PAI, ME COMPRA UM AMIGO? (FRAGMENTO )
BNCC - (EF67LP28) Ler, de forma autônoma, e compreender –
selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes
objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes –, romances
infantojuvenis, contos populares,...
PDF do livro : https://pdfcookie.com/documents/pai-me-compra-um-amigo-02565x9q4kl1
Bebeto olhou o sinal de tráfego. Cor era coisa que confundia
mesmo. Confundia só,
não. Via tudo preto, branco e cinza mais forte ou mais fraco. O sol não era
amarelo, o céu
não era azul, a mata não era
verde. Na vida do menino tudo era mais
ou menos
complicado. Nada se resolvia a favor.
- O menino nasceu de sete meses! –vivia dizendo a mãe.
Bebeto levou tempo para descobrir que as crianças nascem de nove.
Quando quis andar não houve nem rebuliço. Não teve aquele apoio de
entusiasmo de
todo mundo, gente torcendo, pai suando comovido, mãe de lágrimas na boca de
espera,
avó já aprontando conquista do neto. Não. Quando tentou o primeiro passo, foi
só uma
palmada da babá, que estava vendo novela. Andar era coisa errada, pelo visto.
Sentiu,
mais do que compreendeu, que pensamento
de criança, no começo, é sentimento
purinho. E olhe lá!
Bebeto lembrou do dia em que sonhou ter um cachorro só para ele,
isto já com cinco
anos.
E explicava:
- Eu não tenho irmão. Cachorro serve.
- Cachorro dá hidrofobia – disse a avó.
- Dá o quê?
- Doença!
- Mas a gente cuida dele, ué!
- Apartamento não é lugar pra cachorro – decreta o pai – e sabe
quanto um gigante
desses custa só em comida?
- Eu quero um pequenininho.
Bebeto dizia potenininho. Precisava corrigir.
- Pequeno é pior ainda. Fica doente à toa.
- Então eu quero um amigo. Você compra?
O pai, Ronaldo, bom administrador de empresa, mas péssimo
psicólogo, explodiu, sem
perceber direito o que o garoto pedia:
- E onde é que a gente vai fabricar um amigo pra você?
Bebeto se sentia rejeitado mesmo. A mãe não tinha tempo para ele.
Era artista. Não
artista de televisão. Pintura. Muita gente dizia até que era boa. Pintava umas
coisas,
como é mesmo?... ah, sim!...abstratas.
Fonte: Pedro Bloch. Pai, me compra uma amigo? Ed. De Ouro,
1977 págs. 7 a 9)
a) Enumere corretamente as palavras aos seus sinônimos:
(1)
rejeitado
( ) observador
(2) tráfego
( ) fora da realidade
(3)
abstratas
( ) recusado
(4)
psicólogo
( ) trânsito
b) Indique a personagem a quem são atribuídas as seguintes falas:
a) - Eu não tenho irmão.
(...........................................................)
b) - Cachorro dá hidrofobia.
(....................................................)
c) - Apartamento não é lugar para cachorro.
(..............................)
d) - Então eu quero um amigo.
(....................................................)
c) Responda com atenção:
a) Quais são os personagens do texto? Indique suas características interiores.
b) “O sol não era amarelo, o céu não era azul, a mata não era verde.” Por que o
mundo
de Bebeto era sem cor?
c) Quais são os motivos que levam Bebeto a ser tão carente?
d) O que indica o fato de o menino pedir um amigo ao pai?
e) O que Bebeto esperava de sua família?
PARTE II
01 – O título deste texto, “Pai, me compra um amigo? Também
é uma frase interrogativa. Qual seria a diferença de significado se a frase
fosse exclamativa?
Pareceria uma ordem.
02 – O texto é uma narração em 1ª ou em 3ª pessoa?
Justifique sua resposta.
Em 3ª pessoa. Espera que
o aluno identifique os verbos e pronomes que determinam que a narração é em 3ª
pessoa.
03 – O narrador, neste caso, é personagem?
Não
04 – Descreva o filho de Lúcia.
Parece ser um menino
tímido, que tem medo de dizer as coisas como afirma o texto: “Mal acabou de
dizer, levou até um susto com as próprias palavras.
05 – E como são os pais do menino? Retornando ao texto,
procure descobrir suas características.
As características da
mãe estão descritas nas linhas: 6-7; 20-21-22; 32-33.
As características do
pai estão nas linhas: 8-9; 28-29-30; 34-35.
06 – “Aquilo saiu sem querer”. O
pronome “aquilo” não se refere somente à pergunta feita pelo menino. A que mais
pode se referir?
Pode referir-se ao
sentimento do menino, à sua angustia.
07 – Qual a diferença de significado entre as frases a
seguir?
I – “Achava que qualquer manifestação de afeto era tolice”.
II – “Achava que uma manifestação de afeto qualquer era
tolice”.
A “I” toda manifestação
de afeto seria considerada tolice. Na “II” apenas algumas manifestações,
consideradas menores, seriam tolice.
08 – Identifique o significado da palavra “justo” na frase a
seguir: “Abraçou-o, mas, entre eles, estava o neném, que tinha vindo
para mamar justo naquela hora”.
Significado de
exatamente.
09 – O emprego de justo na questão anterior permite concluir
o quê sobre o comportamento do neném?
Permite concluir que ele
não foi bem-vindo pelo menino, que atrapalhou o carinho da mãe.
10 – O que representa a presença do neném, no meio do abraço
da mãe? Justifique.
Representa um intruso,
alguém que roubou um momento mágico, que chegou na hora errada.
11 – “Só que há gente que mostra isso com abraço e
beijo. Outras mostram sentindo. Só sentindo.” Como é possível perceber
o que uma pessoa sente quando ela não se expressa por palavras?
Observando os gestos, as
expressões, as circunstâncias.
12 – “Talvez também tivesse ocorrido o problema do filho
mais querido...” Que problema seria esse?
O problema de um irmão
acreditar que o outro é mais querido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário