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domingo, 26 de fevereiro de 2017

CONTO TENTAÇÃO INTERPRETAÇÃO

TENTAÇÃO


   Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.
   Na rua vazia as pedras vibravam de calor - a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.
   Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo.
   Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.
   A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.

 Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo.
   Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos.
   Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se com urgência, com encabulamento, surpreendidos.
   No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes de Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam.
   Mas ambos eram comprometidos.
   Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada.
   A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-la dobrar a outra esquina.

   Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás
__________________
Conto extraído de LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.

Após ler o texto, responda:

1 Quem são as personagens principais? O que elas têm em comum?

2. O que a menina fazia sentada na porta de casa, às duas horas da tarde?

3. Onde se passa a história? Retire do texto uma frase que apresenta uma característica marcante do cenário.

4.De acordo com o texto, como a menina se sentia em relação a outras pessoas? Retire do texto uma frase para justificar sua resposta.

5. “Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava.” O que a menina suportava?
Indique a alternativa que melhor responde a questão:
(a) a pessoa que esperava o bonde   (b)  a bolsa velha        (c) o calor e a solidão              (d) sua mãe

6. “O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida.” Do que a bolsa a salvava?
(a) do calor excessivo                               (b) da solidão, já que a bolsa era sua companhia
(c) das brigas com a mãe                         (d)  do homem que esperava o bonde

7) No texto, quem é o narrador?
( a ) a mãe                                                                                 (c) alguém que não presente na história
(b ) alguém presente na história, mas sem participar muito      (d) a menina ruiva

8) Retire  do texto um trecho em que se percebe a presença do narrador como personagem.

9) O que o narrador fazia naquele lugar ?

10)Pode-se dizer que o narrador se identifica com a menina? Por quê?

11) O cão basset provoca uma mudança na cena inicial. Qual a reação da menina e do cão quando se veem ?

12) “Mas ambos eram comprometidos.” Segundo o texto, com o que eles eram comprometidos ? O que isso pode significar?

13) Por que o cachorro não olhou para trás?

14) Considerando a reação da menina e do cão quando se encontram e a resposta à questão 12, o que o título TENTAÇÃO pode indicar?


15) Qual é o tema central do texto?

CONTO OS TRES DESEJOS INTERPRETAÇÃO

Os três desejos

          Era uma vez um lenhador que morava com sua esposa em uma pequena cabana na floresta. Eles eram pobres, porém muito felizes... se amavam muito. Eles sempre costumavam dividir tudo o que tinham com quem batesse à sua porta.
          Certo dia, o lenhador teve que trabalhar na floresta. Sua mulher ficou cuidando da casa e apareceu um velho à porta. Ele disse estar muito faminto e a mulher tinha pouca comida em sua casa. Mesmo assim, dividiu com ele.
          O velho comeu com vontade e disse:
          - Deus me enviou até sua casa para testá-la. Você e seu marido sempre dividem as coisas que têm com outras pessoas. Deus quer lhes dar um presente especial por causa de sua generosidade.
          - E qual é esse presente?
          - Você e seu marido podem fazer três desejos, que eles se tornarão realidade.
         - Gostaria tanto que meu marido estivesse aqui para ouvir isso... – disse a mulher, transbordando de felicidade.
          Em um minuto, seu marido estava lá. Seu primeiro desejo havia se tornado realidade.
          - O que aconteceu? – perguntou o lenhador – Eu estava na floresta e agora estou aqui!
          Sua mulher o beijou e explicou tudo o que havia acontecido. Ele ouviu a história e ficou furioso. Logo, começou a gritar com a mulher.
          - Você gastou um de nossos desejos! Agora, só temos dois sobrando. Você deveria ter orelhas de burro!
          No mesmo instante, as orelhas de sua esposa começaram a crescer. Elas se transformaram em grandes orelhas de burro. A mulher começou a chorar e seu marido se sentiu muito mal pelo que havia dito.
          - Vocês nunca tinham gritado um com o outro antes. Vocês ficaram diferentes. – disse o velho – Vocês sabem que têm o poder de enriquecer. Ainda há um desejo. Vocês querem ser ricos? Talvez queiram ter roupas bonitas?
          - Só queremos ser felizes novamente, como éramos antes. – disse o lenhador.
          As orelhas de burro desapareceram. O lenhador e a esposa ficaram muito felizes.
          - Pessoas pobres também podem ser felizes. Há muitas pessoas ricas que são infelizes. Deus irá lhes dar a maior felicidade que um casal pode ter. – disse o velho antes de partir.
          Poucos meses depois, a mulher engravidou e o casal teve um lindo bebê. A família do lenhador viveu feliz para sempre.

( conto porto-riquenho, traduzido por Janaína Spolidorio )

Atividades

1.     Coloque as informações na ordem em que aparecem no texto. Escreva 1 no que acontece primeiro e assim sucessivamente.

_____ As orelhas de burro desapareceram.
_____ O lenhador e sua esposa tiveram um bebê.
_____ O lenhador ficou bravo com sua esposa.
_____Um velho veio à casa do lenhador.
_____O lenhador desejou ser feliz novamente.
_____A mulher desejou que seu marido estivesse lá.
_____ O velho disse que o casal teria três desejos.
_____ Orelhas de burro apareceram na esposa.

2.     Complete as lacunas com informações da história lida:

     Um ___________ e sua esposa viviam muito felizes juntos. Eles _______________ tudo o que tinham com outras pessoas.
     Certo dia, um velho foi à casa deles e disse à mulher que Deus havia concedido três ______________ ao casal. A mulher ficou tão entusiasmada, que acabou fazendo um desejo ______________ porque ela não pensou antes de falar. O lenhador começou a ___________ com ela e desejou que ela tivesse orelhas de ___________. Elas só desapareceram quando o lenhador desejou que eles fossem _______________ novamente.
     O casal logo teve um bebê e sua família sempre foi muito feliz.

3.     Responda:

a.     Por que o velho foi até a casa do lenhador?
Resposta: ___________________________________________
___________________________________________________

b.     Qual presente ele ofereceu ao casal?
Resposta: ___________________________________________
___________________________________________________

c.      Quais foram os três desejos do casal?
Resposta: ___________________________________________
___________________________________________________________________________________________________________

d.     De que forma os desejos mudaram a vida do lenhador e da esposa?
Resposta: ____________________________________________
___________________________________________________

4.     Complete a tabela de acordo com as informações do texto lido:

Desejo número
Quem fez?
O que desejou?
Um


Dois


Três



5.     Na sua opinião...

a.     Por que nem sempre a riqueza traz felicidade?
Resposta: ____________________________________________
____________________________________________________

b.     O que faz você feliz?
Resposta: ____________________________________________
____________________________________________________

c.      O que faz você ficar infeliz?
Resposta: ____________________________________________
___________________________________________________

Responda:

1. Qual a situação inicial do texto Os Três Desejos?

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2. Qual o conflito do texto Os Três Desejos?

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3. Qual o desfecho do texto Os Três Desejos?

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4. Qual o espaço do texto Os Três desejos??

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5. Qualo tempo do texto Os Três desejos??

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6. Quais os personagens do texto Os Três desejos??

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7. O narrador participa ou não da história? Justifique.

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8. Quais os elementos estruturais do gênero textual conto?

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9. Quais os elementos da narrativa?

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10. Explique o gênero textual biografia.

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11. Explique o gênero textual charge.

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12. Explique o gênero textual cartum.

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13. Explique o gênero textual conto.

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OS TRÊS DESEJOS PERGUNTAS 2023

 

ELEMENTOS DA NARRATIVA

1. Tempo em que ocorre a narrativa está determinado ou indeterminado? Justifique.

2. Qual o espaço da narrativa?

3. Quem nos conta a história é:

a) O lenhador

b) O velho

c) O narrador

d) A mulher

e) o escritor

 

ESTRUTURA DA NARRATIVA

4. Qual a situação inicial?

5. Qual o conflito?

6. Qual o clímax?

7. Qual o desfecho?

 

LEITURA E COMPREENSÃO

 

8. Qual a principal característica do casal?

9. “Deus me enviou até sua casa para testá-la” O pronome “lá”se refere

a) a casa

b) a mulher

c)  a janaína

10. Retire do texto um discurso do velho ( Fala do velho).

11. Qual o sentimento das personagens nos fragmentos abaixo:

a) “Eu  estava na floresta e agora estou aqui!”

b) “Você deveria ter orelhas de burro!”

12. Quais foram os três desejos?

13


CONTO - OS QUATRO LADRÕES - 7º ANO - CONTO PEQUENO

Os quatro ladrões
Diz que era uma vez quatro ladrões muito sabidos e finos. Num domingo de manhã estavam deitados, gozando a sombra de uma árvore, quando viram passar na estrada um homem levando um carneiro grande e gordo. Palpitaram furtar o carneiro e comê-lo assado. Acertaram um plano e se espalharam por dentro do mato.
O primeiro ladrão foi para o caminho, encontrando o homem do carneiro e salvou-o:
— Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
— Para sempre seja louvado!
— O senhor, que mal pergunto, para onde leva este cachorrinho?
— Que cachorrinho?
— Esse aí que está amarrado numa corda! Bem bonitinho!
— Isso não é cachorro. É carneiro. Repare direito.
— Estou reparando, mas é cachorro inteiro. Vigie o focinho, as patas, o pelo. É cachorro e dos bons.
Separaram-se e o dono do carneiro ficou olhando o animal meio desconfiado. Adiante saiu o segundo ladrão, deu as horas, e foi logo entrando na conversa:
— Cachorro bonito! Esse dá para tatu e cutia. Focinho fino, bom para farejar. Perna fina corredeira. É capaz de correr veado. Onde comprou o bicho?
— O senhor repare que não é cachorro. É um carneiro. Já outro cidadão ali atrás veio com essa palúxia para meu lado. Bote os olhos direito no bicho.
— Homem, desde que nasci que conheço cachorro e carneiro. Se esse aí não é o cachorro eu ando espritado. Deixar de conhecer cachorro?
O homem seguiu sozinho, mas não tirava os olhos do carneiro, quase convencido de que comprara o bicho errado. O outro ladrão apareceu e fez a mesma conversa, misturando os dois animais, e ficando espantado quando o dono dizia que era um carneiro. Discutiram um bom pedaço e o terceiro ladrão espirrou para dentro do marmeleiro.
O quarto camarada veio e puxou conversa, oferecendo preço para o cachorro que dizia ser bom caçador de preás. Deu os sinais de cachorro de faro e todos encontravam no bicho que o homem ia levando.
Assim que despediu, o dono do carneiro, que ia comendo o animal com os olhos, parou, desatou o laço da corda e soltou o carneiro, certo e mais que certo que o carneiro era cachorro.
Os quatro ladrões que vinham acompanhando por dentro da capoeira agarraram o carneiro e fizeram dele um almoço especial.
CASCUDO, Luís da C. Contos tradicionais do Brasil. 13. ed., 6ª reimp. São Paulo: Global, 2009.

2. Analisando o texto
a) Discuta com seus colegas:
● Os ladrões agem como na maioria dos furtos? Explique.
Resposta pessoal.
b) Que argumentos cada ladrão usou para convencer o homem de que ele tinha um cachorro?
1º ladrão: Afirma que o animal é um cachorro e ainda aponta o focinho, as patas, o pelo como provas de que é um cachorro.            
2º ladrão: Afirma que o animal é um cachorro farejador, bom para caçar tatu e cutia.            
3º ladrão: Repetiu os argumentos do primeiro e do segundo ladrão.             
4º ladrão: Afirmou que o animal era um cachorro bom para caçar preás.
c) Qual foi a consequência da estratégia usada pelos ladrões para conseguir o carneiro?
O homem desistiu do carneiro, convencido de que era um cachorro.
d) O que você acha da estratégia usada pelos homens para conseguir o carneiro? Você considera que houve realmente um furto? Resposta pessoal.

3. Analisando as palavras e expressões do texto
a) No segundo parágrafo do texto, que palavra ou expressão é usada para introduzir a fala do primeiro ladrão? Sublinhe-a no texto. Salvou-o.
b) Que expressões são usadas para introduzir a fala do segundo ladrão? Sublinhe-as no texto.
c) Que outras expressões poderiam ser usadas para isso? Foi logo entrando na conversa.
● Na fala do primeiro ladrão: Cumprimentou-o, saudou-o.                      
● Na fala do segundo ladrão: Puxando conversa, conversando.

d) Releia os trechos a seguir e diga qual é o sentido das expressões sublinhadas:
● “— O senhor repare que não é cachorro. É um carneiro. Já outro cidadão ali atrás veio com essa palúxia para meu lado.” Veio com essa conversa para o meu lado. Veio com esse papo pra cima de mim.
● “Discutiram um bom pedaço e o terceiro ladrão espirrou para dentro do marmeleiro.
Correu para dentro do mato. Voltou rapidamente para dentro do mato.
● “Assim que despediu, o dono do carneiro, que ia comendo o animal com os olhos[...]”
Olhando fixamente o animal; olhando o animal com atenção.
e) Por que você imagina que o texto usa essas expressões?
Para tornar a fala das personagens mais verossímil, isto é, mais próxima de como seria em uma conversa cotidiana.
4. Analisando o começo do conto.
a) Releia:
Diz que era uma vez quatro ladrões muito sabidos e finos. Num domingo de manhã estavam deitados, gozando a sombra de uma árvore, quando viram passar na estrada um homem levando um carneiro grande e gordo. Palpitaram furtar o carneiro e comê-lo assado. Acertaram um plano e se espalharam por dentro do mato.

b) De acordo com esse trecho, o cenário (local onde se passa o fato narrado)
( X ) é apresentado primeiro e depois se sabe o que aconteceu nele.
(    ) não é apresentado de início. Vai-se tomando conhecimento dele no desenrolar da narrativa.
(    ) não é importante para o conto, por isso não há menção ao lugar onde se passa o fato.

c) E a expressão temporal “Diz que era uma vez” o que sugere: um tempo exato em que é possível situar a história ou o tempo do faz de conta?
O tempo do faz de conta.
5. Analisando a passagem do tempo nos contos
a) Agora, releia o conto “Os quatro ladrões” e identifique as palavras e as expressões que indicam a passagem do tempo. Sublinhe-as no texto.
“Num domingo de manhã”; “adiante”; Assim que despediu”.
b) Em sua opinião, o uso dessas expressões é importante na organização do texto? Por quê?
Resposta pessoal. Espera-se que o aluno reconheça sua importância na organização da ordem dos acontecimentos no texto.
6. Analisando o desenvolvimento do conto
a) Ao verem o homem passar com o carneiro, que ideia os ladrões tiveram?
A ideia de furtar o carneiro.
b) Qual é o plano para colocar a ideia em prática?
Espera-se que o aluno seja capaz de inferir o plano latente nas ações narradas: convencer o dono do carneiro de que o animal era um cachorro.
Atividade adaptada do "Caderno de Apoio e Aprendizagem" da Prefeitura de São Paulo.


CONTO BICHOS DE ESTIMAÇÃO INTERPERTAÇÃO 20 QUESTOES

Conto: Bichos de Estimação

__ Droga, não para de chover nunca mais, pra gente ir brincar no quintal, não é, Eurico?
__ …
__ Eu sei, eu entendi. Daí você não pode enterrar seu osso debaixo da trepadeira, senão seu focinho fica cheio de lama, e mamãe vai logo implicar. Ela anda sempre reclamando que você anda muito sujo. Mas também, com esse tempo, não tem nunca sol para lavar e secar você, não é Eurico?
__ …
__ Ah, entendi. Espera que eu vou desamarrar essa corda e soltar essa coleira. Está apertando seu pescoço, não está? Deve incomodar mesmo! Mas aqui no meu quarto não precisa. Mamãe não vai bronquear se você ficar solto. Pronto. Assim está melhor.
__ …
__ O quê? A gente pode brincar de esconder seu osso aqui mesmo? Boa ideia. Bate cara, Eurico!
__ …
__ Você não sabe onde escondeu o osso? Mas agora mesmo ele estava aí do seu lado! Afinal, pra que serve esse seu nariz, hein?
__ …
__ É, eu sei. Os cachorros nunca lembram onde escondem os ossos. Eu vejo sempre isso nos filmes da tevê…
__ …
__ Eu sei, cachorros não gostam de assistir tevê. Preferem correr lá fora no quintal. Mas com esse tempo… Droga, está chovendo mais forte! E justo agora que tocou a campainha. É o carteiro (coitado, está todo molhado). Vai ver que está trazendo a carta do meu tio do Canadá e dos meus primos que eu nem conheço.
__ …
__ Sabe, Eurico, eu escrevi para meu tio, contando do meu cachorro de estimação. Que é você, é claro. E perguntei se eles têm cachorro em casa. Então falei também do meu passarinho na gaiola, e que eu não gosto de gaiola, mas tem que ter, senão ele foge e o gato do vizinho acaba comendo. E eu contei que meu passarinho se chama Yellow, porque canário de verdade tem que ser mesmo amarelo, é claro.
__ …
__ Mas eu não botei na história o gato cinzento que eu salvei de cair no bueiro, e que mamãe não deixou ficar. Eu bem que vi quando ela deu o gatinho pro lixeiro, e ele foi miando na caixa de papelão, no caminhão do lixo. Tomara que os filhos do lixeiro gostem de gato!
__ …
__ É, eu sei. Você não gosta. Mas eu também não contei, na minha redação, do Birau, aquele cachorro meio pelado, que era tão bonzinho e me seguia lá do ponto do ônibus, todos os dias. Sabe, Eurico, um dia eu escondi o Birau, no quartinho atrás do tanque, aquele de guardar garrafas vazias. Mas, a Finoca descobriu e correu com ele de lá. Ele fugiu com o rabo no meio das pernas. Naquele dia eu chorei escondido.
__ …
__ Foi aí que eu arrumei o Yellow w botei na gaiola. E depois arrumei você. Na minha redação, eu conto que você é corajoso, já salvou até gente, como os cachorros ensinados da tevê. E que eu dou banho em você, que anda sempre limpo!
__ …
__ Olha, Eurico, eu só não levo você em uma escola de cães porque os donos dos outros cachorros vão caçoar de mim. É que você é diferente. Sabe como é gente… Droga! Essa chuva não para, e eu já estou cheio de não ter nada pra fazer!
__ …
__ Agora mamãe vem vindo. Você também escutou? Ela está subindo a escada. Será que o carteiro trouxe a resposta do meu tio do Canadá?
__ Fábio! O que você está fazendo que não desce para o lanche?
__ …
__ É, você tem razão. É melhor destrancar a porta, senão ela vai ficar zangada.
__ O que é isso debaixo do tapete? Eu já disse, filho! Para com essa mania de esconder ossos debaixo das coisas. Ummmm… Que cheiro ruim é esse? O quarto está horrível! Já sei. É essa espiga de milho dentro da gaiola vazia. Já está podre; você tem que jogar fora. Filho porque você não brinca com brinquedos normais, como as outras crianças? Fica aí arrastando pela casa essa corda amarrada num travesseiro imundo…
Stella Carr, Assombrassustos, 1995



1- Quem são as personagens do conto?

2- Quais são as características psicológicas do garoto?

3- E as características psicológicas da mãe?

4- Porque o garoto não lavava seu “cachorro”?

5- Por quê no texto aparece várias vezes o seguinte recurso “ __ …” ?

6- Qual era o maior sonho do menino?

7- Quem disse a última fala do diálogo?

8- Cite exemplos de “brinquedos normais” que a mãe de Fábio gostaria que ele brincasse.

9- O que significa a expressão: “Ummmmm” ?

10- Porque o menino inventou animais de estimação?

11- Quantos anos você imaginou para o menino?

12- Por quê o menino ficava arrastando pela casa uma corda amarrada num travesseiro imundo?

13- Quem eram os animais de estimação do garoto?

14- Que outra palavra podemos utilizar para substituir a palavra imundo?

15- Além de brincar com seus animais imaginários que outras atividades o menino realizava?

16- A mãe do menino gostava de animais? Justifique sua resposta.
17- Quem escondeu o osso embaixo do tapete

(A) A mãe (B) O cachorro (c) o carteiro (D) Fábio
18- Na sua opinião o que a mãe do garoto deveria fazer para o menino parar com a mania de inventar animais estimação?
19- Quantas vezes a mãe falou durante o conto?
20- Fica aí arrastando pela casa essa corda amarrada num travesseiro imundo…
21- Copie a frase em que o menino conta uma passagem de sua vida muito triste.


CONTO TEORIA

O conto é uma obra de ficção, um texto ficcional. Cria um universo de seres e acontecimentos de ficção, de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo.

Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o 
romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um clímax. Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não acontece com o conto. O conto é conciso.

Grande flexibilidade
Por outro lado, o conto é um gênero literário que apresenta uma grande flexibilidade, podendo se aproximar da poesia e da crônica. Os historiadores afirmam que os ancestrais do conto são o mito, a lenda, a parábola, o conto de fadas e mesmo a anedota.

O primeiro passo para a compreensão de um conto é fazer uma leitura corrida do texto, do começo ao fim. Através dela verificamos a extensão do conto, a quantidade de parágrafos, as linhas gerais da história, a linguagem empregada pelo autor. Enfim, pegamos o "tom" do texto.

Primeiros passos
Podemos perguntar também: Quem é o autor do texto? Seja na internet, numa enciclopédia ou mesmo nos livros didáticos, é bom fazer uma pesquisa sobre o autor do conto, conhecer um pouco sua biografia. É um autor contemporâneo ou mais antigo? É um autor brasileiro ou estrangeiro?

O conto quase nunca é publicado isoladamente. Geralmente ele faz parte de uma obra maior. Por exemplo, o conto "Uma Galinha", de Clarice Lispector, faz parte do livro "Laços de Família".

Seguindo adiante
Depois dessas primeiras informações, podemos fazer uma leitura mais atenta do conto: elucidar vocábulos e expressões desconhecidas, esclarecer alusões e referências contidas no texto. Também podemos pensar no título do conto. Porque o autor escolheu este título? Este esforço de compreensão qualifica - e muito - a leitura. Torna o leitor mais sensível, mais esperto.

O passo seguinte é fazer a análise do texto. No momento da análise o leitor tem contato com as estruturas da obra, com a sua composição, com a sua organização interna. Para analisar o texto, é bom observar alguns aspectos da sua composição. Algumas perguntas são muito importantes: Quem? O que? Quando? Onde? Como?

Formular as perguntas e obter as respostas ajuda a conhecer o conto por dentro:
  • Quais são os personagens principais?
  • O que acontece na história?
  • Em que tempo e em que lugar se passa a história narrada?
  • E algo bem importante: Quem narra? De que jeito? O narrador conta de fora ou ele também é um dos personagens?

    Depois dessa análise, fica mais fácil interpretar a obra. Já temos uma base para comentar, comparar, atribuir valor, julgar. Nossa leitura está mais fundamentada. Fica mais fácil responder à pergunta: O que você achou do conto?