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domingo, 3 de março de 2019

CRONICA O HOMEM TROCADO, CHATEAR E ENCHER INTERPRETAÇÃO ESCRITA


O HOMEM TROCADO
O homem acordada anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação. Há uma enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.
- Tudo perfeito - diz a enfermeira, sorrindo.
- Eu estava com medo desta operação...
- Por quê? Não havia risco nenhum.
- Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos... E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.
- E o meu nome? Outro engano.
- Seu nome não é Lírio?
- Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e...
Os enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia. Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar na universidade. O computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.
- Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês passado tive que pagar mais de R$ 3 mil.
- O senhor não faz chamadas interurbanas?
- Eu não tenho telefone!
Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.
- Por quê?
- Ela me enganava.
Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer:
- O senhor está desenganado.
Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples apendicite.
- Se você diz que a operação foi bem...
A enfermeira parou de sorrir.
- Apendicite? - perguntou hesitante.
- É. A operação era para tirar o apêndice.
- Não era para trocar de sexo?

1) Nas crônicas de humor, é comum haver uma situação inicial ou uma fala que gera outras situações de humor. Na crônica "O homem trocado", a partir de que fala do protagonista são introduzidas as várias situações engraçadas que ocorreram com ele?...............................................................................................................................................

2)A crônica  é quase sempre um texto curto, como poucas personagens. O tempo e o espaço são limitados. Na crônica em estudo:
a) Quais são as personagens principais envolvidas na história?.............................................................................
b) O protagonista é tratado de modo superficial, como se fosse um indivíduo comum, ou é tratado de modo mais aprofundado psicologicamente? Por quê?.............................................................................................................
c) Onde a história acontece?......................................................................................
d) Qual é o tempo de duração da história?.........................................................................
3) A crônica normalmente apresenta situações rápidas, em que a fala das personagens assume um papel importante para a construção da história.
a) Que tipo de discurso predomina na crônica lida: o direto ou indireto?........................................................................
b) O que o emprego desse tipo de discurso confere à narrativa? ...........................................................................
4)Na crônica o narrador pode ser observador ou personagem. Qual é o tipo de narrador presente na crônica O homem trocado? Justifique a sua resposta.................................................................................................................................
5) A crônica  normalmente se encaminha para um desfecho inesperado.
a) Na crônica "O homem trocado", qual é a surpresa final?................................................................................................
b) Há, antes do final da história, alguma pista explícita desse desfecho?...........................................................................
c) Se houvesse antecipação do desfecho, o texto continuaria engraçado?..........................................................
d) Essa característica da crônica   aproxima-se de outro gênero textual cuja finalidade é divertir. Que gênero é esse?
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6)Nas crônicas, o registro de fatos dia-a-dia ou veiculados em notícias de jornal é feito de modo a levar o leitor a se divertir ou refletir criticamente sobre a vida e os comportamentos humanos. Na sua opinião, a narrativa feita de humor lida apresenta esses mesmos objetivos? Justifique sua resposta...........................................................................................
7) Observe a linguagem empregada na crônica lida. Que tipo de variedade linguística é adotado na crônica de humor: a variedade padrão formal ou a variedade padrão informal?...................................................................................................


Chatear e encher

Um amigo meu me ensina a diferença entre “chatear” e “encher”.
Chatear é assim:
Você telefona para um escritório qualquer na cidade.
– Alô! Quer me chamar por favor o Valdemar?
– Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí a alguns minutos você liga de novo:
– O Valdemar, por obséquio.
– Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
– Mas não é do número tal?
– É, mas aqui não trabalha nenhum Valdemar.
Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
– Por favor, o Valdemar já chegou?
– Vê se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo desse Valdemar nunca trabalhou aqui?
– Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
– Não chateia.
Daí a dez minutos, liga de novo
– Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado?
O outro desta vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:
– Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim?
                                                                                                                             Paulo Mendes Campos.
Interpretação textual
1. O que acontece nas conversas que provocam a impaciência de quem atende o telefone?
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2. Quais são as dicas dadas  no texto para chatear quem atende o telefone?
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3. Quando a situação descrita deixa de chatear e passa a encher quem atende, segundo o narrador?
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4. A situação descreve um trote por telefone. Explique com suas palavras o que é um trote.
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5. . Releia este trecho.
O outro desta vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
- Por que as coisas ditas por quem recebe o trote são impublicáveis?
6. Onde não poderiam ser publicadas?
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7. O que a pessoa que recebia o trote estava sentindo naquele momento?
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8. No início da conversa pelo telefone as repostas de quem atende são educadas. No decorrer das ligações essa relação se mantém ou se modifica? Por quê?
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9. Cite um dos recursos que aparecem nessa crônica para provocar humor.
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CRONICA DE AMOR ARNALDO JABOR INTERPRETAÇÃO


CRÔNICA DO AMOR - ARNALDO JABOR
Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.
Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?
Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.
Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?
Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.
É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.
(Arnaldo Jabor)

1)      No primeiro parágrafo do texto, encontramos os pronomes indefinidos “ninguém” e “outra” e o pronome pessoal do caso reto “ela”. Classifique-os como pronomes adjetivos ou substantivos, justificando.
2)      No 3º parágrafo, o pronome demonstrativo “isso” refere-se a quê?
3)      Segundo o narrador, o verdadeiro amor acontece por quais motivos? Sintetize-os.
4)      No 8º parágrafo, na expressão “...um jeito de sorrir que o deixa imobilizado...”, o pronome destacado é pessoal do caso oblíquo. Por qual pronome pessoal do caso reto ele poderia ser substituído?
5)      No 9º parágrafo, na frase “...e ainda assim você não consegue despachá-lo...” o pronome destacado substitui que nome mencionado anteriormente?
6)      Substitua os termos sublinhados por um pronome pessoal reto. “Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman”.
7)      O que você entende a partir da expressão “Ah, o amor, essa raposa”. (14º parágrafo)
8)      Por que, afinal de contas e segundo o autor, amamos?
9)      O que o amor não requer?
10)   O que é, segundo o texto, “a contingência maior de quem precisa”?

CRÔNICA TEORIA RESUMIDA EXERCÍCIO


CRÔNICA – crono - tempo

A crônica é um texto de caráter reflexivo. Fala de um acontecimento simples, sem significado relevante. É um texto subjetivo, pois apresenta a perspectiva do seu autor, o tom do discurso varia pode ser irônico, humorístico, polemico etc. É um texto critico.


O discurso (texto)
Sempre assinado.
Texto curto e inteligível (de imediata percepção);
Apresenta marcas de subjetividade – discurso na 1ª e 3ª pessoa;
Personagens, lugar (espaço), tempo, não dever ser explicados, pois não são o foco.


Modos de expressão, isoladamente ou em simultâneo:
- narração;
- descrição;
- diálogos;
- comentários;
- reflexão.
- etc.

A linguagem
Informal/coloquial/oralidade/linguagem simples
Duplos sentidos
Jogos de palavras
Conotações;
Ironia;
Registo de língua corrente;
Pontuação expressiva;
Emprego de recursos estilísticos.

A temática

Aborda aspectos da vida social e quotidiana;
Transmite os contrastes do mundo em que vivemos;
Apresenta episódios reais ou fictícios.


Pai não entende nada

 _ Um biquíni novo?
 _ É, pai.
 _ Você comprou um no ano passado!
_ Não serve mais, pai. Eu cresci.
 _ Como não serve? No ano passado você tinha 14 anos, este ano tem 15. Não cresceu tanto assim.
 _ Não serve, pai.
_ Está bem, está bem. Toma o dinheiro. Compra um biquíni maior.
 _ Maior não, pai. Menor.
Aquele pai, também, não entendia nada.

(Luis Fernando Veríssimo)

1. O texto trata de um assunto:
a) cotidiano, uma filha pedindo ao pai dinheiro para comprar um biquíni.
b) muito importante,
c) incomum

2. Na crônica acima o mais importante é
a) o personagem
b) o espaço
c) tempo
d) a reflexão

3) No texto o cronista  faz uma reflexão sobre uma fala dos jovens que é:
a) os pais sabem tudo.
b) os pais não entendem os jovens
c) os pais entendem os jovens.

4. A palavra novo no texto tem duplo sentido. Quais são?
...............................................................................

5. O texto utilizou palavras:
a) fáceis
b) difíceis

1. Que pedido a garota fez ao pai?
................................................................

 2.     O que ela pretende exatamente com tal pedido?
..............................................................

3. Veja a resposta da menina à afirmação, feita pelo pai, de que havia comprado um biquíni no ano interior: _ Não serve mais, pai. Eu cresci.
 a)       Como o pai entendeu essa fala da filha?
...................................................................
 b)       E o que a filha quis dizer com essa fala?
..................................................................

RESENHA TEORIA


Resenha: o que é e como fazer
FONTE: COLÉGIO CENECISTA

Resenha é o gênero textual em que se propõe a descrição e a enumeração de aspectos considerados relevantes sobre uma obra. Em outras palavras, é um texto sobre outro, com o objetivo de analisá-lo e avaliá-lo, indicando-o ou contraindicando-o. As resenhas trazem tanto o resumo do objeto quanto o comentário ou a avaliação do resenhista sobre ele.
No Colégio José Ferreira, a produção de resenhas é o incentivo a uma leitura
            crítica, pois
“(...) Há quem leve a vida inteira a ler sem nunca ter conseguido ir além da leitura, ficam apegados à página, não percebem que as palavras são apenas pedras postas a atravessar a corrente de um rio, se estão ali é para que possamos chegar à outra margem, a outra margem é que importa(...)"
José Saramago, A Caverna, Companhia das Letras

Como se fazer um bom resumo?

Em geral, um bom resumo deve ser:
  breve e conciso: no resumo de um texto, por exemplo, devemos deixar de lado os exemplos dados pelo autor, detalhes e dados secundários;
  pessoal: um resumo deve ser sempre feito com suas próprias palavras. Ele é o resultado da sua leitura de um texto;
  logicamente estruturado: um resumo não é apenas um apanhado de frases soltas. Ele deve trazer as idéias centrais (o argumento) daquilo que se está resumindo. Assim, as idéias devem ser apresentadas em ordem lógica, ou seja, como tendo uma relação entre elas. O texto do resumo deve ser compreensível.

Estrutura da resenha

            A resenha do Trabalho Intelectual deve seguir esta estrutura:

q  Referência bibliográfica da obra no topo da página: São os dados técnicos, como o título, autor, editora, local de publicação. Veja os exemplos:
  ASSIS, Machado de. A causa secreta. In: Machado de Assis - Obra completa v.II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.



q  Título da resenha
  Esse título deve ser criado por você, resenhista. É importante ressaltar que o livro resenhado é uma obra e sua resenha é outra, por isso cada uma deve ter seu título.

q  Nome do autor
  Insira seu nome.
-
q  Início do texto/ Um ou dois parágrafos: Breve descrição do livro e do autor
  Inicie o texto fazendo uma apresentação da obra.
  Cite a data de publicação, a editora.
  Explique como se dá a divisão dos tópicos, se é em capítulos, partes, dentre outras divisões.
  Exponha a temática.
  Fale brevemente do autor, e somente o que é relevante. Não é preciso citar detalhes da vida particular, a não ser que façam diferença no entendimento da obra.
  Explane sobre as ilustrações, se existirem, bem como do ilustrador.

q  Nos próximos parágrafos (2 ou 3), é chegada a hora de expor o enredo do livro, de maneira sintetizada, resumida, e seu posicionamento crítico. O ideal é, ao contar a história ( ou as histórias) e/ou as teorias, avaliar criticamente o que está sendo relatado. Desse modo, é mais fácil atingir o objetivo do texto: mostrar que leu e que sabe se posicionar diante daquele tema.
q  Indicação da obra
  Indique a obra a quem você achar que a leitura dela será relevante.

Processo de produção/ Dicas
q  Durante a leitura do livro:
   faça anotações;
   pesquise dados relevantes;
  escreva, pois assim você grava, reforça o que já está em sua mente.
q  Antes da resenha:
  Apesar de a maioria dos livros trazerem dados sobre o autor, é interessante pesquisar sobre ele.
  É imprescindível ler o livro lido antes do dia da aula-debate.

Modelos de resenha

ASSIS, Machado de. A causa secreta. In: Machado de Assis - Obra completa v.II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.

                                                         O que é secreto para mim é para os outros?
                                                                                                                                        André Gazolla

                O conto A causa secreta, de Machado de Assis, aborda um tema oculto da alma de todo ser humano: a crueldade. O autor cria um cenário onde o recém-formado médico Garcia conhece o espirituoso Fortunato, dono de uma misteriosa compaixão pelos doentes e feridos, apesar de ser muito frio, até mesmo com sua própria esposa.
                Joaquim Maria Machado de Assis é considerado um dos maiores escritores brasileiros e entre seus livros encontram-se as coletâneas de contos Histórias da meia-noite e Contos fluminenses.
         Através de uma linguagem bastante acessível, que não encontramos em muitas obras de Assis, o texto mescla momentos de narração - que é feita em terceira pessoa – com momentos de diálogos diretos, que dão maior realidade à história.
                Uma característica marcante é a tensão permanente que ambienta cada episódio. Desde as primeiras vezes em que Garcia vê Fortunato - na Santa Casa, no teatro e quando o segue na volta para casa, no mesmo dia - percebemos o ar de mistério que o envolve.
                Da mesma forma, quando ambos se conhecem devido ao caso do ferido que Fortunato ajuda, a simpatia que Garcia adquire é exatamente por causa de seu estranho comportamento, velando por dias um pobre coitado que sequer conhece.
                A história transcorre com Garcia e Fortunato tornando-se amigos, a apresentação de Maria Luiza, esposa de Fortunato e ainda com a abertura de uma casa de saúde em sociedade.
                O clímax então acontece quando Maria Luiza e Garcia flagram Fortunato torturando um pequeno rato, cortando-lhe pata por pata com uma tesoura e levando-lhe ao fogo, sem deixar que morresse. É assim que percebe-se a causa secreta dos atos daquele homem: o sofrimento alheio lhe é prazeroso. Isso ocorre ainda quando sua esposa morre por uma doença aguda e quando vê Garcia beijando o cadáver daquela que amava secretamente. Fortunato aprecia até mesmo seu próprio sofrimento.
                Este conto é um expoente máximo da técnica de Machado de Assis, deixando o leitor impressionado com um desfecho inesperado, mas que demonstra – de forma exponencial, é verdade - a natureza cruel do ser humano. É interessante notar como o autor deslinda aqui um comportamento doentio que norteia ações que aos olhos da sociedade podem parecer da mais completa bondade e dedicação ao próximo.
                A ideia de que a aparência opõe-se radicalmente à essência é uma temática muito comum em Machado. O texto é excelente para os que gostam de Assis, mas acham cansativa a linguagem rebuscada usada em algumas de suas obras.Sem dúvidas, A causa secreta é um convite a todos que os que vivem em sociedade e que necessitam de enxergar o outro e não só vê-lo.



Emoções bem dosadas

                        Jean Charles conta, com delicadeza, a história do jovem mineiro que a polícia inglesa assassinou em 2005. Sem transformar o personagem em símbolo, faz uma oportuna crônica sobre a vida dos brasileiros no estrangeiro.

O diretor elege como ponto inicial da narrativa o momento em que Jean Charles retorna a Londres, após uma visita ao Brasil, trazendo a prima Vivian. Ela quase é pega no aeroporto pela imigração; Jean Charles inventa uma história triste, e a prima sai de lá com um visto temporário. É uma bela introdução à situação: o terror da deportação, a maneira acanhada como uma recém-chegada como Vivian (Vanessa Giácomo) enfrenta uma cidade imensa e estranha como Londres, e o pendor de Jean Charles (Selton Mello) para se despachar e ajeitar a vida de um e de outro. (...)
Ter os vários lados de uma experiência em um mesmo punhado de protagonistas reais é raro, e o filme explora essa vantagem de maneiras às vezes inusitadas. Alex e Patrícia, os dois primos com quem Jean Charles já morava antes da chegada de Vivian, são interpretados por um ator – o excelente Luis Miranda – e pela prima verdadeira do personagem-título, Patricia Armani (...) A mistura entre pessoas comuns e atores profissionais é, portanto, um dos aspectos mais ricos do filme: transforma Jean Charles num exercício de observação temperado com elementos afetivos. (...)

Jean Charles (Brasil/Inglaterra, 2009), que estreia nesta sexta-feira no país, exemplifica as vantagens dramatúrgicas de uma ideia formulada com clareza. É, como indica seu título, a história das últimas semanas na vida do eletricista mineiro que, em 22 de julho de 2005, foi executado por engano pela polícia inglesa, dentro de um vagão de metrô de Londres, por ter sido incompreensivelmente confundido com um terrorista islâmico.  (...)

http://veja.abril.com.br/240609/p_154.shtm


Os mortos também amam

            Crepúsculo, a adaptação do primeiro livro da série da escritora Stephenie Meyer sobre um vampiro adolescente e sua paixão impossível, é mesmo um fenômeno: agrada ao público jovem pregando a virtude e a castidade.
É verdadeiramente química a paixão que Edward Cullen sente por Bella Swan: antes mesmo de vê-la, a distância, na cafeteria da escola, o aroma do sangue da menina desperta nele um instinto primitivo e quase irresistível. Também Bella experimenta uma atração poderosa por Edward, embora um pouco mais comum. A não ser por esse cheiro inebriante, ela é uma adolescente como qualquer outra, ao passo que ele é um vampiro, que há nove décadas permanece nos 17 anos. E, se isso não é uma maldição – viver a eternidade na fase mais tormentosa da adolescência, rematriculado ano após ano no ensino médio –, então nada há de ser.
Não há, na história de Crepúsculo (Twilight, Estados Unidos, 2008), que estreia nesta sexta-feira no país, nem um traço de ironia. Amor é amor mesmo, renúncia também. E essa talvez seja a chave do sucesso tanto da série escrita pela americana Stephenie Meyer, que já vai pelo quarto livro, quanto desta adaptação de seu primeiro episódio: devolver a uma geração de adolescentes um tipo de romantismo que parecia descartado – o tipo que crê nos sentimentos genuínos, e que prega esperar não apenas pela pessoa certa, mas pela hora certa.
(...) Como de boba a diretora Catherine Hardwicke também não tem nada, estes são os aspectos que ela reforça no filme: o da embriaguez da paixão que fulmina Edward e Bella e o do atordoamento de que eles são tomados a cada vez que quase chegam lá, e então recuam. É isso que Catherine, conhecida pelos dramas adolescentes Aos Treze e Os Reis de Dogtown, faz melhor – capturar, em seus jovens atores, o redemoinho de emoções dessa etapa da vida.
Graças a esse talento, Crepúsculo resiste bem, ao menos do ponto de vista do público a que se dirige, a alguns entrechos desajeitados e aos efeitos malfeitinhos. Não é por nada disso, afinal, que a platéia está lá. É para também ela se atordoar com tanto amor impossível se desenrolando contra as paisagens turvadas por névoa e chuva da costa noroeste americana – esta, sim, lindamente fotografada.
Kristen Stewart, como Bella, é independente, curiosa e graciosa – mas não mais do que graciosa. Juntar atores de beleza extrema a atrizes de beleza simplesmente humana é uma maneira eficaz de telegrafar a mensagem de que mesmo quem não tem porte de princesa pode achar um príncipe para chamar de seu. Ainda que ele esteja mais morto do que vivo.

http://veja.abril.com.br/171208/p_172.shtml#trailer 




ARTIGO DE OPINIÃO TEORIA


      O ARTIGO DE OPINIÃO é um texto argumentativo, opinativo, de caráter persuasivo, o qual dá ao autor maior liberdade de expressão. É claro que o domínio do assunto abordado é imprescindível, além do respeito à linguagem formal.
      Contudo, é um texto em que se observa a presença de ironias, citações intertextuais, metáforas, provérbios e explicações diversas sobre o ponto de vista do autor em relação ao tema proposto.
      É importante lembrar sempre que a estrutura INTRODUÇÃO; DESENVOLVIMENTO E CONCLUSÃO deve ser obedecida. Para isso, criei algumas sugestões para orientar meus alunos a produzirem o artigo de opinião de forma coerente, sem fugirem do tema. Vejam a seguir.

Para a INTRODUÇÂO, (em cinco a sete linhas) podem escolher a abordagem, apresentação do assunto através de:
a) questionamentos (considerando que todos deverão ser respondidos pelo autor, ao longo do texto)
b) alusão histórica
c) comparação entre passado, presente e perspectiva para situações futuras
d) relatos de fatos relacionados ao assunto e posicionamento do autor sobre eles
e) citação de um provérbio, dito popular ou pensamento filosófico conhecido relacionados ao assunto e apresentar a explicação para eles
f) dados estatísticos
g) declaração sobre o assunto
h) definição do assunto e posicionamento a respeito dela

Quanto ao DESENVOLVIMENTO,  (em três parágrafos, com mais ou menos quinze linhas) sugiro que, ao argumentar sobre o assunto, visto que o artigo de opinião é um texto de caráter persuasivo, os alunos apresentem sobre o assunto abordado na introdução:
a) causas e consequências para a situação-problema abordada na introdução
b) exemplos que ilustrem o assunto
c) comparações
d) justificativas
e) citações

Já no DESFECHO (em cinco a sete linhas) de um artigo de opinião, o ideal é elaborar a chamada CONCLUSÃO-PROPOSTA através de:
 apresentação de soluções para a situação-problema ou sugestões para melhorias ou conservação do que, ao longo do texto, o autor definiu como fatores positivos sobre o assunto.
    O ideal é que o artigo de opinião denote as perspectivas do seu autor em relação ao tema abordado.

Observe o modelo


Sou contra a redução da maioridade penal
Renato Roseno
A brutalidade cometida contra os dois jovens em São Paulo reacendeu a fogueira da redução da idade penal. Algumas pessoas defendem a ideia de que a  partir dos dezesseis anos os jovens que cometem crimes devem cumprir pena em prisão. Acreditam que a violência pode estar aumentando porque as penas que estão previstas em lei, ou a aplicação delas, são muito suaves para os menores de idade. Mas é necessário pensar nos porquês da violência, já que não há um único tipo de crime.
     Vivemos em um sistema socioeconômico historicamente desigual e violento, que só pode gerar mais violência. Então, medidas mais repressivas nos dão a falsa sensação de que algo está sendo feito, mas o problema só piora. Por isso, temos que fazer as opções mais eficientes e mais condizentes com os valores que defendemos.
     Defendo uma sociedade que cometa menos crimes e que não puna mais. Em nenhum lugar do mundo houve experiência positiva de adolescentes e adultos juntos no mesmo sistema penal. Fazer isso não diminuirá a violência. Nosso sistema penal como está não melhora as pessoas.
     O problema não está só na lei, mas na capacidade de aplicá-la.
     Sou contra porque a possibilidade de sobrevivência e transformação desses adolescentes está na correta aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Lá estão previstas seis medidas diferentes para a responsabilização de adolescentes que violaram a lei. Para bom uso do ECA é necessário dinheiro, competência e vontade.
     Sou contra toda e qualquer forma de impunidade. Quem fere a lei deve ser responsabilizado. Mas reduzir a idade penal é ineficiente para atacar o problema. Problemas complexos não serão superados por abordagens simplórias e imediatistas. Precisamos de inteligência, orçamento e, sobretudo, um projeto ético e político de sociedade que valorize a vida em todas as suas formas. Nossos jovens não precisam ir para a cadeia. Precisam sair do caminho que os leva lá. A decisão agora é nossa: se queremos construir um país com mais prisões ou com mais parques e escolas.

FONTE:https://atividadeslinguaportuguesamarcia.blogspot.com.br/search/label/Artigo%20de%20Opini%C3%A3o