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quarta-feira, 2 de agosto de 2023

CONTO - EM DEZEMBRO - VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

 

CONTO - EM DEZEMBRO – LUIZ VILELA


        Em dezembro, mangas maduras eram vistas da janela — mas, antes disso, já tínhamos comido muita manga verde com sal, tirado escondido da cozinha.

        Verde por fora e branca por dentro, a manga ringia com o canivete — o caroço branco e mole atirado fora e descoberto depois:

       — Quem comeu manga verde? Vamos, confesse, já.

       Nenhum confessava: os dois de castigo.

      Mostrei para Neusa a manga amoitada no capim: começava a amarelar. Ela cheirou, apertou contra o rosto, me pediu.

     — Eu dou um pedaço.

     — Eu quero a manga inteira.

     — A manga inteira, não; um pedaço.

      — A manga inteira.

     — Um pedaço.

     — A manga inteira ou nada.

     — Então nada.

    Quando entrei na cozinha, Vovó estava me esperando:

    — Pode ir direto para o quarto, já sei de tudo.

   Fiquei fechado, de castigo, até a hora da janta.

    — Se tornar a comer manga verde, da próxima vez vai é apanhar de vara, viu?

    Quem apanhou de vara foi Neusa. Cerquei-a no fundo do quintal com uma vara:

     — Você enredou, agora vai pagar.

    Ela disse que gritaria. Eu disse que se ela gritasse, apanhava mais ainda. Se não gritasse, apanhava menos. (...)

    — Não.

    — Então vai apanhar.

    Ela pediu pelo amor de Deus. Perguntei se ela gostava de mim. Ela disse que gostava. Pedi que ela dissesse: “Eu te amo.” Ela disse. “Te amo mais que tudo no mundo.” Ela disse.

    Eu disse que era mentira, que ela gostava era do Marcelo. Então ela disse que era mentira mesmo, que tinha era nojo de mim — e eu desci uma varada nas pernas dela.

     Em vez de correr, ela ficou parada, encolhida contra o muro, enquanto eu, de vara na mão, gritava:

     — Pede perdão, senão eu bato de novo!

    Ela não pediu, e eu bati de novo. Ela escondeu o rosto no braço e começou a chorar.

    — Pede!

    Ameacei com a vara, mas ela só chorava. Então bati de novo, e dessa vez ela nem se mexeu, como se não tivesse sentido dor.

    Ela foi andando em direção à casa, e eu fiquei parado, vendo-a afastar-se.

    Vovó me perguntou o que tinha havido com ela, que ela não queria contar (da cozinha, eu ouvia os seus soluços no quarto).

    — Estávamos brincando, ela caiu e se machucou.

   Vovó foi ao quarto:

     Molenga, só porque esfolou um pouco a perna tem de chorar desse jeito?

      Ao voltar para casa, deixei três moranguinhos na mesinha do quarto onde ela, deitada, havia adormecido.

    No dia seguinte recebi uma caixinha, embrulhada. Dentro, os três moranguinhos e um bilhete: “Eu gostava é de você mesmo, mas agora nunca mais.”

 

 Elementos da narrativa.

1. Qual o espaço da narrativa? (onde aconteceu a história?)

2. Qual o tempo da narrativa? ( Quando aconteceu a história?)

2. Quais são as personagens?

3. Quem conta a história é uma das personagens acima? Qual? (3. O texto é narrado em 1ª pessoa (O narrador participa da história). Que marcas gramaticais comprovam isso.)

 

Estrutura da narrativa.

1. Qual é a situação inicial. (Como começa a história?)

2. Qual é o conflito. (Que problema vai mudar a situação inicial?)

3. Qual o clímax da história. (O ponto que causa mais impacto.)

4. Qual o desfecho? (Como termina?)

 

Compreensão e interpretação

1. Como a vovó descobriu que as crianças haviam comido manga verde?

2. Por que ela não queria que eles comessem manga com sal?

3. O menino e a menina comiam mangas juntos. Que pedido a menina fez ao menino?

4. Por que só o menino ficou de castigo?

5. Por que o narrador bateu na Neusa?

6. Qual foi a ameaça que a avó fez ao menino?

7. O que a menina diz ao menino antes de apanhar a primeira vez?

8. O menino exige que a menina peça perdão. Perdão pelo que: por tê-lo denunciado ou pelo que ela disse?

9. Por que ele não acreditou nela quando ele a disse que ela gostava dele?

10. A violência do menino contra a menina teve resultado positivo?

11. Você acha que a menina deveria ter perdoado o menino? Por que?

12. Você acha que a menina deveria ter contado que o menino bateu nela? Por quê?

13. Em que momento o narrador descobre os verdadeiros sentimentos de Neusa em relação a ele?

14. Retire do texto um fragmento que comprove que a menina gostava do menino.

 

Abaixo em destaque parte do texto que removi:

       Ela disse que gritaria. Eu disse que se ela gritasse, apanhava mais ainda. Se não gritasse, apanhava menos. E se suspendesse a roupa, não apanhava nada e eu a deixava ir embora.

 

  

1. De acordo com o texto a única alternativa que NÃO apresenta SINÔNIMO de ENREDAR é:

a) fuxicar

b) mexericar

c) fofocar

d) mensurar

2. A partir da leitura do texto podemos inferir que o menino e a menina são:

a) crianças

b) adolescentes

c) pré-adolescentes

d) jovens

 

3. O texto permite inferir que o emnino e a menina eram:

a) amigos

b) primos

c) namorados

d) irmãos

 

4. Quantas vezes o menino agrediu a menina?

a) uma

b) duas

c) três

d) quatro

 

5. “Os dois de castigo” como a vovó ficou sabendo que as crianças comeram manga verde?

a) porque ela viu

b) porque a menina contou

c) porque ela encontrou o caroço de manga

d) porque as mangas sumiram

 

 

 

 

CRÔNICA - NA ESCOLA - FATO- OPINIÃO

 

Na Escola – Carlos Drummond de Andrade – 1978 - 70 historinhas.

 

        Democrata é Dona Amarílis, professora na escola pública de uma rua que não vou contar, e mesmo o nome de Dona Amarílis é inventado, mas o caso aconteceu.

        Ela se virou para os alunos, no começo da aula, e falou assim:

        - Hoje eu preciso que vocês resolvam uma coisa muito importante. Pode ser?

        - Pode – a garotada respondeu em coro.

        - Muito bem. Será uma espécie de plebiscito. A palavra é complicada, mas a coisa é simples. Cada um dá sua opinião, a gente soma as opiniões e a maioria é que decide. Na hora de dar opinião, não falem todos de uma vez só, porque senão vai ser muito difícil eu saber o que é que cada um pensa. Está bem?

        - Está – respondeu o coro, interessadíssimo.

        - Ótimo. Então, vamos ao assunto. Surgiu um movimento para as professoras poderem usar calça comprida nas escolas. O governo disse que deixa, a diretora também, mas no meu caso eu não quero decidir por mim. O que se faz na sala de aula deve ser de acordo com os alunos. Para todos ficarem satisfeitos e um não dizer que não gostou.

        Assim não tem problema. Bem, vou começar pelo Renato Carlos. Renato Carlos, você acha que sua professora deve ou não deve usar calça comprida na escola?

        - Acho que não deve – respondeu, baixando os olhos.

        - Por quê?

        - Porque é melhor não usar.

        - E por que é melhor não usar?

        - Porque minissaia é muito mais bacana.

        - Perfeito. Um voto contra. Marilena, me faz um favor, anote aí no seu caderno os votos contra. E você, Leonardo, por obséquio, anote os votos a favor, se houver. Agora quem vai responder é Inesita.

        - Claro que deve, professora. Lá fora a senhora usa, por que vai deixar de usar aqui dentro?

        - Mas aqui dentro é outro lugar.

        -É a mesma coisa. A senhora tem uma roxo-cardeal que eu vi outro dia na rua, aquela é bárbara.

        - Um a favor. E você, Aparecida?

        - Posso ser sincera, professora?

        - Pode, não. Deve.

        - Eu, se fosse a senhora, não usava.

        - Por quê?

        - O quadril, sabe? Fica meio saliente…

        - Obrigada, Aparecida. Você anotou, Marilena? Agora você, Edmundo.

        - Eu acho que Aparecida não tem razão, professora. A senhora deve ficar muito bacana de calça comprida. O seu quadril é certinho.

        - Meu quadril não está em votação, Edmundo. A calça sim. Você é contra ou a favor da calça?

        - A favor 100%.

        - Você, Peter?

        - Pra mim tanto faz.

        - Não tem preferência?

        - Sei lá. Negócio de mulher eu não me meto, professora.

       - Uma abstenção. Mônica, você fica encarregada de tomar nota dos votos iguais ao de Peter: nem contra nem a favor, antes pelo contrário.

        Assim iam todos, votando, como se escolhessem o Presidente da República, tarefa que talvez, quem sabe? No futuro sejam chamados a desempenhar. Com a maior circunspeção. A vez de Rinalda:

        - Ah, cada um na sua.

        - Na sua, como?

        - Eu na minha, a senhora na sua, cada um na dele, entende?

        - Explique melhor.

         - Negócio seguinte. Se a senhora quer vir de pantalona, venha. Eu quero vir de midi, de máxi, de short, venho. Uniforme é papo furado.

        - Você foi além da pergunta, Rinalda. Então é a favor?

        - Evidente. Cada um curtindo à vontade.

        - Legal! – exclamou Jorgito. – Uniforme está superado, professora. A senhora vem de calça comprida, e a gente aparecemos de qualquer jeito.

        - Não pode – refutou Gilberto. – Vira bagunça. Lá em casa ninguém anda de pijama ou

de camisa aberta na sala. A gente tem de respeitar o uniforme.

        Respeita, não respeita, a discussão esquentou, Dona Amarílis pedia ordem, ordem, assim não é possível, mas os grupos se haviam extremado, falavam todos ao mesmo tempo, ninguém se fazia ouvir, pelo que, com quatro votos a favor de calça comprida, dois contra, e um tanto-faz, e antes que fosse decretada por maioria absoluta a abolição do uniforme escolar, a professora achou prudente declarar encerrado o plebiscito, e passou à lição de História do Brasil.

 

RESPONDA

1. De acordo com a explicação de Dona Amarílis, o que é plebiscito.

Cada um dá sua opinião, a gente soma as opiniões e a maioria é que decide.

 

2. Qual seria o ASSUNTO do plebiscito?

As professoras poderem usar calça comprida nas escolas.

 

3. Onde aconteceu a história.

Em uma escola.

 

4. De acordo com o nome das personagens e a linguagem utilizada por elas, a história se passa nos dias atuais ou há muitos anos? Justifique com palavras do texto.

Inesita, Rinalda, bacana, bárbara, obséquio...

 

5. Diga se o voto das personagens foi a favor ou contra e escreva o argumento que cada uma utilizou.

a) Renato Carlos. Contra, porque minissaia é muito mais bacana.

b) Inesita. A favor. Lá fora a senhora usa.

c) Aparecida. Contra. O quadril, sabe? Fica meio saliente...

d) Edmundo. A favor. A senhora deve ficar muito bacana de calça comprida.

e) Rinalda. A favor. Cada um curtindo a vontade.

f) Jorgito. A favor. Uniforme está superado.

g) Gilberto. Contra. Vira bagunça.

 

 

6. Substitua as palavras abaixo por sinônimos de acordo com o contexto.:

a) Plebiscito – votação.

b) Por obséquio – por favor

c) Saliente – destacado

d) Abolição – anulação

e) Em coro – todos juntos

f) Pantalona – calça comprida e larga

 

7. Ao fazer a uma votação sobre o uso ou não de calça jeans a professora estaria preparando os alunos para discutirem sobre quais possíveis temas no futuro?

Escolha de políticos,...

8.  O assunto ou tema do texto é:

(a) o uso de calças nas escolas

(Xb) a diferença de opiniões

(c) a escola pública

(d) o plebiscito na escola

 

9.  O assunto ou tema posto em debate por dona Amarílis é:

(Xa) o uso de calças nas escolas

(b) a diferença de opiniões

(c) a escola pública

(d) o plebiscito na escola

 

10. A duração da história é de aproximadamente;

a) um ano

b) um semestre

c) um bimestre

 X d) uma aula

 

11. De acordo com o texto o uso de calças dependia

a) da realização de um plebiscito

X b) da autorização do governo de da diretora

c) da escolha dos alunos

d) da vontade da professora.

 12. Marque a alternativa que apresenta um fato.

a) - Hoje eu preciso que vocês resolvam uma coisa muito importante.

b) A palavra é complicada, mas a coisa é simples.

X c) - Pode – a garotada respondeu em coro.

d) O que se faz na sala de aula deve ser de acordo com os alunos.

 

sábado, 8 de julho de 2023

MEIO E MEIA ORTOGRAFIA




§  





FONTE - IMAGEM https://tirasdidaticas.wordpress.com/

Meio, como advérbio de intensidade, não flexiona (“meio tonta” -não existe *meia* tonta);

§  Meiomeia, como adjetivo ou fração de medida, concorda com o substantivo (“no meio do encontro”, “meia garrafa”);

§  Meia, meio, como adjetivo dentro de substantivo composto, com hífen, concorda com substantivo (meia-volta, meio-dia, meia-noite)

§  Meio-dia e meia (de meia hora);

§  Meio como substantivo masculino (“um meio de não estragar o encanto”);

§  Meia como substantivo feminino (“meia usada”).

 FONTE-TEORIA:  https://tirasdidaticas.wordpress.com/

1. Complete os espaços com as palavras MEIO E MEIA.

a) Estou ______________cansada.

b) O pintor pintou __________  porta.

c) A porta estava _______________aberta.

d) A laranja está ____________estragada.

2. Desafio -  complete os espaços com MEIO E MEIA

a) Pintei a parede  ___________ amarela e  ______________ vermelha.

b) A sereia é ________________ mulher e _____________peixe.

c) Ele comprou uma pizza _____________ calabresa e _____________ mussarela.

d) O ____________-atacante fica entre o _________-campo e o ataque.

e) Não há _____________-termo, estudante paga ____________-entrada.


O exercício 1 é fácil. Coloquem nos comentários a ressposta do exercício 2 desafio.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

FÁBULA - O GATO VAIDOSO - ASSUNTO ARROGÂNCIA

 O GATO VAIDOSO

Moravam na mesma casa dois gatos iguaizinhos no pelo mas desiguais na sorte. Um, animado pela dona dormia em almofadões. Outro, no borralho. Um passava a leite e dormia em colo. O outro por feliz sedava com as espinhas de peixe do lixo.

Certa vez, cruzaram-se no telhado e o bichano de luxo arrepiou-se todo, dizendo:

– Passa de largo, vagabundo! Não vês que és pobre e eu sou rico? Que és gato de cozinha e eu gato de salão. Respeita-me, pois, e passa de largo...

– Alto lá, Senhor orgulhoso! Lembra-te que somos irmãos, criados no mesmo ninho.

– Sou nobre, sou mais que tu!

– Em que? Não mias como eu?

– Mio.

– Não tens rabo como eu?

– Tenho.

– Não caças rato como eu?

– Caço.

– Não comes rato como eu?

– Como.

– Logo, não passas dum simples gato igual a mim. Abaixa, pois, a crista desse orgulho idiota e lembra te que mais nobreza do que eu não tens – o que tens é apenas um bocado mais de sorte.

Quantos homens não transformam em nobreza o que não passa de um bocado mais de sorte na vida!

 

1. O texto caracteriza os personagens, apresentando suas características. Retire do texto o parágrafo que apresenta a

diferença entre os dois personagens.

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2. Qual é o efeito de sentido das expressões destacadas:

a – Passa de largo, vagabundo!

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b – Respeita-me, pois, e passa de largo...

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c – Alto lá, Senhor orgulhoso!

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3. Qual é a mensagem que esta fábula transmite?

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4. Você concorda com a mensagem que a fábula transmite?

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quinta-feira, 15 de junho de 2023

ANAGRAMA - AURÉLIO 15 06 23

ANAGRAMA - CHARUTO 15 06 23


ACUROTH

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ALUNO_______________________________________________TURMA: _______

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