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sábado, 8 de maio de 2021

GÊNERO ENTREVISTA - MAURICIO DE SOUZA - 6º ANO

 

GÊNERO ENTREVISTA -  MAURICIO DE SOUZA  - 6º ANO

O pai dos planos infalíveis e das coelhadas devastadoras

Por Hugo Silva

Mauricio de Sousa,criador da Turma da Mônica

      Ele é o quadrinista mais bem-sucedido do Brasil. Com quase 50 anos de carreira, continua conquistando leitores em todos os países onde seus trabalhos são publicados. Colecionador de prêmios, tem no Yellow Kid, que recebeu em 1971, no Festival de Lucca, na Itália, o principal de sua vitoriosa caminhada profissional.

      Claro que o entrevistado em questão é Mauricio de Sousa, que foi, sem sombra de dúvida, o principal destaque da 14ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada de Amadora (FIBDA), em Portugal.

[...]

      De uma gentileza e simpatia infindável, Mauricio de Sousa concedeu, em Portugal, a entrevista exclusiva que você lerá a seguir. Mas, antes, prepare-se bem para entrar no universo dos personagens criados pelo autor! Portanto, bole um plano infalível, pegue um pedaço de melancia, apanhe o guarda-chuva e deixe seu coelho de pelúcia pronto para

qualquer eventualidade! [...]

       Universo HQ: Como é continuar a conviver com os mesmos personagens após tantos anos? Ainda mais por saber que eles foram responsáveis por influenciar gerações durante as três últimas décadas?

        Mauricio: Bem, como meus personagens são baseados nos meus filhos, e partindo do princípio que nunca nos cansamos dos filhos, eu não me canso deles jamais (risos).

E essa responsabilidade é muito grande, mas dá uma enorme satisfação.

É bom saber que muita gente cresceu lendo e se divertindo com meus personagens, já que eles foram criados com essa intenção.

       UHQ: Como era o seu processo criativo? Sabemos que os personagens principais da turminha são baseados em seus filhos, mas e o restante, surgiu como? De amigos das crianças?

      Mauricio: Fui me apegando a algumas características da personalidade e até a estéticas dos meus filhos e de alguns amigos deles para criar os personagens. O Cascão, por exemplo, era um menino que brincava ali perto de nossa casa. O mesmo ocorreu com o Cebolinha e outros que povoam os gibis da turma.

     Agora vão surgir mais personagens novos, como Vanda e Valéria (que serão lançadas em breve), baseados nas minhas duas filhinhas; ou o Marcelinho, que é inspirado no meu filho de cinco anos, que já nasceu politicamente correto e é tão certinho e “patrulheiro” que não dá para acreditar! Ele brinca e depois arruma os brinquedos, lava as mãos antes de comer, apaga a luz quando sai do quarto… E já nasceu assim, certinho. Às vezes, é até difícil de aguentar (risos). E como eu tenho dez filhos, sempre haverá personagens para serem lançados! [...]

      UHQ: Na Turma da Mônica há uma preocupação constante com os problemas sociais. Existem, inclusive, várias edições especiais nesse sentido, como “Maternidade saudável”, “Água boa pra beber”,

“Educação no trânsito não tem idade” etc. Normalmente, de quem parte essa iniciativa?

      Mauricio: Geralmente, a iniciativa é minha, e tenho grande orgulho e prazer de poder ajudar de alguma forma a transmitir mensagens importantes que possam auxiliar a população em geral a ficar alerta.

     A Turma da Mônica tem uma preocupação muito grande com todos os temas mundanos. Ninguém pode acusá-la de ser alienada ou algo do gênero. Mas faço questão que todas as histórias sejam um momento de relax. Se vamos transmitir uma mensagem, que seja de forma suave e relaxada. [...]

Entrevista publicada originalmente no site Universo HQ (www.universohq.com), em novembro de 2003.

 

1. Para qual perfil de leitor esse texto foi produzido?

 

2. Qual o objetivo do texto?

 

3. Por que o texto foi intitulado “O pai dos planos infalíveis e das coelhadas devastadoras”?

 

4.O que indicam/representam os termos Universo HQ e Mauricio que aparecem, respectivamente, no início das perguntas e das respostas na entrevista?

 

5. No texto de abertura, o repórter faz uma brincadeira ao convidar o leitor para a leitura da entrevista: “Mas, antes, prepare-se bem para entrar no universo dos personagens criados pelo autor! Portanto, bole um plano infalível, pegue um pedaço de melancia, apanhe o guarda-chuva e deixe seu coelho de pelúcia pronto para qualquer eventualidade!”. Que brincadeira é essa?

 

6. Por que Mauricio disse “E como eu tenho dez filhos, sempre haverá personagens para serem lançados”?

7. O entrevistador, direta ou indiretamente, transmite uma imagem negativa, positiva ou neutra do entrevistado? Sublinhe as partes do texto que comprovam sua resposta.

CONTO - A ROSA ASSOMBRADA – 6º ANO

 

CONTO -  A ROSA ASSOMBRADA – 6º ANO

 

         Há mais ou menos uns cem anos, vivia em Bom Despacho uma moça órfã que vira e mexe ia rezar para Santo Antônio e acabou arrumando um fã: o sacristão.

       Certo dia, a moça estava rezando com muito fervor. Sem perceber, pediu em voz alta:

      — Santo Antônio, me dá um sinal! Quero saber com quem eu vou casar.

      O sacristão, que estava atrás do altar, aproveitou a deixa e sapecou na hora, disfarçando a voz:

      — Você vai casar com aquele que lhe entregar uma rosa bem na saída da igreja.

      Depois, tratou de sair pela porta da sacristia, para pegar depressa a primeira rosa no primeiro túmulo do cemitério e ir para a frente da igreja.

      Acontece que o túmulo era justamente o da mãe da órfã, mas o sacristão só se lembrou disso quando a moça apareceu.

      Sentiu um frio na espinha.

      Havia muita neblina naquele fim de tarde chuvoso, mas, mesmo assim, olhando para o lado do cemitério, dava para ver que o túmulo tinha sido roubado.

      A moça vinha esbaforida com a resposta que ouvira no altar. Quando viu o sacristão lhe estender uma flor, arregalou os olhos e exclamou:

      — Mãe!

      Era só uma exclamação.

      Mas o sacristão achou que a moça estava vendo a alma da mãe atrás dele.

      Largou a flor e saiu correndo.

      Vinha passando um rapaz bonito. Foi ele quem apanhou a rosa.

      Aí aconteceu uma coisa realmente estranha.

      A moça escutou uma voz muito clara:

      — Vai casar é com este!

      Dito e feito. Alguns meses depois, a moça casou com o rapaz bonito.

(Agora, cá entre nós, quem falou “Vai casar é com este” foi o sacristão – de novo. Ele olhou para trás enquanto corria, viu o rapaz entregando a flor e adivinhou na hora.).

LAGO, Angela. Sete histórias para sacudir o esqueleto. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002, p. 35-43.

 

1) No conto, a moça rezava para:

a) São João;

b) São Pedro;

c) Santo Antônio;

d) São José.

 

2) A moça órfã tinha uma intenção ao rezar. Que intenção era essa?

 

3) Quando rezava com muito fervor, o que a moça pedia em voz alta? Releia: “O sacristão, que estava atrás do altar, aproveitou a deixa e sapecou na hora, disfarçando a voz…” O sacristão modificou a voz porque ele:

a) Queria casar com a moça órfã;

b) Queria sair correndo da igreja;

c) Queria apresentar um rapaz à moça órfã;

d) Queria enganar a moça órfã.

 

5) O suspense no conto “A ROSA ASSOMBRADA” se dá quando:

a) O sacristão pega a rosa no túmulo;

b) O sacristão pensa que a moça órfã viu a mãe dela atrás dele;

c) O sacristão largou a flor e saiu correndo;

d) O sacristão viu um rapaz bonito pegar a rosa branca.

 

6) Releia o seguinte trecho retirado do conto: “Aí aconteceu uma coisa realmente estranha...”.

Explique que coisa realmente estranha aconteceu no conto.

 

7) Imagine que você é o escritor e precisa reescrever, modificar o final do conto. Preste bastante atenção aos elementos do texto narrativo e às características do conto de assombração. Vamos lá? Chegou a hora de soltar a imaginação e escrever um final bem interessante para o conto “A ROSA ASSOMBRADA”.

 

 

CONTO - A PRINCESA ADIVINHADORA - 6º ANO

 

CONTO -  A PRINCESA ADIVINHADORA - 6º ANO

 

      Era uma vez um rei que tinha uma filha muito inteligente e perspicaz.

      Quando se pôs moça, não havia problema que ela não decifrasse nem pergunta que ficasse sem resposta. O rei ficou tão orgulhoso da prenda da princesa que disse dar a mão em casamento a quem desse uma adivinhação e ela não destrinchasse em três dias. Muita gente correu para ganhar a mão da princesa, mas ela explicou todas as charadas e os candidatos apanhavam uma surra, voltando envergonhados. Os tempos foram se passando e ninguém aparecia para vencer a princesa.

      Muito longe da cidade vivia uma velha com um filho muito amarelo, mas sabido como ele só. O rapaz entendeu de tentar a sorte e não houve conselho que o arredasse desse desejo. Agarrou uma espingarda e tocou-se para a cidade.

Depois de muito caminhar, sentindo fome, procurou caçar e avistou um veado comendo. Foi devagar e largou-lhe um tiro que o matou. Indo esfolar verificou que era uma veada, com uma veadinha no ventre. Tirou o couro e seguiu viagem. Adiante encontrou os carpinteiros trabalhando numa Igreja e colocaram um altar muito velho do lado de fora. O rapaz carregou as tábuas desse altar. Adiante parou, fez uma fogueira com os paus do altar, assou a veadinha e comeu. Estava comendo quando viu que um jumento morto ia descendo pelas águas do rio, com muitos urubus trepados em cima. Bebeu água que estava entre as folhas das macambiras.

       Logo que chegou à cidade procurou o palácio do rei e disse que queria apresentar um problema. No dia marcado, a princesa veio para o salão, com muito povo, e o rapaz amarelo sentou-se em cima do couro da veada e disse:

Atirei no que vi

Fui matar o que não vi.

Foi com madeira santa

Que cozinhei e comi.

Bebi água não do céu...

Um morto vivo levava.

O que me serve de assento,

Acerte, para seu tormento.

      A princesa pensou, pensou, matutou, matutou e pediu três dias para estudar. Vendo que não arranjava nada, mandou uma criada fazer-se de namorada do amarelo e saber o segredo. O amarelo conversou e pediu que a moça lhe desse a camisa que ele dizia o segredo. A moça cedeu e ele deu umas explicações sem pé e sem cabeça. A princesa mandou outra criada e saiu a mesma coisa. Foi ela mesma na terceira noite, e o rapaz pediu a camisa, recebeu-a e deu a explicação direita.

        Quando ficaram todos no salão, a princesa contou tudo direitinho. Atirei num veado, matei uma veada com uma veadinha. Assei a comida com lenha que fora do altar. Bebi água da macambira. Um jumento morto ia levando uma porção de urubus. Ficou sentado em cima do couro da veadinha.

      Fizeram muita festa à princesa e o rei ia mandar dar uma surra no amarelo quando este pediu que o deixassem falar. O rei deixou. O amarelo disse:

Quando no Paço cheguei

Três pombinhas encontrei,

Três penas já lhes tirei

        E foi mostrando as camisas das criadas. Quando ia puxando a camisa da princesa, esta correu para ele e disse que queria casar, que gostava muito do rapaz e só adivinhara porque ele mesmo dissera. O rei fez o casamento e foram todos muito felizes.

CASCUDO, Luís da C. Contos tradicionais do Brasil. 13. ed., 6ª reimp. São Paulo: Global, 2009.E agora mostrarei!

 

1. Qual é a condição para se casar com a princesa?

2. Quando o rapaz sabido resolve tentar a sorte com a princesa, qual é a reação daqueles que sabem dessa sua intenção? Sublinhe no texto a parte que mostra isso.

 

3. Que estratégia o moço usa para obter provas de que as criadas da princesa estiveram com ele, tentando arrancar-lhe a resposta do desafio?

 

Releia um trecho do texto “A princesinha adivinhona”. Em seguida, responda às questões propostas.

       E foi mostrando as camisas das criadas. Quando ia puxando a camisa da princesa, esta correu para ele e disse que queria casar, que gostava muito do rapaz e só ADIVINHARA porque ele mesmo DISSERA. O rei fez o casamento e foram todos muito felizes.

4. Observe os verbos destacados e marque a opção correta. Esses verbos se referem a ações que ocorreram:

(   ) antes de o moço mostrar as camisas das criadas

(   ) enquanto o moço mostrava as camisas das criadas

(   ) depois que o moço mostrou as camisas das criadas

 

5. No trecho analisado, a quem se referem os pronomes

 A) esta:

 B) ele:

C) todos:

CONTO AFRICANO - TODOS VOCÊS - 6º ANO

 

CONTO AFRICANO - TODOS VOCÊS -  6º ANO

 

        Depois de formar a Terra, o Criador, todos os meses, realizava uma festa no céu para as aves, pois a mãe-terra ainda era jovem e não havia árvores frutíferas suficientes para alimentar a todas. Ele também aproveitava a ocasião para agradecer as aves pelos seus lindos cantos, dia e noite. Nesses tempos, a tartaruga vivia se queixando, pois fora criada com muito peso nas costas, suas pernas eram tão curtas que quase não conseguia se locomover e, ainda por cima, precisava andar muito atrás de comida. Todos os dias, queixava-se:

        — Se eu tivesse asas, tudo seria diferente... A minha vida seria mais fácil.

 Enquanto as aves, do alto das árvores, comiam frutas, a tartaruga, embaixo, lamentava a sua sorte, pois tinha que se contentar com os restos que caíam dos bicos delas.

        De tanto ouvirem as lamentações da tartaruga, as aves fizeram uma reunião e decidiram ajudá-la. Cada uma doou uma de suas penas para confeccionar o melhor par de asas para o pobre réptil e ensiná-lo a voar.

        A partir daquele dia, a vida da tartaruga mudou. Passou a fazer tudo que sempre havia desejado: voava de árvore em árvore, comendo as melhores frutas. Ela zombava dos animais que não tinham asas, pois não se considerava mais um réptil, mas uma ave. Deixou-se dominar pelo orgulho.

        Na véspera da viagem para o céu, as aves convidaram a tartaruga para a festa do Criador, reservada só para os animais que voavam.

        Egoísta e ingrata, a tartaruga ficou matutando um modo de comer o melhor da festa.

        Antes da viagem, ela disse às aves que o céu era um lugar especial e, portanto, deveriam entrar lá de um modo especial. Propôs que cada uma escolhesse um novo nome. As aves aceitaram e todas escolheram um novo nome, cada um mais bonito do que o outro. A tartaruga ficou por último e disse que seu novo nome era Todos Vocês. As aves acharam aquele nome muito estranho, mas ninguém se importou.

        Durante a viagem, a tartaruga fez questão que cada uma repetisse seu novo nome muitas vezes para que não se esquecessem. Chegando ao céu, todas assinaram o livro de presença com seu nome novo. Sentaram-se à mesa, o Criador agradeceu a todas pelos seus belos cantos e mostrou-lhes as iguarias preparadas para elas. Terminado o discurso, a tartaruga levantou e perguntou ao Criador para quem ele fizera todas aquelas delícias. Ele respondeu:

        — Para todos vocês!

        Nesse momento, a tartaruga lembrou as aves do seu novo nome: Todos Vocês; portanto, a mesa posta era só para ela. Que esperassem a vez delas.

        Ela comeu e bebeu, enquanto as aves só olhavam. Elas ficaram muito decepcionadas com a atitude da tartaruga.

        Quando chegou a hora de voltarem à Terra, cada uma delas tratou de pegar sua pena de volta e, num instante, a tartaruga ficou sem asas.

        Ao entrarem para limpar o salão, os empregados encontraram a tartaruga escondida e lançaram-na para a Terra; a queda foi tão forte que o seu casco duro e brilhante quebrou-se em pedaços.

        A formiga e seus filhotes acharam o casco da tartaruga todo quebrado e pensaram que o pobre animal estivesse morto. Então juntaram e emendaram o casco para construir um formigueiro.

        Passados alguns dias, a tartaruga se sentiu melhor, levantou-se e saiu andando.

        E foi assim que a tartaruga ganhou o casco emendado que tem até hoje.

 

UNU NILE – TODOS VOCÊS disponível em: SUNNY. Ulomma. A casa da beleza e outros contos. São Paulo: Paulinas, 2006, p. 23-28

 

01 – Como era a vida da tartaruga no início do conto? O que mudou?

      Vivia cansada e tinha muito trabalho para conseguir comida. Sua vida muda ao receber um par de asas.

 

02 – Que estratégia a tartaruga adota para que ocorra uma mudança em sua vida?

      Reclama todo o tempo da dificuldade que é sua vida. Faz-se de vítima do mundo.

 

03 – Qual foi a “jogada” da tartaruga para, chegando à festa, ter direito a desfrutar do banquete primeiro?

      Escolheu para si um nome que, provavelmente, seria a resposta que receberia para a pergunta que faria.

 

04 – Qual o sentimento das aves em relação à tartaruga?

      Decepção.

 

05 – No trecho “Egoísta e ingrata, a tartaruga ficou matutando um modo de comer o melhor da festa”, que palavras indicam a opinião do narrador sobre a tartaruga?

      Egoísta e ingrata.

 

06 – E você, o que pensa da atitude da tartaruga?

      Resposta Pessoal do aluno.

 

07 – Considerando a atitude da tartaruga, que outras palavras a descreveriam?

      Resposta pessoal do aluno.

 

08 – Releia o início do conto “Todos Vocês” e observe os verbos destacados nos primeiros parágrafo. Pra você em que tempo estão?

      Resposta pessoal do aluno.

 

09 – Você diria que essas ações aconteceram uma vez ou aconteciam sempre (por exemplo, aconteceu de as aves comerem fruta e de a tartaruga lamentar sua sorte só uma vez ou elas faziam isso sempre)?

      Aconteciam sempre.

 

10 – Agora destaque os verbos destacados no quarto parágrafo. Essas ações aconteciam sempre ou aconteceram só uma vez?

       Aconteceram só uma vez.

 

11 – Qual dos dois tempos verbais descreve a situação inicial do conto, caracterizando o cenário e as personagens e dizendo como era a vida deles? 

      Os destacados nos primeiros parágrafos (pretérito imperfeito).

 

12 – Qual dos dois tempos verbais indica uma ação pontual que situa o início da ação principal da história (seu problema)?

      Os destacados no quarto parágrafo (pretérito perfeito).

 

CRÔNICA - A PALAVRA - GABARITO

 

CRÔNICA - A PALAVRA

    Tanto que tenho falado, tanto que tenho escrito como não imaginar que, sem querer, feri alguém? Às vezes sinto, numa pessoa que acabo de conhecer, uma hostilidade surda, ou uma reticência de mágoas. Imprudente ofício é este, de viver em voz alta.

       Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse por acaso ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida de cada dia; a sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa boa.

        Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a alguém. Nunca saberei que palavra foi; deve ter sido alguma frase espontânea e distraída que eu disse com naturalidade porque senti no momento – e depois esqueci.

       Tenho uma amiga que certa vez ganhou um canário, e o canário não cantava. Deram-lhe receitas para fazer o canário cantar; que falasse com ele, cantarolasse, batesse alguma coisa ao piano; que pusesse a gaiola perto quando trabalhasse em sua máquina de costura; que arranjasse para lhe fazer companhia, algum tempo, outro canário cantador; até mesmo que ligasse o rádio um pouco alto durante uma transmissão de jogo de futebol... mas o canário não cantava.

        Um dia a minha amiga estava sozinha em casa, distraída, e assobiou uma pequena frase melódica de Beethoven – o canário começou a cantar alegremente. Haveria alguma secreta ligação entre a alma do velho artista morto e o pequeno pássaro de ouro?

           Alguma coisa que eu disse distraído – talvez palavras de algum poeta antigo – foi despertar melodias esquecidas dentro da alma de alguém. Foi como se a gente soubesse que de repente, num reino muito distante, uma princesa muito triste tivesse sorrido. E isso fizesse bem ao coração do povo; iluminasse um pouco as suas pobres choupanas e as suas remotas esperanças.

 

A Palavra, Rubem Braga. Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/11536/a-palavra acesso em 20/04/02021.

 

1. A frase que melhor expressa a ideia principal do texto é:

a) Por acaso, a palavra ajuda.

b) Pela palavra vivemos em voz alta.

c) Sem querer a palavra fere.

d) Sempre a palavra é perigosa.

e) Sempre a palavra é impiedosa.

 

2. O texto pode ser dividido em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão, e cada parte tem uma ideia principal que recebe um título. A introdução compreende o primeiro e segundo parágrafos; o título mais adequado a esse trecho é:

a) Uma palavra que faz bem.

b) Uma comparação.

c) Os efeitos das palavras.

d) Uma analogia.

e) Uma palavra que surpreende.

 

3. “Às vezes sinto, numa pessoa que acabo de conhecer, uma hostilidade surda, ou uma reticência de mágoas.” Sentir, numa pessoa, uma reticência de mágoas, significa que a pessoa:

a) confessa timidamente que foi magoada.

b) demonstra pouca mágoa sem dizer nada.

c) interrompe o que estava dizendo, magoada.

d) mantém-se constantemente calada.

e) mantém-se constantemente alerta.

 

4.  “Imprudente ofício é este...” O cronista, na citação acima, usa o adjetivo imprudente para qualificar seu ofício porque:

a) é obrigado a viver em voz alta.

b) pode ferir alguém.

c) tem de escrever muito.

d) pode ajudar alguém.

e) tem de conhecer inúmeras palavras.

 

5. No texto, o ofício de cronista é definido como um ofício “de viver em voz alta”. Isso significa que, para Rubem Braga, escrever crônicas é:

a) ser conhecido por todo mundo.

b) não conseguir esconder nada de ninguém.

c) contar aos outros suas experiências pessoais.

d) escrever tudo o que pensa e sente.

e) falar apenas das coisas do cotidiano.

 

6. “Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a alguém.” A palavra destacada pode ser substituída no texto, por:

a) dia.

b) alguém.

c) outro.

d) palavra.

e) agora.

 

7.  “... e assobiou uma pequena frase melódica de Beethoven...” A mesma regra que justifica a acentuação da palavra melódica justifica a acentuação de:

a) máquina.

b) distraída.

c) espontânea.

d) canário.

e) alguém.

 

8.  “... e o canário COMEÇOU A CANTAR alegremente.” A forma verbal destacada expressa ideia de fato:

a) inacabado no momento em que é narrado.

b) passado anterior a outro também passado.

c) incerto, duvidoso.

d) supostamente concluído.

e) concluído.

01 – Assinale a alternativa correta que indica inferência em relação a crônica de Rubem Braga.

a)   Somente pessoas tristes é que despertam com melodias esquecidas dentro da alma de alguém.

b)   As palavras têm, às vezes, o poder de nos irritar em qualquer etapa da vida.

c)   As nossas remotas esperanças precisam de um sorriso de princesa que vive num reino muito distante.

d)   À semelhança da narrativa do autor, determinada palavra pode nos remeter ao passado e trazer momentos de alegria na vida.

e)   Pessoas que não sabem viver em voz alta são hostis e cheias de mágoas, por isso uma frase espontânea não lhe faz bem algum.

 

02 – O cronista qualifica seu ofício de “imprudente”. O ofício de cronista é imprudente porque:

a)   É obrigado a viver em voz alta.

b)   Tem de escrever muito.

c)   Pode ferir alguém.

d)   Pode ajudar alguém.

 

03 – Observe o seguinte fato ocorrido no texto: “Minha amiga assobiou uma pequena frase melódica de Beethoven”. A consequência desse fato foi que:

a)   O autor ficou distraído.

b)   O cronista ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo.

c)   O canário começou a cantar alegremente.

d)   Uma princesa que estava triste, sorriu.

 

04 – Melodias é uma metáfora usada no texto para representar:

a)   Uma canção esquecida.

b)   Coisas boas, sonhos.

c)   Palavras espontâneas, amigas.

d)   Palavras de algum poeta antigo.

 

05 – A frase que expressa a ideia principal da crônica é:

a)   Sem querer, a palavra fere.

b)   Por acaso, a palavra ajuda.

c)   Pela palavra, vivemos em voz alta.

d)   Sempre a palavra é perigosa.

 

06 – Segundo o texto, sentir numa pessoa uma reticência de mágoas significa que a pessoa:

a)   Confessa timidamente que foi magoada.

b)   Demonstra mágoa sem dizer nada.

c)   Interrompe o que estava dizendo, magoada.

d)   Manifesta indiferença.

 

07 – Para o autor Rubem Braga, escrever crônicas é:

a)   Ser conhecido por todo mundo.

b)   Não conseguir esconder nada de ninguém.

c)   Contar aos outros suas experiências pessoais.

d)   Escrever tudo o que pensa e sente.

 

08 – Nos dois primeiros parágrafos, o cronista fala dos efeitos da palavra que tanto pode ferircomo ajudar.

a)   Gerar mágoas ou levar alguém a se reconciliar consigo mesmo.

b)   Levar alguém a sentir vontade de fazer algo bom.

c)   Gerar hostilidade em alguém.

d)   Gerar tristeza e revolta em alguém.

 

09 – “Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a alguém”. As palavras sublinhadas no período acima exercem, respectivamente, a função sintática de:

a)   Sujeito – Objeto indireto.

b)   Sujeito – Objeto direto.

c)   Sujeito – complemento nominal.

d)   Adjunto adnominal – sujeito.

 

10 – “Minha amiga assobiou uma pequena frase melódica de Beethoven”. O sujeito da oração acima é:

a)   Minha amiga.

b)   Beethoven.

c)   Uma pequena frase.

d)   Frase melódica.

 

11 – Imprudente ofício é este, de viver em voz alta. O ofício a que Rubem Braga se refere é o seu próprio, o de escritor. Para caracterizá-lo, além do adjetivo “imprudente”, ele recorre a uma metáfora: “Viver em voz alta”. O sentido dessa metáfora relativa ao ofício de escrever, pode ser entendido como:

a)   Superar conceitos antigos.

b)   Prestar atenção aos leitores.

c)   Criticar prováveis interlocutores.

d)   Tornar públicos seus pensamentos.

 

12 – Alguma coisa que eu disse distraído – talvez palavras de algum poeta antigo – foi despertar melodias esquecidas dentro da alma de alguém. O cronista revela que sua fala ou escrita pode conter algo escrito por “algum poeta antigo”. Ao fazer essa revelação, o cronista se refere ao seguinte recurso:

a)   Polissemia.

b)   Pressuposição.

c)   Exemplificação.

d)   Intertextualidade.

 

13 – O episódio do canário traz uma contribuição importante para o sentido do texto, ao estabelecer uma analogia entre a palavra do escritor e a música assobiada pela amiga. A inserção desse episódio no texto reforça a seguinte ideia:

a)   A intolerância leva o artista ao isolamento.

b)   A arte atinge as pessoas de modo inesperado.

c)   A solidão é remediada com soluções artísticas.

d)   A profissão envolve o artista com conflitos desnecessários.

 

14 – O final do texto revela uma reflexão do escritor acerca do poder da sua escrita, a partir da menção a uma princesa e a um povo. Essa menção sugere, principalmente, que o escritor deseja que suas palavras tenham o poder de:

a)   Desfazer as ilusões antigas.

b)   Permear as classe sociais.

c)   Ajudar as pessoas discriminadas.

d)   Abolir as hierarquias tradicionais.

 

 

CONTO PEQUENO – AS DUAS MULHERES E O CÉU 6º ANO

 

CONTO PEQUENO – AS DUAS MULHERES E O CÉU 6º ANO

 

       No começo dos tempos, a distância entre o céu e a terra era bem pequena: não passava da altura de uma girafa.

      Certo dia, numa aldeia africana, duas mulheres estavam com os seus pilões amassando grãos de trigo. As duas não paravam de falar. Era uma fofoca atrás da outra. Uma delas, empolgando-se muito com o falatório, levantou o pilão tão alto que fez um furo no céu.

       – Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! – gritou o céu.

       Tão animadas com a conversa estavam as duas mulheres, que não ouviram o grito.

      Acontece que não parou por aí. O espaço celeste começava a ganhar furos e mais furos porque as duas mulheres, de tão empolgadas com a conversa, não perceberam que seus pilões rasgavam o céu, que continuava a gritar.

     Lá em cima, o tapete azulado chorou, berrou e nada adiantou. Finalmente, tomou uma decisão:

      – Assim não dá mais, vou me afastar da terra o máximo que puder.

      Subiu, subiu o mais alto que pôde. Quando chegou lá no topo do mundo, sossegou:

     – Aqui está bom. Ninguém mais vai conseguir me furar.

      Todos os furos que as duas mulheres fizeram nunca mais foram fechados. Os africanos dizem que esses furos podem ser vistos diariamente durante a noite: são as estrelas do céu.

(BRENMAN, Ilan. As narrativas preferidas de um contador de histórias. Difusão Cultural do Livro, 2005.)

 

1. Essa história, de origem africana, é um conto etiológico. Esses textos procuram dar uma explicação para a origem das coisas e dos seres. Pensando nisso, podemos afirmar que o texto As duas mulheres e o céu é um conto etiológico porque explica:

a) a razão de as girafas terem o pescoço comprido.

b) como surgiu o continente africano.

c) o surgimento dos planetas.

d) como surgiram as estrelas do céu.

e) a razão de o céu ter a cor azulada.

 

        De modo geral, os contos têm, em sua organização, uma estrutura narrativa bem marcada: a situação inicial, o desenvolvimento e a situação final. Veja:

      Na situação inicial, costuma-se descrever uma situação de equilíbrio, de tranquilidade. Pode-se apresentar também o lugar e o tempo (mesmo vagos) em que se passa a história.

 

     No desenvolvimento, as ações se desenrolam, surge um problema na história e muitas coisas acontecem a partir disso.

 

      Na situação final, o conflito começa a ser resolvido e apresenta-se o desfecho da história.

2. A partir dessas informações, assinale a alternativa que traz a correta correspondência de cada uma das partes ao texto.

A)

Situação inicial: parágrafos 1 e 2

Desenvolvimento da história e apresentação do conflito: parágrafos 3 a 6.

Situação final: parágrafos 7 a 10.

 

B)

Situação inicial: parágrafo 1

Desenvolvimento da história e apresentação do conflito: parágrafos 2 a 8.

Situação final: parágrafos 9 e 10.

C)

Situação inicial: parágrafo 1

Desenvolvimento da história e apresentação do conflito: parágrafos 2 a 6.

Situação final: parágrafos 7 a 10.

 

Situação inicial: parágrafo 1. O trecho apresenta o tempo em que se passa a história e descreve uma situação de equilíbrio e tranquilidade.

Desenvolvimento da história e apresentação do conflito: parágrafos 2 a 6. Surge o conflito da narrativa e a partir daí as ações se desenrolam.

Situação final: parágrafos 7 a 10. O conflito se encaminha para uma solução e há o desfecho da narrativa.

 

3. Releia este trecho do texto:

“Lá em cima, o tapete azulado chorou, berrou e nada adiantou. Finalmente, tomou uma decisão:

 – Assim não dá mais, vou me afastar da terra o máximo que puder.

 Subiu, subiu o mais alto que pôde. Quando chegou lá no topo do mundo, sossegou.”

 

      Imagine que não apenas o céu (o “tapete azulado”) mas também a lua tivessem tomado essa decisão. Nesse caso, como deveria ser escrito o trecho em destaque no quadro? Assinale a resposta certa.

A) Lá em cima, o tapete azulado e a lua choraram, berraram e nada adiantaram. Finalmente, tomou uma decisão:

 – Assim não dá mais, vamos nos afastar da terra o máximo que pudermos.

 Subiu, subiu o mais alto que pôde. Quando chegaram lá no topo do mundo, sossegaram.

 

B) Lá em cima, o tapete azulado e a lua choraram, berraram e nada adiantou.

Finalmente, tomaram uma decisão:

 – Assim não dá mais, vamos nos afastar da terra o máximo que pudermos.

 Subiram, subiram o mais alto que puderam. Quando chegaram lá no topo do mundo, sossegaram.

 

C) Lá em cima, o tapete azulado e a lua choraram, berraram e nada adiantou.

Finalmente, tomaram uma decisão:

 – Assim não dá mais, vamos nos afastar da terra o máximo que pudermos.

 Subiram, subiram o mais alto que puderam. Quando chegaram lá no topo do mundo, sossegou.

 

POEMA - GENTE TEM SOBRENOME – TOQUINHO-

 

GENTE TEM SOBRENOME – TOQUINHO-

Ouvir Gente Tem Sobrenome

Não encontrámos nada.

Todas as coisas têm nome

Casa, janela e jardim

Coisas não têm sobrenome

Mas a gente sim

 

Todas as flores têm nome

Rosa, camélia e jasmim

Flores não têm sobrenome

Mas a gente sim

 

O Chico é Buarque, Caetano é Veloso

O Ari foi Barroso também

E tem os que são Jorge, tem o Jorge Amado

Tem outro que é o Jorge Ben

 

Quem tem apelido, Dedé, Zacarias

Mussum e a Fafá de Belém

Tem sempre um nome e depois do nome

Tem sobrenome também

 

Todo brinquedo tem nome

Bola, boneca e patins

Brinquedos não têm sobrenome

Mas a gente sim

 

Coisas gostosas têm nome

Bolo, mingau e pudim

Doces não têm sobrenome

Mas a gente sim

 

Renato é Aragão, o que faz confusão

Carlitos é o Charles Chaplin

E tem o Vinícius, que era de Moraes

E o Tom Brasileiro é Jobim

 

Quem tem apelido, Zico, Maguila

Xuxa, Pelé e He-man

Tem sempre um nome e depois do nome

Tem sobrenome também

TOQUINHO. Gente tem sobrenome. Disponível em: https://www.letras.mus.br/toquinho/87252/  acesso em:20/04/2021.

 

1) O que mais chamou sua atenção ao ler o texto?

 

2) Os objetos, flores e as coisas têm sobrenome? Por quê?

 

3) E o apelido? Você acha certo? O que significa para você?

 

4) Na sua opinião, o sobrenome significa ..............................

 

5) Você conhece o significado do seu nome? Qual é?

 

6) Quem escolheu o seu nome? Por quê?

 

7) Se você pudesse, mudaria seu nome? Qual seria?

 

8) Destaque do texto os sobrenomes existentes.

 

9) No texto que você leu aparecem alguns apelidos. Quais?

 

10) Retire do poema todos os nomes. Por que eles são escritos com

letra maiúsculas?