AS RELAÇÕES DE TRABALHO (Sérgio Buarque de Holanda)
Quem
compare, por exemplo, o regime do trabalho dos antigos artesãos com a
“escravidão dos salários” nas usinas modernas, tem um elemento precioso para o
julgamento da inquietação social dos nossos dias.
Nas velhas
corporações de artesãos, o mestre e seus aprendizes formavam como uma só
família, cujos membros se sujeitavam a uma hierarquia natural, mas que
partilhavam das mesmas privações e confortos; as relações de empregador e
empregado eram pessoais e diretas, não havia autoridades intermediárias.
Foi
o moderno sistema industrial que, separando os empregadores e empregados nos
processos de manufatura e diferenciando cada vez mais suas funções, suprimiu a
atmosfera de intimidade que reinava entre uns e outros e estimulou o
antagonismos de classe. Nas usinas modernas, entre o trabalhador manual e o
derradeiro proprietário – o acionista – existe toda uma hierarquia de
funcionários e autoridades representados pelo superintendente da usina, o
diretor-geral, o presidente da corporação, a junta executiva do conselho de
diretoria e o próprio conselho de diretoria.
Para
o empregador moderno – assinala um sociólogo norte-americano, o empregado
transforma-se em um simples número: a relação humana desapareceu.
Entendendo o texto:
01 – Em outro momento, Sérgio
Buarque de Holanda, o autor do texto, faz a seguinte afirmação:
“O
novo regime (referindo-se às usinas modernas) tornava mais fácil explorar o
trabalho, a troco de salários íntimos”. Como essa “exploração do trabalho”
é chamada no texto aqui apresentado?
É
chamado de “escravidão dos salários”.
02 – “... o mestre e seus
aprendizes formavam como uma só família, cujos membros se sujeitam a uma
hierarquia natural...”. Considerando a hierarquia natural de uma família,
a quem o mestre poderia ser comparado? E os aprendizes?
O mestre poderia ser comparado ao pai, e os aprendizes,
aos filhos.
03 – Qual a principal
transformação ocorrida nas relações de trabalho, das velhas corporações de
artesãos para a usinas modernas?
Nas
usinas modernas, a relação entre o empregador e o empregado perdeu a “atmosfera
de intimidade”, deixou de ser direto e pessoal: a relação humana desapareceu.
04 – Que tipo de relação de
trabalho há numa grande fábrica de automóveis?
Numa grande fábrica de automóveis (bem como em qualquer
grande empresa), a relação de trabalho é sempre impessoal (portanto, nada
íntima). Realçar o fato de, numa grande empresa, o patrão ser uma figura
abstrata, inacessível.
05 – E na pequena loja de roupas
lá da esquina?
Em toda pequena empresa, há uma relação mais pessoal entre
empregador e empregado. Nesse caso, o empregado tem acesso ao patrão e o
diálogo entre eles é direto, o patrão sabe o nome do empregado, frequentemente
conhece pessoas de sua família, etc.
06 – Em que ocasiões você é tratado
como um número e não chamado pelo seu nome?
Resposta
pessoal do aluno.
07 – O texto está estruturado em
quatro parágrafos. Divida-os em introdução, desenvolvimento e conclusão.
Introdução: primeiro parágrafo.
Desenvolvimento:
segundo e terceiro parágrafos.
Conclusão:
quarto parágrafo.
08 – Qual a ideia básica
apresentada no primeiro parágrafo?
A causa da inquietação social de nossos dias.
09 – Qual o recurso utilizado
pelo autor no desenvolvimento?
O autor compara as relações de trabalho nas antigas
corporações de artesãos com as relações de trabalho nas usinas modernas.
10 – Qual a ideia básica
apresentada no último parágrafo?
Desapareceu
o lado humano na relação entre o empregador moderno, capitalista, e seu
empregado.
11 – Essa ideia básica
apresentada no último parágrafo é coerente com o desenvolvimento e a introdução
do texto? Explique sua resposta.
Sim. Depois de introduzir o tema (a inquietação social) e
apontar suas causas (o fim das relações pessoais e diretas entre empregador e
empregado; a excessiva hierarquização e impessoalidade das relações
trabalhistas), a ideia final (a relação humana desapareceu) é consequência
lógica do que foi apresentado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
HOLANDA, Sérgio Buarque de.
Raízes do Brasil. 8. Ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1975. P. 102.
Fonte: Práticas de Linguagem.
Leitura & Produção de Textos. Volume 4. Ernani & Nicola. Editora
Scipione. P. 130-2.
https://armazemdetexto.blogspot.com/2021/03/texto-as-relacoes-de-trabalho-sergio.html
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