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sexta-feira, 1 de março de 2024

O ASSALTO VERISSIMO PROVA BRASIL DESCRITORES PARTE II

 

Aluno:______________________________________________________turma:____data___

O ASSALTO  (LUIS FERNANDO VERISSIMO)

          Quando a empregada entrou no elevador, o garoto entrou atrás. Devia ter uns dezesseis anos, dezessete anos. Preto. Desceram no mesmo andar. A empregada com o coração batendo. O corredor estava escuro e a empregada sentiu que o garoto a seguia. Botou a chave na fechadura da porta de serviço, já em pânico. Com a porta aberta virou-se de repente e gritou para o garoto:

          – Não me bate!

          – Senhora?

          – Faça o que quiser, mas não me bate!

          – Não senhora, eu… A dona da casa veio ver o que estava havendo. Viu o garoto na porta e o rosto apavorado da empregada e recuou, até pressionar as costas na geladeira.

          – Você está armado?

          – Eu? Não.

          A empregada, que ainda não largara o pacote de compras, aconselhou a patroa sem tirar os olhos do garoto:

          – É melhor não fazer nada, madame. O melhor é não gritar.

          – Eu não vou fazer nada, juro! – disse a patroa, quase aos prantos. – Você pode entrar. Pode fazer o que quiser. Não precisa usar de violência.

          O garoto olhou de uma mulher para a outra. Apalermado. Perguntou:

           – Aqui é o 712?

          – O que você quiser. Entre. Ninguém vai reagir.

          O garoto hesitou, depois deu um passo para dentro da cozinha. A empregada e a patroa recuaram ainda mais. A patroa esgueirou-se pela parede até chegar à porta que dava para a saleta de almoço. Disse:

          – Eu não tenho dinheiro, mas meu marido deve ter. Ele está em casa. Vou chamá-lo. Ele lhe dará tudo.

          O garoto também estava com os olhos arregalados. Perguntou de novo:

          – Este é o 712? Me disseram que era para pegar umas garrafas no 712.

          A mulher chamou com voz trêmula:

          – Henrique!

          O marido apareceu na porta do gabinete. Viu o rosto da mulher, o rosto da empregada e o garoto e entendeu tudo. Chegou à hora, pensou. Sempre me indaguei como me comportaria no caso de um assalto. Chegou a hora de tirar a prova.

          – O que você quer? – perguntou, dando-se conta em seguida do ridículo da pergunta. Mas sua voz estava firme.

          – Eu disse que você tinha dinheiro – falou a mulher.

          – Faço um trato com você – disse o marido ao garoto – dou tudo de valor que tenho em casa, contanto que você não toque em ninguém.

E se as crianças chegarem de repente? Pensou a mulher. Meu Deus, o que esse bandido vai fazer com as minhas crianças? O garoto gaguejou:

          – Eu… eu… é aqui que tem umas garrafas para pegar?  (...)

          – Não é para agradar, mas eu compreendo você. Você é uma vítima do sistema. Deve estar pensando: “Esse burguês cheio da nota está querendo me conversar”, mas não é isso não. Sempre me senti culpado por viver bem no meio de tanta miséria. Pode perguntar para minha mulher. Eu não vivo dizendo que tenho casa. Não somos ricos. Somos, com alguma boa vontade, da classe média alta. Você tem razão. Qualquer dia também começamos a assaltar para poder comer. Tem que mudar o sistema. Tome.

          O garoto pegou o dinheiro meio sem jeito.

          – Olhe, eu só vim pegar as garrafas…

          – Sônia, busque as suas joias. Ou melhor, vamos todos buscar as joias. Os quatros foram para a suíte do casal. O garoto atrás. No caminho ele sussurrou para a empregada:

          – Aqui é o 712? Me disseram para pegar umas garrafas…

          – Nós não temos mais nada, confie em mim. Também somos vítimas do sistema. Estamos do seu lado. Por favor, vá embora! (O analista de Bagé. Porto Alegre, L& PM, 1981.)

(D6) - 1. O texto O ASSALTO  é uma crônica. Marque a alternativa que indica qual o TEMA do texto.

a) desigualdade social

b) violência contra mulher

c) preconceito

d) miséria

(D1) - 2. De acordo com o texto a única afirmação correta é:

a) o corredor estava iluminado.

b) o nome do garoto era Henrique

c) as crianças chegaram de repente

d) O garoto só tinha ido pegar umas garrafas

(D16) - 3. Há presença de HUMOR na alternativa;

a) o que esse bandido vai fazer com as minhas crianças?

b) Esse burguês cheio da nota está querendo me conversar

c) Qualquer dia também começamos a assaltar para poder comer

d) Pode perguntar para minha mulher

(D2) - 4. No fragmento "Ele está em casa. Vou chamá-lo. Ele lhe dará tudo." o pronome pessoal do caso reto destacado se refere a:

a) menino

b) marido

c) empregada

d) dinheiro

(D3) - 5. ". A patroa esgueirou-se pela parede até chegar à porta: " A palavra em destaque nesse fragmento só NÃO pode ser trocada por:

a) afastou-se

b) evadiu-se

c) retirou-se

d) admirou-se

(D4) - 6. De acordo com o texto só NÃO podemos INFERIR que:

a) a empregada tinha preconceito

b) a mulher era preconceituosa

c) o menino era preconceituoso.

d) o homem era preconceito

(D14) - 7. O fragmento do texto em que NÃO há OPINIÃO é;

a) " Devia ter uns dezesseis anos,"

b) " perguntou, dando-se conta em seguida do ridículo da pergunta. "

c) " Você é uma vítima do sistema. "

d) " No caminho ele sussurrou para a empregada "

(D17) - 8.  "Esse burguês cheio da nota está querendo me conversar" o emprego de ASPAS nesse fragmento se justifica por:

a) indicar nome de uma obra literária

b) indicar o que o menino poderia estar pensando

c) indicar a presença de estrangeirismos

d) indicar a presença de neologismos.

(D12) - 9. A alternativa que indica uma FINALIDADE desse texto é:

a) refletir sobre a concentração de pobreza

b) refletir sobre a concentração de riqueza

c) refletir sobre o consumismo

d) refletir sobre o racismo

(D11) - 10. A alternativa que apresenta uma circunstância de TEMPO é :

a) Quando a empregada entrou no elevador

b) é aqui que tem umas garrafas para pegar? 

c) Ele está em casa

d) Desceram no mesmo andar

(D17) 11. “– Não me bate!” O ponto de exclamação nesse fragmento indica:

a) dúvida

b) espanto

c) medo

d) alegria

(D10) - 12. Qual das alternativas não apresenta uma personagem da crônica O Assalto?

a) Luis Fernando Veríssimo

b) Henrique

c) Sônia

d) a empregada

(D2) – 13. A palavra que não se refere a dona da casa é:

a) Sônia

b) senhora

c) empregada

d) mulher

 (D1) - 14. De acordo com o número do apartamento 712 podemos afirmar que o andar do prédio era:

a) era o décimo segundo

b) era o primeiro

c) era o segundo

d) era o sétimo

GABARITO

1. C

2. D

3. C

4. B

5. D

6. C

7. D

8. B

9. D

10.A

11. C

12. A

13. C

14. A
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