PARA CONTAR ESTRELAS
─ Pai, como é que a gente conta estrelas do céu? Perguntou
Lelê. O pai, baixando o jornal, foi logo fazendo pose de explicação.
─ Bem, existem equipamentos especiais para isso. Eles tiram
fotos do céu e fazem medições. E tem o Hubble, que é o bambambã dos
telescópios! Mas só os cientistas podem usá-lo. Então, cada um conta com o que
tem à mão.
─ Ah!, disse Lelê com admiração, mesmo sem ter entendido
muito bem (ele ainda estava no segundo ano).
A mãe o chamou na cozinha para um lanche. Ele se sentou à
mesa pensando ainda no que o pai tinha dito. Decidiu perguntar para ela também.
─ Isso seu pai deve saber. Por que não pergunta para ele?
─ Já perguntei. Ele falou várias coisas, mas não entendi
direito: o que cada um tem nas mãos e...
─ Ora, nas mãos a gente tem dedos! Por que você não conta
nos dedos?, disse a mãe, que era bem mais esperta que o pai nos assuntos
práticos.
─ Hum..., pensou Lelê. Assim eu sei! E foi logo devorando o
sanduíche.
Uns minutinhos depois, Lelê já estava no quintal. Olhava
para o alto, bem fundo no céu de estrelas. Para começar, mirou a mais brilhante
e passou a contar em voz alta: Um... Dois... Três..., recolhendo um dedo de
cada vez. Chegou até dez. Olhou para as mãos, olhou para o céu.
Suspirou. O problema é que ele tinha só dez dedos, e o céu
tinha muito mais estrelas.
Desanimado, sentou-se na varanda, apoiando o queixo nas
mãos. Sua avó, que sempre observava tudo bem quietinha, foi lá falar com ele.
─ O que foi, filho?
─ Nada...
─ Hum. Sabe, eu conheço um jeito de fazer caber todas as
estrelas na mão, de uma só vez.
Lelê olhou desconfiado, mas ficou atento, esperando o resto
da história.
─ Está vendo as estrelas lá em cima? São tão pequenininhas,
não é mesmo? Pois então. Basta você olhar bem para elas, como se fossem
grãozinhos de areia. Daí você passa a mão, assim, por todo o céu, como se
estivesse varrendo, e fecha de uma vez no final! Depois, chacoalha bem e põe em
cima do coração, pegando emprestado um pouco da luz delas.
Ela deu então uma piscadela e foi se levantando para entrar
em casa.
Lelê percebeu uma emoção estranha no peito, sentiu uma
saudade imensa da avó, queria que ela morasse com ele para sempre.
Desde então, sempre que tinha vontade, Lelê contava todas as
estrelas do céu. E num punhado só.
1 – No texto que você acabou de ler, pode-se perceber as
falas de quatro personagens. Quem são eles?
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2 – Qual o conflito gerador da narrativa? E o desfecho?
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3 – No trecho “─ Bem, existem equipamentos especiais para isso.”,
a que se refere o termo destacado?
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4 – Qual o objetivo dos parênteses e de seu conteúdo no
terceiro parágrafo?
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5 – No trecho “Então, cada um conta com o que tem à mão.”,
qual o significado da expressão contar com o que se tem à mão?
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6 – Que diferença de sentido há em: contar com o que se tem
à mão e contar o que cada um tem nas mãos?
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7 – Por que o menino sentiu-se desanimado quando começou a
contar as estrelas?
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8 – Qual foi a sugestão da avó para que o menino pudesse
contar todas as estrelas?
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9 – Transcreva do último parágrafo a expressão indicadora de
tempo:
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10 – O uso das reticências é expressivo no texto. Releia os
trechos e diga para que foram usadas as reticências.
a) “─ Já perguntei. Ele falou várias coisas, mas não entendi
direito: o que cada um tem nas mãos e...
─ Ora, nas mãos a gente tem dedos! Por que você não conta
nos dedos?, disse a mãe, que era bem mais esperta que o pai nos assuntos
práticos.”
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b) “─ O que foi, filho?
─ Nada...”
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11 – No texto, várias vezes, aparecem palavras no
diminutivo. Qual o efeito que esse uso provoca nestes trechos?
“Sua avó, que sempre observava tudo bem quietinha, foi lá
falar com ele.”
“São tão pequenininhas, não é mesmo? Pois então. Basta você
olhar bem para elas, como se fossem grãozinhos de areia.