AUTOBIOGRAFIA 9º ANO RÚSSIA - BRASIL - TATIANA BELINKY RIO18
RÚSSIA - BRASIL
Eu
não nasci no Brasil: sou imigrante. Nasci na Rússia, na então capital, que já
não se chamava São Petersburgo, como quando foi fundada e construída pelo
imperador Pedro, o Grande, e ainda não se chamava Leningrado – agora São
Petersburgo, recuperando assim seu nome original. Quando eu nasci, dois anos
depois da Revolução Russa, um ano após o término da Primeira Guerra Mundial, a
cidade se chamava Petrogrado – “cidade de Pedro”, em russo. O país estava em
plena guerra civil, havia mesmo fome na cidade, os alimentos estavam
racionados, a vida era muito difícil. Então meus pais, que eram cidadãos
letonianos, resolveram voltar para Riga, capital da Letônia, um dos pequenos
países do Mar Báltico. E foi assim que, de um ano de idade até os dez vivi com
meus pais e meus dois irmãos [...] na bonita cidade de Riga, conhecida
principalmente pela madeira que exportava para o mundo inteiro, o famoso
pinho-de-Riga.
Mas
também em Riga a vida não era fácil. A situação econômica era ruim, a política,
pior ainda, e as coisas não andavam boas para meus pais, gente de classe média
remediada. Até que a situação se tornou insustentável, e meus pais resolveram
sair do país, tentar arrumar a vida em outra terras.
[...]
Então
sou – ou fui – imigrante. Mas sou brasileira, como consta no meu “RG” – casada
com brasileiro, com filhos e netos brasileiros: marido santista, filhos, netos
e bisnetos paulistanos.
[...]
Só
que eu não virei brasileira de repente, do dia para a noite, sem mais nem
menos. Quando cheguei ao Brasil, tinha pouco mais de dez anos e todo um passado
europeu atrás de mim: toda uma vida, todo um “caldo de cultura”. Clima,
costumes, educação, idioma, até a maneira de vestir e de morar eram muito
diferentes. E levei algum tempo até me “aclimatar” e acostumar com todas as
coisas novas que me esperavam no Brasil, na cidade de São Paulo e,
principalmente, na Rua Jaguaribe [...].
Hoje
– e já há muito tempo – eu não trocaria o Brasil por nenhuma espécie de
“paraíso terrestre” em qualquer outra parte do mundo. (E, note-se que eu viajei
muito, vi muitos países, coisas bonitas e interessantes...) [...]
Viajar
para o Brasil! Foi o que nos disseram papai e mamãe, naquele dia: nós íamos
viajar para o Brasil, um país que ficava na América, muito longe, do outro lado
do oceano. E que nós íamos navegar até lá num navio transatlântico – que coisa
romântica e empolgante!
[...]
Papai
de fato partiu antes de nós – para “apalpar o terreno” e, finalmente, três
meses depois, chegou também a hora da nossa partida. [...]
Saímos
de Riga de trem noturno, até Berlim, de onde iríamos para Hamburgo, e de lá,
desse velho porto alemão, embarcaríamos rumo ao Brasil.
As
despedidas na estação ferroviária de Riga foram emocionadas e emocionantes. De
repente a gente se deu conta de que estávamos deixando para trás toda a nossa
grande família, boa parte da qual se apinhava na plataforma: vovô e vovó, tios
e tias, primos e primas, adultos e crianças – toda uma multidão de pessoas
próximas e queridas, que sempre fizeram parte integrante da nossa vida – e das
quais de repente íamos ficar separados e distantes, não sabíamos por quanto
tempo.
Por
fim, vinte e um dia depois de alçarmos âncora em Hamburgo, chegamos! Chegamos
ao Rio de Janeiro. O General Mitre entrou na Baía de Guanabara ao anoitecer e
ficou fora da barra à espera da licença de ancorar até a manhã do dia seguinte.
Todo mundo correu para as amuradas, e ficamos olhando de longe aquela vista
incomparável: a linha harmoniosamente curva da praia de Copacabana, toda
faiscante no seu “colar de pérolas”, como era chamada, carinhosamente, a
iluminação da Avenida Atlântica. [...]
O
nosso primeiro contato com a paisagem brasileira foi o Rio de Janeiro, e não
podia ter sido mais encantador.
BELINKY, Tatiana. Transplante de menina. São Paulo: Uno Educação, 2008.
1- Observe que, no primeiro
parágrafo, aparecem os diferentes nomes que a cidade russa, São Petesrburgo,
teve ao longo de sua história. Organize-os em ordem cronológica.
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2- Qual o significado de
Petrogrado?
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3- Por que os pais da narradora
resolveram voltar para a cidade de Riga, na Letônia?
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4- Como era a vida em Riga?
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5- Por que os pais da narradora
decidiram sair de seu país?
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6- Por que a narradora afirma que
não virou brasileira, de repente, de uma hora para outra?
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7- A expressão “caldo de cultura”
se refere a que aspectos presentes no texto?
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8- Que parágrafo do texto mostra
que a narradora gosta do Brasil?
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9 - O que, no quinto parágrafo,
os parênteses e o que eles contêm nos revelam?
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10- Qual o efeito de sentido das
exclamações, no sexto parágrafo?
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11- Retire do sexto parágrafo um
fato e uma opinião.
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12- Qual o efeito de sentido das
aspas na expressão “apalpar o terreno” no sétimo parágrafo?
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13- A que se refere “desse velho
porto alemão” no oitavo parágrafo?
_____________________________________________________________________________________
14- Qual a diferença entre
EMOCIONADA e EMOCIONANTE, no décimo parágrafo?
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15- No décimo primeiro parágrafo,
a que se refere General Mitre?
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16- A que a iluminação da Avenida
Atlântica era comparada?
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01 – Qual o significado de
Petrogrado?
Significa
Cidade de Pedro, em Russo.
02 – Por que os pais da narradora
resolveram voltar para a cidade de Riga, na Letônia?
Porque
o país estava em plena Guerra Civil, e tinha muita fome, os alimentos
racionados e a vida era muito difícil.
03 – Como era a vida em Riga?
A
vida não era fácil.
04 – Por que os pais da narradora
decidiram sair de seu país?
Porque
a situação econômica era ruim, a política, pior ainda, e as coisas não andavam
boas para meus pais, gente de classe média remediada. Até que a situação se
tornou insustentável, e meus pais resolveram sair do país, tentar arrumar a
vida em outra terras.
05 – Por que a narradora afirma
que não virou brasileira, de repente, de uma hora para outra?
Porque
ela já tinha vivido até os dez anos na Europa. E vindo para o Brasil teve que
aprender tudo de novo.
06 – A expressão “caldo de
cultura” se refere a que aspectos presentes no texto?
Refere-se
a tudo que ela teve que aprender e acostumar num outro país: Clima, costumes,
educação, idioma diferente, etc.
07 – Que parágrafo do texto
mostra que a narradora gosta do Brasil?
“Hoje
– e já há muito tempo – eu não trocaria o Brasil por nenhuma espécie de
“paraíso terrestre” em qualquer outra parte do mundo.”
08 – Qual o efeito de sentido das
exclamações, no sexto parágrafo?
Tem
o sentido de afirmação e de alegria e felicidade.
09 – Qual o efeito de sentido das
aspas na expressão “apalpar o terreno” no sétimo parágrafo?
Tem
o efeito de conhecer, verificar se é uma boa ideia mudar para aquele lugar.
10 – A que se refere “desse
velho porto alemão” no oitavo parágrafo?
Refere-se
ao local de onde eles partiram rumo ao Brasil.
11 – Qual a diferença entre EMOCIONADA e EMOCIONANTE,
no décimo parágrafo?
· Emocionada:
é o sentimento de felicidade, de conquista.
· Emocionante:
é algo que causa emoção.
12 – No décimo primeiro
parágrafo, a que se refere General Mitre?
Refere-se
ao Navio Transatlântico.
13 – A que a iluminação da
Avenida Atlântica era comparada?
Era
comparada a um colar de pérolas.