Informou que sofria de
taquicardia toda vez que o via, mesmo que fosse de longe.
Declarou que suas glândulas
salivares secavam quando ele a olhava, mesmo que fosse por acaso.
Admitiu uma hipersecreção das
glândulas sudoríparas toda vez que ele falava com ela, mesmo que fosse apenas
por cortesia.
Reconheceu que padecia de graves
desequilíbrios depressão sanguínea quando ele a roçava, mesmo que fosse por
engano.
Confessou que por ele padecia de
tonturas, que sua visão se enevoava, que seus joelhos afrouxavam. Que nos dias
não conseguia parar de dizer bobagens e que nas noites não conseguia dormir.
- Foi há muito tempo,
Doutor - disse. - Eu nunca mais senti nada disso.
O médico ergueu as sobrancelhas.
- Nunca mais sentiu nada
disso?
E diagnosticou:
- Seu caso é grave.
fonte: Galeano, Eduardo. Bocas do tempo.
L&PM , 2010. p. 15.
(D-10,11) 1. A personagem procura o médico em razão de:
a) ausência de certas reações físicas e psicológicas;
b) constantes reações físicas e psicológicas;
c) falta de salivação e de suor;
d) reações físicas em contato com o médico que a consulta.
(D-4,16) 2. Do ponto de vista do texto, o diagnóstico médico
é:
a) contraditório, pois, se os sintomas desapareceram, a
personagem estava curada;
b) irônico, pois a ausência dos sintomas indicava perda do
impulso vital para o amor;
c) correto, pois todo ser humano deve ter algum incômodo;
d) incorreto, pois o alívio físico é indicador de saúde.
( D-19) 3. O narrador constrói os parágrafos com predomínio
do discurso indireto( declarou que) com o tempo da ação ( quando ele olhava) é
uma ideia concessiva ( mesmo que). Essa relação de concessão é empregada com o
objetivo principal de:
a) finalizar o texto com um epilogo surpreendente;
b) esgotar as sensações de uma pessoa apaixonada;
c) apresentar o grau de sensibilidade da personagem em
relação ao ser amado;
d) mostrar um amor incondicional.
(D-2) 4. Indique, entre os seguintes trechos retirados do
texto, aquele em que o termo destacado se refere ao ser amado:
a) a olhava;
b) falava com ela;
c) que sua visão;
d) que o via.
(D-5,18,19) 5. Leia a tira a seguir, de Fernando Gonsales.
Assinale a afirmação
inadequada sobre as falas da personagem central:
a) No 1º quadrinho, os sintomas mencionados pela personagem
são taquicardia e desequilíbrio da pressão sanguínea;
b) Nos dois primeiros balões, há orações de mesmo valor
indicando sensações opostas;
c) No texto, o elemento que relaciona cupido e paixão é a
figura do índio;
d) No primeiro balão, o adjetivo apaixonado aparece no
masculino, porque o falante é do gênero masculino.
Leia o final do conto “Corisco”, de Luiz Vilela, observe a
foto e responda as questões 6 e 7.
Foi de tardezinha que Corisco morreu.
Começou a torcer o pescoço e a gemer, depois quietou, e eu chamei baixinho
Corisco, Corisco, mas os olhos dele só olhavam pra frente, e parecia que ele
não estava escutando mais. E então esticou as pernas e abriu a boca, que foi
fechando devagar, e uma baba escorreu dela. Coitado, mamãe falou, e eu não
consegui segurar o choro. (...)
Tudo voltou a ser como antes, eu brincando
com os meninos da fazenda, mamãe cozinhando, Papai trabalhando, e era como se
Corisco nunca tivesse existido, pois ninguém falou mais nele, só uma vez, uma
noite em que havia desaparecido mais uma galinha, e então Mamãe falou que, se
Corisco ainda estivesse vivo, aquilo não teria acontecido, e então Papai,
levantando de repente, falou que nada, que cachorro era um bicho velhaco que só
servia pra dar amolação e pra comer a comida da gente, ela não falasse naquilo,
não queria mais saber daquela praga na fazenda, e foi até a janela e ficou
olhando céu estrelado, e então Mamãe me cutucou a perna e eu olhei pra ele e vi
ele enxugando uma lágrima.
( D-4,5,21) 6. O conto e a foto
têm como tema a relação entre o ser humano e um animal de estimação. Então é adequado
afirmar que:
a) A atitude do menino do conto
contradiz a atitude do menino da foto;
b) O conto e a foto apresentam
atitudes opostas do ser humano adulto na relação com o animal;
c) Nos dois textos, ser humano/
animal, é carinhoso;
d) Entre os seres humanos, há nos
dois textos, atitude idêntica de adultos e crianças em relação aos animais.
(D-13) 7. No conto, há marcas da
linguagem que caracterizam um narrador infantil, o menino, que é também personagem.
Essa marca de linguagem não está presente em;
a) E então esticou as pernas e
abriu a boca (...) e uma baba escorreu dela;
b) eu olhei para ele e vi ele
enxugando uma lágrima;
c) Se corisco ainda estivesse
vivo, aquilo não teria acontecido;
d) E eu chamei baixinho Corisco,
Corisco.
Leia o inicio e o final de um
conto de Antônio Prada, e responda as questões de 8 a 10.
Seu Pedro era um português rabugento,
que tratava todos os moradores como se fossem usurpadores de seu castelo: o
edifício São Jorge, do qual era proprietário, síndico e zelador. “Pode ficar
tranquilo, seu Pedro, que eu vou cuidar muito bem do apartamento”, disse meu
amigo Paulo, assim que recebeu as chaves. “Não faz mais do que a obrigação e
não lhe agradeço por isso”, respondeu o velho, com o sotaque que trouxe do
Alentejo na primeira metade do século XX, junto a uma trouxa de roupas, uma
guitarra portuguesa e a fé no santo que viria dar nome ao prédio, anos mais
tarde.(...)
Mas você veja só como é o ser humano:
um dia meu amigo estava saindo para trabalhar e ouviu uma música belíssima na
garagem, foi indo atrás do som do violão, esgueirando-se por entre os carros,
até que deu com seu Pedro atrás da coluna, sentado num engradado de cerveja,
curvado sobre um toca-fitas CCE. “Que música mais bonita, Seu Pedro, que que é
isso?”. O velho levantou o rosto para responder, mas engasgou e tossiu. Meteu
então a mão na boca, tirou a dentadura e disse: “é uma serenata de Schumann.
Sou eu a tocar em minha guitarra portuguesa”. Por um momento, meu amigo pensou
que ele chorava, mas não deu tempo de descobrir, pois seu Pedro logo enfiou os
dentes de volta, refez a carranca e disse alguma coisa sobre as faixas pintadas
no chão da garagem.
(D-3) 8. O adjetivo em destaque
no trecho” Seu Pedro era um português rabugento” só não se justifica
pelo seguinte fato:
a) tratava todos moradores do
prédio como se fossem invasores;
b) considerava que o morador
tinha a obrigação de cuidar do apartamento alugado;
c) Não agradecia a ninguém pelo
fato de ser um inquilino cuidadoso;
d) Tocava uma guitarra
portuguesa.
(D-2,4,18) 9. Leia o que se
afirma sobre o texto e identifique a
conclusão incorreta;
a) O 2] parágrafo, iniciado com o
termo mas, acrescenta informações que justificam o adjetivo rabugento
atribuído a personagem;
b) O ato de retirar a dentadura
equivale, da parte da personagem, a desarmar-se, mostrar seu lado sensível;
c) No 1º parágrafo, o adjetivo
pátrio português é empregado como substantivo no masculino e como
adjetivo no feminino;
d) O pronome lhe(1º parágrafo)
refere-se a Paulo.
(D-13) 10. O trecho abaixo que
apresenta um traço de linguagem que identifica a nacionalidade da personagem é:
a) E não lhe agradeço por isso;
b) Sou eu a tocar em minha
guitarra;
c) Não faz mais do que a
obrigação;
d) É uma serenata de Schumann.
GABARITO
1a
2b
3c
4d
5c
6b
7c
8d
9a
10b
1a
2b
3c
4d
5c
6b
7c
8d
9a
10b