Moravam na mesma casa dois gatos iguaizinhos no pelo
mas desiguais na sorte. Um, animado pela dona dormia em almofadões. Outro, no
borralho. Um passava a leite e dormia em colo. O outro por feliz sedava com as
espinhas de peixe do lixo.
Certa vez, cruzaram-se no telhado e o bichano de luxo
arrepiou-se todo, dizendo:
– Passa de largo, vagabundo! Não vês que és pobre e
eu sou rico? Que és gato de cozinha e eu gato de salão. Respeita-me, pois, e
passa de largo...
– Alto lá, Senhor orgulhoso! Lembra-te que somos
irmãos, criados no mesmo ninho.
– Sou nobre, sou mais que tu!
– Em que? Não mias como eu?
– Mio.
– Não tens rabo como eu?
– Tenho.
– Não caças rato como eu?
– Caço.
– Não comes rato como eu?
– Como.
– Logo, não passas dum simples gato igual a mim.
Abaixa, pois, a crista desse orgulho idiota e lembra te que mais nobreza do que
eu não tens – o que tens é apenas um bocado mais de sorte.
Quantos
homens não transformam em nobreza o que não passa de um bocado mais de sorte na
vida!
1. O texto caracteriza os personagens, apresentando suas características. Retire do texto o parágrafo que apresenta a
diferença entre os dois personagens.
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2. Qual é o efeito de sentido das expressões destacadas:
a – Passa de largo, vagabundo!
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b – Respeita-me, pois, e passa de largo...
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c – Alto lá, Senhor orgulhoso!
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3. Qual é a mensagem que esta fábula transmite?
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4. Você concorda com a mensagem que a fábula transmite?
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