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terça-feira, 18 de abril de 2017

PROVA PRODUÇÃO TEXTUAL POEMA E NOTÍCIA 8º ANO 1ºB 2017

Rápido e Rasteiro

Vai ter uma festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar.

aí eu paro
tiro o sapato
e danço o resto da vida.



1.  No contexto do poema, a expressão “até o sapato pedir pra parar” empregada pelo eu lírico significa dançar muito ou pouco? Por quê?
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2.No verso “aí eu paro”, qual expectativa é criada? Essa expectativa se confirma?
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3. Certas características do eu lírico ficam evidenciadas nos dois últimos versos do poema. Quais são elas?
(    ) animado                         (   ) triste                          (    ) cabisbaixo       (    ) feliz
(    ) bem-resolvido               (    ) influenciável            (    )radiante           

4. Observe agora o título do poema. A quem podem ser atribuídas as qualidades correspondentes aos adjetivos RÁPIDO  e RASTEIRO? Justifique sua resposta.
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SATURAÇÃO

Qualquer dia viro fera,
faço a trouxa
e ganho asas, ganho o mundo.
Não aguento mais discurso de mãe,
caretice de pai
e tortura de irmãos.

Não aguento ver cadernos, livros, provas.
Hora certa de dormir e de dormir e de acordar.
Deveres todos, direitos poucos,
asas cortadas, meias nos pés
e asas na cabeça.

Se não fosse o medo
- não do medo, mas da saudade,
- pegaria o primeiro avião,
ônibus ou trem, mas ...
Qualquer  dia viro a mesa.
Viro fera e me dissolvo no ar ...

Quero ver só quem vai chorar
de saudades.




5.  Quem é o eu lírico do poema SATURAÇÃO?
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6. Que idade você imagina que o eu lírico do poema SATURAÇÃO  tenha? Justifique sua resposta.
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7. De que ele se sente saturado?
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8. Na terceira estrofe o eu lírico revela uma momento de fraqueza em sua revolta, mas novamente volta a ameaçar. Do que o eu lírico tem medo?
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9.O que ele quer dizer com as expressões “ viro a mesa, viro fera e me dissolvo no ar...”?
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10. Você acha que o eu lírico está avaliando adequadamente suas condições para se “dissolver no ar” de forma responsável? Por quê?
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11. Na última estrofe, o eu lírico faz uma ultima ameaça com a frase” quero ver só quem vai chorar / de saudades. Em quem você acha que ele pensa, ao fazer essa ameaça?
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12.  Ele é coerente com o que revelou na terceira estrofe? Por quê?
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Ilha do Francês recebe ação de limpeza
Materiais como plásticos e garrafas foram retirados do local

           Uma das mais belas paisagens da cidade, a Ilha do Francês, recebeu sexta-feira (7) uma ação de limpeza e conservação de praia e costões. Promovida pela Secretaria Adjunta de Pesca e Aquicultura em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, a ação contou com cerca de 65 voluntários que recolheram resíduos deixados na ilha.
           A atividade faz parte da Frente de Trabalho no período de defeso camarão e contou com a ajuda dos pescadores. "A secretaria se preocupou em integrar a ação,

13. O texto acima é um fragmento de noticia. Qual a finalidade deste gênero textual?
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14. Qual é a manchete
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15. Qual é o título auxiliar?
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16. O que é LIDE?
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SOBRE A LIDE DA NOTÍCIA ACIMA RESPONDA:
17. Quem?
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18. O que?
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19. Quando?
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20. Onde?
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PROVA GRAMÁTICA 1ºB 9º ANO DERIVAÇÃO SUFIXO FONEMA 2017



Cabelo (Gal Costa)

Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada.
Cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada.
Quem disse que cabelo não sente.
Quem disse que cabelo não gosta de pente.
Cabelo quando cresce é tempo.
Cabelo embaraçado é vento.



1. A palavra “descabelada” apresenta:
(A) consoante de ligação
(B) apenas sufixo
(C) apenas prefixo
(D) sufixo e prefixo

2. A palavra que NÃO TEM o mesmo sufixo de  “descabelada” é:
(A) goiabada
(B) cuspada
(C) lâmpada
(D) lombada

3. As palavras “cabeleira, cabeluda” foram formadas por:
(A) derivação prefixal e sufixal
(B) derivação prefixal
(C) derivação sufixal
(D) derivação parassintética








Leia com atenção o poema concreto para responder as questões abaixo.



4. Quais processos de formação de palavras foram usados para criar o poema acima?
(A) derivação prefixal e sufixal
(B) derivação regressiva e prefixal
(C) derivação imprópria e sufixal
(D) derivação parassintética e prefixal

5. A derivação regressiva forma substantivo a partir de verbos. A alternativa que apresenta APENAS derivação regressiva é:
(A) forma
(B) reforma
(C) disforma
(D) transforma





  Som
Nem soneto nem sonata
Vou curtir um som
Dissonante dos sonidos
Som
Ressonante de sibildos
Som
Sonotinto de sonalhas
Nem sonoro nem sonouro
Vou curtir um som
Mui sonso, mui insolúvel
Som não sonoterápico
Bem insondável, som
De raspante derrapante
Rouco reco ronco rato
Som superenrolado
Como se sona hoje-em-noite
Vou curtir, um som
Ausente de qualquer música
E rico de curtição.
(ANDRADE, Carlos Drummond)

6. São palavras derivadas de som:
(A) música, som
(B) insolúvel, sonata
(C) sonso, soneto
(D) ressonante, sonidos

7. Com base na leitura do texto SOM, marque a alternativa correta.
(A) são palavras derivadas: soneto, insondável, insolúvel, sonidos
(B) são prefixos: dis, re, super, ado
(C) são sufixos: eto, vel, ido, re
(D) são radicais: com, curt, ronc, ronca

O Quereres (Caetano Veloso)
Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês
Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
E querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim

8. Marque a alternativa que NÃO HÁ derivação imprópria. (palavras que mudam de classe verbal ex.: Carro velho adjetivo/ O velho chegou substantivo)
(A) E querendo querer-te sem ter fim
(B) O quereres e o estares sempre afim
(C) Onde queres o sim e o não
(D) Onde queres o livre, decassílabo

9. Assinale C ou E, conforme estejam certas ou erradas as seguintes afirmativas sobre a relação entre fonemas de palavras do texto e suas respectivas grafias.

(    ) Em rezar, exemplo, e brasileiros  as letras sublinhadas representam o mesmo fonema.
(  ) Tanto em pessoais e dinheiro há um fonema representado por duas letras.
(   ) Tanto em hoje  como em hora há uma letra que não representa nenhum fonema.

Qual é a ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo?
 (A) E-C-C.     (B) C-C-C.      (C) C-E-C.    (D) C-E-E.                     



10. Assinale a alternativa em que as letras destacadas representam o mesmo fonema.
(A) excessos – xampu
(B) desperdício – desperdiçamos
(C) júbilo - gargalo

(D) produção - doses

domingo, 16 de abril de 2017

POEMA "URGENTE" 7º ANO INTERPRETAÇÃO MARCAR X GABARITO

URGENTE!
Uma
gota
de
orvalho
caiu hoje, às 8h, do dedo anular
direito, do Cristo Redentor, no
Rio de Janeiro
Seus restos
não foram
encontrados
A Polícia
não acredita
em
acidente
Suspei-
to:o
vento

Os meteorolo-
gistas,os poetas e
os passarinhos choram in-
consoláveis.Testemunha
presenciou a queda: “Horrível!
Ela se evaporou na metade do caminho!”





Sobre o poema “Urgente!”, responda:

1. Que texto é esse?
a) ( ) Uma notícia.
b) ( ) Um poema.
c) ( ) Um anúncio.
d) ( ) Uma reportagem.



2. A forma de colocar as palavras no papel lembra a imagem
a) ( ) de uma cruz;
b) ( ) de uma gota de orvalho;
c) ( ) de passarinhos;
d) ( ) do Cristo Redentor.


3. O poema lido:
a) ( ) não possui versos nem estrofes;
b) ( ) apresenta uma estrofe de vinte e três versos;
c) ( ) é formado por vinte e três versos, divididos em duas estrofes;
d) ( ) possui três estrofes de seis versos.

4. Qual a intenção do autor ao criar esse texto?
a) ( ) Mexer com os sentimentos do leitor, representando de forma poética e visual um fato que jamais seria matéria de uma notícia.
b) ( ) Denunciar a incapacidade dos policiais diante de um crime.
c) ( ) Informar ao leitor um fato de utilidade pública.
d) ( ) Desenhar um ponto turístico do Rio de Janeiro.

5. Assinale a sequência de ideias apresentada na primeira estrofe do texto.
a) ( ) Primeiro, o autor diz o que aconteceu; depois, quando aconteceu; em seguida,
onde aconteceu; ao final, ele diz por que aconteceu.
b) ( ) Primeiro, o autor diz quando aconteceu; depois, o que aconteceu; em seguida,
por que aconteceu; ao final, ele diz onde aconteceu.
c) ( ) Primeiro, o autor diz o que aconteceu; depois, por que aconteceu; em seguida, onde aconteceu; ao final, ele diz quando aconteceu.
d) ( ) Não há sequência de ideias no texto.
6. Pela forma que o poeta escolheu para expressar suas ideias, é possível afirmar que,
nesse texto, ele finge, simula, ser:
a) ( ) um policial;
b) ( ) um turista;
c) ( ) uma testemunha;
d) ( ) um jornalista, um repórter.

7. Quem é o suspeito de ter provocado a queda da gota de orvalho?
a) ( ) O Cristo Redentor.
b) ( ) O vento.
c) ( ) Os poetas.
d) ( ) Os pichadores

8. Sob o título "urgente", o poema nos dá uma notícia. A notícia é sempre o relato de um fato. Oque o poema notícia?

9. Identifique no texto:

04 - verbos no pretérito perfeito: 

02 -  verbos no presente: 

 03 - adjetivos: 

 01 - advérbio de tempo: 

 01 -  pronome pessoal: 

 02 - preposições:  

GABARITO

1. B

2. A

3. C

4. A

5. A

6. A

7. B

8. O poema dá a notícia da queda de uma gota de orvalho, que antes de cair estava no dedo anelar direito da estátua do Cristo Redentor.

 

     

09

04 - verbos no pretérito perfeito: caiu, presenciou, evaporou e foram.

02 -  verbos no presente: acredita e choram.

03 - adjetivos: direito, inconsoláveis e de orvalho.

01 - advérbio de tempo: hoje.

01 -  pronome pessoal: ela.

02 - preposições: “do” e “em”.


sábado, 15 de abril de 2017

POEMA O RON-RON DO GATINHO INTERPRETAÇÃO 7º ANO RIO

O RON-RON DO GATINHO
Ferreira Gullar

O gato é uma maquininha
que a natureza inventou;
tem pelo, bigode, unhas
e dentro tem um motor.

Mas um motor diferente
desses que tem nos bonecos
porque o motor do gato
não é um motor elétrico.

É um motor afetivo
que bate em seu coração
por isso ele faz ron-ron
para mostrar gratidão.

No passado se dizia
que esse ron-ron tão doce
era causa de alergia
pra quem sofria de tosse.

Tudo bobagem, despeito,
calúnias contra o bichinho:
esse ron-ron em seu peito
não é doença - é carinho


1- Releia os versos “Mas um motor diferente [...] é um motor afetivo”, e
responda: por que o poeta associa o ron-ron do gato a um motor afetivo?
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2- De acordo com a 3.ª estrofe, em que órgão se localiza o “motor afetivo” do
gato?
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3- O poeta discorda de uma crendice popular na 5.ª estrofe. Para ele, qual é o
verdadeiro significado do som emitido pelos felinos?
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4- Pensando em outros animais de estimação, de que forma eles demonstram
afeição e carinho?
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CRÔNICA A RUA INTERPRETAÇÃO 8º ANO RIO

A RUA (João do Rio - fragmento)

     Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, [...] porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo varia – o amor, o ódio, o egoísmo. Os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua. [...]
    A rua! Que é a rua?
    A verdade e o trocadilho! Os dicionários dizem: "Rua, do latim ruga, sulco. Espaço entre as casas e as povoações por onde se anda e passeia". A rua era para eles apenas um alinhado de fachadas por onde se anda nas povoações.
    Ora, a rua é mais do que isso, a rua é um fator da vida das cidades, a rua tem alma!
    A rua faz as celebridades e as revoltas, a rua criou um tipo universal, tipo que vive em cada aspecto urbano, em cada detalhe, em cada praça – a rua criou o garoto!
    Oh! sim, as ruas têm alma! Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas sinistras, ruas nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem história, ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira, ruas guerreiras, revoltosas, medrosas...
    Balzac* dizia que as ruas de Paris nos dão impressões humanas. São assim as ruas de todas as cidades, com vida e destinos iguais aos do homem.

   JOÃO DO RIO. A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia das Letras, 1997

1- Que revelação o cronista faz para iniciar sua crônica?
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2- Após sua revelação, o cronista expressa a opinião de que se trata de um sentimento
muito pessoal. Que expressão ele usa para qualificar seu sentimento dessa maneira?
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3- Como o cronista expressa aos leitores sua opinião de que se trata de um sentimento
que é também de todos os leitores a que se dirige?
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4- Na opinião do cronista o que iguala, irmana e une todos os habitantes de um local?
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5- Que vocábulo é utilizado, no final do parágrafo, para se referir ao sentimento de amor pela rua e da rua como algo atemporal e um bem que é passado como herança de geração a geração?
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6- Que expressão o cronista utiliza para
a) referir-se a seus leitores? _____________________
b) irmanar-se aos leitores? ______________________

7- “A rua! Que é a rua?” Pelo modo como inicia a segunda parte, que intenção do narrador pode ser percebida, em relação ao assunto da crônica?
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8- A que trocadilho o cronista se refere e que verdade estabelece, a partir do trocadilho?
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9 – Que função tem as aspas (abrindo e fechando), em trecho do 3.º parágrafo?
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10- Em “A rua era para eles apenas um alinhado de fachadas...”, a que se refere o vocábulo em destaque?
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11- Observe os elementos destacados nos trechos abaixo. Faça a correspondência, de acordo com a relação de circunstância que cada elemento estabelece:
( 1 ) “Espaço entre as casas e as povoações por onde se anda e passeia“ (3.º parágrafo).
( 2 ) “Ora, a rua é mais do que isso ... (4.º parágrafo)
( 3 ) “...ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira...” (6.º parágrafo)

(   ) comparativa
(   ) causa e consequência
(   ) aditiva

12- Observe que, a partir do trocadilho, o cronista passa a usar o recurso da PERSONIFICAÇÃO e, dessa forma, passa a humanizar a rua. Transcreva dessa parte da crônica o primeiro trecho que indica a personificação:
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13- Pode-se dizer que, na opinião do cronista, o homem faz a rua e a rua faz o homem? Justifique sua resposta com um trecho da crônica:
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ROMANCE O MENINO NO ESPELHO INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

PRÓLOGO

    O menino e o homem

     Quando chovia, no meu tempo de menino, a casa virava um festival de goteiras. Eram pingos do teto ensopando o soalho de todas as salas e quartos. Seguia-se um corre-corre dos diabos, todo mundo levando e trazendo baldes, bacias, panelas, penicos e o que mais houvesse para aparar a água que caía e para que os vazamentos não se transformassem numa inundação. Os mais velhos ficavam aborrecidos, eu não entendia a razão: aquilo era uma distração das mais excitantes.
   E me divertia a valer quando uma nova goteira aparecia, o pessoal correndo para lá e para cá, e esvaziando as vasilhas que transbordavam. Os diferentes ruídos das gotas d´água retinindo no vasilhame, acompanhados do som oco dos passos em atropelo nas tábuas largas do chão, formavam uma alegre melodia, às vezes enriquecida pelas sonoras pancadas do relógio de parede dando horas.
    Passado o temporal, meu pai subia ao forro da casa pelo alçapão, o mesmo que usávamos como entrada para a reunião da nossa sociedade secreta. Depois de examinar o telhado, descia, aborrecido. Não conseguia descobrir sequer uma telha quebrada, por onde pudesse penetrar tanta água da chuva, como invariavelmente acontecia. Um mistério a mais, naquela casa cheia de mistérios.

[...]

   EPÍLOGO
O homem e o menino
   Paro de escrever, levanto os olhos do papel para o relógio de parede: cinco horas. As sonoras pancadas começam a soar uma a uma, como antigamente em nossa casa. É um relógio bem antigo. Foi do meu avô, depois do meu pai, hoje é meu e um dia será do meu filho. Seu tique-taque imperturbável me acompanha todas as horas de vigília o dia inteiro e noite adentro, segundo a segundo, do tempo vivido por mim.

  [...]
  Cansado de tantas recordações, afasto-me do relógio e caminho até a janela, olho para fora.
   Assombrado, em vez de ver os costumeiros edifícios, cujos fundos dão para o meu apartamento em Ipanema, o que eu vejo é uma mangueira ─ a mangueira do quintal de minha casa, em Belo Horizonte. Vejo até uma manga amarelinha de tão madura, como aquela que um dia quis dar para a Mariana e por causa dela acabei matando uma rolinha. Daqui da minha janela posso avistar todo o quintal, como antigamente: a caixa de areia que um dia transformei numa piscina, o bambuzal de onde parti para o meu primeiro voo. Volto-me para dentro e descubro que já não estou na sala cheia de estantes com livros do meu apartamento, mas no meu quarto de menino: a minha cama e a do Toninho, o armário de cujo espelho um dia se destacou um menino igual a mim...
   Saio para a sala. Vejo meus pais conversando de mãos dadas no sofá, como costumavam fazer todas as tardes, antes do jantar. Comovido, dirijo-me a eles:
    ─ Papai... Mamãe...
    Mas eles não me veem. Nem parecem ter-me ouvido, como se eu não existisse. Ganho o corredor, passo pela copa onde o relógio está acabando de bater cinco horas. Atravesso a cozinha, vendo a Alzira a remexer em suas panelas, sem tomar conhecimento da minha existência. Desço a escada para o quintal e dou com um garotinho agachado junto às poças d´água da chuva que caiu há pouco, entretido com umas formigas. Dirijo-me a ele, e ficamos conversando algum tempo.
    Depois me despeço e refaço todo o caminho de volta até o meu quarto. Vou à janela, olho para fora. O que vejo agora é a paisagem de sempre, o fundo dos edifícios voltados para mim, iluminados pelas luzes do entardecer em Ipanema. Ouço o relógio soando a última pancada das cinco horas. Viro-me, e me vejo de novo no meu apartamento.
    Caminho até a mesa, debruço-me sobre a máquina que abandonei há instantes. Leio as últimas palavras escritas no papel:
    ... Até desaparecer em direção ao infinito.
    Sento-me, e escrevo a única que falta:

 FIM

 SABINO, Fernando. O menino no espelho.

1- Qual a causa do corre-corre na casa do menino?
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2- Qual o trecho do texto que nos deixa perceber que havia muitas goteiras?
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3- Como os mais velhos e o menino encaravam as goteiras da casa?
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4- Após ler o prólogo e o epílogo, responda quem é o narrador em cada uma das partes do romance.

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5- Um jogo de palavras foi usado em cada uma das partes para antecipar essa informação. Onde ocorre e como se dá o jogo de palavras?
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6- No trecho do epílogo “Cansado de tantas recordações, afasto-me do relógio e caminho até a janela, olho para fora.” A que se refere a palavra destacada?
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7- Onde morou o narrador-personagem?
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8- Da janela do seu apartamento, em Ipanema, o que o narrador-personagem imagina que vê e, depois do momento de recordação, o que vê realmente?
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9- Que elementos são característicos desse quintal, na infância, em Belo Horizonte?
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10- Que efeito causa no narrador suas lembranças da infância?
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11- Por que os pais do narrador-personagem e Alzira não o veem?
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12- Ao longo do epílogo, podemos perceber, explicitamente, palavras que representam os estados físicos e emocionais do narrador. Localize e transcreva essas palavras.
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13- Que elemento do apartamento do narrador, em Ipanema, proporciona a viagem ao passado e o retorno ao presente?

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CRÔNICA UMA ESPERANÇA INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

UMA ESPERNAÇA

    Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.
    Houve um grito abafado de um de meus filhos:
   - Uma esperança! e na parede, bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não poderia ser.
    - Ela quase não tem corpo, queixei-me.
   - Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós,
descobri com surpresa que ele falava das duas esperanças.
   Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.
    - Ela é burrinha, comentou o menino.
   - Sei disso, respondi um pouco trágica.
    - Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.
   - Sei, é assim mesmo.
   - Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.
   - Sei, continuei mais infeliz ainda.
    Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para que não se apagasse.
   - Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.
    Andava mesmo devagar - estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo.
   Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia "a" aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a
hora certa de perder a esperança:
    - É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
    - Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.
    - Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros - falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.
    O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida:
    a esperança pousara em casa, alma e corpo.
    Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.
    Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei
extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me
lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.

LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998

1- A qual esperança a narradora se refere em “Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica que tantas vezes verifica-se ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre” ?
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2- Qual o sentido do trecho destacado “[...] esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede” ?
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3- Por que motivo um dos filhos da narradora disse que a esperança era burrinha?
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4- Qual o sentido das aspas no termo destacado do trecho ‘Não uma aranha, mas me parecia “a” aranha’?
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5- A que esperança(s) refere-se o trecho “Ela queria esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la.”?
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6- Como a cronista descreve o inseto?
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