CRÔNICA
ARGUMENTATIVA PELA METADE DENISE FRAGA 7º ANO
Durante a leitura do texto a seguir, fique atento:
a) ao ponto de vista apresentado.
b) aos argumentos utilizados para defender esse ponto de
vista.
PELA METADE
Denise Fraga
Não estou dando conta. Eu era do tipo que esquecia o celular dentro da bolsa e
o usava como um orelhão portátil. Agora carrego-o ao meu lado como um cachorrinho.
Ainda consigo deixá-lo no silencioso, mas, cada vez que preciso usá-lo, vejo um
mar de pontinhos verdes enfileirados na tela acusando mensagens e chamadas.
Resolvo telefonar antes de checá-las e, num clique mágico, jogo lá pra dentro
um monte de gente embrulhada que nem sempre lembro de tirar do pacote depois.
Tudo parece estar se complicando. Prometeram me ajudar e cada vez tenho mais
trabalho pra fazer nesse negócio que só ia facilitar a minha vida. Se quero
saber se alguém quis falar comigo, preciso abrir o SMS, o WhatsApp, ver as
últimas chamadas, a caixa postal e os e-mails. Isso porque não tenho Facebook.
Se fico com a campainha ligada pra responder as chamadas na hora, viro uma
dessas pessoas que, a cada plim, olham suas telinhas e depois entram em câmera
lenta, falando uma palavra por vez, parecendo ter tomado alguma coisa, porque
simplesmente acreditam que podem mesmo digitar embaixo da mesa nos fazendo crer
que continuam na conversa. E ninguém diz que o rei está nu. Estamos todos
fingindo que é normal. Está ficando mesmo normal existir pela metade. A coisa é
poderosa. É areia movediça. Mesmo nos debatendo, entramos até o pescoço.
Nunca vi algo ser tão rapidamente assimilado como este tal de WhatsApp!
WhatsApp é o Facebook disfarçado em SMS que entrou em nossas vidas com a mesma
velocidade com que saiu o fax. Abri as portas pra ele, louvando suas virtudes.
De repente, os grupos! Não quis ficar de fora do grupo formado por minha família.
Mais serviço!
Topei a parada porque é bem verdade que alguma parte dessa rede nos une de
verdade, é bonito de ver. Mas, no último domingo, estávamos todos juntos, em
carne e osso, e muitos de nós ainda postavam no grupo. Uns viam um vídeo perdido,
outros uma foto... O que acontece? Vamos combinar? Está esquisito.
1. Em relação ao uso do celular, o que mudou na vida da
narradora?
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a) Como ela se sente a respeito dessa mudança? Por quê?
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b) A queixa dela faz sentido para você?
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2. Releia o trecho a seguir.
“Prometeram me ajudar e cada vez tenho mais trabalho pra
fazer nesse negócio que só ia facilitar minha vida”
a) Quem pode ter feito a promessa à narradora? Por que que
não é possível sabe-lo com certeza?
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b) O que ela chama de negócio?
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3. Por que a narradora prefere não atender às chamadas na
hora em que as recebe?
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4. Qual a relação entre o título do texto e as considerações
feitas pela narradora?
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5. A narradora afirma: “ A coisa é poderosa. É areia
movediça”.
a) O que ela chama de coisa?
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b) Explique a relação estabelecida entre essa “coisa” e a
areia movediça.
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6. A autora termina o texto com perguntas. Para quem ela faz
essas perguntas? Com que finalidade?
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7. Observe o trecho.
“ Se fico com a companhia ligada pra responder as chamadas na hora, viro uma dessas pessoas
que, a cada plim, olham suas telinhas”
a) Com base nas palavras destacadas, responda: a crônica
apresenta uma linguagem mais formal ou mais informal?
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b) Encontre no texto outras expressões que confirmem a
resposta que você deu a questão anterior.
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c) Que impressão esse tipo de linguagem pode causar ao
leitor?
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8. Você já ouviu as expressões destacadas a seguir?
“De repente, os
grupos! Não quis ficar de fora do grupo formado por minha família. Mais serviço!
Topei a parada porque é bem
verdade que alguma parte dessa rede nos une de verdade, é bonito de ver. Mas,
no último domingo, estávamos todos juntos, em
carne e osso, e muitos de nós ainda postavam no grupo.”
a) O que elas significam?
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b) o que a narradora quis dizer ao usar essas expressões no
texto?
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9.A seguir foram destacados os trechos em que as palavras e
expressões foram empregadas com sentido relacionado ao uso de novas
tecnologias. Explique o significado delas no texto.
a) Ainda consigo deixa-lo no silencioso.
b) resolvo telefonar antes de checá-las e, num clique
mágico, jogo lá pra dentro um monte
de gente embrulhada que nem sempre lembro de tirar do pacote depois.
...............................................................................................................................
c) de repente, os
grupos!
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d) Mas, no último domingo, estávamos todos juntos, em carne
e osso, e muitos de nós ainda postavam.
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10. Uma crônica pode ser escrita com a intenção de contar um
episódio de forma divertida ou de expressar uma opinião.
a) na crônica, é mencionado o episódio do almoço familiar. Narrar
esse episódio parece ser a principal intenção da produção da crônica? Por quê?
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11. Em que pessoa verbal foi escrita a crônica “Pela Metade”
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O uso dessa pessoa contribui para que o texto ficasse mais
objetivo ou mais subjetivo? Justifique.
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12. Por que, ao defender suas opiniões, a narradora constrói
argumentos com base em sua vivência pessoal?
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13. nos dois últimos parágrafos a narradora emprega a 1ª
pessoa do plural. A quem ela se refere nesses dois parágrafos?
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14. Com base nos trechos a seguir, qual seria a opinião da
narradora sobre o uso da tecnologia?
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“Não estou dando conta”
“Tudo parece estar se complicando”
“Prometeram me ajudar e cada vez mais trabalho”
‘Não quis ficar de fora do grupo formado por minha família. Mais
serviço!”
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15.A crônica termina com a frase abaixo.
O que acontece? Vamos
combinar? Está esquisito.
a) Em sua opinião, o
que a narradora quis dizer?
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b) O que significa a expressão destacada? Essa expressão indica
que foi utilizada uma linguagem formal ou informal?
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GABARITO:
1. Ela se tornou dependente do celular.
a) Parece desconfortável. Porque acha que essa
situação de dependência está esquisita.
b) Resposta pessoal.
2.
a) Os comerciais dos equipamentos e os recursos
mencionados no texto, o estímulo de amigos e familiares. Não é possível saber
ao certo porque o sujeito do verbo prometer é indeterminado.
b) O uso do celular e das redes sociais.
3. Porque isso implicaria responder às chamadas
disfarçadamente enquanto tenta se comunicar com as pessoas com as quais está no
momento.
a) A narradora provavelmente comparou os usuários de
celular e outros equipamentos eletrônicos com as pessoas que viram o rei sem
roupas, porque todos percebem (mas não admitem) que a situação em que estão é
estranha. Trabalhe com os alunos a intertextualidade entre o conto de Andersen
e o trecho da crônica: as pessoas fingem que os celulares e as redes sociais
não interferem em sua vida e não admitem tal dependência.
b) Resposta pessoal.
4. O título refere-se ao fato de que o
relacionamento entre as pessoas passou a ser contaminado pelo uso das tecnologias
mencionadas no texto e acaba ocorrendo apenas pela metade.
5.
a) A existência pela metade.
b) Segundo a narradora, as pessoas têm mergulhado
nessa prática de se comunicar pelo celular e ao vivo ao mesmo tempo sem
conseguirem escapar disso, ainda que tentem, assim como uma pessoa que pisa em
areia movediça:
ela pode até se debater, mas continua afundando.
6. As perguntas são feitas para o leitor com a
finalidade de instigá-lo a refletir a
respeito das questões abordadas no texto.
7.
a) Linguagem mais informal. Pode-se perceber um tom
de ironia no emprego de plim e telinha como crítica às pessoas dependentes do
celular.
b) Alguns exemplos são: “não estou dando conta”,
“tudo parece estar se complicando”, “a coisa é poderosa”.
c) A linguagem informal aproxima a autora do
leitor, estabelece um clima de conversa informal.
8.
a) “Topar a parada”: aceitar a situação; “em carne
e osso”: em pessoa, na realidade.
b) “Topei a parada”: a autora concordou em não
ficar de fora do grupo formado para reunir on-line sua
família. “Em carne e osso”: a autora estava com
seus familiares na realidade, e não em um ambiente virtual.
9.
a) “No silencioso” refere-se ao modo silencioso do
celular, status em que recebe chamadas e mensagens sem produzir som.
b) O trecho refere-se ao fato de a narradora
escolher fazer um telefonema antes de ver as mensagens e, por isso, deixar
todas as mensagens para ver depois, sem saber qual a mais importante ou quando
poderá verificar o que recebeu.
c) A expressão refere-se a grupos virtuais que se
formam para compartilhar mensagens no aplicativo mencionado pela narradora.
d) O termo refere-se à publicação de texto ou fotos
em redes sociais.
10. a) Não. Porque esse episódio é mencionado
apenas no final do texto.
b) O episódio é usado como um exemplo da situação
sobre a qual fala a crônica.
11. Foi escrita, predominantemente, na 1a pessoa do
singular.
• Espera-se que os alunos respondam que o uso da 1a
pessoa do singular deixou o texto mais subjetivo, pois a narradora colocou seu
ponto de vista de uma forma muito pessoal.
12. Porque se apoia em observações da realidade que
ela vive.
13. Ela se refere a si mesma, às outras pessoas em
geral e aos seus familiares em particular.
14. A autora afirma que o uso da tecnologia faz
parte do cotidiano das pessoas, mas que, para ela, é algo bastante trabalhoso e
complicado.
15.
a) Resposta pessoal. Ressalte que a narradora
afirma que a situação não poderia ser encarada como um fato corriqueiro e
termina o texto sem uma resposta, mas colocando a questão para os leitores
pensarem.
b) A expressão “Vamos combinar?” é uma gíria que indica
certa indignação ou estranhamento e poderia ser substituída pelo dito popular:
“Venhamos e convenhamos”. Foi empregada em linguagem informal.
16. A linguagem empregada na notícia é mais formal,
objetiva; apresenta menos adjetivos e mais substantivos. A crônica pode
apresentar gírias e expressões informais. A notícia é marcada pelo tom
impessoal e a crônica é caracterizada pela aproximação com o leitor.
Araribá mais:
interdisciplinar: língua portuguesa e arte: 7ºano Ed. Moderna; Marisa
Martins Sanchez. – 1. ed. – São Paulo : Moderna, 2018. P.76,77