POEMA: GATO QUE BRINCAS NA RUA ( Fernando Pessoa)
Gato que brincas na rua
como se fosse na cama
invejo a sorte que é tua
porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
que regem pedras e gentes,
que tens instintos gerais
e sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
Entendendo o poema
1. Que sensação uma primeira leitura desse
poema provoca em você: alegria, melancolia, inquietação, serenidade? Justifique
sua resposta.
Resposta pessoal.
2. Como você imagina a cena observada pelo
eu lírico? Copie o verso que justifica sua resposta.
Resposta pessoal.
3. Releia a primeira estrofe e responda às
questões a seguir:
a) Segundo o eu lírico, qual é a sorte do
gato? Que sentimento o eu lírico confessa diante disso?
É o fato de o gato mostra-se feliz,
confortável, mesmo sem ter consciência disso.
O eu lírico inveja essa condição.
b) O significa saber o nome das coisas?
Significa conhece-las, reconhece-las
e ter consciência de sua existência.
c) O que você acha que significa dizer que
a sorte do gato não tem nome?
Resposta pessoal. Sugestão: O eu
lírico sugere ser sorte viver sem ter consciência do que se vive, livre de
autojulgamentos, “sentido só o que sente”.
4- Releia a segunda estrofe e responda às
questões a seguir.
a) Discuta com um colega: O que são leis
fatais?
Resposta pessoal. Sugestão: São as
leis da natureza, que se impõem sobre todos os seres, como o desgaste das
rochas, a passagem do tempo e a morte dos seres vivos.
b) A que se refere a oração adjetiva “que
tens instintos gerais e sentes só o que sentes”?
Refere-se ao gato.
c) O que essa oração esclarece sobre o
elemento a que se refere?
Significa que o gato age como
qualquer outro gato; suas ações são instintivas; ele não pensa no que é.
5 – Releia a última estrofe do poema e, abaixo as acepções
para o termo “nada”, retiradas de um dicionário.
nada – pr.indef.
1.Coisa nenhuma [...] adv.
2.De modo nenhum [...] sm.
3.O não existente, a não existência, o vazio [...]
4.Ser ou coisa insignificante [...]
a) Em sua opinião, a palavra “nada” empregada no poema
corresponde a algo mencionado em outros versos? Justifique sua resposta.
O “nada” citado na última estrofe
recupera a ideia de viver sem pensar que se vive, presente nos versos “porque
nem sorte se chama” e “sentes só o que sentes”, e não corresponde às acepções
apresentadas.
b) Podemos afirmar que o eu lírico é feliz como o gato?
Justifique.
Não. O eu lírico se observa, reflete
sobre si mesmo (“Eu vejo-me”), não se encontra e não se reconhece.
6. Assinale a alternativa mais adequada ao sentido
do poema.
a) O eu lírico inveja a sorte do gato, porque este tem a felicidade de uma vida
segura, ao passo que ele, eu lírico, está solitário e desamparado.
B) Entre o eu lírico e o gato há a distância devida a que este se situa do lado
de uma generalidade despreocupada, enquanto aquele vive uma individualidade
consciente e problemática.
c) O gato é feliz porque brinca despreocupado de sua própria sorte; o eu lírico
é infeliz porque não se adapta a sua situação.
d) O gato tem a felicidade instintiva; o eu lírico, a angústia das sensações e
das ideias incertas, em razão de excessivo intelectualismo.
e) O gato não é nada, mas é feliz porque se conforma às “leis fatais”; o eu
lírico (o homem), que se revolta contra essas leis, vive torturado pela solidão
e pela incerteza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário