A FORMIGA BOA
Houve uma jovem cigarra que tinha o
costume de chiar ao pé dum formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu
divertimento então era observar as formigas na eterna faina de abastecer as
tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram as
chuvas. Os animais todos, arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.
A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho
seco e metida em grandes apuros, deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se
dirigiu para o formigueiro. Bateu – tique, tique, tique...
Aparece uma formiga friorenta, embrulhada
num chalinho de paina.
– Que quer? – perguntou, examinando a
triste mendiga suja de lama e a tossir.
– Venho em busca de agasalho. O mau tempo não
cessa e eu...
A formiga olhou-a de alto a baixo.
– E que fez durante o bom tempo, que não
construiu sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu
depois dum acesso de tosse.
– Eu cantava, bem sabe...
– Ah!... exclamou a formiga recordando-se.
Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher
as tulhas?
– Isso mesmo, era eu...
– Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos
esquecer as boas horas que sua cantoria nos proporcionou.
Aquele chiado nos distraía e aliviava o
trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como vizinha tão gentil cantora!
Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou
a ser a alegre cantora dos dias de sol.
LOBATO, Monteiro. Obra infantil completa – 3 – São Paulo, Brasiliense
Responda às questões sobre “A
Formiga Boa”.
1. Explique o sentido das
expressões destacadas, retiradas de trechos da
fábula, composta por Monteiro
Lobato.
a – “Só parava quando cansadinha;
e seu divertimento então era observar as formigas na eterna faina de abastecer
as tulhas.”
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b – “Manquitolando, com uma asa a
arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro.”
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2. Qual é o efeito de sentido de
“tique, tique, tique...”, na última frase do segundo parágrafo.
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3. Você reparou que, nesta versão
da fábula “A Cigarra e a Formiga”, há diálogo entre os personagens.
a - Quais são os personagens?
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b – Quais são as marcas
linguísticas que comprovam a existência de diálogo no texto (Fique ligado!,
página 44)?
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4. Monteiro Lobato utiliza-se das
reticências para produzir sentidos. Identifique os sentidos produzidos por este
sinal de pontuação em cada trecho:
a - “– Venho em busca de
agasalho. O mau tempo não cessa e eu...”
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b – “– Ah!... exclamou a formiga
recordando-se. Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos
para encher as tulhas?”
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c – “– Eu cantava, bem sabe...”
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d – “– Isso mesmo, era eu...”
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6. Vamos comparar os textos! Você
observou que o desfecho da fábula de Esopo é diferente do lido em Monteiro
Lobato? Escreva a diferença
observada nas linhas abaixo.
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