) o carteiro (D) Fábio
18- Na sua opinião o que a mãe do garoto deveria fazer para o menino parar com a mania de inventar animais estimação?
19- Quantas vezes a mãe falou durante o conto?
20- Fica aí arrastando pela casa essa corda amarrada num travesseiro imundo…
21- Copie a frase em que o menino conta uma passagem de sua vida muito triste.