CONTO TREZENTAS ONÇAS ATIVIDADE 8º ANO (INTERNET) E 6º ANO (ALPHA) COM GABARITO
HABILIDADES
(CELP01) A seção favorece a compreensão da língua como fenômeno cultural, histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, reconhecendo-a como meio de construção da identidade de uma comunidade.
(CELP04) A seção possibilita que os alunos
compreendam o fenômeno da variação linguística. demonstrando atitude
respeitosa diante de variedades linguísticas e rejeitando preconceitos linguístico.
Habilidade
(EF69LP55) A seção procura levar os alunos a
reconhecer uma variedade regional no texto, percebendo a qual comunidade ela
se refere.
CONTO: TREZENTAS ONÇAS (João Simões Lopes Neto)
Eu tropeava, nesse tempo. Duma feita que
viajava de escoteiro, com a guaiaca empanzinada de onças de ouro, vim varar
aqui neste mesmo passo, por me ficar mais perto da estância da Coronilha, onde
devia pousar.
Parece que
foi ontem!... Era por fevereiro; eu vinha abombado da troteada.
-- Olhe, ali,
na restinga, à sombra daquela mesma reboleira de mato, que está nos vendo, na
beira do passo, desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no lombilho, com
o chapéu sobre os olhos, fiz uma sesteada morruda.
Despertando,
ouvindo o ruído manso da água tão limpa e tão fresca rolando sobre o
pedregulho, tive ganas de me banhar; até para quebrar a lombeira… e fui-me à
água que nem capincho!
Debaixo da
barranca havia um fundão onde mergulhei umas quantas vezes; e sempre puxei umas
braçadas, poucas, porque não tinha cancha para um bom nado.
E solito e no
silêncio, tornei a vestir-me, encilhei o zaino e montei.
Daquela
vereda andei como três léguas, chegando à estância cedo ainda, obra assim de
braça e meia de sol.
-- Ah!…
esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorrinho brasino, um cusco mui
esperto e boa vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-me para acompanhar-me,
e depois de sair a porteira, nem por nada fazia cara-volta, a não ser comigo. E
nas viagens dormia sempre ao meu lado, sobre a ponta da carona, na cabeceira
dos arreios.
Por sinal que
uma noite...
Mas isto é
outra cousa; vamos ao caso.
Durante a
troteada bem reparei que volta e meia o cusco parava-se na estrada e latia e
corria pra trás, e olhava-me, olhava-me, e latia de novo e troteava um pouco
sobre o rastro; — parecia que o bichinho estava me chamando!... Mas
como eu ia, ele tornava a alcançar-me, para daí a pouco recomeçar.
-- Pois,
amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé em terra na ramada da estância, ao
tempo que dava as — boas-tardes! — ao dono da casa, aguentei um tirão seco no
coração... não senti na cintura o peso da guaiaca!
Tinha perdido
trezentas onças de ouro que levava, para pagamento de gados que ia levantar.
E logo
passou-me pelos olhos um clarão de cegar, depois uns coriscos tirante a roxo...
depois tudo me ficou cinzento, para escuro...
Eu era mui
pobre — e ainda hoje, é como vancê sabe...-; estava começando a vida, e o
dinheiro era do meu patrão, um charqueador, sujeito de contas mui limpas e
brabo como uma manga de pedras...
Assim, de
meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:
-- Então
patrício? está doente?
-- Obrigado!
Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi uma
dinheirama do meu patrão...
-- A la
fresca!...
-- É
verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...
-- É uma dos
diabos, é...; mas não se acoquine, homem!
Nisto o cusco
brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo
correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a
latir...
Ah!... E num
repente lembrei-me bem de tudo.
Parecia que
estava vendo o lugar da sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos
de sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das
armas, e até uma ponta de cigarro de que tirei uma última tragada, antes de
entrar na água, e que deixei espetada num espinho, ainda fumegando, soltando
uma fitinha de fumaça azul, que subia, fininha e direita, no ar sem vento...;
tudo, vi tudo.
Estava lá, na
beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea, antes
que outros andantes passassem.
[...]
João
Simões Lopes Neto. Contos gauchescos. Porto Alegre: Globo, 1976.
Entendendo o Conto:
ATIVIDADE 8º ANO
01 – De acordo com o texto, observe atentamente a linguagem
utilizada. Provavelmente, você não entendeu algumas palavras do texto. Suponha
um possível significado para elas com base no contexto.
Resposta
pessoal do aluno.
02 – O conto está em primeira pessoa. Quem narra é o
protagonista.
a) Como ele pode ser caracterizado?
Transcreva no caderno o trecho do texto que justifique sua resposta.
É um homem simples, com poucos recursos
financeiros. “Eu era mui pobre”.
b) Qual deve ser sua profissão?
Encarregado de comprar gado.
c) Em que região do país você supõe que ele
viva? Que pistas e elementos possibilitam chegar a essa conclusão?
Alguns termos do vocabulário (estância,
boas-tardes, guaiaca, mui pobre, vancê, charquear, a la fresca, etc.) permitem
supor que o narrador viva no Rio Grande do Sul, região bastante associada à
atividade pecuária.
d) O que aconteceu com o protagonista que o
deixou preocupado?
Ele perdeu o dinheiro do patrão (trezentas onças),
com o qual pagaria a compra do gado.
03 – Releia: “Quando botei o pé em terra na ramada da
estância, ao tempo que dava as — boas-tardes! — ao dono da casa, aguentei um
tirão seco no coração... não senti na cintura o peso da guaiaca!”
a) O trecho procura representar a maneira
como a personagem fala. Que recursos são utilizados para isso?
O texto procura reproduzir a maneira como a
personagem fala por meio da pontuação (reticências e ponto de exclamação) e do
emprego de uma linguagem informal (“botei o pé”) e de vocábulo característico
da região de origem do conto (“ramada da estância”; “boas-tardes!”; “tirão
seco”; “peso da guaiaca”).
b) A expressão “tirão seco no coração” é
o que chamamos de figura de linguagem: não significa que a personagem levou um
tiro, mas que teve um sobressalto, uma sensação de dor no peito porque se deu
conta de que havia perdido o dinheiro do patrão. Essa expressão sugere um
espaço que parece familiar à personagem. Qual é ele?
O ambiente rural, das estradas, onde os homens
costumam andar armados (lembre-se do cinto de armas por sobre os galhos de
Sarandi) e podem atirar em caso de conflito ou para se proteger.
04 – Que recurso o narrador utiliza para que o leitor possa
visualizar a cena final? Justifique sua resposta com elementos do texto.
O
narrador utiliza a descrição do espaço. “Parecia que estava vendo o lugar da
sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de Sarandi, e, em cima de
uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas [...]”.
05 – Releia:
“Nisto o
cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e
logo correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a
latir...
Ah!... E num
repente lembrei-me bem de tudo.”
a) Nesse trecho, o narrador descreve as
ações do “cusco brasino”. Essa expressão refere-se a que animal?
Ao cão de estimação do narrador.
b) Que palavras ou expressões do texto
permitem chegar à conclusão de que “cusco brasino” se refere a esse animal?
“Como querendo lambê-lo”; “aos latidos”; “latir”.
c) Qual foi a principal ação do “cusco
brasino” no texto?
Ele ajudou o narrador a se lembrar de onde havia
deixado a guaiaca com o dinheiro do patrão.
06 – Leia a seguir mais um trecho do conto “Trezentas onças”:
“-- Ah!…
esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorrinho brasino, um cusco mui
esperto e boa vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-me para acompanhar-me,
e depois de sair a porteira, nem por nada fazia cara-volta, a não ser comigo. E
nas viagens dormia sempre ao meu lado, sobre a ponta da carona, na cabeceira
dos arreios.”
a) Como o animal é descrito?
Como um cão esperto, vigilante e companheiro.
b) Que ações caracterizam o animal no texto?
Andava com o dono, dormia perto dele.
c) A palavra cusco pode ser considerada um
exemplo de variedade linguística regional? Explique.
Sim, pois representa um modo de falar típico de
determinada região: no caso, Rio Grande do Sul.
d) Que outras palavras desse trecho podem
ser tomadas como exemplos de variedade linguística regional?
Mui (redução de muito) e cara-volta (o mesmo que
meia-volta)
ATIVIDADES 6º ANO
1
a) A que se refere a palavra onças no título? Se for
necessário, pesquise o significado dela
em um dicionário
b) De que outra forma esse título poderia ser compreendido?
2.No trecho lido, há muitas palavras e
expressões características de certa região do Brasil.
a) No caderno, liste as palavras e expressões que você não
entendeu e suponha um possível significado para elas com base no contexto
b) Se não conseguiu compreender o significado delas com base
no contexto, consulte um dicionário ou
outra fonte
3.O conto está em primeira pessoa. Quem
narra é o protagonista.
a)A quem o protagonista está contando a
historia?
b)Indique uma característica do
protagonista Justifique sua resposta com um trecho do texto
c)Qual deve ser a profissão do
protagonista?
d)Em que região do país você supõe que
ele viva? Que pistas e elementos do texto possibilitam chegar a essa conclusão?
4. Releia
o trecho a seguir.
- [ ] Quando botei o pé em terra na ramada da estância.
ao tempo que dava as- boas-tardes
ao dono da casa, aguentei. um tirão seco no coração . Não senti na cintura o
peso da guaiaca.
a) O trecho procura representar a
maneira como a personagem fala Que recursos são utilizados para isso? Copie no
caderno as alternativas corretas
I. Emprego de registro informal
lI. Pontuação que reforça a expressividade
III. Ausência de pontuação
IV.Emprego de registro formal
V.Vocabulário erudito
VI.Vocabulário característico da região
de origem do conto.
b) Justifique as alternativas
selecionadas com trechos do texto
5. A expressão "tirão seco no coração" não
significa que a personagem levou um tiro de fato, mas que teve um sobressalto,
uma sensação de dor no peito provocada por um problema inesperado. O que
aconteceu com o protagonista que o deixou preocupado?
6.Agora, releia outro trecho do texto.
Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo,
como querendo lambê-lo, e logo correu para a estrada, aos laudos E olhava-me, e
vinha e ia e tornava a latir
Ah' E num repente lembrei-me bem de tudo
a)Nesse trecho, o narrador descreve as
ações do "cusco brasino" Essa expressão refere-se a que animal?
b)Que palavras ou expressões do texto
permitem chegar à conclusão de que "cusco brasino" se refere a esse
animal?
c)Qual foi a principal ação do
"cusco brasino" no texto?
d)O termo cusco pode ser
considerado exemplo de variedade regional? Explique.
7.Sobre os dois últimos parágrafos do
trecho, responda às seguintes questões.
a)Qual e a função da descrição do
espaço feita pelo narrador?
b)O narrador consegue resolver o
problema que o afligia? Justifique sua resposta
GABARITO 6º ANO
1.a) No título, o termo onças
se refere a uma antiga moeda de ouro utilizada no Brasil e em diversos
países, como Argentina, Bolívia e Colômbia.
b) O leitor poderia supor que o texto trata do
animal onça.
2 a) Resposta pessoal Professor, solicite aos alunos
que façam uma segunda leitura do texto. Seria interessante que, neste momento,
eles se sentassem em duplas para trocar informações.
b) Resposta pessoal. Professor oriente as pesquisas
dos alunos.
3.a) A alguém que encontrou
no caminho após ter perdido o dinheiro de seu patrão.
b) É um homem simples, com poucos recursos
financeiros. Ele afirma: "Eu era mui pobre.
c) Provavelmente é encarregado de comprar gado.
d) Algumas expressões do texto (estância, guaiaca,
mui pobre, vancê, charqueador, a la fresca, etc) permitem supor que
o narrador viva no estado do Rio Grande do Sul, região associada à atividade pecuária.
4.a) Alternativas corretas: 1,
li e VI. b) Uso de registro informal: "botei o pé", "ao tempo
que dava as – boas tardes"; pontuação que reforça a expressividade:trechos
com reticências e ponto de exclamação; vocabulário característico da região de
origem do conto: "ramada da estância", "boas-tardes!",
"tirão seco", "peso da guaiaca".
5.Ele perdeu uma grande
quantidade de ouro do patrão, com a qual pagaria a compra do gado.
6.a) A um cão, provavelmente
o cão de estimação do narrador, uma vez que ele usa o artigo definido o diante
de "cusco brasino" e, pela situação narrada, parece estar sendo
acompanhado pelo cachorro.
b) "como querendo lambê-lo"; "aos
latidos"; "latir".
e) Ele ajudou o narrador a se lembrar de onde havia
deixado a gua1aca com o dinheiro do patrão
d) Sim, pois representa um modo de falar típico de
uma região; no caso, o Rio Grande do Sul.
7.a) A descrição ajuda o leitor/ouvinte
da história a visualizar o que o próprio narrador está lembrando.
b) Não, pois precisava chegar ao lugar onde pensa
ter deixado a guaiaca antes de outros passantes
Srzrxr
ResponderExcluirMe ajudou muito
ResponderExcluirObrigado
De nada.
ExcluirObrigado por tudo que Deus te abençoe 🙏
ResponderExcluirAmém 😌 ne
ExcluirMe ajudou muito obg
ResponderExcluirEu amei
ResponderExcluirTop, muito obrigado
ResponderExcluirAcredito que ajudou muitos, mais eu ainda❤.
ResponderExcluirObrigada!
Oi
ResponderExcluirObrigado mais falto a) da questão 7.
ResponderExcluirAjudou muito minha filha
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