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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

COESÃO BNCC EF07LP12,13 GABARITO

 Atividade: COESÃO

 

HABILIDADES: (EF07LP12) Reconhecer recursos de coesão referencial: substituições lexicais (de substantivos por sinônimos) ou pronominais (uso de pronomes anafóricos – pessoais, possessivos, demonstrativos). (EF07LP13) Estabelecer relações entre partes do texto, identificando substituições lexicais (de substantivos por sinônimos) ou pronominais (uso de pronomes anafóricos – pessoais, possessivos, demonstrativos), que contribuem para a continuidade do texto.

PRONOMES - REVISÃO:

Os pronomes são palavras que substituem ou acompanham nomes, evitando repetições desnecessárias ao texto. Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso (eu, tu, ele...). Os pronomes de tratamento referem-se às pessoas com quem se fala e indicam o grau de formalidade entre os interlocutores (senhor, você...). Pronomes demonstrativos são aqueles que indicam a posição no tempo ou no espaço (este, esse, aquele...).


Leia a anedota:

Juninho é muito comilão. Um dia Juninho chegou na cozinha, pela vigésima vez, e disse pra cozinheira:

Me dá mais um pastel.

E a cozinheira:

— Se você comer mais um pastel, vai explodir.

E o menino:

— Então me dá o salgado e sai de perto!

 (Zíraldo. O livro do riso do Menino Maluquinho. São Paulo:

Melhoramentos, 2000. p. 102.)

 

1. Quais pronomes pessoais poderiam ser usados para substituir os substantivos abaixo?

a) Juninho

b) cozinheira.

2. No texto, foram utilizados dois sinônimos (nomes iguais) para substituir as palavras Juninho e pastel. Qual sinônimo, no texto, se refere a:

a) Juninho

b) pastel 

COESÃO

A coesão é a relação entre as partes de um texto. Entre os recursos coesivos temos a substituição de substantivos por pronomes ou sinônimos.

 Leia o texto.

O Círculo da Tolerância

       Um famoso senhor com poder de decisão, gritou com um diretor da sua empresa, porque estava com ódio naquele momento.

        O diretor, chegando em casa, gritou com sua esposa, acusando-a de que estava gastando demais, porque havia um bom e farto almoço à mesa.

     Sua esposa gritou com a empregada que quebrou um prato.

     A empregada chutou o cachorrinho no qual tropeçara.

     O cachorrinho saiu correndo, e mordeu uma senhora que ia passando pela rua, porque estava atrapalhando sua saída pelo portão.

     Essa senhora foi à farmácia para tomar vacina e fazer um curativo, e gritou com o farmacêutico, porque a vacina doeu ao ser aplicada.

     O farmacêutico, chegando à casa, gritou com sua mãe, porque o jantar não estava do seu agrado.

     Sua mãe, tolerante, um manancial de amor e perdão, acariciou lhe seus cabelos e beijou-o na testa, dizendo:

     “Filho querido,  prometo que amanhã farei os seus doces favoritos. Você trabalha muito, está cansado e precisa de uma boa noite de sono. Vou trocar os lençóis da sua cama por outros bem limpinhos e cheirosos para que você descanse bem. Amanhã você se sentirá melhor.”

     E abençoou-o, retirando-se e deixando-o sozinho com os seus pensamentos…

      Naquele momento, rompeu o círculo do ódio, porque esbarrou com a tolerância, a doçura, o perdão e o amor…

https://sabedoriauniversal.wordpress.com/lendas-e-contos/ 

3. Substituas as palavras retiradas do texto por sinônimos.

a) o diretor

b) sua esposa

c) cachorrinho

d) essa senhora

4. Substitua as palavras abaixo por pronomes pessoais.

a) o farmacêutico

b) sua mãe

5.   “Naquele momento” faça um resumo com suas palavras sobre qual acontecimento essa expressão se refere.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

https://sabedoriauniversal.wordpress.com/lendas-e-contos/

(Zíraldo. O livro do riso do Menino Maluquinho. São Paulo:Melhoramentos, 2000. p. 102.)

 1.

a) Ele

b) Ela

 

2.

a) Menino

b) salgado

 

3.

a) empregado

b) mulher

c) animal

d) essa pessoa

 

4.

a) Ele

b) Ela

 

5. O momento em que a mãe foi tolerante com o filho e o tratou com amor.

 

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

ESTRANGEIRISMOS

 

Você já sabe que a língua portuguesa está sempre se transformando, seja pelo acréscimo de novas pa­lavras, seja pelo desaparecimento de outras, que caem em desuso. Vamos ver agora uma das maneiras de novas palavras serem incorporadas ao vocabulário.

1. Leia a tirinha a seguir.

GALHARDO. Caco Chico Bacon Pizzaiolo.Blog do Galhardo Disponível em· <http://blogdogalhardo.zip. netimagesdaiquiri 107

a) Qual é a função do destaque em negrito nas palavras que estão nos balões de fala?
Direcionar a leitura para o foco central da tirinha e indicar expressividade na fala.      
b) Observe a expressão facial do personagem da tira. Como ela muda ao longo dos quadrinhos?
O personagem atende o telefone com a expressão facial aparentemente calma, depois ele se irrita e termina calmo, satisfeito com sua resposta, conforme sugerem suas sobrancelhas.
c) Como é possível entender o humor provocado pela fala do personagem no último quadrinho?
Ao responder com uma palavra da língua inglesa, o personagem se acalma, permitindo a leitura de um possível pedantismo ao usar o inglês que acentua o humor. Podemos entender tanto que ele não sabe corretamente o significado da palavra ou está se sentindo orgulhoso por falar em inglês em seu trabalho.
d) Qual é o tema do texto?
O uso de estrangeirismo, palavras de outras línguas na língua portuguesa.
e) Que avaliação o texto apresenta em relação ao uso de palavras estrangeiras? Explique.
Critica por meio da ironia  e do humor o excessivo uso de estrangeirismo no Português do Brasil.
f) A palavra telepizza é composta pelo prefixo tele- e a palavra pizza. Faça uma lista de pa­lavras de seu cotidiano que levam esse prefixo e tente identificar o significado que ele acrescenta às palavras.
Telefone, telegrafo, televisão, teleobjetiva...

CONTO: OLHOS D'ÁGUA GABARITO CONEXÃO

 

Leia apenas o título do conto reproduzido a seguir.

1. Qual poderia ser o enredo de um conto com esse título

Resposta pessoal.

2. Em quais situações é possível ter "Olhos d'água"?

Resposta pessoal.

3. Você se recorda de algum momento em que teve "Olhos d'água"? Descreva seus sentimentos e as sensações de seu Corpo.

Resposta pessoal.

O conto que você vai ler aborda a relação entre mãe e filha. A narradora nos conduz por suas memórias e, à medida que nos aproximamos de sua infância, vamos tomando consciência da realidade de uma família brasileira.

Durante a leitura, procure descobrir o sentido das palavras desconhecidas pelo contexto ern que elas aparecem. Se for preciso, consulte o dicionário.

 

 

Olhos d'água

       Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estranha pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram os olhos de minha mãe? Atordoada custei reconhecer o quarto da nova casa em que eu estava morando e não conseguia me lembrar como havia chegado até ali. E a insistente pergunta martelando, martelando. De que cor eram os olhos de minha mãe? Aquela indagação havia surgido há dias, há meses, posso dizer. Entre um afazer e outro, eu me pegava pensando de que cor seriam os olhos de minha mãe. E o que a princípio tinha sido um mero pensamento interrogativo, naquela noite se transformou em uma dolorosa pergunta carregada de um tom acusativo. Então eu não sabia de que cor eram os olhos de minha mãe?

      Sendo a primeira de sete filhas, desde cedo busquei dar conta de minhas próprias dificuldades, cresci rápido, passando por uma breve adolescência. Sempre ao lado de minha mãe, aprendi a conhecê-la. Decifrava o seu silêncio nas horas de dificuldades, como também sabia reconhecer, em seus gestos, prenúncios de possíveis alegrias. Naquele momento, entretanto, me descobria cheia de culpa, por não recordar de que cor seriam os seus olhos. Eu achava tudo muito estranho, pois me lembrava nitidamente de vários detalhes do corpo dela. Da unha encravada do dedo mindinho do pé esquerdo ... da verruga que se perdia no meio da cabeleira crespa e bela ... Um dia, brincando de pentear boneca, alegria que a mãe nos dava quando, deixando por uns momentos o lava-lava, o passa-passa das roupagens alheias e se tornava uma grande boneca negra para as filhas, descobrimos uma bolinha escondida bem no couro cabeludo dela. Pensamos que fosse carrapato. A mãe cochilava e uma de minhas irmãs, aflita, querendo livrar a boneca-mãe daquele padecer, puxou rápido o bichinho. A mãe e nós rimos e rimos e rimos de nosso engano. A mãe riu tanto das lágrimas escorrerem. Mas de que cor eram os olhos dela?

      Eu me lembrava também de algumas histórias da infância de minha mâe. Ela havia nascido em um lugar perdido no interior de Minas. Ali, as crianças andavam nuas até bem grandinhas. As meninas, assim que os seios começavam a brotar, ganhavam roupas antes dos meninos. Às vezes, as histórias da infância de minha mãe confundiam-se com as de minha própria infância. Lembro-me de que muitas vezes, quando a mãe cozinhava, da panela subia cheiro algum. Era como se cozinhasse, ali, apenas o nosso desesperado desejo de alimento. As labaredas, sob a água solitária que fervia na panela cheia de fome, pareciam debochar do vazio do nosso estômago, ignorando nossas bocas infantis em que as línguas brincavam a salivar sonho de comida. E era justamente nos dias de parco ou nenhum alimento que ela mais brincava com as filhas. Nessas ocasiões a brincadeira preferida era aquela em que a mãe era a Senhora, a Rainha. Ela se assentava em seu trono, um pequeno banquinho de madeira. Felizes, colhíamos flores cultivadas em um pequeno pedaço de terra que circundava o nosso barraco. As flores eram depois solenemente distribuídas por seus cabelos, braços e colo. E diante dela fazíamos reverências à Senhora. Postávamos deitadas no chão e batíamos cabeça para a Rainha. Nós, princesas, em volta dela, cantávamos, dançávamos, sorríamos. A mãe só ria de uma maneira triste e com um sorriso molhado ... Mas de que cor eram os olhos de minha mãe? Eu sabia, desde aquela época, que a mãe inventava esse e outros jogos para distrair a nossa fome. E a nossa fome se distraía.

     Às vezes, no final da tarde, antes que a noite tomasse conta do tempo, ela se sentava na soleira da porta e, juntas, ficávamos contemplando as artes das nuvens no céu. Umas viravam cameirinhos; outras, cachorrinhos; algumas, gigantes adormecidos, e havia aquelas que eram só nuvens, algodão-doce. A mãe, então, espichava o braço que ia até o céu, colhia aquela nuvem, repartia em pedacinhos e enfiava rápido na boca de cada uma de nós. Tudo tinha de ser muito rápido, antes que a nuvem derretesse e com ela os nossos sonhos se esvaecessem também. Mas de que cor eram os olhos de minha mãe?

     Lembro-me ainda do temor de minha mãe nos dias de fortes chuvas. Em cima da cama, agarrada a nós, ela nos protegia com seu abraço. E com os olhos alagados de prantos balbuciava rezas a Santa Bárbara, temendo  que o nosso frágil barraco desabasse sobre nós. E eu não sei se o lamento-pranto de minha mãe, se o barulho da chuva ... Sei que tudo me causava a sensação de que a nossa casa balançava ao vento. Nesses momentos os olhos de minha mãe se confundiam com os olhos da natureza. Chovia, chorava! Chorava, chovia! Então, porque eu não conseguia lembrar a cor dos olhos dela?

      E naquela noite a pergunta continuava me atormentando. Havia anos que eu estava fora de minha cidade natal. Saíra de minha casa em busca de melhor condição de vida para mim e para minha família: ela e minhas irmãs tinham ficado para trás. Mas eu nunca esquecera a minha mãe. Reconhecia a importância dela na minha vida, não só dela, mas de minhas tias e todas as mulheres de minha família. E também, já naquela época, eu entoava cantos de louvor a todas nossas ancestrais, que desde a África vinham arando a terra da vida com as suas próprias mãos, palavras e sangue. Não, eu não esqueço essas Senhoras, nossas Yabás, donas de tantas sabedorias. Mas de que cor eram os olhos de minha mãe?

     E foi então que, tomada pelo desespero por não me lembrar de que cor seriam os olhos de minha mãe, naquele momento, resolvi deixar tudo e, no dia seguinte, voltar à cidade em que nasci. Eu precisava buscar o rosto de minha mãe, fixar o meu olhar no dela, para nunca mais esquecer a cor de seus olhos.

     Assim fiz. Voltei, aflita, mas satisfeita. Vivia a sensação de estar cumprindo um ritual, em que a oferenda aos Orixás deveria ser descoberta da cor dos olhos de minha mãe.

 

     E quando, após longos dias de viagem para chegar à minha terra, pude contemplar extasiada os olhos de minha mãe, sabem o que vi? Sabem o que vi?

     Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas. Por isso, prantos e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos d'água. Águas de Mamãe Oxum! Rios calmos, mas profundos e enganosos para quem contempla a vida apenas pela superfície. Sim, águas de Mamãe Oxum.

     Abracei a mãe, encostei meu rosto no dela e pedi proteção. Senti as lágrimas delas se misturarem às minhas. Hoje, quando já alcancei a cor dos olhos de minha mãe, tento descobrir a cor dos olhos de minha filha.

     Faço a brincadeira em que os olhos de uma se tomam o espelho para os olhos da outra. E um dia desses me surpreendi com um gesto de minha menina. Quando nós duas estávamos nesse doce jogo, ela tocou suavemente no meu rosto, me contemplando intensamente. E, enquanto jogava o olhar dela no meu, perguntou baixinho, mas tão baixinho como se fosse uma pergunta para ela mesma, ou como estivesse buscando e encontrando a revelação de um mistério ou de um grande segredo. Eu escutei, quando, sussurrando, minha filha falou:

     - Mãe, qual é a cor tão úmida de seus olhos?

EVARJSTO. Conceição Olhos dilgua Rio de Janeiro Palias Atenas. 2014. p. 15-19.

 

1. Um conto é breve, ligado a uma única situação ou evento.

a) Qual é o conflito vivido pela narradora em "Olhos d' água" ?

O conflito que gera o conto é a narradora não saber ou não lembrar da cor dos olhos de sua mãe.

b) Chamamos de clímax o momento de maior tensão do enredo, em que os fatos caminham para um final. Qual cena da narrativa pode ser associada ao clímax?

O reencontro entre a narradora e sua mãe, no qual aquela constata que os olhos de sua mãe tem cor de olhos d’água.

2. A narrativa é feita em 1ª pessoa por um narrador, que é também personagem.

a) Como o narrador-personagem se apresenta? Justifique sua resposta com trechos do conto.

Pelo que conta de si mesmo: uma das sete filhas, saiu cedo de casa, autônoma, responsável, sente-se em dívida com a mãe porque não se lembra da cor se sus olhos. “ Sendo a primeira  de sete filhas , desde cedo, busquei dar conta de minhas próprias dificuldades, cresci rápido, passando por uma breve adolescência.”

b) De que modo a narradora vê a própria mãe?

Como uma mulher criativa, sensível, amorosa, dedicada aos filhos, que conta histórias, que mantém a família unida.

c) Em relação à descrição dos personagens no conto, o que predomina: as características físicas ou as psicológicas?

Predomina o perfil psicológico dos personagens.

3. Ao longo do texto, uma pergunta se repete: "Mas de que cor eram os olhos de minha mãe?"

a) Com quem a narradora dialoga? Explique sua resposta.

Consigo mesma , como se ela estivesse pensando em voz alta.

b) O que a repetição da pergunta revela sobre o estado emocional da narradora?

Indica a angustia da narradora por não saber ou não se lembrar da cor dos olhos da mãe.

4. No conto, o espaço é sempre delimitado. Nessa narrativa, podemos perceber que há dois espaços: um no qual a narradora passou a infância e outro atual no qual ela vive.

a) Quais informações a narradora revela sobre esses espaços?

Espaço da infância: trata-se de um lugar pobre, no qual a narradora e sua família vivem em uma habitação mal construída, um barraco. Espaço atual: longe de sua cidade natal , afirmado nos trechos, “longos dias de viagem para chegar á minha terra” e “resolvi deixar tudo e, no outro dia, voltar a cidade em que nasci”

b) Ao descrever a viagem, a narradora afirma: "Voltei aflita, mas satisfeita." Em sua opinião, quais foram os motivos da aflição e da satisfação?

Resposta pessoal.

5. O tempo, em um conto, pode ser classificado como cronológico ou psicológico.

Para narrar acontecimentos de forma não linear em narrativas, é possível lançar mão de dois recursos:

·flashback (em inglês, "olhar para trás"): recurso literário ou Cinematográfico utilizado para contar algo que aconteceu antes do momento em que se narra. Por exemplo, quando um narra­dor rememora algo que lhe aconteceu na infância.

·flashforward (em inglês, "olhar para frente") ou antecipação: recurso utilizado para ante­cipar algo que ainda não aconteceu no momento em que se narra. Por exemplo, quando há re­ferência a um fato ainda não relatado, mas conhecido do narrador.

Qual dos recursos não lineares predomina no conto? Justifique sua resposta com exemplos do próprio texto.

Predomina o flashback. Há varias possibilidades de exemplos como: “lembro-me ainda do temor de minha mãe nos dias de fortes chuvas. Em cima da cama, agarrada a nós, ela nos protegia com seu abraço.”

 

6 Releia o trecho seguinte.

     [ ... ] E era justamente nos dias de parco ou nenhum alimento que ela mais brincava com as filhas.

Nessas ocasiões a brincadeira preferida era aquela em que a mãe era a Senhora, a Rainha. Ela se as­sentava em seu trono, um pequeno banquinho de madeira. Felizes, colhíamos flores cultivadas em um pequeno pedaço de terra que circundava o nosso barraco. As flores eram depois solenemente distri­buídas por seus cabelos, braços e colo. E diante dela fazíamos reverências à Senhora. Postávamos deitadas no chão e batíamos cabeça para a Rainha. Nós, princesas, em volta dela, cantávamos, dançá­vamos, sorríamos. A mãe só ria de uma maneira triste e com um sorriso molhado...

 

a) A narradora contrasta, nesse trecho, pobreza e felicidade. Que outras oposições podem ser percebidas nesse trecho?

Pobreza x riqueza/ tristeza x felicidade/ sorriso x lágrimas.

b) Que efeito essas oposições causam na narrativa?

Espera-se que os alunos reflitam que elas amenizam a atmosfera e de tristeza, identificando também aspectos alegres e positivos.

c) O que a memória e a descrição desses momentos pela narradora revela sobre a imagem da mãe?

Revelam que a mãe enfrentava com coragem as dificuldades que encontrava, procurando compensar com sua ternura a aflição causada pelos sérios problemas que tinha.

7.No conto "Olhos d'água", a narradora menciona brevemente a importância das mulheres em sua família. No caderno, anote um trecho do conto que confirma isso.

Reconhecia a importância dela na minha vida, não só dela, massa de minhas tias e todas as mulheres de minha família.

8. Releia o título.    

a) Depois da leitura, como você entende a relação entre os "Olhos d' água" e o contexto do conto?

Infância e os momentos difíceis, mas felizes que viveu com a mãe.

b) Coloque-se na posição da narradora que foi questionada pela filha. Como você responderia à pergunta "- Mãe, qual é a cor tão úmida de seus olhos?" ou daria continuação ao conto? No cader­no, elabore um parágrafo a respeito desse momento entre mãe e filha. Você pode, por exemplo, contar como ela se sentiu: Fechei os olhos e me vi ao lado de minha mãe com seus olhos d'água ..

Resposta pessoal: espera-se que os alunos percebam a circularidade da narrativa.

DELMANTO. Dileta; CARVALHO. Laiz B. de. Português: conexão e uso. 9º ano; ensino fundamental, anos finais. 1ed. São Paulo: Saraiva, 2018.p12-16..

MEMÓRIAS LITERÁRIAS TIA HIENA GABARITO

 

MEMÓRIAS LITERÁRIAS TIA HIENA

Antes de ler

1. Você se lembra de acontecimentos marcantes em sua vida quando criança? Se você se sentir à vontade, compartilhe essas histórias com os colegas.

Resposta pessoal.

2. De que maneira podemos registrar acontecimentos importantes em nossa vida?

Resposta pessoal.

 

        No final do século XIX, sob um inverno rigoroso, famílias italianas de­cidem emigrar para o Brasil. Entre elas, estão os Da Col e os Gattai, que embarcam em busca de uma vida melhor em São Paulo, onde Angelina Da Col e Ernesto Gattai se conhecem, casam-se e têm filhos. A caçula da família é a pequena Zélia, que, Já adulta, rememora fatos vividos ou con­tados por seus familiares. No trecho que você vai ler agora, ela relembra a história de uma das crianças que vieram no navio Città di Roma e que morreu em 1890, pouco depois do desembarque no Brasil.

      Durante a leitura, tente descobrir o sentido das palavras desconhecidas pelo contexto em que elas aparecem. Se for preciso, consulte o dicionário.

 

Tia Hiena

       Tia Hiena estaria festejando cento e onze anos de idade, não tivesse morrido aos dois.

       Passei a infância e adolescência ouvindo a família - mamãe, mais do que todos - lamentar o triste fim da menina, a mais nova dos quatro irmãos de seu marido nascidos na Itália.

      Ao contar aos filhos a história de Hiena, mamãe não abria mão de mencionar o título da criança, tia.

Um dia lhe perguntei:

     - Por que ela se chamava Hiena, mãe? A resposta não se fez esperar:

     - Ela, não! Mais respeito, menina! Titia Hiena.

     Eu perguntara por perguntar, o que eu queria mesmo era atazanar mamãe, fazendo-a repetir o que já estava farta de saber, tantas vezes a ouvira repetir o fato.

     Minhas irmãs mais velhas tinham até procurado no dicionário referências sobre o animal que origina­ra o nome de nossa tia.

     Do pouco que sabíamos sobre a hiena - da característica pitoresca e simpática, a das gargalhadas sono­ras e escancaradas - o verbete não tratava, dizia apenas: " ... Mamífero, carnívoro e digitigrado que se alimenta sobretudo de carne de animais mortos e putrefatos e que tem pelo cinza ou ruivo cem manchas escuras ... " Curiosa, Wanda, a mais velha de minhas irmãs, teve a pachorra de procurar no dito dicionário o signi­ficado de digitigrado. E lá estava: " ... que anda nas pontas dos dedos ... "

     Imaginação fértil de criança, eu visualizava a hiena andando mansamente nas pontas de uns dedos longos, focinho levantado para o céu, bocarra escancarada, dentões à mostra, rindo a bandeiras desprega­das. Chegava a me arrepiar.

      Nos dias de hoje, o falado chupa-cabra que andou ocupando as manchetes dos jornais, animal misterioso que matava cabras e ovelhas, sugando-lhes o sangue, uma espécie de fantasma, bicho-papão de criadores de gado e pequenos lavradores, lobisomem que nunca ninguém viu e que assim como veio se foi, faz-me pensar na hiena.

     Cada qual guardou do chupa-cabra a imagem criada pela própria imaginação.

Quanto a mim, como já disse, comparei-o à risonha e asquerosa hiena, com seus pelos fulvos e manchas escuras, a caminhar nas pontas de seus longos dedos, lembrança que guardei da minha fantasia de criança.

 

Nonno Gattai

      Dona Angelina, minha mãe, costumava dizer: O avô de vocês, o nonno Gattai, era um homem destemido. Livre-pensador, de ideias avançadas, dizia o que pensava, fazia o que achava justo e direito. Passava por maus pedaços devido às suas ideias, mas não recuava. Era um "testardo", um obstinado, concluía.

[ ... ]

     Nonno Gattai foi registrar a filha. Desencavara para lhe dar um nome polêmico, ótimo para escandalizar. Sem consultar a mulher, talvez com receio de que pela primei­ra vez ela estrilasse, saiu de casa, satisfeito da vida, imaginando o espanto do escrivão do cartório, o primeiro a se horrorizar com o nome que ele arranjara para a filha, o primeiro a receber a resposta já prontinha, na ponta da língua.

    Antegozando o impacto que a provocação iria causar, saiu seu Gattai, feliz da vida, assobiando pelas ruas de Florença, o cartório não ficava distante de sua casa.

     De pé, diante do homem que o atendia, Francesco Gattai aguardava a esperada reação. Não esperou muito.

    - Como foi que o senhor disse? Que nome quer dar à sua filha? - pergun­tava o escrivão sem poder acreditar em seus ouvidos.

    - Hiena. Escreva aí, não vou repetir outra vez - disse o pai da criança.

    - Por que o senhor quer dar à sua filha o nome de um animal tão repugnante? Por quê?

    Francesco Arnaldo soltou a frase já pronta para escapulir:

    - Se o papa pode ser Leão, por que minha filha não pode ser Hiena? O funcionário ficou sem resposta, não discutiu mais, registrou a criança.

    - Fosse eu o escrivão - disse Vera, minha irmã, interrompendo mamãe-, tinha dado uma boa resposta. Eu diria: "Olha aqui, moço, o Leão é o rei dos animais e a Hiena é um bicho nojento ... " Foi uma pena ele não lembrar disso.     Só queria ver com que cara o nonno Gattai ia ficar ...

     - Você agora está contra seu avô, menina? - reclamou mamãe. - Você não ia ver cara nenhuma. Isso aconteceu há tantos anos que vocês ainda nem sonhavam sair da casca do ovo ..

[ ... ]

 

GATTAI, Zélia. CIttà di Roma. Rio de Janeiro: Record, 2000. P. 7-10.

 

1. O que você entende por "memórias literárias"? Leia a explicação a seguir.

      [ ... ]

       Memórias literárias são textos produzidos por escritores que dominam o ato de escrever como arte e revivem uma época por meio de suas lembranças pessoais. Esses escritores são, em geral, convidados por editoras para narrar suas memórias de um modo literário, isto é, buscando despertar emoções estéticas no leitor, procurando levá-lo a compartilhar suas lembranças de urna forma vívida. [ ... ]

ALTENFELDER, Anna Helena; CLARA, Regina Andrade. O género memórias hteránas. Escrevendo o futuro. Disponível em· <www escrevendoofuturo org.br/conteudo/b1bl1oteca/nossas-publicacoes/revista/art1gos/ arttgo/1339/o-genero-memonas-hteranas>. Acesso em: 31 maio 2018.

 

Agora, releia dois fragmentos do texto de Zélia Gattai.

Fragmento 1

Tia Hiena estaria festejando cento e onze anos de idade[ ... ].

Fragmento 2

Nonno Gattai foi registrar a filha.

a)No contexto do relato das memórias, em qual dos fragmentos a autora faz referência ao mo­mento em que está escrevendo suas memórias?

No fragmento 1.

b) Em qual dos fragmentos a memorialista conta um fato do passado, acontecido há muitos anos?

No fragmento 2

c) Anote no caderno a explicação que julgar mais adequada com base em suas respostas anteriores. Podemos entender que um autor memorialista:

I. põe lado a lado passado e presente, recriando a realidade e interpretando-a sob seu ponto de vista.

II. fixa-se apenas no passado para registrar suas memórias, recriando fatos já ocorridos há anos.

Resposta:I

 

2. Leia o quadro abaixo e responda.

Ordem cronológica é a ordem do relógio, isto é, apresenta os fatos na ordem em que aconteceram, do mais antigo para o mais recente.

 

a) Um autor literário não precisa organizar os fatos narrados de acordo com a ordem cronológica. No trecho lido, a narradora conta os fatos seguindo essa organização? Justifique sua resposta.

Não, ela inicia sua narrativa no presente e depois relata os fatos ocorridos em sua infância.

b) Você acha que esse modo de narrar comprometeu a compreensão do texto I Por quê?

Não, pois é possível diferenciar bem quando se trata de fatos ocorridos na infância da narradora e quando se trata de fatos presentes.

3. Em um texto de memórias, o autor seleciona o que vai narrar, considerando a importância dos fatos de acordo com o significado que tiveram para ele.

a) Observe os títulos dos capítulos: "Tia Hiena" e "Nonno Gattai". Nas memórias da narradora, de que forma esses dois capítulos estão inter-relacionados?

A narradora rememora a tia que morreu quando criança e a explicação do nome incomum que o pai lhe dera.

b)Ao relembrar esses fatos, o que parece ter sido mais significativo para ela ao registrar suas memórias?            

A reação provocada em suas irmãs  e nela mesma pela estranheza do nome da tia, a personalidade do avô que escolheu esse nome  e o momento em que ele foi registrar a menina.

4. Além da memorialista, outra personagem assume um papel importante na preservação da memó­ria de seus antepassados.

a) Quem é essa personagem?

Dona Angelina, mãe da memorialista.

b) Explique por que suas ações contribuem para a preservaçâo da memória da família.

Pelo fato de ser responsável por passar as historias de família para seus filhos, garantindo que conhecessem e respeitassem seus antepassados.

 

5. Em um relato de memórias, o escritor é autor e narrador-personagem ao mesmo tempo, lembrando-se de si mesmo como personagem que viveu os acontecimentos recriados em sua memória.

a) Sabendo que o narrador-personagem pode ser um narrador-prota­gonista ou um narrador-testemunha, responda: Qual desses tipos pode ser identificado nos capítulos lidos?

A autora Zélia, em alguns momentos, apresenta-se como narrador-testemunha ( quando , por exemplo, conta sobre as atitudes da mãe), em outros como narrador protagonista(quando conta sobre sua vida com a mãe e as irmãs).

b) Como é possível reconhecer quando a autora se coloca como narra­dora de fatos que aconteceram com ela no passado?

Pelo uso de verbos e pronomes na 1ª pessoa.

6. Além da presença da "voz" de um narrador que relembra fatos, há outras que integram a narrativa.

a) Quais são as outras vozes que se manifestam com falas e opiniões nos capítulos lidos?

A mãe, dona Angelina, a irmã da narradora, Vera, nonno Gattai eo escrivão.

b) De que modo você pôde reconhecer essas vozes?

Resposta pessoal.

c) De que modo essas diversas vozes ajudam a enriquecer a narrativa?

As diversas vozes dão profundidade ao texto, incluindo experiências e impressões de diversos ângulos, não apenas do ponto de vista da memorialista.

7.  O texto de memórias trabalha com imagens, lembranças e impressões que permanecem na vida adulta. Nos capítulos que lemos, a narradora re­memora a imagem que lhe ficou da hiena.

a) Na infância, qual era a primeira imagem da hiena que a menina tinha em seu imaginário (fantasia)?

Um animal pitoresco e simpático que dava gargalhadas sonoras e escancaradas.

b) Um fato muda a imagem que a garota tinha do animal. Qual foi esse fato e de que modo ela passou a visualizar o bicho em sua imaginação?

A leitura do verbete sobre a hiena em um dicionário fez com que ela passasse a visualizá-la como um animal repugnante.

c) Qual das duas imagens ela carregou como lembrança para a vida adulta?

Uma mistura das duas: um animal risonho, mas assustador.

d) Qual fato, na vida adulta, reativa as lembranças que a narradora tinha a respeito da hiena?

A leitura de jornais com manchetes sobre um animal misterioso que matava ovelhas e cabras, chamado de chupa-cabra.

8. O autor de um texto de memórias literárias fala de si, de seus sentimentos e emoções, narrando fatos dos quais participou, descrevendo cenas e  caracterizando outras personagens.

A adjetivação ajuda a caracterizar os persona­gens e permite que o leitor reconstrua em sua mente a imagem deles.

a) A mãe da memorialista narra a história da tia Hiena, relacionando-a à personalidade do avô, nonno Gattai. Como ela o descreve?

Ela dizia que nonno Gattai era um homem destemido, um livre pensador, de ideias avançadas, que dizia o que pensava e fazia o que achava justo e direito. Dizia também que ele passava por maus momentos devido a suas ideias, mas não recuava, pois era obstinado.

b) Essa caracterização fica clara quando pen­samos no objetivo que nonno Gattai tinha em mente ao escolher o nome de tia Hiena. Que objetivo era esse?

Ao escolher o nome de um animal para a filha, tinha o objetivo de criaar polêmica, escandalizar, chocar.

c) Você considera aceitável a justificativa de nonno Gattai para a escolha do nome da filha? Explique.

Resposta pessoal.

 

DELMANTO. Dileta; CARVALHO. Laiz B. de. Português: conexão e uso. 7º ano; ensino fundamental, anos finais. 1ed. São Paulo: Saraiva, 2018.p.56-58.

 

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

CONTO: F DE FRUSTRAÇÃO - MOACYR SCLIAR 7º ANO

 

Antes de ler

1 Você gosta de viajar? Conhece alguém que sempre quis viajar e nunca conseguiu? Por quê?

Resposta pessoal

2 Há algum lugar que gostaria de conhecer?

Resposta pessoal

3 Já viveu algum acontecimento estranho ou engraçado durante uma viagem ou um passeio?

Resposta pessoal

       Moacyr Scliar é reconhecido como um dos bons contistas brasileiros. Leia o conto a seguir e observe os recursos que ele utiliza para caracterizar os personagens e conduzir o leitor a um final inesperado.

     Durante a leitura do texto, procure descobrir o sentido das palavras desconhecidas pelo contexto em que elas aparecem. Se for preciso, consulte o dicionário.

 

F de Frustração

     Viajar, para muitos, é a grande realização; não viajar, para muitos, é a grande frustração.

     Havia um casal que tinha uma inveja terrível dos amigos turistas - especialmente dos que faziam tu­rismo no exterior: Ele, pequeno funcionário de uma grande firma, ela, professora primária, jamais tinham conseguido juntar o suficiente para viajar. Quando dava para as prestações das passagens não chegava para os dólares, e vice-versa; e assim, ano após ano, acabavam ficando em casa. Economizavam, compravam menos roupa, andavam só de ônibus, comiam menos - mas não conseguiam viajar para o exterior. Às vezes passavam uns dias na praia. E era tudo.

     Contudo, tamanha era a vontade que tinham de contar para os amigos sobre as maravilhas da Euro­pa, que acabaram bolando um plano. Todos os anos, no fim de janeiro, telefonavam aos amigos: estavam se despedindo, viajavam para o Velho Mundo. De fato, alguns dias depois começavam a chegar postais de cidades europeias, Roma, Veneza, Florença; e ao fim de um mês eles estavam de volta, convidando os amigos para verem os slides da viagem. E as coisas interessantes que contavam! Até dividiam os as­suntos: a ele cabia comentar os hotéis, os serviços aéreos, a cotação das moedas, e também o lado pito­resco das viagens; a ela tocava o lado erudito: comentários sobre os museus e locais históricos, peças teatrais que tinham visto. O filho, de dez anos, não contava nada, mas confirmava tudo; e suspirava quando os pais diziam:

    - Como fomos felizes em Florença!

     O que os amigos não conseguiam descobrir era de onde saíra o dinheiro para a viagem; um, mais indiscreto, chegou a perguntar. Os dois sorriram, misterio­sos, falaram numa herança e desconversaram.

     Depois é que ficou se sabendo.

     Não viajavam coisa alguma. Nem saíam da cidade. Ficavam trancados em casa durante todo o mês de férias. Ela ficava estudando os folhetos das compa­nhias de turismo, sobre - por exemplo - a cidade de Florença: a história de Florença, os museus de Florença, os monumentos de Florença. Ele, num peque­no laboratório fotográfico, montava slides, em que as imagens deles estavam superpostas a imagens de Florença. Escrevia os cartões-postais, colava neles selos usados com carimbos falsificados. Quanto ao menino, decorava as histórias contadas pelos pais para confirmá-las se necessário.

     Só saíam de casa tarde da noite. O menino, para fazer um pouco de exercício; ela, para fazer compras num supermercado distante; e ele, para depositar nas caixas de correspondência dos amigos os postais.

     Poderia ter durado muitos e muitos anos, esta história. Foi ela quem estragou tudo. Lá pelas tantas, cansou de ter marido pobre, que só lhe proporcionava excursões fingidas. Apaixonou-se por um piloto, que lhe prometeu muitas via­gens, para os lugares mais exóticos. E acabou pedindo divórcio.

     Beijaram-se pela última vez ao sair do escritório do advogado.

     - A verdade - disse ele - é que me diverti muito com a história toda.

     - Eu também me diverti muito - ela disse.

    - Fomos muito felizes em Florença - suspirou ele.

     - É verdade - ela disse, com lágrimas nos olhos. E prometeu-se que nunca

mais iria a Florença.

 

SCLIAR, Moacyr. Dicionário do viajante insólito. Porto Alegre L&PM, 1995 p. 29-31 © Herdeiros de Moacyr Schar

 

1. O livro Dicionário do viajante insólito, em que se insere esse conto, é composto de várias histórias e apontamentos de um pretenso viajante. Como você associa o nome do conto ao do livro?

Como no título está escrito dicionário é de se esperar que os contos e apontamentos sejam organizados em ordem alfabética.

2. Qual é o assunto do conto? Explique.

É a história de um casal que tinha vontade de viajar, mas não possuía condições financeiras. Com inveja dos amigos, o casal elabora um plano: finge as viagens de férias, contando as histórias para os amigos e até enviando a eles cartões-postais.

3. O que motivava o estranho comportamento do casal?

A vontade de viajar e de impressionar os amigos.

4. Um conto tem poucos personagens, espaço e tempo restritos e um só conflito.

a) Qual é o conflito do conto?

A imensa vontade de viajar e não ter dinheiro para tal.

b) O tempo é restrito no conto? Por que o autor teria feito essa opção?

Não. A história abrange um tempo mais longo para que o narrador acompanhe fatos que se repetiram durante anos.

5. Agora, analise os personagens do conto.

a) Como o narrador se refere a eles?

O narrador se refere a seus personagens tratando-os por ele, ela, e o menino (ou filho).

b) Em sua opinião, por que isso ocorre?

Resposta pessoal

6. Um conto se organiza em torno de um enredo. Localize os fatos que acontecem em cada uma das partes a seguir.

a) Introdução

O narrador apresenta o casal e fala da vontade deles de viajar pelo mundo.

b) Ponto de mudança

O casal resolve por em pratica um plano.

c) Desenvolvimento

O casal e o filho ficam escondidos em casa preparando-se para impactar os amigos com suas recordações de viagem; a mulher estuda pontos turísticos das cidades para onde viajariam; o marido prepara slides com imagens da viagem e falsifica selos para colocar nos cartões-postais; o filho apenas confirma aas historias contadas pelos pais; terminadas  as férias inventadas , o casal retorna e chama os amigos para contar suas aventuras nas cidades que fingiram visitar.

d) Desfecho

A mulher se apaixona por um piloto de avião que lhe promete viagens reais. Então separa-se do marido e termina a farsa..

7. Você acha que o desfecho do conto surpreende o leitor? Por quê?

Resposta pessoal.

8. Como você entendeu a última frase do conto?

Resposta pessoal.

9. O narrador apenas narra a história ou participa dela?

Apenas narra a história, sem ter participação alguma nos acontecimentos expostos.

10.  Ao final de cada página das histórias que constam no livro Dicionário do viajante insólito, o autor cita uma reflexão sobre viagens e o nome de quem a teria feito. Leia, a seguir, algumas delas e comente com o professor e os colegas aquela que você considera a que melhor se relaciona ao conto que você leu.

a) Viajar é conversar com os séculos. (Descartes)

b) viajar não é necessário, a não ser para imaginações limitadas. (Colette)

c) O turista não chega a conhecer as pessoas. Ele julga um lugar pelas diversões que oferece. (André Maurois)

d) Só começamos a gostar de uma viagem três semanas depois de ter voltado. (George Ade)

10. resposta pessoal.

CRÔNICA - MAR: RUBEM BRAGA - GABARITO 7º ANO

 

     MAR: RUBEM BRAGA  GABARITO P.48

  

      1. A primeira vez que vi o mar eu não estava sozinho. Estava no meio de um bando enorme de meninos. Nós tínhamos viajado para ver o mar. No meio de nós havia apenas um menino que já o tinha visto. Ele nos contava que havia três espécies de mar: o mar mesmo, a maré, que e menor que o mar, e a marola, que é menor que a maré. Logo a gente fazia ideia de um lago enorme e duas lagoas. Mas o menino explicava que não. O mar entrava pela maré e a maré entrava pela marola. A marola vinha e voltava. A maré enchia e vazava. O mar às vezes tinha espuma e às vezes não tinha. Isso perturbava ainda mais a imagem. Três lagoas mexendo, esvaziando e enchendo, com uns rios no meio, às vezes uma porção de espumas, tudo isso muito salgado, azul, com ventos.
      2. Fomos ver o mar. Era de manhã, fazia sol. De repente houve um grito o mar! Era qualquer coisa de larga, de inesperado. Estava bem verde perto da terra, e mais longe estava azul. Nós todos gritamos, numa gritaria infernal, e saímos correndo para o lado do mar. As ondas batiam nas pedras e jogavam espuma que brilhava ao sol. Ondas grandes, cheias, que explodiam com barulho. Ficamos ali parados, com a respiração apressada, vendo o mar…

       3. Depois o mar entrou na minha infância e tomou conta de uma adolescência toda, com seu cheiro bom, os seus ventos, suas chuvas, seus peixes, seu barulho, sua grande e espantosa beleza. Um menino de calças curtas, pernas queimadas pelo sol, cabelos cheios de sal, chapéu de palha. Um menino que pescava e que passava horas e horas dentro da canoa, longe da terra, atrás de uma bobagem qualquer – como aquela caravela de franjas azuis que boiava e afundava e que, afinal, queimou a sua mão… Um rapaz de quatorze ou quinze anos que nas noites de lua cheia, quando ~a maré baixa e descobre tudo e a praia é imensa, ia na praia sentar numa canoa, entrar numa roda, amar perdidamente, eternamente, alguém que passava pelo areal branco e dava boa-noite… Que andava longas horas pela praia infinita para catar conchas e búzios crespos e conversava com os pescadores que consertavam as redes. Um menino que levava na canoa um pedaço de pão e um livro, e voltava sem estudar nada, com vontade de dizer uma porção de coisas que não sabia dizer – que ainda não sabe dizer.

       4. Mar maior que a terra, mar do primeiro amor, mar dos pobres pescadores maratimbas, mar das cantigas do catambá, mar das festas, mar terrível daquela marte que nos assustou, mar das tempestades de repente, mar do alto e mar da praia, mar de pedra e mar do mangue… A primeira vez que sai sozinho numa canoa parecia ter montado num cavalo bravo e bom, senti força e perigo, senti orgulha de embicar numa onda um segundo antes da arrebentação. A primeira vez que estive quase morrendo afogado, quando a água batia na minha cana e a corrente do “arrieiro” me puxava para fora, não gritei nem fiz gestas de socorro; lutei sozinho, cresci dentro de mim mesmo. Mar suave e = oleoso, lambendo o batelão. Mar dos peixes estranhos, mar virando a canoa, mar das pescarias noturnas de camarão para isca. Mar diário e enorme, ocupando toda a. vida, uma vida de bamboleio de canoa, de paciência, de força, de sacrifício sem finalidade, de perigo sem sentido, de lirismo, de energia; grande e perigoso mar fabricando um homem…

       5. Este homem esqueceu, grande mar, muita coisa que aprendeu contigo. Este homem tem andado por aí, ara aflita, ora chateado, dispersivo, fraco, sem paciência, mais corajoso que audacioso, incapaz de ficar parado e incapaz de fazer qualquer coisa, gastando-se como se gasta um cigarro. Este homem esqueceu muita coisa mas há muita coisa que ele aprendeu contigo e que não esqueceu, que ficou, obscura e forte, dentro dele, no seu peito. Mar, este homem pode ser um mau filho, mas ele é teu filho, é um dos teus, e ainda pode comparecer diante de ti gritando, sem glória, mas sem remorso, como naquela manhã em que ficamos parados, respirando depressa, perante as grandes ondas que arrebentavam – um punhado de meninos vendo pela primeira vez o mar…

Julho, 1938

— Rubem Braga, no livro “200 crônicas escolhidas”. Rio de Janeiro: Record, 1986.

 Primeiras impressões

1. Oue imagens e sensações você relacionaria ao texto?

Resposta pessoal.

2. Oue fases da vida do narrador organizam a narrativa de suas experiências de vida junto ao mar? Oue palavras e expressões você observou para concluir isso?

·         infân­cia ("Estava no meio de um bando enorme de meni­nos", "Depois o mar entrou na minha infância ... ", "Um menino de calças curtas ... ");

·         adolescência: (" ... e tomou conta de uma adolescência toda", "Um rapaz de qua­torze ou quinze anos");

·         vida adulta ("mar fabricando um homem ... ", "Este homem").

3.Releia o primeiro e o segundo parágrafos.

a) Com base em que o mar é descrito no primeiro parágrafo?

A descrição foi feita com base na imaginação do narrador, quando criança, com base no que ouviu do único me­nino do bando que conhecia o mar.

b) E no segundo parágrafo?

A des­crição foi feita com base na própria experiência do nar­rador, quando menino, ao ver o mar pela primeira vez.

4. Das experiências de vida do narrador junto ao mar, qual chamou mais sua atenção? Por quê?

Resposta pessoal.

5. Além das experiências pessoais, que experiências cole­tivas de trabalho e de manifestação cultural o narrador associa ao mar?

"mar dos pobres pescadores maratimbas mar das cantigas do catambá, mar das festas como experiências coletivas.      .          

6. O que se pode deduzir sobre o momento presente do narrador: ele vive experiências semelhantes às que vi­veu antes? O que você observou no texto para con­cluir isso?

De modo geral, permite concluir, e muito especialmente nas passagens: "Este homem esqueceu, grande mar, muita coisa que aprendeu contigo. Este homem tem andado por ai , ora aflito, ora chateado, dispersivo, fraco, sem paciência, mais corajoso que audacioso, incapaz de ficar parado e incapaz de fazer qualquer coisa, gastando-se como se gasta um cigarro.

     A crônica na literatu­ra brasileira é bastante variada, mas, de modo geral, seus textos são cur­tos, em comparação a um conto ou a um romance, e trazem um "olhar ar­tístico" para o cotidiano, isto é, para o nosso dia a dia, recortando dele te­mas, acontecimentos, e trabalhando-os no texto de jeito surpreendente, mobilizando emoções, re­flexões e sentimentos na experiência no leitor. As­sim, é um gênero em que o escritor exercita a arte de tratar de coisas sim­ples, de modo profundo, em textos breves.

 SINGULAR E PLURAL

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

SUJEITO E PREDICADO PARTE 3 DE 3

 Atividade: sujeito e predicado. Parte 03 de 03.
HABILIDADE: BNCC (EF07LP07), CE04, SAEB D13.
SUJEITO E PREDICADO
 
Leia a tirinha da Mafalda.
1. Em “Eu confio, tu confias, ele confia, nós confiamos, vós confiais e eles confiam” quais os pronomes pessoais que foram usados como sujeito?
 
Leia a tirinha da quadrinista Clara Gomes
 Disponívem em: <http://bichinhosdejardim.com/celebracoes-adversas/ > acesso em: 28 set.2020.
 
2. No fragmento “TEMOS que celebrar alguns momentos da vida!” o sujeito é classificado como SUJEITO OCULTO, não aparece escrito. O verbo TEMOS se refere a que pronome pessoal.
3. “Vou me permitir uma festa” Como é classificado o sujeito desse fragmento?
4. A que pronome pessoal o verbo VOU se refere?
 
Leia a tirinha da Mafalda.
QUINO, J. L. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2003.p.64
5. indique os sujeito nas alternativas abaixo;
a) “A gente não pode ficar tão desanimado”
b) “TEMOS que reagir”
 
6. Classifique  os sujeito nas alternativas abaixo;
a) “A gente não pode ficar tão desanimado”
b) “TEMOS que reagir”
 
7. Na tirinha acima há uma característica da linguagem informal que é substituir o pronome pessoal nós por qual expressão?

      Na língua portuguesa é comum a omissão dos pronomes pessoais quando são sujeitos.  Essa característica ocorre também com pronomes de tratamento.

       Pronomes de Tratamento são formas de tratamento que usamos no trato com as pessoas. Dependendo da pessoa a quem nos dirigimos, do seu cargotítulo, idade, dignidade, o tratamento será familiar ou cerimonioso.

Pronomes de tratamento:

Você

Linguagem Informal

Tratamento familiar – amigos...

Senhor, Senhora

Linguagem Formal

Tratamento de respeito

Vossa Excelência

Linguagem Formal

Altas autoridades – presidente, prefeito...

Vossa Majestade

Linguagem Formal

Tratamento para reis



       Leia a tira.
8. De acordo com a tirinha, qual foi o assunto da aula de Armandinho?
9. Ao se dirigir ao seu pai, que PRONOME DE TRATAMENTO Armandinho deveria ter usado?
 
Leia a charge de Duke.
 
10. No fragmento “Vai pra Venezuela!!!”  o sujeito é classificado como:
a) simples        b) composto            c) oculto
 
11.  Apesar de não estar escrito, no fragmento “Vai pra Venezuela!!!”  quem é o sujeito?
12. “Fiquem no Brasil” O sujeito desse fragmento é classificado como SUJEITO OCULTO. apesar de não estar escrito a que pronome de tratamento o verbo FIQUEM se refere?
 
13. Classifique o sujeito das orações abaixo em simples composto ou oculto.
a) “Amo muito tudo isso”
b) “Beba Coca Cola”
c) O álcool vicia.
d) O arroz e o feijão aumentaram de preço.
e) Chegaram as madrinhas e os padrinhos.
f) Você aprende rápido.
g) Quem faltou?

leia a tira abaixo.
Disponívem em: https://www.humorpolitico.com.br/sid/o-adeus-a-quino/ acesso em:01out.2020.
14. “Siga tranquilo”  
a) O sujeito desse fragmento é classificado como:
b) Qual pronome de tratamento é o sujeito oculto desse fragmento?
c) A que famoso cartunista falecido recentemente esse fragmento se refere?
 
UNIDADE ESCOLAR: C.M. BOTAFOGO
ATIVIDADE ELABORADA PELO PROFESSOR:  DIORGES FERRANTI GONÇALVES
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
QUINO, J. L. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
https://www.facebook.com/tirasarmandinho/photos/a.488361671209144/121669385170