Leia o conto O Cão de Lia.
O cão
de Lia
No
dia em que Lia leu a história daquele cachorro, ficou
fascinada.
Chegou para a mãe e disse:
"Mãe,
quero um cachorro igual ao do livro!"
E a
mãe, sensata como a maioria das mães, respondeu:
"Minha
filha, os cachorros reais não são iguais aos das histórias. Para começar, os da
história ficam ali paradinhos, não se mexem, não latem, não fazem cocô no
tapete, pipi no sofá. Os cachorros verdadeiros rasgam livros, acabam com as
plantas do jardim, comem sapatos e, quando cismam, rosnam ou até mordem. Já pensou
nisso?"
"Mas
mãe, eu quero um cachorro como este aqui!"
"Minha
filha, isso é ilusão. Cachorro de verdade dá trabalho!"
"Mas
eu quero ter trabalho."
"Você
não vai limpar a sujeira, dar banho, ensinar, vigiar, passear com coleira,
vai?"
"Vou. Eu limpo, dou banho, ensino, passeio, faço tudo."
"Isso
é relativo, minha filha. Muito relativo."
"Mãe,
o que é relativo?"
"Relativo
é tudo aquilo que está em relação com alguma coisa, coisa esta que pode mudar
de acordo com a relação que ela tenha com uma terceira coisa. Se está confuso,
vou explicar: no dia em que tiver outras coisas mais interessantes ou
importantes para fazer, você não vai querer passear, cuidar, limpar, porque não
vai ter tempo nem vontade, ou simplesmente vai estar cansada."
"Mas
e se o meu cachorro for um cachorro relativo?"
"Não
existem cachorros relativos."
"Como
não? E se o meu cachorro de verdade, por causa do amor e dos cuidados que eu
vou dar para ele, ficar maravilhoso, você deixa?"
A mãe
encurtou a conversa:
"Vai
depender da sua capacidade de fazer tudo isso que está prometendo."
Lia,
teimosa, juntou um ano de mesada e comprou um cachorro parecido com o do livro:
mesma raça, mesma cor, mesmo jeito. Levou-o para casa, deu a ele um nome, uma
coleira, carinho, atenção, banho e comida. O cachorro fez pipi no sofá, cocô no
tapete, roeu as sandálias de borracha, fugiu para a rua e ainda comeu três
peixes do aquário. Foi dose! Por um tempo, Lia fez de tudo para educá-lo:
limpou, passeou, conversou, ensinou, vigiou. Mas foi só por um tempo. Hoje, o
cão de Lia virou o cão da mãe de Lia, porque chegou a época das provas. Lia
está muito ocupada, e é a mãe quem dá banho, alimenta, limpa, passeia, cuida,
enfim... educa.
Mãe é
mãe e promessas são muito relativas.
Dilea Frate. Fábulas
tortas. Ilustrações de Simona Traina. São Paulo: Companhia das
Letrinhas, 2007.
1. De
acordo com a mãe de Lia, que diferenças existem entre os cachorros reais e os
das histórias?
2. Você
concorda que "cachorro de verdade dá trabalho"?
3. O
que Lia quis dizer com "cachorro relativo"?
4. Por
que o cão de Lia virou o cão da mãe de Lia?
5. Você
tem (ou já teve) um cachorro? Quem cuida (ou cuidava) dele?
No
conto há o narrador e as personagens.
O
narrador conta a história. As personagens participam dos acontecimentos
narrados.
6. Quem
são as personagens do conto?
7. Qual
é a história narrada nesse conto?
a) A
mãe de Lia quer dar um cachorro para a filha, mas tem medo de que Lia não
consiga cuidar dele. Mesmo assim, a menina ganha um cachorro, mas cuida dele só
por um tempo.
b) Lia
quer um cachorro, mas sua mãe tenta convencê-la de que cachorros dão muito
trabalho e que Lia não vai conseguir cuidar dele. Mesmo assim, Lia junta
dinheiro e compra um cachorro. Algum tempo depois, Lia não consegue mais cuidar
dele por causa das provas na escola.
Leia
o anúncio publicitária abaixo.
8. De
acordo com a leitura do conto e do anúncio levante hipóteses, por que o
cachorro do anúncio foi abandonado?
9. A
partir da leitura do conto e do anúncio, o que uma pessoa deve fazer antes de
adotar um animal de estimação?
Leia
a tirinha abaixo.
10.
Marque a alternativa errada:
a) Os
dois textos abordam o abandono de animais;
b) Os
dois textos buscam sensibilizar as pessoas sobre o abandono de animais.
c) os
animais não sofrem, por isso podem ser abandonados
d) As
pessoas precisam pensar antes de adotar uma animal.
(EF69LP47) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as
diferentes formas de composição próprias de cada gênero, os recursos coesivos
que constroem a passagem do tempo e articulam suas partes, a escolha lexical
típica de cada gênero para a caracterização dos cenários e dos personagens e os
efeitos de sentido decorrentes dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos
verbos de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto, se
houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo e percebendo como
se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido
decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da caracterização dos
espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das
diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto e
indireto), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e
processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a
cada gênero narrativo.
(EF67LP03)
Comparar informações sobre um mesmo fato divulgadas em diferentes veículos e
mídias, analisando e avaliando a confiabilidade.
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