Resenha:
o que é e como fazer
FONTE: COLÉGIO CENECISTA
Resenha é o gênero textual em que se propõe a
descrição e a enumeração de aspectos considerados relevantes sobre uma obra. Em
outras palavras, é um texto sobre outro, com o objetivo de analisá-lo e
avaliá-lo, indicando-o ou contraindicando-o. As resenhas trazem tanto o resumo do objeto quanto o comentário ou a avaliação do resenhista sobre ele.
No Colégio José Ferreira, a produção de resenhas é o
incentivo a uma leitura
crítica,
pois
“(...) Há quem leve a vida inteira a
ler sem nunca ter conseguido ir além da leitura, ficam apegados à página, não
percebem que as palavras são apenas pedras postas a atravessar a corrente de um
rio, se estão ali é para que possamos chegar à outra margem, a outra margem é
que importa(...)"
José
Saramago, A Caverna, Companhia das Letras
Como se fazer um bom resumo?
Em geral, um bom resumo deve ser:
breve e conciso: no resumo de um texto, por exemplo,
devemos deixar de lado os exemplos dados pelo autor, detalhes e dados
secundários;
pessoal: um resumo deve ser sempre feito com suas
próprias palavras. Ele é o resultado da sua leitura de um texto;
logicamente estruturado: um resumo não é apenas um
apanhado de frases soltas. Ele deve trazer as idéias centrais (o argumento)
daquilo que se está resumindo. Assim, as idéias devem ser apresentadas em ordem
lógica, ou seja, como tendo uma relação entre elas. O texto do resumo deve ser
compreensível.
Estrutura
da resenha
A resenha
do Trabalho Intelectual deve seguir esta estrutura:
q Referência bibliográfica da obra no topo da página: São os dados técnicos, como o título, autor,
editora, local de publicação. Veja os exemplos:
ASSIS, Machado de. A causa secreta. In: Machado de Assis - Obra completa v.II.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.
q Título da resenha
Esse título deve ser criado por você, resenhista. É
importante ressaltar que o livro resenhado é uma obra e sua resenha é outra,
por isso cada uma deve ter seu título.
q Nome do autor
Insira seu nome.
-
q Início do texto/ Um ou dois parágrafos: Breve descrição do livro e do autor
Inicie o texto fazendo uma apresentação da obra.
Cite a data de publicação, a editora.
Explique como se dá a divisão dos tópicos, se é em
capítulos, partes, dentre outras divisões.
Exponha a temática.
Fale brevemente do autor, e somente o que é relevante.
Não é preciso citar detalhes da vida particular, a não ser que façam diferença
no entendimento da obra.
Explane sobre as ilustrações, se existirem, bem como
do ilustrador.
q Nos próximos parágrafos (2 ou 3), é chegada a hora de expor o enredo do livro, de
maneira sintetizada, resumida, e seu posicionamento crítico. O ideal é, ao
contar a história ( ou as histórias) e/ou as teorias, avaliar criticamente o
que está sendo relatado. Desse modo, é mais fácil atingir o objetivo do texto:
mostrar que leu e que sabe se posicionar diante daquele tema.
q Indicação da obra
Indique a obra a quem você achar que a leitura dela
será relevante.
Processo
de produção/ Dicas
q Durante a leitura do livro:
faça anotações;
pesquise dados
relevantes;
escreva, pois assim você grava, reforça o que já está
em sua mente.
q Antes da resenha:
Apesar de a maioria dos livros trazerem dados sobre o
autor, é interessante pesquisar sobre ele.
É imprescindível ler o livro lido antes do dia da
aula-debate.
Modelos
de resenha
ASSIS, Machado de. A
causa secreta. In: Machado de Assis -
Obra completa v.II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.
O que é secreto para mim é para os outros?
André Gazolla
O
conto A causa secreta, de Machado de
Assis, aborda um tema oculto da alma de todo ser humano: a crueldade. O autor
cria um cenário onde o recém-formado médico Garcia conhece o espirituoso
Fortunato, dono de uma misteriosa compaixão pelos doentes e feridos, apesar de
ser muito frio, até mesmo com sua própria esposa.
Joaquim
Maria Machado de Assis é considerado um dos maiores escritores brasileiros e
entre seus livros encontram-se as coletâneas de contos Histórias da meia-noite
e Contos fluminenses.
Através
de uma linguagem bastante acessível, que não encontramos em muitas obras de
Assis, o texto mescla momentos de narração - que é feita em terceira pessoa –
com momentos de diálogos diretos, que dão maior realidade à história.
Uma
característica marcante é a tensão permanente que ambienta cada episódio. Desde
as primeiras vezes em que Garcia vê Fortunato - na Santa Casa, no teatro e
quando o segue na volta para casa, no mesmo dia - percebemos o ar de mistério
que o envolve.
Da
mesma forma, quando ambos se conhecem devido ao caso do ferido que Fortunato
ajuda, a simpatia que Garcia adquire é exatamente por causa de seu estranho
comportamento, velando por dias um pobre coitado que sequer conhece.
A
história transcorre com Garcia e Fortunato tornando-se amigos, a apresentação
de Maria Luiza, esposa de Fortunato e ainda com a abertura de uma casa de saúde
em sociedade.
O
clímax então acontece quando Maria Luiza e Garcia flagram Fortunato torturando
um pequeno rato, cortando-lhe pata por pata com uma tesoura e levando-lhe ao
fogo, sem deixar que morresse. É assim que percebe-se a causa secreta dos atos
daquele homem: o sofrimento alheio lhe é prazeroso. Isso ocorre ainda quando
sua esposa morre por uma doença aguda e quando vê Garcia beijando o cadáver
daquela que amava secretamente. Fortunato aprecia até mesmo seu próprio
sofrimento.
Este
conto é um expoente máximo da técnica de Machado de Assis, deixando o leitor
impressionado com um desfecho inesperado, mas que demonstra – de forma
exponencial, é verdade - a natureza cruel do ser humano. É interessante notar
como o autor deslinda aqui um comportamento doentio que norteia ações que aos
olhos da sociedade podem parecer da mais completa bondade e dedicação ao
próximo.
A
ideia de que a aparência opõe-se radicalmente à essência é uma temática muito
comum em Machado. O texto é excelente para os que gostam de Assis, mas acham
cansativa a linguagem rebuscada usada em algumas de suas obras.Sem dúvidas, A causa secreta é um convite a todos que
os que vivem em sociedade e que necessitam de enxergar o outro e não só vê-lo.
Emoções bem dosadas
Jean
Charles conta, com delicadeza, a história do jovem mineiro que a polícia
inglesa assassinou em 2005. Sem transformar o personagem em símbolo, faz uma
oportuna crônica sobre a vida dos brasileiros no estrangeiro.
O diretor elege como ponto inicial da narrativa o
momento em que Jean Charles retorna a Londres, após uma visita ao Brasil,
trazendo a prima Vivian. Ela quase é pega no aeroporto pela imigração; Jean
Charles inventa uma história triste, e a prima sai de lá com um visto
temporário. É uma bela introdução à situação: o terror da deportação, a maneira
acanhada como uma recém-chegada como Vivian (Vanessa Giácomo) enfrenta uma
cidade imensa e estranha como Londres, e o pendor de Jean Charles (Selton
Mello) para se despachar e ajeitar a vida de um e de outro. (...)
Ter os vários lados de uma experiência em um mesmo
punhado de protagonistas reais é raro, e o filme explora essa vantagem de
maneiras às vezes inusitadas. Alex e Patrícia, os dois primos com quem Jean
Charles já morava antes da chegada de Vivian, são interpretados por um ator – o
excelente Luis Miranda – e pela prima verdadeira do personagem-título, Patricia
Armani (...) A mistura entre pessoas comuns e atores profissionais é, portanto,
um dos aspectos mais ricos do filme: transforma Jean Charles num
exercício de observação temperado com elementos afetivos. (...)
Jean Charles
(Brasil/Inglaterra, 2009), que estreia nesta sexta-feira no país, exemplifica
as vantagens dramatúrgicas de uma ideia formulada com clareza. É, como indica
seu título, a história das últimas semanas na vida do eletricista mineiro que,
em 22 de julho de 2005, foi executado por engano pela polícia inglesa, dentro
de um vagão de metrô de Londres, por ter sido incompreensivelmente confundido
com um terrorista islâmico. (...)
http://veja.abril.com.br/240609/p_154.shtm
Os mortos também amam
Crepúsculo,
a adaptação do primeiro livro da série da escritora Stephenie Meyer sobre um
vampiro adolescente e sua paixão impossível, é mesmo um fenômeno: agrada ao
público jovem pregando a virtude e a castidade.
É verdadeiramente química a paixão
que Edward Cullen sente por Bella Swan: antes mesmo de vê-la, a distância, na
cafeteria da escola, o aroma do sangue da menina desperta nele um instinto
primitivo e quase irresistível. Também Bella experimenta uma atração poderosa
por Edward, embora um pouco mais comum. A não ser por esse cheiro inebriante,
ela é uma adolescente como qualquer outra, ao passo que ele é um vampiro, que
há nove décadas permanece nos 17 anos. E, se isso não é uma maldição – viver a
eternidade na fase mais tormentosa da adolescência, rematriculado ano após ano
no ensino médio –, então nada há de ser.
Não há, na história de Crepúsculo
(Twilight, Estados Unidos, 2008), que estreia nesta sexta-feira no país,
nem um traço de ironia. Amor é amor mesmo, renúncia também. E essa talvez seja
a chave do sucesso tanto da série escrita pela americana Stephenie Meyer, que
já vai pelo quarto livro, quanto desta adaptação de seu primeiro episódio:
devolver a uma geração de adolescentes um tipo de romantismo que parecia
descartado – o tipo que crê nos sentimentos genuínos, e que prega esperar não
apenas pela pessoa certa, mas pela hora certa.
(...) Como de boba a diretora
Catherine Hardwicke também não tem nada, estes são os aspectos que ela reforça
no filme: o da embriaguez da paixão que fulmina Edward e Bella e o do
atordoamento de que eles são tomados a cada vez que quase chegam lá, e então
recuam. É isso que Catherine, conhecida pelos dramas adolescentes Aos Treze
e Os Reis de Dogtown, faz melhor – capturar, em seus jovens atores, o
redemoinho de emoções dessa etapa da vida.
Graças a esse talento, Crepúsculo
resiste bem, ao menos do ponto de vista do público a que se dirige, a alguns
entrechos desajeitados e aos efeitos malfeitinhos. Não é por nada disso,
afinal, que a platéia está lá. É para também ela se atordoar com tanto amor
impossível se desenrolando contra as paisagens turvadas por névoa e chuva da
costa noroeste americana – esta, sim, lindamente fotografada.
Kristen Stewart, como Bella, é
independente, curiosa e graciosa – mas não mais do que graciosa. Juntar atores
de beleza extrema a atrizes de beleza simplesmente humana é uma maneira eficaz
de telegrafar a mensagem de que mesmo quem não tem porte de princesa pode achar
um príncipe para chamar de seu. Ainda que ele esteja mais morto do que vivo.
http://veja.abril.com.br/171208/p_172.shtml#trailer