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sexta-feira, 16 de abril de 2021

CONTO TREZENTAS ONÇAS ATIVIDADE 8º ANO E 6º ANO COM GABARITO

 CONTO TREZENTAS ONÇAS ATIVIDADE 8º ANO (INTERNET) E 6º ANO (ALPHA) COM GABARITO

 

HABILIDADES    

(CELP01) A seção favorece a com­preensão da língua como fenômeno cultural, histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contex­tos de uso, reconhecendo-a como meio de construção da identidade de uma comunidade.

(CELP04) A seção possibilita que os alunos compreendam o fenôme­no da variação linguística. demons­trando atitude respeitosa diante de variedades linguísticas e rejeitando preconceitos linguístico.

Habilidade

(EF69LP55) A seção procura levar os alunos a reconhecer uma varie­dade regional no texto, percebendo a qual comunidade ela se refere.

 

CONTO: TREZENTAS ONÇAS (João Simões Lopes Neto)

     Eu tropeava, nesse tempo. Duma feita que viajava de escoteiro, com a guaiaca empanzinada de onças de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, por me ficar mais perto da estância da Coronilha, onde devia pousar.

        Parece que foi ontem!... Era por fevereiro; eu vinha abombado da troteada.

        -- Olhe, ali, na restinga, à sombra daquela mesma reboleira de mato, que está nos vendo, na beira do passo, desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no lombilho, com o chapéu sobre os olhos, fiz uma sesteada morruda.

        Despertando, ouvindo o ruído manso da água tão limpa e tão fresca rolando sobre o pedregulho, tive ganas de me banhar; até para quebrar a lombeira… e fui-me à água que nem capincho!

        Debaixo da barranca havia um fundão onde mergulhei umas quantas vezes; e sempre puxei umas braçadas, poucas, porque não tinha cancha para um bom nado.

        E solito e no silêncio, tornei a vestir-me, encilhei o zaino e montei.

        Daquela vereda andei como três léguas, chegando à estância cedo ainda, obra assim de braça e meia de sol.

        -- Ah!… esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorrinho brasino, um cusco mui esperto e boa vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-me para acompanhar-me, e depois de sair a porteira, nem por nada fazia cara-volta, a não ser comigo. E nas viagens dormia sempre ao meu lado, sobre a ponta da carona, na cabeceira dos arreios.

        Por sinal que uma noite...

        Mas isto é outra cousa; vamos ao caso.

        Durante a troteada bem reparei que volta e meia o cusco parava-se na estrada e latia e corria pra trás, e olhava-me, olhava-me, e latia de novo e troteava um pouco sobre o rastro; — parecia que o bichinho estava me chamando!...  Mas como eu ia, ele tornava a alcançar-me, para daí a pouco recomeçar.

        -- Pois, amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé em terra na ramada da estância, ao tempo que dava as — boas-tardes! — ao dono da casa, aguentei um tirão seco no coração... não senti na cintura o peso da guaiaca!

        Tinha perdido trezentas onças de ouro que levava, para pagamento de gados que ia levantar.

        E logo passou-me pelos olhos um clarão de cegar, depois uns coriscos tirante a roxo... depois tudo me ficou cinzento, para escuro...

        Eu era mui pobre — e ainda hoje, é como vancê sabe...-; estava começando a vida, e o dinheiro era do meu patrão, um charqueador, sujeito de contas mui limpas e brabo como uma manga de pedras...

        Assim, de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:

        -- Então patrício? está doente?

        -- Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi uma dinheirama do meu patrão...

        -- A la fresca!...

        -- É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...

        -- É uma dos diabos, é...; mas não se acoquine, homem!

        Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...

        Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo.

        Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas, e até uma ponta de cigarro de que tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e que deixei espetada num espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que subia, fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.

        Estava lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea, antes que outros andantes passassem.

        [...]

                        João Simões Lopes Neto. Contos gauchescos. Porto Alegre: Globo, 1976.

 

Entendendo o Conto:

 

 

ATIVIDADE 8º ANO

01 – De acordo com o texto, observe atentamente a linguagem utilizada. Provavelmente, você não entendeu algumas palavras do texto. Suponha um possível significado para elas com base no contexto.

      Resposta pessoal do aluno.

 

02 – O conto está em primeira pessoa. Quem narra é o protagonista.

a)   Como ele pode ser caracterizado? Transcreva no caderno o trecho do texto que justifique sua resposta.

É um homem simples, com poucos recursos financeiros. “Eu era mui pobre”.

 

b)   Qual deve ser sua profissão?

Encarregado de comprar gado.

 

c)   Em que região do país você supõe que ele viva? Que pistas e elementos possibilitam chegar a essa conclusão?

Alguns termos do vocabulário (estância, boas-tardes, guaiaca, mui pobre, vancê, charquear, a la fresca, etc.) permitem supor que o narrador viva no Rio Grande do Sul, região bastante associada à atividade pecuária.  

 

d)   O que aconteceu com o protagonista que o deixou preocupado?

Ele perdeu o dinheiro do patrão (trezentas onças), com o qual pagaria a compra do gado.

 

03 – Releia: “Quando botei o pé em terra na ramada da estância, ao tempo que dava as — boas-tardes! — ao dono da casa, aguentei um tirão seco no coração... não senti na cintura o peso da guaiaca!”

 

a)   O trecho procura representar a maneira como a personagem fala. Que recursos são utilizados para isso?

O texto procura reproduzir a maneira como a personagem fala por meio da pontuação (reticências e ponto de exclamação) e do emprego de uma linguagem informal (“botei o pé”) e de vocábulo característico da região de origem do conto (“ramada da estância”; “boas-tardes!”; “tirão seco”; “peso da guaiaca”).

 

b)   A expressão “tirão seco no coração” é o que chamamos de figura de linguagem: não significa que a personagem levou um tiro, mas que teve um sobressalto, uma sensação de dor no peito porque se deu conta de que havia perdido o dinheiro do patrão. Essa expressão sugere um espaço que parece familiar à personagem. Qual é ele?

O ambiente rural, das estradas, onde os homens costumam andar armados (lembre-se do cinto de armas por sobre os galhos de Sarandi) e podem atirar em caso de conflito ou para se proteger.

 

04 – Que recurso o narrador utiliza para que o leitor possa visualizar a cena final? Justifique sua resposta com elementos do texto.

      O narrador utiliza a descrição do espaço. “Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de Sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas [...]”.

 

05 – Releia:

        “Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...

        Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo.”

 

a)   Nesse trecho, o narrador descreve as ações do “cusco brasino”. Essa expressão refere-se a que animal?

Ao cão de estimação do narrador.

 

b)   Que palavras ou expressões do texto permitem chegar à conclusão de que “cusco brasino” se refere a esse animal?

“Como querendo lambê-lo”; “aos latidos”; “latir”.

 

c)   Qual foi a principal ação do “cusco brasino” no texto?

Ele ajudou o narrador a se lembrar de onde havia deixado a guaiaca com o dinheiro do patrão.

 

06 – Leia a seguir mais um trecho do conto “Trezentas onças”:

        “-- Ah!… esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorrinho brasino, um cusco mui esperto e boa vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-me para acompanhar-me, e depois de sair a porteira, nem por nada fazia cara-volta, a não ser comigo. E nas viagens dormia sempre ao meu lado, sobre a ponta da carona, na cabeceira dos arreios.”

 

a)   Como o animal é descrito?

Como um cão esperto, vigilante e companheiro.

 

b)   Que ações caracterizam o animal no texto?

Andava com o dono, dormia perto dele.

 

c)   A palavra cusco pode ser considerada um exemplo de variedade linguística regional? Explique.

Sim, pois representa um modo de falar típico de determinada região: no caso, Rio Grande do Sul.

 

d)   Que outras palavras desse trecho podem ser tomadas como exemplos de variedade linguística regional?

Mui (redução de muito) e cara-volta (o mesmo que meia-volta)

 

 

ATIVIDADES 6º ANO

1

a) A que se refere a palavra onças no título? Se for necessário, pesquise o significado  dela em um dicionário

b) De que outra forma esse título poderia ser compreendido?

 

2.No trecho lido, há muitas palavras e expressões características de certa re­gião do Brasil.

 

a) No caderno, liste as palavras e expressões que você não entendeu e supo­nha um possível significado  para elas com base no contexto

 

b) Se não conseguiu compreender o significado delas com base no contexto, consulte um dicionário  ou outra fonte

 

3.O conto está em primeira pessoa. Quem narra é o protagonista.

a)A quem o protagonista está contando a historia?

b)Indique uma característica do protagonista Justifique sua resposta com um trecho do texto

c)Qual deve ser a profissão do protagonista?

d)Em que região do país você supõe que ele viva? Que pistas e elementos do texto possibilitam chegar a essa conclusão?

4. Releia o trecho a seguir.

- [ ] Quando botei o pé em terra na ramada da estância. ao tempo que dava as- boas-tardes ao dono da casa, aguentei. um tirão seco no coração . Não senti na cintura o peso da guaiaca.

 

a) O trecho procura representar a maneira como a personagem fala Que recursos são utilizados para isso? Copie no caderno as alternativas corretas

I. Emprego de registro informal

lI. Pontuação que reforça a expressividade

III. Ausência de pontuação

IV.Emprego de registro formal

V.Vocabulário erudito

VI.Vocabulário característico da região de origem do conto.

b) Justifique as alternativas selecionadas com trechos do texto

 

5. A expressão "tirão seco no coração" não significa que a personagem levou um tiro de fato, mas que teve um sobressalto, uma sensação de dor no peito provo­cada por um problema inesperado. O que aconteceu com o protagonista que o deixou preocupado?

 

6.Agora, releia outro trecho do texto.

 

Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo correu para a estrada, aos laudos E olhava-me, e vinha e ia e tornava a latir

            Ah'      E num repente lembrei-me bem de tudo

 

 

a)Nesse trecho, o narrador descreve as ações do "cusco brasino" Essa ex­pressão refere-se a que animal?

b)Que palavras ou expressões do texto permitem chegar à conclusão de que "cusco brasino" se refere a esse animal?

c)Qual foi a principal ação do "cusco brasino" no texto?

d)O termo cusco pode ser considerado exemplo de variedade regional? Explique.

 

7.Sobre os dois últimos parágrafos do trecho, responda às seguintes questões.

a)Qual e a função da descrição do espaço feita pelo narrador?

b)O narrador consegue resolver o problema que o afligia? Justifique sua resposta

 

GABARITO 6º ANO

1.a) No título, o termo onças se re­fere a uma antiga moeda de ouro utilizada no Brasil e em diversos países, como Argentina, Bolívia e Colômbia.

 

b) O leitor poderia supor que o texto trata do animal onça.

 

2 a) Resposta pessoal Professor, solicite aos alunos que façam uma segunda leitura do texto. Seria in­teressante que, neste momento, eles se sentassem em duplas para trocar informações.

 

b) Resposta pessoal. Professor oriente as pesquisas dos alunos.

 

3.a) A alguém que encontrou no ca­minho após ter perdido o dinheiro de seu patrão.

 

 

b) É um homem simples, com poucos recursos financeiros. Ele afirma: "Eu era mui pobre.

c) Provavelmente é encarregado de comprar gado.

d) Algumas expressões do texto (estância, guaiaca, mui pobre, van­cê, charqueador, a la fresca, etc) permitem supor que o narrador viva no estado do Rio Grande do Sul, região associada à atividade pecuária.

4.a) Alternativas corretas: 1, li e VI. b) Uso de registro informal: "botei o pé", "ao tempo que dava as – boas tardes"; pontuação que reforça a expressividade:trechos com reticências e ponto de exclamação; vocabulário característico da re­gião de origem do conto: "ramada da estância", "boas-tardes!", "tirão seco", "peso da guaiaca".

5.Ele perdeu uma grande quantidade de ouro do patrão, com a qual pa­garia a compra do gado.

6.a) A um cão, provavelmente o cão de estimação do narrador, uma vez que ele usa o artigo definido o dian­te de "cusco brasino" e, pela situa­ção narrada, parece estar sendo acompanhado pelo cachorro.

b) "como querendo lambê-lo"; "aos latidos"; "latir".

e) Ele ajudou o narrador a se lembrar de onde havia deixado a gua1aca com o dinheiro do patrão

d) Sim, pois representa um modo de falar típico de uma região; no caso, o Rio Grande do Sul.

7.a) A descrição ajuda o leitor/ouvinte da história a visualizar o que o próprio narrador está lembrando.

b) Não, pois precisava chegar ao lugar onde pensa ter deixado a guaiaca antes de outros passantes

 

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