PáginasDESCRITOR

sábado, 15 de abril de 2017

CONTO DE MUITO PROCURAR INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

De muito procurar
Marina Colasanti

            Aquele homem caminhava sempre de cabeça baixa. Por tristeza, não. Por atenção. Era um homem à procura. À procura de tudo o que os outros deixassem cair inadvertidamente, uma moeda, uma conta de colar, um botão de madrepérola, uma chave, a fivela de um sapato, um brinco frouxo, um anel largo demais.
            Recolhia, e ia pondo nos bolsos. Tão fundos e pesados, que pareciam ancorá-lo à terra. Tão inchados, que davam contornos de gordo à sua magra silhueta.
            Silencioso e discreto, sem nunca encarar quem quer que fosse, os olhos sempre voltados para o chão, o homem passava pelas ruas despercebido, como se invisível. Cruzasse duas ou três vezes diante da padaria, não se lembraria o padeiro de tê-lo visto, nem lhe endereçaria a palavra. Sequer ladravam os cães, quando se aproximava das casas.
            Mas aquele homem que não era visto, via longe. Entre as pedras do calçamento, as rodas das carroças, os cascos dos cavalos e os pés das pessoas que passavam indiferentes, ele era capaz de catar dois elos de uma correntinha partida, sorrindo secreto como se tivesse colhido uma fruta.
            À noite, no cômodo que era toda a sua moradia, revirava os bolsos sobre a mesa e, debruçado sobre seu tesouro espalhado, colhia com a ponta dos dedos uma ou outra mínima coisa, para que à luz da vela ganhasse brilho e vida. Com isso, fazia-se companhia. E a cabeça só se punha para trás quando, afinal, a deitava no travesseiro.
            Estava justamente deitando-se, na noite em que bateram à porta. Acendeu a vela. Era um moço.
            Teria por acaso encontrado a sua chave? Perguntou. Morava sozinho, não podia voltar para casa sem ela.
            Eu... esquivou-se o homem. O senhor, sim, insistiu o moço acrescentando que ele próprio já havia vasculhado as ruas inutilmente.
            Mas quem disse... resmungou o homem, segurando a porta com o pé para impedir a entrada do outro.
            Foi a velha da esquina que se faz de cega, insistiu o jovem sem empurrar, diz que o senhor enxerga por dois.
            O homem abriu a porta.
            Entraram. Chaves havia muitas sobre a mesa. Mas não era nenhuma daquelas. O homem então meteu as mãos nos bolsos, remexeu, tirou uma pedrinha vermelha, um prego, três chaves. Eram parecidas, o moço levou as três, devolveria as duas que não fossem suas.
            Passados dias bateram à porta. O homem abriu, pensando fosse o moço. Era uma senhora.
            Um moço me disse... começou ela. Havia perdido o botão de prata da gola e o moço lhe havia garantido que o homem saberia encontrá-lo. Devolveu as duas chaves do outro. Saiu levando seu botão na palma da mão.
            Bateram à porta várias vezes nos dias que se seguiram. Pouco a pouco se espalhava a fama do homem. Pouco a pouco se esvaziava a mesa dos seus haveres.
            Soprava um vento quente, giravam folhas no ar, naquele fim de tarde, nem bem outono, em que a mulher veio. Não bateu à porta, encontrou-a aberta. Na soleira, o homem rastreava as juntas dos paralelepípedos. Seu olhar esbarrou na ponta delicada do sapato, na barra da saia. E manteve-se baixo.
            Perdi o juízo, murmurou ela com voz abafada, por favor, me ajude.
            Assim pela primeira vez, o homem passou a procurar alguma coisa que não sabia como fosse. E para reconhecê-la, caso desse com ela, levava consigo a mulher.
            Saíam com a primeira luz. Ele trancando a porta, ela já a esperá-lo na rua. E sem levantar a cabeça – não fosse passar inadvertidamente pelo juízo perdido – o homem começava a percorrer rua após rua.
            Mas a mulher não estava afeita a abaixar a cabeça. E andando, o homem percebia de repente que os passos dela já não batiam ao seu lado, que seu som se afastava em outra direção. Então parava, e sem erguer o olhar, deixava-se guiar pelo taque-taque dos saltos, até encontrar à sua frente a ponta delicada dos sapatos e recomeçar, junto deles, a busca.
            Taque, taque hoje, taque-taque amanhã, aquela estranha dupla começou a percorrer caminhos que o homem nunca havia trilhado. Quem procura objetos perdidos vai pelas ruas movimentadas, onde as pessoas se esbarram, onde a pressa leva à distração, ruas onde vozes, rinchar de rodas, bater de pés, relinchos e chamados se fundem e ondeiam. Mas a mulher que andava com a cabeça para o alto ia onde pudesse ver árvores e pássaros e largos pedaços de céu, onde houvesse panos estendidos no varal. Aos poucos, mudavam os sons, chegavam ao homem latidos, cacarejar de galinhas.
            O olhar que tudo sabia achar não parecia mais tão atento. O que procurar afinal entre fios de grama senão formigas e besouros? Os bolsos pendiam vazios. O homem distraía-se. Um caracol, uma poça d’água prendiam sua atenção, e o vento lhe fazia cócegas. Metia o pé na pegada achada na lama, como se brincasse.
            Taque-taque, conduziam-no os pés pequenos dia após dia. Taque-taque crescia aquele som no coração do homem.
            Achei! Exclamou afinal. E a mulher sobressaltou-se. Achei! Repetiu ele triunfalmente. Mas não era o que haviam combinado procurar. Na grama, colhida agora entre dois dedos, o homem havia encontrado a primeira violeta da primavera. E quando levantou a cabeça e endireitou o corpo para oferecê-la a ela, o homem soube que ele também acabava de perder o juízo.


1- O homem, personagem principal do texto, é descrito ao longo do conto. Como ele é? ________________________________ ________________________________ ________________________________

2- A que se referem os adjetivos “fundos e pesados” e “inchados”? ________________________________ ________________________________

3- No trecho “Mas aquele homem que não era, via longe.” (4.º parágrafo), a que característica do homem o narrador se refere com a expressão em destaque: ________________________________ ________________________________

4- Escreva, de outra forma, a frase “Com isso, fazia-se companhia”, no quinto parágrafo, substituindo o SE por aquilo a que ele se refere:
 ________________________________ ________________________________ ________________________________

5- Repare que há um diálogo no trecho que vai do oitavo ao décimo parágrafo. Escreva-o, usando a pontuação característica de um diálogo:
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6- O que significam as reticências nesse trecho?
________________________________________________________________________________________________________

7- A quem se refere a palavra destacada em: “Devolveu as duas chaves do outro”?
____________________________________________________

8- O que significa o termo “ seus haveres”? (16.º parágrafo)?
____________________________________________________

9- A chegada da mulher provocou inicialmente duas mudanças na vida do homem. Quais?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

10- O que significa a expressão “afeita a abaixar a cabeça”, no último parágrafo?

_____________________________________________________________________________________________________________________________-

CONTO PARA CONTAR ESTRELAS INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

  PARA CONTAR ESTRELA

 Pai, como é que a gente conta estrelas do céu?, perguntou Lelê. O pai, baixando o jornal, foi logo fazendo pose de explicação.

- Bem, existem equipamentos especiais para isso. Eles tiram fotos do céu e fazem medições. E tem o Hubble, que é o bambambã dos telescópios! Mas só os cientistas podem usá-lo. Então, cada um conta com o que tem à mão.

- Ah!, disse Lelê com admiração, mesmo sem ter entendido muito bem (ele ainda estava no segundo ano).

A mãe o chamou na cozinha para um lanche. Ele se sentou à mesa pensando ainda no que o pai tinha dito. Decidiu perguntar para ela também.

- Isso seu pai deve saber. Por que não pergunta para ele?

- Já perguntei. Ele falou várias coisas, mas não entendi direito: o que cada um tem nas mãos e...

- Ora, nas mãos a gente tem dedos! Por que você não conta nos dedos?, disse a mãe, que era bem mais esperta que o pai nos assuntos práticos.

- Hum..., pensou Lelê. Assim eu sei! E foi logo devorando o sanduíche.

Uns minutinhos depois, Lelê já estava no quintal. Olhava para o alto, bem fundo no céu de estrelas. Para começar, mirou a mais brilhante e passou a contar em voz alta: Um... Dois... Três..., recolhendo um dedo de cada vez. Chegou até dez. Olhou para as mãos, olhou para o céu.

Suspirou. O problema é que ele tinha só dez dedos, e o céu tinha muito mais estrelas. 

Desanimado, sentou-se na varanda, apoiando o queixo nas mãos. 

Sua avó, que sempre observava tudo bem quietinha, foi lá falar com ele.

- O que foi, filho?

- Nada...

- Hum. Sabe, eu conheço um jeito de fazer caber todas as estrelas na mão, de uma só vez. 

Lelê olhou desconfi ado, mas fi cou atento, esperando o resto da história.

- Está vendo as estrelas lá em cima? São tão pequenininhas, não é mesmo? Pois então. Basta você olhar bem para elas, como se fossem grãozinhos de areia. Daí você passa a mão, assim, por todo o céu, como se estivesse varrendo, e fecha de uma vez no fi nal! Depois, chacoalha bem e põe em cima do coração, pegando emprestado um pouco da luz delas. 

Ela deu então uma piscadela e foi se levantando para entrar em casa. 

Lelê percebeu uma emoção estranha no peito, sentiu uma saudade imensa da avó, queria que ela morasse com ele para sempre. 

Desde então, sempre que tinha vontade, Lelê contava todas as estrelas do céu. E num punhado só.

1- No texto que você acabou de ler, pode-se perceber as falas de quatro personagens. Quem são eles?
__________________________________________________________________________________________________________________
2- Qual o conflito gerador da narrativa? E o desfecho?
__________________________________________________________________________________________________________________
3- No trecho “─ Bem, existem equipamentos especiais para isso.”, a que se refere o termo destacado?
__________________________________________________________________________________________________________________
4- Qual o objetivo dos parênteses e de seu conteúdo no terceiro parágrafo?
__________________________________________________________________________________________________________________
5- No trecho “Então, cada um conta com o que tem à mão.”, qual o significado da expressão contar com o que se tem à mão?
__________________________________________________________________________________________________________________
6- Que diferença de sentido há em: contar com o que se tem à mão e contar o que cada um tem nas mãos?
__________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________
7- Por que o menino sentiu-se desanimado quando começou a contar as estrelas?
__________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________
8- Qual foi a sugestão da avó para que o menino pudesse contar todas as estrelas?
__________________________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________________________
9- Transcreva do último parágrafo a expressão indicadora de tempo:
_________________________________________________________________

10- O uso das reticências é expressivo no texto. Releia os trechos e diga para que foram usadas as reticências.
a) “─ Já perguntei. Ele falou várias coisas, mas não entendi direito: o que cada um tem nas mãos e...
─ Ora, nas mãos a gente tem dedos! Por que você não conta nos dedos?, disse a mãe, que era bem mais esperta que o pai nos
assuntos práticos.”
____________________________________________________________________________________________
b) “ ─ O que foi, filho?
 ─ Nada...”
 _________________

11- No texto, várias vezes, aparecem palavras no diminutivo. Qual o efeito que esse uso provoca nos trechos abaixo?
“Sua avó, que sempre observava tudo bem quietinha, foi lá falar com ele.”
“São tão pequenininhas, não é mesmo? Pois então. Basta você olhar bem para elas, como se fossem grãozinhos de areia.
_______________________________________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________

POEMA O SONHO DOMADO INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

O SONHO DOMADO
Thiago de Mello

Sei que é preciso sonhar.
campo sem orvalho, seca
a fronte de quem não sonha.
Quem não sonha o azul do voo
perde o seu poder de pássaro.
A realidade da relva

cresce em sonho no sereno
para não ser relva apenas,
mas a relva que se sonha.
Não vinga o sonho da folha
se não crescer incrustado
no sonho que se fez árvore.

Sonhar, mas sem deixar nunca
que o sol do sonho te arraste
pelas campinas do vento.
É sonhar, mas cavalgando
o sonho e inventando o chão
para o sonho florescer.

1 – O que significa o sonho para o eu do texto?
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
2 – O que significa:
a) sonho domado?
___________________________________________________________________________
b) o sonho florescer ?
___________________________________________________________________________
3 – Qual a palavra no texto que está no mesmo campo de significado de “domado” ?
___________________________________________________________________________
4 – Qual o tema do texto?
___________________________________________________________________________
5 – Agora, relacione o texto à letra de samba de enredo “Sonhar não custa nada”. Qual o verso ou conjunto de versos do texto 18 que se aproxima do sentido dos versos “Transformar o sonho em realidade/E sonhar com a mocidade/É sonhar com o pé no chão”?
___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

CANÇÃO A RESPOSTA ESTÁ NO AR 9º ANO INTERPRETAÇÃO RIO

A RESPOSTA ESTÁ NO AR (BLOWN’ IN THE WIND)

Quantos caminhos um homem deve andar
pra que seja aceito como homem
quantos mares uma gaivota irá cruzar
pra poder descansar na areia
quanto tempo as balas dos canhões
explodirão
antes de serem proibidas
the answer, my friend, is blowing in the wind
the answer is blowingin the wind
quantas vezes deve um homem olhar para cima
para poder ver o céu
quantos ouvidos um homem deve ter
para ouvir os lamentos do povo
quantas mortes ainda serão necessárias
para que se saiba que já se matou demais
the answer, my friend, is blowing in the wind
the answer is blowing in the wind
quanto tempo pode uma montanha existir
antes que o mar a desfaça
quanto tempo pode um povo viver
sem conhecer a liberdade
quanto tempo um homem deve virar a cabeça
fingindo não estar vendo
the answer, my friend, is blowing in the wind
the answer is blowing in the wind


 Nessa letra da canção de Bob Dylan, pode-se perceber a
linguagem figurada desde o seu título. Você se lembra de que já
vimos essa linguagem em muitos textos e até em cadernos dos
anos anteriores?
1 - Começando, então, pelo título da canção, como pode-se dizê-lo de outra maneira, mantendo o seu significado?
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
2 - Transcreva do texto versos que traduzam o quanto se deverá fazer para que se consiga o que se deseja:
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
3 - Em que versos pode-se perceber que o poeta é contra a guerra.
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
4 - Qual a ideia contida nos versos “quanto tempo um homem deve virar a cabeça fingindo não estar vendo”?
______________________________________________________

_____________________________________________________

CRÔNICA A MENSAGEM NA GARRAFA 9º ANO RIO

A MENSAGEM NA GARRAFA
     Como outros escritores veteranos recebo muitas obras de estreantes. Livros de contos, de poesia, crônicas, um ou outro romance; edições modestas, precárias até, várias delas obviamente pagas pelos próprios autores ─ é difícil arranjar editora quando se está começando. Sempre que posso mando algumas linhas para o remetente, ao menos para dizer que o livro chegou e que, se possível, vou lê-lo. Faço isso porque lembro o jovem escritor que fui, a ansiedade com que procurava fazer chegar meus textos às mãos de pessoas que conhecia e admirava. Esses dias recebi de um contista do Nordeste uma carta em que ele me agradece o fato de lhe ter respondido. E diz: “O difícil não é a gente escrever; difícil, mesmo, é encontrar alguém que leia o que a gente escreve. Pior do que não ter a quem contar o que a gente sente é contar o que a gente sente a quem não sente o que a gente conta.”

***
    Nestas frases está todo o drama da incomunicabilidade humana. Todos nós temos os nossos sofrimentos, as nossas angústias; todos nós queremos expressar essas coisas sob a forma de palavras, faladas ou, como acontece em alguns caos, escritas. Se há talento nisso, se o desabafo se transforma em literatura, é outra questão. O ponto crucial é que temos mensagens a transmitir, precisamos transmiti-las e não sabemos se alguém vai recebê-las. Aí se aplica a clássica metáfora do náufrago na ilha deserta que escreve um bilhete, e coloca-o numa garrafa e joga-a ao mar. Essa garrafa chegará a alguém? E esse alguém fará alguma coisa pelo náufrago? Ou estará o potencial salvador tão envolvido com seus próprios problemas que jogará fora garrafa e bilhete? Nós temos, sim, a capacidade de entender o outro, de corresponder a seu anseio. Chama-se empatia isso. Mas a capacidade de ser empático varia de pessoa a pessoa, e numa mesma pessoa varia com sua disposição momentânea. Há momentos em que estamos dispostos a recolher a garrafa da areia da praia e ler a mensagem que ali está. E, em outros momentos, passamos pela mesma garrafa e a vemos como prova de que as pessoas jogam lixo em qualquer lugar.

***
    Os escritores não estão imunes a essas dúvidas e ansiedades. Ninguém escreve para a gaveta; todo mundo escreve para ser lido. Não necessariamente por multidões; cem leitores já me bastariam, dizia o grande Flaubert, que hoje é lido por milhões. Franz Kafka , um dos escritores mais revolucionários do século XX, tinha um público muito reduzido; conta-se que, quando foi publicada uma de suas obras, ele perguntou numa livraria próxima à sua casa quantos exemplares haviam sido vendidos. Onze, foi a resposta do livreiro. “Dez fui eu que comprei”, replicou Kafka, acrescentando: “Eu só queria saber quem foi o décimo primeiro.” Ao morrer (ainda jovem, de tuberculose), Kafka pediu ao amigo Max Brod que destruísse os originais ainda inéditos: era coisa que não valia a pena. Brod não atendeu a esse pedido e a humanidade lhe agradece: graças a ele, temos acesso a uma obra extraordinária.
    [...] Só vivemos realmente se contraímos laços com outras pessoas, e para estabelecer esses laços usamos a palavra falada ou escrita. É a nossa mensagem na garrafa. Só resta esperar que as mensagens cheguem a seu destino.
 
SCLIAR, Moacyr. Contos e crônicas para ler na escola.Rio de Janeiro: Objetiva, 2011


1 - Transcreva do primeiro parágrafo uma frase em que há
a) uma comparação
___________________________________________________________________________
b) uma opinião

___________________________________________________________________________
c) uma condição
___________________________________________________________________________

2 - Segundo o cronista, o que todos nós desejamos? (segundo parágrafo)
__________________________________________________________________________

3 - Qual a definição de empatia presente no texto?
_________________________________________________________________________
4 - A que se refere o termo destacado em “E, em outros momentos, passamos pela mesma garrafa e a vemos como prova de que as pessoas jogam lixo em qualquer lugar” ?
_________________________________________________________________________
5 – No trecho que se segue, marque a causa: “Kafka pediu ao amigo Max Brod que destruísse os originais ainda inéditos: era coisa que não valia a pena”.
________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
6 – Retire do texto um trecho que explicita o diálogo com o leitor.
________________________________________________________________________


POEMA: EU SOU DOIS SERES, VIA LÁCTEA, PARA SER GRANDE, INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

Eu sou dois seres.

O primeiro é fruto do amor de João e Alice.
O segundo é letral:
É fruto de uma natureza que pensa por imagens.
Como diria Paul Valery,
O primeiro está aqui de unha, roupa, chapéu
e vaidades.
O segundo está aqui em letras, sílabas, vaidades
frases.
E aceitamos que você empregue o seu amor em nós.

BARROS, Manuel. Poemas rupestres. Rio de Janeiro: Record, 2004.

1 – O eu poético diz que é dois seres.
a) A quem se refere ao explicar o “primeiro” ser?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
b) O que significa dizer que o segundo é “letral”?
_____________________________________________________
2 – Qual a característica marcante nos “dois seres” que o eu
poético afirma ser? Como se pode perceber isso?
_____________________________________________________
______________________________________


“Para ser grande, sê inteiro: nada
 Teu exagera ou exclui.
 Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
 No mínimo que fazes.
 Assim em cada lago a lua toda
 Brilha, porque alta vive.”

Ricardo Reis PESSOA, Fernando. Poesia; poesias de Ricardo Reis. São Paulo

1 - Qual o sentido da palavra “grande”, no primeiro verso do poema?
__________________________________________________________
__________________________________________________________
2 – Segundo o poema, o que é necessário para ser “grande”?
__________________________________________________________






VIA LÁCTEA (XIII)

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

BILAC, Olavo. Antologia Poética. Porto Alegre: L&PM, 2012.

1 – A quem se dirige o eu lírico?
_____________________________________________________________________
2 – Para que servem os parênteses em “(direis)”, no primeiro verso?
_____________________________________________________________________
3 – Como é marcado o diálogo no texto?
_____________________________________________________________________
4 – Qual o estado de espírito do eu lírico nas duas primeiras estrofes do texto?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5 – Qual a explicação para o eu lírico ouvir estrelas? Que palavra marca essa
explicação?
_____________________________________________________________________

__________________________________________________________________

CRÔNICA A DESCOBERTA DO MUNDO 9º ANO RIO

CRÔNICA A Descoberta do Mundo

     Quando não sei onde guardei um papel importante e a procura se revela inútil, pergunto-me: se eu fosse eu e tivesse um papel importante para guardar, que lugar escolheria? Às vezes dá certo. Mas muitas vezes fico tão pressionada pela frase "se eu fosse eu", que a procura do papel se torna secundária, e começo a pensar. Diria melhor, sentir.
    E não me sinto bem. Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.
    Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
    "Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar.
Não, acho que já estou de algum modo adivinhando porque me senti sorrindo e também senti uma espécie de pudor que se tem diante do que é grande demais.

LISPECTOR, Clarice . A Descoberta do Mundo. Rocco: Rio de Janeiro, 1999.

1- O que causa o “não sentir-se bem” que o narrador expressa, no segundo parágrafo?
______________________________________________________________
2- Por que a procura de um papel importante, em alguns momentos, torna-se secundária?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
3- Observe o primeiro parágrafo. Teria o mesmo efeito dizer “Não sei onde guardei um papel importante” e não sei onde guardei o papel importante?
Explique.
______________________________________________________________
______________________________________________________________
4- Retire do segundo parágrafo um trecho em que está explícita a interlocução com o leitor.
______________________________________________________________
5- O que significa, no segundo parágrafo, “passavam a ser elas mesmas”?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
6- De acordo com o que diz no terceiro parágrafo, como o narrador se vê?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
7-No trecho “Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo”
(quarto parágrafo), substitua o termo destacado por outro, sem alterar o sentido.
______________________________________________________________

______________________________________________________________