A SERPENTE DE OURO (Petrus Alphonsi)
1.
Um
homem rico, enquanto ia para cidade, perdeu o que levava consigo: uma bolsa com
mil talentos e uma serpente de ouro. Um pobre que passava pela mesma estrada
achou a bolsa e a entregou para sua esposa, contando-lhe como a achara. Ouvida
a história, a mulher disse:
2.
—
Guardemos o que Deus nos deu.
3.
No
dia seguinte, um arauto percorreu a rua gritando:
4.
—
Quem encontrou o tesouro contido numa bolsa, restitua-o, e não só estará livre de
qualquer delito, mas terá ainda a recompensa de cem talentos.
5.
Ouvindo
o arauto, o homem que achara o tesouro disse à mulher:
6. — Restituamos o tesouro, e não só estaremos livres de qualquer culpa, mas ainda por cima teremos cem talentos.
7.
Respondeu
a mulher:
8.
—
Se Deus quisesse que o dono ficasse com o tesouro, o dono não o teria perdido.
Portanto, guardemos o que Deus nos deu.
9.
O
homem insistiu em que devia restituí-lo, enquanto sua mulher a isto se opunha
de todos os modos. Ele, porém fez a restituição e reclamou o que o arauto
prometera.
10.
Entretanto
o ricaço, cheio de perversidade, disse-lhe:
11.
—
Fica sabendo que falta a outra serpente.
12.
Assim
falou, com o criminoso intuito de não dar ao pobre homem os talentos
prometidos. Este, por sua vez, afirmou que não tinha encontrado nada mais.
13. Os homens daquela cidade, favoráveis ao rico e no desejo de desacreditar o pobre, cuja sorte lhes provocara inveja, levaram-no à justiça. O pobre homem continuou proclamando que nada mais tinha encontrado.
14.
Passou
o caso a ser comentado entre os pobres e entre os ricos. Afinal, pelo relato
dos ministros, chegou aos ouvidos do rei. Mal tomou conhecimento dele, o rei
mandou trazer à sua presença o rico, o pobre e o tesouro.
15. Quando todos lá se achavam, mandou o rei vir um filósofo muito sábio, e ordenou-lhe que ouvisse a palavra do acusador e a do acusado, e esclarecesse a contenda.
16.
Ouvido
o caso, o filósofo chamou o pobre e disse-lhe:
17.
—
Dize-me se ainda tens algum bem daquele homem. Pois, se não o tens, procurarei
libertar-te.
18.
—
Sabe Deus que tudo o que encontrei eu restituí.
19.
Então o filósofo disse para o rei e os outros:
20. — O homem rico é muito honesto e digno de crédito, e tem grandes testemunhos de sua veracidade.
21. Por outro lado, parece-me provável que o homem
pobre não tenha encontrado nada além daquilo que restituiu, pois, se fosse
desonesto, não devolveria o que devolveu, mas esconderia tudo.
22.
— Que
concluís daí, ó filósofo?
23.
—
Concluo que o tesouro encontrado não é do homem rico. Deveis tirar do tesouro
cem talentos e dá-los ao pobre, guardando o restante até que apareça quem o
reclame. E o homem rico que continue a procurar o saco com duas serpentes.
24.
A
sugestão agradou ao rei e a todos os circunstantes. Então o rico disse:
25.
— Ó
bom rei, digo-te a verdade: este tesouro realmente é meu. Mas, como eu não
queria dar a este homem o que o arauto prometera, aleguei que me faltava uma
segunda serpente. Tem piedade de mim, e darei a ele o que foi prometido.
26.
Então
o rei retirou do tesouro duzentos talentos e os deu ao pobre, devolvendo ao
rico apenas o que restara, como punição por ter levantado falsa acusação sobre
a honestidade do pobre.
Adaptado de: (Petrus Alphonsi, in Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e Paulo Rónai, Mar de Histórias – Nova Fronteira, Rio, 4ª ed. vol. 1, p. 158)
https://bibliotecasemlimites.comunidades.net/a-serpente-de-ouro-petrus-alphonsi
1. Quem é o autor do texto?
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2. Quais são as personagens?
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3. Que acontecimento dá inicio a história (par.1)?
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4. Explique com suas palavras o (clímax) ponto de maior tensão da história (par.23)?
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5. Explique com suas palavras o desfecho da história (par.26).
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6. O narrador desse conto participa da história?
( ) não ele só conta a história.
( ) sim, ele participa faz várias ações.
7. Descreva com suas palavras o espaço (lugar) onde acontece essa história.
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8. Em que época essa história aconteceu?
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9. Qual das alternativas abaixo NÃO indica uma opinião.
a) — Se Deus quisesse que o dono ficasse com o tesouro, o
dono não o teria perdido.
b) — Quem encontrou o tesouro contido numa bolsa, restitua-o
c) — Concluo que o tesouro encontrado não é do homem rico.
d) Deveis tirar do tesouro cem talentos e dá-los ao pobre
10. O significado de ARAUTO, de acordo com o texto é:
a) mensageiro b) carteiro c) cavaleiro d)escudeiro
11. No texto a palavra TALENTO significa:
a) habilidade b) dom c) moeda d) notas
12. O verbo RESTITUIR significa:
a) extorquir b) devolver c) emprestar d) indenizar
13. A palavra CONTENDA só NÃO significa:
a) disputa b) demanda c) discórdia d) conciliação
14. Quais característica podemos atribuir:
a) ao homem pobre
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b) a mulher do homem pobre
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c) ao homem rico
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d) ao rei
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e) ao filósofo
15. Se você estivesse na posição do homem pobre o que você faria?
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16. Assinale a alternativa que apresenta o verbo no tempo presente.
a) — O homem rico é muito honesto e digno de crédito
b) Então o rei retirou do tesouro duzentos talentos
c) estará livre de qualquer delito
d) Um homem rico, enquanto ia para cidade
a) ao rei
b) ao pobre
c) ao tesouro
d) ao caso
18. A fala das personagens no texto é marcada com:
a) travessão
b) parênteses
c) reticências
d) ponto de interrogação.
19. “como punição por ter levantado falsa acusação sobre a honestidade do pobre (par.26).” A palavra destacada indica uma relação de:
a) tempo
b) lugar
c) causa
d) adição
20. As opiniões do homem pobre e de sua mulher são sobre o que fazer com a bolsa de dinheiro são:
a) complementares
b) semelhantes
c) iguais
d) opostas
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