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sábado, 15 de abril de 2017

ROMANCE O MENINO NO ESPELHO INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

PRÓLOGO

    O menino e o homem

     Quando chovia, no meu tempo de menino, a casa virava um festival de goteiras. Eram pingos do teto ensopando o soalho de todas as salas e quartos. Seguia-se um corre-corre dos diabos, todo mundo levando e trazendo baldes, bacias, panelas, penicos e o que mais houvesse para aparar a água que caía e para que os vazamentos não se transformassem numa inundação. Os mais velhos ficavam aborrecidos, eu não entendia a razão: aquilo era uma distração das mais excitantes.
   E me divertia a valer quando uma nova goteira aparecia, o pessoal correndo para lá e para cá, e esvaziando as vasilhas que transbordavam. Os diferentes ruídos das gotas d´água retinindo no vasilhame, acompanhados do som oco dos passos em atropelo nas tábuas largas do chão, formavam uma alegre melodia, às vezes enriquecida pelas sonoras pancadas do relógio de parede dando horas.
    Passado o temporal, meu pai subia ao forro da casa pelo alçapão, o mesmo que usávamos como entrada para a reunião da nossa sociedade secreta. Depois de examinar o telhado, descia, aborrecido. Não conseguia descobrir sequer uma telha quebrada, por onde pudesse penetrar tanta água da chuva, como invariavelmente acontecia. Um mistério a mais, naquela casa cheia de mistérios.

[...]

   EPÍLOGO
O homem e o menino
   Paro de escrever, levanto os olhos do papel para o relógio de parede: cinco horas. As sonoras pancadas começam a soar uma a uma, como antigamente em nossa casa. É um relógio bem antigo. Foi do meu avô, depois do meu pai, hoje é meu e um dia será do meu filho. Seu tique-taque imperturbável me acompanha todas as horas de vigília o dia inteiro e noite adentro, segundo a segundo, do tempo vivido por mim.

  [...]
  Cansado de tantas recordações, afasto-me do relógio e caminho até a janela, olho para fora.
   Assombrado, em vez de ver os costumeiros edifícios, cujos fundos dão para o meu apartamento em Ipanema, o que eu vejo é uma mangueira ─ a mangueira do quintal de minha casa, em Belo Horizonte. Vejo até uma manga amarelinha de tão madura, como aquela que um dia quis dar para a Mariana e por causa dela acabei matando uma rolinha. Daqui da minha janela posso avistar todo o quintal, como antigamente: a caixa de areia que um dia transformei numa piscina, o bambuzal de onde parti para o meu primeiro voo. Volto-me para dentro e descubro que já não estou na sala cheia de estantes com livros do meu apartamento, mas no meu quarto de menino: a minha cama e a do Toninho, o armário de cujo espelho um dia se destacou um menino igual a mim...
   Saio para a sala. Vejo meus pais conversando de mãos dadas no sofá, como costumavam fazer todas as tardes, antes do jantar. Comovido, dirijo-me a eles:
    ─ Papai... Mamãe...
    Mas eles não me veem. Nem parecem ter-me ouvido, como se eu não existisse. Ganho o corredor, passo pela copa onde o relógio está acabando de bater cinco horas. Atravesso a cozinha, vendo a Alzira a remexer em suas panelas, sem tomar conhecimento da minha existência. Desço a escada para o quintal e dou com um garotinho agachado junto às poças d´água da chuva que caiu há pouco, entretido com umas formigas. Dirijo-me a ele, e ficamos conversando algum tempo.
    Depois me despeço e refaço todo o caminho de volta até o meu quarto. Vou à janela, olho para fora. O que vejo agora é a paisagem de sempre, o fundo dos edifícios voltados para mim, iluminados pelas luzes do entardecer em Ipanema. Ouço o relógio soando a última pancada das cinco horas. Viro-me, e me vejo de novo no meu apartamento.
    Caminho até a mesa, debruço-me sobre a máquina que abandonei há instantes. Leio as últimas palavras escritas no papel:
    ... Até desaparecer em direção ao infinito.
    Sento-me, e escrevo a única que falta:

 FIM

 SABINO, Fernando. O menino no espelho.

1- Qual a causa do corre-corre na casa do menino?
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2- Qual o trecho do texto que nos deixa perceber que havia muitas goteiras?
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3- Como os mais velhos e o menino encaravam as goteiras da casa?
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4- Após ler o prólogo e o epílogo, responda quem é o narrador em cada uma das partes do romance.

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5- Um jogo de palavras foi usado em cada uma das partes para antecipar essa informação. Onde ocorre e como se dá o jogo de palavras?
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6- No trecho do epílogo “Cansado de tantas recordações, afasto-me do relógio e caminho até a janela, olho para fora.” A que se refere a palavra destacada?
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7- Onde morou o narrador-personagem?
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8- Da janela do seu apartamento, em Ipanema, o que o narrador-personagem imagina que vê e, depois do momento de recordação, o que vê realmente?
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9- Que elementos são característicos desse quintal, na infância, em Belo Horizonte?
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10- Que efeito causa no narrador suas lembranças da infância?
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11- Por que os pais do narrador-personagem e Alzira não o veem?
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12- Ao longo do epílogo, podemos perceber, explicitamente, palavras que representam os estados físicos e emocionais do narrador. Localize e transcreva essas palavras.
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13- Que elemento do apartamento do narrador, em Ipanema, proporciona a viagem ao passado e o retorno ao presente?

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CRÔNICA UMA ESPERANÇA INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

UMA ESPERNAÇA

    Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.
    Houve um grito abafado de um de meus filhos:
   - Uma esperança! e na parede, bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não poderia ser.
    - Ela quase não tem corpo, queixei-me.
   - Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós,
descobri com surpresa que ele falava das duas esperanças.
   Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.
    - Ela é burrinha, comentou o menino.
   - Sei disso, respondi um pouco trágica.
    - Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.
   - Sei, é assim mesmo.
   - Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.
   - Sei, continuei mais infeliz ainda.
    Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para que não se apagasse.
   - Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.
    Andava mesmo devagar - estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo.
   Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia "a" aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a
hora certa de perder a esperança:
    - É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
    - Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.
    - Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros - falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.
    O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida:
    a esperança pousara em casa, alma e corpo.
    Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.
    Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei
extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me
lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.

LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998

1- A qual esperança a narradora se refere em “Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica que tantas vezes verifica-se ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre” ?
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2- Qual o sentido do trecho destacado “[...] esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede” ?
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3- Por que motivo um dos filhos da narradora disse que a esperança era burrinha?
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4- Qual o sentido das aspas no termo destacado do trecho ‘Não uma aranha, mas me parecia “a” aranha’?
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5- A que esperança(s) refere-se o trecho “Ela queria esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la.”?
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6- Como a cronista descreve o inseto?
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CRONICA AUTOBIOGRÁFICA COMEÇAR DE NOVO INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

Começar de novo

São muito raros os escritores que se arriscam num estilo diferente do que os consagrou

Vivi em Berlim durante um ano, beneficiando de uma bolsa de criação literária. Atrás do apartamento que nos fora atribuído havia um jardim enorme, com um lago. Meses antes eu comprara em Goa, na Índia, uns barquinhos de lata. Acendia-se uma vela no interior e, através de um qualquer mecanismo rudimentar, os barquinhos punham-se em movimento, produzindo um convincente ruído de motor. Paguei uns cinco reais, no máximo, por cada um deles. Costumava levar o meu filho a brincar no lago. Ou talvez fosse o meu filho que me levasse a mim, para o caso tanto faz, o certo é que aqueles brinquedos faziam imenso sucesso entre os meninos alemães, muito mais do que as luxuosas lanchas de controle remoto que alguns exibiam. A enorme vantagem dos nossos barquinhos era não serem controláveis remotamente. O destino deles dependia de um simples golpe de vento. Podiam levar meia hora até retornarem à margem. Ou podiam naufragar no meio do lago — o que, aliás, sucedeu a todos — e por isso, porque nunca sabíamos o que iria acontecer, era tão emocionante lançá-los à água.

Aventura implica o imprevisto, o que não tem horário, um certo risco, inclusive físico — mas sem um pouco de aventura, a que sabe a vida?

Quando comparo a minha infância com a dos meus filhos surpreende-me sempre perceber o quanto a deles ganhou em segurança, mas perdeu em emoção. Entre os 7 e os 15 anos, abri a cabeça umas quatro vezes, cortei o tendão de Aquiles ao quebrar uma porta de vidro num golpe mal calculado de karatê, e creio que numa ou noutra ocasião cheguei mesmo a colocar a vida em risco, enquanto nadava entre tubarões ou deslizava por ladeiras de terra batida em carrinhos de rolimã. Ficaria aterrorizado se visse os meus filhos repetindo as muitas loucuras que cometi, mas não me arrependo de quase nenhuma. Vá lá, arrependo-me daquele instante em que o Karatê Kid baixou em mim diante de uma porta de vidro. Não havia necessidade.

Com a passagem dos anos a maioria das pessoas troca o risco pelo conforto. Conformam-se — e assim envelhecem. Envelhecer é desistir da aventura. Pessoas que mantêm a curiosidade acesa ao longo dos anos, que continuam a arriscar e a surpreender-se, essas são sempre jovens.

“Todo o processo criativo é um ato de coragem”, dizia Picasso, e dizia-o com propriedade, pois por várias vezes teve a ousadia de abandonar um caminho de sucesso, para se aventurar por trilhos ainda inexplorados. Já com muita idade e mais jovem do que nunca, terá dito, olhando para trás: “Quando tinha 15 anos sabia desenhar como Rafael, mas levei a vida inteira para aprender a desenhar como uma criança.”

Penso em Picasso enquanto leio o novo romance do moçambicano Mia Couto, “Mulheres de cinza”, primeiro volume de uma trilogia intitulada “As areias do imperador”. Nas artes plásticas há bastantes exemplos semelhantes ao de Picasso. Na música popular também. Basta pensar em Caetano Veloso, que volta e meia se reinventa e ao fim de tantos anos ainda é capaz de surpreender os seus ouvintes mais fieis. Na literatura, porém, são raros os autores que se atreveram a trocar um estilo já consolidado, algo tão difícil de conseguir, por outras propostas. Mia Couto fez isso. Começou a afastar-se do estilo que o consagrou, assente numa invenção vocabular lírica, onírica e intensamente lúdica, quase barroca, a partir do romance “Antes de nascer o mundo”. Creio que este “Mulheres de cinza” completa esse processo de afastamento. Contribui para isso o fato de se tratar de um romance histórico, ambientado nos últimos anos do século XIX, primeiros anos do século XX, a exigir uma linguagem mais depurada. O romance organiza-se em redor da figura mítica do último imperador de Gaza, Ngungunyane, o qual foi preso pelas tropas portuguesas em 1895, exibido pelas ruas de Lisboa como uma curiosidade de circo, e finalmente desterrado para os Açores, onde veio a falecer em 1906. Ngungunyane seguiu para o exílio na companhia de sete das suas esposas, além de três outros altos dignitários do derrotado império. Os quatro refizeram a vida nos Açores. Três dos africanos casaram com açorianas e deixaram descendência nas ilhas. Assim, de certa forma, também eles se reinventaram, e, ao fazerem isso, emergiram triunfantes da longa humilhação a que o colonialismo português os sujeitou. Os descendentes portugueses dos príncipes de Ngungunyana ostentam hoje, com orgulho, o nome africano e a tez escura. Não são descendentes de homens derrotados, e sim de guerreiros que atravessaram o mar e numa terra distante lutaram contra todo o tipo de preconceitos — e venceram.

1- Transcreva, do segundo parágrafo, um pequeno trecho que contenha
a) uma indicação de tempo:
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b) um espaço definido:
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c) uma ação habitual:
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d) uma alternativa:
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2 – Segundo o cronista, de que a vida precisa?
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3- Transcreva o trecho do texto em que o cronista compara sua infância à de seus filhos.
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4- O que significa dizer a respeito de Picasso “Já com muita idade e mais jovem do que nunca”?
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5- Que trecho do texto retoma a ideia do primeiro parágrafo?
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6- No trecho “ Os quatro refizeram a vida nos Açores”, no último parágrafo, a quem se referem os termos destacados?
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7- Qual a tese defendida no texto? Transcreva dois argumentos que a sustentam.
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AUTOBIOGRAFIA RUSSIA-BRASIL INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

RÚSSIA – BRASIL
Eu não nasci no Brasil: sou imigrante. Nasci na Rússia, na então capital, que já não se chamava São Petersburgo, como quando foi fundada e construída pelo imperador Pedro, o Grande, e ainda não se chamava Leningrado – agora São Petersburgo, recuperando assim seu nome original. Quando eu nasci, dois anos depois da Revolução Russa, um ano após o término da Primeira Guerra Mundial, a cidade se chamava Petrogrado – “cidade de Pedro”, em russo. O país estava em plena guerra civil, havia mesmo fome na cidade, os alimentos estavam racionados, a vida era muito difícil. Então meus pais, que eram cidadãos letonianos, resolveram voltar para Riga, capital da Letônia, um dos pequenos países do Mar Báltico. E foi assim que, de um ano de idade até os dez vivi com meus pais e meus dois irmãos [...] na bonita cidade de Riga, conhecida principalmente pela madeira que exportava para o mundo inteiro, o famoso pinhode-riga.
Mas também em Riga a vida não era fácil. A situação econômica era ruim, a política, pior ainda, e as coisas não andavam boas para meus pais, gente de classe média remediada. Até que a situação se tornou insustentável, e meus pais resolveram sair do país, tentar arrumar a vida em outra terras.
[...]
Então sou – ou fui – imigrante. Mas sou brasileira, como consta no meu “RG” – casada com brasileiro, com filhos e netos brasileiros: marido santista, filhos, netos e bisnetos paulistanos.
[...]
Só que eu não virei brasileira de repente, do dia para a noite, sem mais nem menos. Quando cheguei ao Brasil, tinha pouco mais de dez anos e todo um passado europeu atrás de mim: toda uma vida, todo um “caldo de cultura”. Clima, costumes, educação, idioma, até a maneira de vestir e de morar eram muito diferentes. E levei algum tempo até me “aclimatar” e acostumar com todas as coisas novas que me esperavam no Brasil, na cidade de São Paulo e, principalmente, na Rua Jaguaribe [...].
Hoje – e já há muito tempo –eu não trocaria o Brasil por nenhuma espécie de “paraíso terrestre” em qualquer outra parte do mundo. (E, note-se que eu viajei muito, vi muitos países, coisas bonitas e interessantes...)
[...]
Viajar para o Brasil! Foi o que nos disseram papai e mamãe, naquele dia: nós íamos viajar para o Brasil, um país que ficava na América, muito longe, do outro lado do oceano. E que nós íamos navegar até lá num navio transatlântico – que coisa romântica e empolgante!
[...]
Papai de fato partiu antes de nós – para “apalpar o terreno” e, finalmente, três meses depois, chegou também a hora da nossa partida. [...]
Saímos de Riga de trem noturno, até Berlim, de onde iríamos para Hamburgo, e de lá, desse velho porto alemão, embarcaríamos rumo ao Brasil.
As despedidas na estação ferroviária de Riga foram emocionadas e emocionantes. De repente a gente se deu conta de que estávamos deixando para trás toda a nossa grande família, boa parte da qual se apinhava na plataforma: vovô e vovó, tios e tias, primos e primas, adultos e crianças – toda uma multidão de pessoas próximas e queridas, que sempre fizeram parte integrante da nossa vida – e das quais de repente íamos ficar separados e distantes, não sabíamos por quanto tempo.
     Por fim, vinte e um dias depois de alçarmos âncora em Hamburgo, chegamos! Chegamos ao Rio de Janeiro. O General Mitre entrou na Baía de Guanabara ao anoitecer e ficou fora da barra à espera da licença de ancorar até a manhã do dia seguinte. Todo mundo correu para as amuradas, e ficamos olhando de longe aquela vista incomparável: a linha harmoniosamente curva da praia de Copacabana, toda faiscante no seu “colar de pérolas”, como era chamada, carinhosamente, a iluminação da Avenida Atlântica.
[...]
O nosso primeiro contato com a paisagem brasileira foi o Rio de Janeiro, e não podia ter sido mais encantador.
BELINKY, Tatiana. Transplante de menina. São Paulo: Uno Educação, 2008

1- Observe que, no primeiro parágrafo, aparecem os diferentes nomes que a cidade russa, São Petesrburgo, teve ao longo de sua história. Organize-os em ordem cronológica.
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2- Qual o significado de Petrogrado?
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3- Por que os pais da narradora resolveram voltar para a cidade de Riga, na Letônia?
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4- Como era a vida em Riga?
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5- Por que os pais da narradora decidiram sair de seu país?
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6- Por que a narradora afirma que não virou brasileira, de repente, de uma hora para outra?
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7- A expressão “caldo de cultura” se refere a que aspectos presentes no texto?
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8- Que parágrafo do texto mostra que a narradora gosta do Brasil?
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9 - O que, no quinto parágrafo, os parênteses e o que eles contêm nos revelam?
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10- Qual o efeito de sentido das exclamações, no sexto parágrafo?
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11- Retire do sexto parágrafo um fato e uma opinião.
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12- Qual o efeito de sentido das aspas na expressão “apalpar o terreno” no sétimo parágrafo?
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13- A que se refere “desse velho porto alemão” no oitavo parágrafo?
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14- Qual a diferença entre EMOCIONADA e EMOCIONANTE, no décimo parágrafo?
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15- No décimo primeiro parágrafo, a que se refere General Mitre?
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16- A que a iluminação da Avenida Atlântica era comparada?

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CRÔNICA QUANDO O RIO NÃO ERA RIO INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

QUANDO O RIO NÃO ERA RIO

     Naquele tempo o Rio não era o Rio. Eu me lembro muito bem quando começou essa moda de dizer: vou ao Rio, cheguei do Rio. Até então nós todos dizíamos solenemente: Rio de Janeiro. E nos debruçávamos sonhadoramente sobre os cartões-postais que as pessoas que iam ao Rio de Janeiro mandavam: o bondinho do Pão de Açúcar (que era de Assucar) e o Corcovado, ainda sem Cristo.

    Mas havia dois palácios de maravilha para a nossa imaginação; seus nomes soavam belíssimos: a Galeria Cruzeiro e o Pavilhão Mourisco. Não consigo refazer a ideia que eu tinha da Galeria Cruzeiro, creio que era uma ideia que variava muito. Um grande recinto sem plateia mas com muitas galerias, ou um palácio em forma de túnel com um Cruzeiro do Sul aceso na fachada, algo de estranho e imenso, pois toda gente encontrava toda gente na Galeria Cruzeiro. O Pavilhão Mourisco, este para nós era feérico, cheio de minaretes; odaliscas, bandeiras e punhais, talvez camelos, pelo menos grandes camelos pintados entre oásis.

    As pessoas grandes que chegavam do Rio traziam malas fabulosas, cheias de presentes para todos, além de dezenas de encomendas, todas escritas cuidadosamente em uma lista com letra feminina. Nós nos juntávamos todos para assistir à abertura das malas.
“Isto é para você!” Era fascinante receber um embrulho de presente com o nome da loja impresso na fita que o amarrava.

    Mas o que mais me impressionou foi uma sopa juliana. Eu nunca tinha ouvido falar de sopa juliana, não era prato que se usasse em minha casa. E não gostei da sopa: era de verduras e legumes. Mas o espantoso é que vinha seca, em um envelope, e quando se punha n’água crescia, tomava cores. As coisas do Rio de Janeiro eram assim, cheias de milagres e de astúcias. E à noite, quando vinham visitas, os viajantes contavam as últimas anedotas do Rio de Janeiro, pois naquele tempo não havia rádio.

    Lembro-me que, apesar de sentir esse fascínio do Rio de Janeiro, eu não pensava nunca em vir aqui. Isso simplesmente não me passava pela cabeça; o Rio era um lugar maravilhoso, onde vinham pessoas grandes e até eu pensava vagamente que no Rio de Janeiro só devia haver pessoas grandes. Era verdade que havia, por exemplo, um menino, o Zezé, filho de seu Osvaldo, que vinha ao Rio de Janeiro; ele usava sapatos, quando nós todos usávamos botinas. Mas, mesmo pelo fato de usar sapatos e vir ao Rio era como se ele fosse uma pessoa de outra raça, não uma criança como nós. Eu não chegava sequer a invejá-lo, tão diferente de nós eu o achava. Zezé tinha até um sapato de duas cores, branco e vermelho; e nós com nossas botinas pretas, sempre de bico esbranquiçado de tanto chutar pedra na rua, sempre com os cadarços meio arrebentados, difíceis de enfiar.

    Fiquei muito espantado quando minha irmã, que vinha ao Rio com o marido, me convidou para vir também. Ela disse que era um prêmio porque eu tinha tirado boas notas nos exames. Lembro-me de que minhas notas tinham sido apenas regulares, de maneira que achei aquele convite uma honra, uma distinção que eu mesmo sabia que não merecia muito. Eu tinha nove anos, e essa irmã era minha madrinha.


Rio, novembro, 1958. — Rubem Braga, no livro “Ai de ti, Copacabana”. Rio de Janeiro: Record, 2010

1- Na crônica de Rubem Braga que você acabou de ler, o cronista relata fatos de sua infância. Transcreva a expressão indicadora de tempo passado que aparece no texto.
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2- Que aspecto da paisagem do Rio Janeiro do passado está presente no primeiro parágrafo?
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3- Ainda no primeiro parágrafo, que trecho revela a paixão pelo Rio de Janeiro?
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4- Que palavras do texto pertencem ao campo semântico de MOURISCO?
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5- Com relação à culinária, o que espantou o cronista quando era menino?
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6- A quem se refere a palavra VIAJANTES, no quinto parágrafo?
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7- Ainda no quinto parágrafo, o que revela um tempo do passado distante?
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8- Que trecho do texto mostra que o cronista morava no Rio no momento em que escrevia a crônica?
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9- A que se refere a palavra ISSO, no sexto parágrafo?
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10- Aos olhos do cronista menino, o que distinguia Zezé das outras crianças?
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11- No último parágrafo, por que o cronista menino considerava uma honra que ele não merecia?
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12- No último parágrafo, substitua a expressão DE MANEIRA QUE por outra equivalente, sem mudar o sentido do trecho.

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CONTO DE MUITO PROCURAR INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

De muito procurar
Marina Colasanti

            Aquele homem caminhava sempre de cabeça baixa. Por tristeza, não. Por atenção. Era um homem à procura. À procura de tudo o que os outros deixassem cair inadvertidamente, uma moeda, uma conta de colar, um botão de madrepérola, uma chave, a fivela de um sapato, um brinco frouxo, um anel largo demais.
            Recolhia, e ia pondo nos bolsos. Tão fundos e pesados, que pareciam ancorá-lo à terra. Tão inchados, que davam contornos de gordo à sua magra silhueta.
            Silencioso e discreto, sem nunca encarar quem quer que fosse, os olhos sempre voltados para o chão, o homem passava pelas ruas despercebido, como se invisível. Cruzasse duas ou três vezes diante da padaria, não se lembraria o padeiro de tê-lo visto, nem lhe endereçaria a palavra. Sequer ladravam os cães, quando se aproximava das casas.
            Mas aquele homem que não era visto, via longe. Entre as pedras do calçamento, as rodas das carroças, os cascos dos cavalos e os pés das pessoas que passavam indiferentes, ele era capaz de catar dois elos de uma correntinha partida, sorrindo secreto como se tivesse colhido uma fruta.
            À noite, no cômodo que era toda a sua moradia, revirava os bolsos sobre a mesa e, debruçado sobre seu tesouro espalhado, colhia com a ponta dos dedos uma ou outra mínima coisa, para que à luz da vela ganhasse brilho e vida. Com isso, fazia-se companhia. E a cabeça só se punha para trás quando, afinal, a deitava no travesseiro.
            Estava justamente deitando-se, na noite em que bateram à porta. Acendeu a vela. Era um moço.
            Teria por acaso encontrado a sua chave? Perguntou. Morava sozinho, não podia voltar para casa sem ela.
            Eu... esquivou-se o homem. O senhor, sim, insistiu o moço acrescentando que ele próprio já havia vasculhado as ruas inutilmente.
            Mas quem disse... resmungou o homem, segurando a porta com o pé para impedir a entrada do outro.
            Foi a velha da esquina que se faz de cega, insistiu o jovem sem empurrar, diz que o senhor enxerga por dois.
            O homem abriu a porta.
            Entraram. Chaves havia muitas sobre a mesa. Mas não era nenhuma daquelas. O homem então meteu as mãos nos bolsos, remexeu, tirou uma pedrinha vermelha, um prego, três chaves. Eram parecidas, o moço levou as três, devolveria as duas que não fossem suas.
            Passados dias bateram à porta. O homem abriu, pensando fosse o moço. Era uma senhora.
            Um moço me disse... começou ela. Havia perdido o botão de prata da gola e o moço lhe havia garantido que o homem saberia encontrá-lo. Devolveu as duas chaves do outro. Saiu levando seu botão na palma da mão.
            Bateram à porta várias vezes nos dias que se seguiram. Pouco a pouco se espalhava a fama do homem. Pouco a pouco se esvaziava a mesa dos seus haveres.
            Soprava um vento quente, giravam folhas no ar, naquele fim de tarde, nem bem outono, em que a mulher veio. Não bateu à porta, encontrou-a aberta. Na soleira, o homem rastreava as juntas dos paralelepípedos. Seu olhar esbarrou na ponta delicada do sapato, na barra da saia. E manteve-se baixo.
            Perdi o juízo, murmurou ela com voz abafada, por favor, me ajude.
            Assim pela primeira vez, o homem passou a procurar alguma coisa que não sabia como fosse. E para reconhecê-la, caso desse com ela, levava consigo a mulher.
            Saíam com a primeira luz. Ele trancando a porta, ela já a esperá-lo na rua. E sem levantar a cabeça – não fosse passar inadvertidamente pelo juízo perdido – o homem começava a percorrer rua após rua.
            Mas a mulher não estava afeita a abaixar a cabeça. E andando, o homem percebia de repente que os passos dela já não batiam ao seu lado, que seu som se afastava em outra direção. Então parava, e sem erguer o olhar, deixava-se guiar pelo taque-taque dos saltos, até encontrar à sua frente a ponta delicada dos sapatos e recomeçar, junto deles, a busca.
            Taque, taque hoje, taque-taque amanhã, aquela estranha dupla começou a percorrer caminhos que o homem nunca havia trilhado. Quem procura objetos perdidos vai pelas ruas movimentadas, onde as pessoas se esbarram, onde a pressa leva à distração, ruas onde vozes, rinchar de rodas, bater de pés, relinchos e chamados se fundem e ondeiam. Mas a mulher que andava com a cabeça para o alto ia onde pudesse ver árvores e pássaros e largos pedaços de céu, onde houvesse panos estendidos no varal. Aos poucos, mudavam os sons, chegavam ao homem latidos, cacarejar de galinhas.
            O olhar que tudo sabia achar não parecia mais tão atento. O que procurar afinal entre fios de grama senão formigas e besouros? Os bolsos pendiam vazios. O homem distraía-se. Um caracol, uma poça d’água prendiam sua atenção, e o vento lhe fazia cócegas. Metia o pé na pegada achada na lama, como se brincasse.
            Taque-taque, conduziam-no os pés pequenos dia após dia. Taque-taque crescia aquele som no coração do homem.
            Achei! Exclamou afinal. E a mulher sobressaltou-se. Achei! Repetiu ele triunfalmente. Mas não era o que haviam combinado procurar. Na grama, colhida agora entre dois dedos, o homem havia encontrado a primeira violeta da primavera. E quando levantou a cabeça e endireitou o corpo para oferecê-la a ela, o homem soube que ele também acabava de perder o juízo.


1- O homem, personagem principal do texto, é descrito ao longo do conto. Como ele é? ________________________________ ________________________________ ________________________________

2- A que se referem os adjetivos “fundos e pesados” e “inchados”? ________________________________ ________________________________

3- No trecho “Mas aquele homem que não era, via longe.” (4.º parágrafo), a que característica do homem o narrador se refere com a expressão em destaque: ________________________________ ________________________________

4- Escreva, de outra forma, a frase “Com isso, fazia-se companhia”, no quinto parágrafo, substituindo o SE por aquilo a que ele se refere:
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5- Repare que há um diálogo no trecho que vai do oitavo ao décimo parágrafo. Escreva-o, usando a pontuação característica de um diálogo:
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6- O que significam as reticências nesse trecho?
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7- A quem se refere a palavra destacada em: “Devolveu as duas chaves do outro”?
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8- O que significa o termo “ seus haveres”? (16.º parágrafo)?
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9- A chegada da mulher provocou inicialmente duas mudanças na vida do homem. Quais?
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10- O que significa a expressão “afeita a abaixar a cabeça”, no último parágrafo?

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CONTO PARA CONTAR ESTRELAS INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

  PARA CONTAR ESTRELA

 Pai, como é que a gente conta estrelas do céu?, perguntou Lelê. O pai, baixando o jornal, foi logo fazendo pose de explicação.

- Bem, existem equipamentos especiais para isso. Eles tiram fotos do céu e fazem medições. E tem o Hubble, que é o bambambã dos telescópios! Mas só os cientistas podem usá-lo. Então, cada um conta com o que tem à mão.

- Ah!, disse Lelê com admiração, mesmo sem ter entendido muito bem (ele ainda estava no segundo ano).

A mãe o chamou na cozinha para um lanche. Ele se sentou à mesa pensando ainda no que o pai tinha dito. Decidiu perguntar para ela também.

- Isso seu pai deve saber. Por que não pergunta para ele?

- Já perguntei. Ele falou várias coisas, mas não entendi direito: o que cada um tem nas mãos e...

- Ora, nas mãos a gente tem dedos! Por que você não conta nos dedos?, disse a mãe, que era bem mais esperta que o pai nos assuntos práticos.

- Hum..., pensou Lelê. Assim eu sei! E foi logo devorando o sanduíche.

Uns minutinhos depois, Lelê já estava no quintal. Olhava para o alto, bem fundo no céu de estrelas. Para começar, mirou a mais brilhante e passou a contar em voz alta: Um... Dois... Três..., recolhendo um dedo de cada vez. Chegou até dez. Olhou para as mãos, olhou para o céu.

Suspirou. O problema é que ele tinha só dez dedos, e o céu tinha muito mais estrelas. 

Desanimado, sentou-se na varanda, apoiando o queixo nas mãos. 

Sua avó, que sempre observava tudo bem quietinha, foi lá falar com ele.

- O que foi, filho?

- Nada...

- Hum. Sabe, eu conheço um jeito de fazer caber todas as estrelas na mão, de uma só vez. 

Lelê olhou desconfi ado, mas fi cou atento, esperando o resto da história.

- Está vendo as estrelas lá em cima? São tão pequenininhas, não é mesmo? Pois então. Basta você olhar bem para elas, como se fossem grãozinhos de areia. Daí você passa a mão, assim, por todo o céu, como se estivesse varrendo, e fecha de uma vez no fi nal! Depois, chacoalha bem e põe em cima do coração, pegando emprestado um pouco da luz delas. 

Ela deu então uma piscadela e foi se levantando para entrar em casa. 

Lelê percebeu uma emoção estranha no peito, sentiu uma saudade imensa da avó, queria que ela morasse com ele para sempre. 

Desde então, sempre que tinha vontade, Lelê contava todas as estrelas do céu. E num punhado só.

1- No texto que você acabou de ler, pode-se perceber as falas de quatro personagens. Quem são eles?
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2- Qual o conflito gerador da narrativa? E o desfecho?
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3- No trecho “─ Bem, existem equipamentos especiais para isso.”, a que se refere o termo destacado?
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4- Qual o objetivo dos parênteses e de seu conteúdo no terceiro parágrafo?
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5- No trecho “Então, cada um conta com o que tem à mão.”, qual o significado da expressão contar com o que se tem à mão?
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6- Que diferença de sentido há em: contar com o que se tem à mão e contar o que cada um tem nas mãos?
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7- Por que o menino sentiu-se desanimado quando começou a contar as estrelas?
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8- Qual foi a sugestão da avó para que o menino pudesse contar todas as estrelas?
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9- Transcreva do último parágrafo a expressão indicadora de tempo:
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10- O uso das reticências é expressivo no texto. Releia os trechos e diga para que foram usadas as reticências.
a) “─ Já perguntei. Ele falou várias coisas, mas não entendi direito: o que cada um tem nas mãos e...
─ Ora, nas mãos a gente tem dedos! Por que você não conta nos dedos?, disse a mãe, que era bem mais esperta que o pai nos
assuntos práticos.”
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b) “ ─ O que foi, filho?
 ─ Nada...”
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11- No texto, várias vezes, aparecem palavras no diminutivo. Qual o efeito que esse uso provoca nos trechos abaixo?
“Sua avó, que sempre observava tudo bem quietinha, foi lá falar com ele.”
“São tão pequenininhas, não é mesmo? Pois então. Basta você olhar bem para elas, como se fossem grãozinhos de areia.
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