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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

CONTO - NA DELEGACIA - DRUMMOND -

 CONTO - NA DELEGACIA

          Madame, queira comparecer com urgência ao Distrito. Seu filho está detido aqui.

          -Como? O senhor ligou errado. Meu filho detido? Meu filho vive há seis meses na Bélgica, estudando Física.

          -E a senhora só tem esse?

          -Bom, tenho também o Caçulinha, de dez anos.

          - Pois é o Caçulinha.

          - O senhor está brincando comigo. Não acho graça nenhuma. Então um menino de dez anos foi parar na Polícia?

          - Madame vem aqui e nós explicamos.

          A senhora correu ao Distrito, apavorada. Lá estava o Caçulinha, cabeça baixa, silencioso.

          - Meu filho, mas você não foi ao colégio? Que foi que aconteceu?

          Não se mostrou inclinado a responder,

          -Que foi que meu filho fez, seu comissário? Ele roubou? Ele matou?

          - Estava com um colega fazendo bagunça numa casa velha da Rua Soares Cabral. Uma senhora que mora em frente telefonou avisando, e nós trouxemos os dois para cá. O outro garoto já foi entregue à mãe dele. Mas este diz que não quer voltar para casa.

          A mãe sentiu uma espada muito fina atravessar-lhe o peito.

          -Que é isso meu filho? Você não quer voltar para casa?

          Continuava mudo.

          -Eu disse a ele, madame - continuou o comissário - que se não voltasse para casa teria de ser entregue ao Juiz de Menores. Ele me perguntou o que é o Juiz de Menores. Eu expliquei, ele disse que ia pensar.

          - Meu filho, meu filhinho - disse a senhora, com voz trêmula - então você não quer mais ficar com a gente? Prefere ser entregue ao Juiz de Menores?

          Caçulinha conservava-se na retranca. O policial conduziu a senhora para outra sala.

          - O que esses garotos estavam fazendo é muito perigoso. Brincavam de explorar uma casa abandonada, onde à noite dormem marginais. Madame compreende, é preciso passar um susto nos dois.

          A senhora voltou para perto de Caçulinha, transformada:

          - Sai daí já seu vagabundo, e vamos para casa.

          O mudo recuperou a fala:

          - Eu não posso voltar, mãe.

          - Não pode? Espera aí que eu te dou o não-pode.

          E levou-o pelo braço, ríspida. Na rua, Caçulinha tentou negociar:

          - A senhora me deixa passar na Soares Cabral? Deixando, eu volto direto para casa, não faço mais besteira.

          - Passar em Soares Cabral, depois desse vexame? Você está louco.

          -Eu preciso mãe. Tenho de pegar uma coisa lá.

          -Que coisa?

          - Não sei, mas tenho de pegar. Senão me chamam de covarde. Aceitei o desafio dos colegas, e se não trouxer um troço da casa velha para eles, fico desmoralizado.

          -Que troço?

          -O pessoal diz que lá tem ferros para torturar escravo, essas coisas. Eu e o Edgar estávamos procurando, ele mais como testemunha, eu como explorador. Mãe, a senhora quer ver seu filho sujo no colégio, quer? Tenho de levar nem que seja um pedaço de cano velho, uma fechadura, uma telha.

          A mãe estacou para pensar. Seu filho sujo no colégio?

          Nunca. Mas e o perigo dos marginais? E a polícia? E seu marido? Vá tudo para o inferno. Tomou uma resolução macha, e disse para Caçulinha:

          -Quer saber de uma coisa? Eu vou com você a Soares Cabral.

 

Em: O Poder Ultra Jovem -Ed. José Olímpio 1974)

 

 

1. Qual o título do texto?

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2. Qual o nome do autor?

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3. Quando foi publicado?

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4. Quais sao os personagens?

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5. Qual o espaço da narrativa (Onde aconteceu a história)?

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6. De acordo com o contexto qual poderia ser o significado da expressão destacada: “- Não pode? Espera aí que eu te dou o não-pode.”

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7. O que a mãe quis dizer com a frase: “Eu vou com você a Soares Cabral.”

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8. Por que “A mãe sentiu uma espada muito fina atravessar-lhe o peito.” ?

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9. Você já ouviu algum relato parecido com o da história narrada no que se refere a criança entrar em casa abandonada? Comente.

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10. Qual das personagem ( o comissário, a mãe, o caçulinha, o narrador) disse os fragmentos abaixo.

a) - O que esses garotos estavam fazendo é muito perigoso.

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b) A senhora voltou para perto do Caçulinha, transformada:

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c) - Sai daí já seu vagabundo, e vamos para casa.

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d) - Eu não posso voltar, mãe.

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11. Faça um resumo sobre o enredo (os fatos narrados).

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12. O texto lido pertence a qual gênero textual?

a) conto

b) lenda

c) mito

d) fábula

 

13. Qual a tipologia textual?

a) narração, pois conta uma história.

b) descrição, pois descreve uma paisagem

c) argumentação, pois defende uma idéia com argumentos

d) injunção, pois orienta a como realizar um procedimento

 

 

14. Marque a alternativa que apresenta um fato.

a) O senhor ligou errado.

b) - O senhor está brincando comigo.

c) O outro garoto já foi entregue à mãe dele.

d) - Eu não posso voltar, mãe.

 

15. “Mas este diz que não quer voltar para casa.” O pronome este se refere:

a) O outro menino.

b) O comissário.

c) O caçulinha.

d) Soares Cabral

 

16. A leitura dos dois primeiro parágrafos nos permite inferir que:

a) A família do menino era rica.

b) A família do menino era pobre.

c) O filho já havia sido preso antes.

d) O comissário ligou errado.

 

17. O nome do menino que estava com o Caçulinha era:

a) Nelson

b) Cabral

c) Edmar

d) Edigar

 

18. “Caçulinha conservava-se na retranca.” A expressão destacada significa:

a) na defensiva

b) na ofensiva

c) entristecido

d) desmotivado

 

 

19. Abaixo há três verbos no tempo passado e um no tempo presente. Assinale a alternativa que apresenta o verbo no presente.

a) fez

b) está

c) roubou

d) estava

 

20. Qual das alternativas apresenta um advérbio que intensidade:

a) lá

b) muito

c) aqui

d) cá

 

GABARITO

1. Na delegacia

2. Carlos Drummond de Andrade

3. 1974

4. O Comissário, o Caçulinha e a Madame.

5. Um Distrito

6. Uma cintada, uns tapas...

7. Ela iria com ele a casa abandonada.

8. Porque o filho não queria voltar para casa.

9. Resposta pessoal.

10. O Comissário.

11. A mãe é avisada por um Comissário que seu filho está detido. O menino havia invadido uma casa abandonada. O menino se recusa a voltar para casa sem entrar na casa abandonada. A mãe decide ir com o filho a casa abandonada.

 

12. A

13. A

14. C

15. C

16. A

17. D

18. A

19. B

20. B

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