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domingo, 3 de março de 2019

RESENHA TEORIA


Resenha: o que é e como fazer
FONTE: COLÉGIO CENECISTA

Resenha é o gênero textual em que se propõe a descrição e a enumeração de aspectos considerados relevantes sobre uma obra. Em outras palavras, é um texto sobre outro, com o objetivo de analisá-lo e avaliá-lo, indicando-o ou contraindicando-o. As resenhas trazem tanto o resumo do objeto quanto o comentário ou a avaliação do resenhista sobre ele.
No Colégio José Ferreira, a produção de resenhas é o incentivo a uma leitura
            crítica, pois
“(...) Há quem leve a vida inteira a ler sem nunca ter conseguido ir além da leitura, ficam apegados à página, não percebem que as palavras são apenas pedras postas a atravessar a corrente de um rio, se estão ali é para que possamos chegar à outra margem, a outra margem é que importa(...)"
José Saramago, A Caverna, Companhia das Letras

Como se fazer um bom resumo?

Em geral, um bom resumo deve ser:
  breve e conciso: no resumo de um texto, por exemplo, devemos deixar de lado os exemplos dados pelo autor, detalhes e dados secundários;
  pessoal: um resumo deve ser sempre feito com suas próprias palavras. Ele é o resultado da sua leitura de um texto;
  logicamente estruturado: um resumo não é apenas um apanhado de frases soltas. Ele deve trazer as idéias centrais (o argumento) daquilo que se está resumindo. Assim, as idéias devem ser apresentadas em ordem lógica, ou seja, como tendo uma relação entre elas. O texto do resumo deve ser compreensível.

Estrutura da resenha

            A resenha do Trabalho Intelectual deve seguir esta estrutura:

q  Referência bibliográfica da obra no topo da página: São os dados técnicos, como o título, autor, editora, local de publicação. Veja os exemplos:
  ASSIS, Machado de. A causa secreta. In: Machado de Assis - Obra completa v.II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.



q  Título da resenha
  Esse título deve ser criado por você, resenhista. É importante ressaltar que o livro resenhado é uma obra e sua resenha é outra, por isso cada uma deve ter seu título.

q  Nome do autor
  Insira seu nome.
-
q  Início do texto/ Um ou dois parágrafos: Breve descrição do livro e do autor
  Inicie o texto fazendo uma apresentação da obra.
  Cite a data de publicação, a editora.
  Explique como se dá a divisão dos tópicos, se é em capítulos, partes, dentre outras divisões.
  Exponha a temática.
  Fale brevemente do autor, e somente o que é relevante. Não é preciso citar detalhes da vida particular, a não ser que façam diferença no entendimento da obra.
  Explane sobre as ilustrações, se existirem, bem como do ilustrador.

q  Nos próximos parágrafos (2 ou 3), é chegada a hora de expor o enredo do livro, de maneira sintetizada, resumida, e seu posicionamento crítico. O ideal é, ao contar a história ( ou as histórias) e/ou as teorias, avaliar criticamente o que está sendo relatado. Desse modo, é mais fácil atingir o objetivo do texto: mostrar que leu e que sabe se posicionar diante daquele tema.
q  Indicação da obra
  Indique a obra a quem você achar que a leitura dela será relevante.

Processo de produção/ Dicas
q  Durante a leitura do livro:
   faça anotações;
   pesquise dados relevantes;
  escreva, pois assim você grava, reforça o que já está em sua mente.
q  Antes da resenha:
  Apesar de a maioria dos livros trazerem dados sobre o autor, é interessante pesquisar sobre ele.
  É imprescindível ler o livro lido antes do dia da aula-debate.

Modelos de resenha

ASSIS, Machado de. A causa secreta. In: Machado de Assis - Obra completa v.II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.

                                                         O que é secreto para mim é para os outros?
                                                                                                                                        André Gazolla

                O conto A causa secreta, de Machado de Assis, aborda um tema oculto da alma de todo ser humano: a crueldade. O autor cria um cenário onde o recém-formado médico Garcia conhece o espirituoso Fortunato, dono de uma misteriosa compaixão pelos doentes e feridos, apesar de ser muito frio, até mesmo com sua própria esposa.
                Joaquim Maria Machado de Assis é considerado um dos maiores escritores brasileiros e entre seus livros encontram-se as coletâneas de contos Histórias da meia-noite e Contos fluminenses.
         Através de uma linguagem bastante acessível, que não encontramos em muitas obras de Assis, o texto mescla momentos de narração - que é feita em terceira pessoa – com momentos de diálogos diretos, que dão maior realidade à história.
                Uma característica marcante é a tensão permanente que ambienta cada episódio. Desde as primeiras vezes em que Garcia vê Fortunato - na Santa Casa, no teatro e quando o segue na volta para casa, no mesmo dia - percebemos o ar de mistério que o envolve.
                Da mesma forma, quando ambos se conhecem devido ao caso do ferido que Fortunato ajuda, a simpatia que Garcia adquire é exatamente por causa de seu estranho comportamento, velando por dias um pobre coitado que sequer conhece.
                A história transcorre com Garcia e Fortunato tornando-se amigos, a apresentação de Maria Luiza, esposa de Fortunato e ainda com a abertura de uma casa de saúde em sociedade.
                O clímax então acontece quando Maria Luiza e Garcia flagram Fortunato torturando um pequeno rato, cortando-lhe pata por pata com uma tesoura e levando-lhe ao fogo, sem deixar que morresse. É assim que percebe-se a causa secreta dos atos daquele homem: o sofrimento alheio lhe é prazeroso. Isso ocorre ainda quando sua esposa morre por uma doença aguda e quando vê Garcia beijando o cadáver daquela que amava secretamente. Fortunato aprecia até mesmo seu próprio sofrimento.
                Este conto é um expoente máximo da técnica de Machado de Assis, deixando o leitor impressionado com um desfecho inesperado, mas que demonstra – de forma exponencial, é verdade - a natureza cruel do ser humano. É interessante notar como o autor deslinda aqui um comportamento doentio que norteia ações que aos olhos da sociedade podem parecer da mais completa bondade e dedicação ao próximo.
                A ideia de que a aparência opõe-se radicalmente à essência é uma temática muito comum em Machado. O texto é excelente para os que gostam de Assis, mas acham cansativa a linguagem rebuscada usada em algumas de suas obras.Sem dúvidas, A causa secreta é um convite a todos que os que vivem em sociedade e que necessitam de enxergar o outro e não só vê-lo.



Emoções bem dosadas

                        Jean Charles conta, com delicadeza, a história do jovem mineiro que a polícia inglesa assassinou em 2005. Sem transformar o personagem em símbolo, faz uma oportuna crônica sobre a vida dos brasileiros no estrangeiro.

O diretor elege como ponto inicial da narrativa o momento em que Jean Charles retorna a Londres, após uma visita ao Brasil, trazendo a prima Vivian. Ela quase é pega no aeroporto pela imigração; Jean Charles inventa uma história triste, e a prima sai de lá com um visto temporário. É uma bela introdução à situação: o terror da deportação, a maneira acanhada como uma recém-chegada como Vivian (Vanessa Giácomo) enfrenta uma cidade imensa e estranha como Londres, e o pendor de Jean Charles (Selton Mello) para se despachar e ajeitar a vida de um e de outro. (...)
Ter os vários lados de uma experiência em um mesmo punhado de protagonistas reais é raro, e o filme explora essa vantagem de maneiras às vezes inusitadas. Alex e Patrícia, os dois primos com quem Jean Charles já morava antes da chegada de Vivian, são interpretados por um ator – o excelente Luis Miranda – e pela prima verdadeira do personagem-título, Patricia Armani (...) A mistura entre pessoas comuns e atores profissionais é, portanto, um dos aspectos mais ricos do filme: transforma Jean Charles num exercício de observação temperado com elementos afetivos. (...)

Jean Charles (Brasil/Inglaterra, 2009), que estreia nesta sexta-feira no país, exemplifica as vantagens dramatúrgicas de uma ideia formulada com clareza. É, como indica seu título, a história das últimas semanas na vida do eletricista mineiro que, em 22 de julho de 2005, foi executado por engano pela polícia inglesa, dentro de um vagão de metrô de Londres, por ter sido incompreensivelmente confundido com um terrorista islâmico.  (...)

http://veja.abril.com.br/240609/p_154.shtm


Os mortos também amam

            Crepúsculo, a adaptação do primeiro livro da série da escritora Stephenie Meyer sobre um vampiro adolescente e sua paixão impossível, é mesmo um fenômeno: agrada ao público jovem pregando a virtude e a castidade.
É verdadeiramente química a paixão que Edward Cullen sente por Bella Swan: antes mesmo de vê-la, a distância, na cafeteria da escola, o aroma do sangue da menina desperta nele um instinto primitivo e quase irresistível. Também Bella experimenta uma atração poderosa por Edward, embora um pouco mais comum. A não ser por esse cheiro inebriante, ela é uma adolescente como qualquer outra, ao passo que ele é um vampiro, que há nove décadas permanece nos 17 anos. E, se isso não é uma maldição – viver a eternidade na fase mais tormentosa da adolescência, rematriculado ano após ano no ensino médio –, então nada há de ser.
Não há, na história de Crepúsculo (Twilight, Estados Unidos, 2008), que estreia nesta sexta-feira no país, nem um traço de ironia. Amor é amor mesmo, renúncia também. E essa talvez seja a chave do sucesso tanto da série escrita pela americana Stephenie Meyer, que já vai pelo quarto livro, quanto desta adaptação de seu primeiro episódio: devolver a uma geração de adolescentes um tipo de romantismo que parecia descartado – o tipo que crê nos sentimentos genuínos, e que prega esperar não apenas pela pessoa certa, mas pela hora certa.
(...) Como de boba a diretora Catherine Hardwicke também não tem nada, estes são os aspectos que ela reforça no filme: o da embriaguez da paixão que fulmina Edward e Bella e o do atordoamento de que eles são tomados a cada vez que quase chegam lá, e então recuam. É isso que Catherine, conhecida pelos dramas adolescentes Aos Treze e Os Reis de Dogtown, faz melhor – capturar, em seus jovens atores, o redemoinho de emoções dessa etapa da vida.
Graças a esse talento, Crepúsculo resiste bem, ao menos do ponto de vista do público a que se dirige, a alguns entrechos desajeitados e aos efeitos malfeitinhos. Não é por nada disso, afinal, que a platéia está lá. É para também ela se atordoar com tanto amor impossível se desenrolando contra as paisagens turvadas por névoa e chuva da costa noroeste americana – esta, sim, lindamente fotografada.
Kristen Stewart, como Bella, é independente, curiosa e graciosa – mas não mais do que graciosa. Juntar atores de beleza extrema a atrizes de beleza simplesmente humana é uma maneira eficaz de telegrafar a mensagem de que mesmo quem não tem porte de princesa pode achar um príncipe para chamar de seu. Ainda que ele esteja mais morto do que vivo.

http://veja.abril.com.br/171208/p_172.shtml#trailer 




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