A terra sem nome
Era uma vez uma coisa onde as coisas não tinham nome. E tudo
o que se dizia era uma coisa só. Quando
se ia à coisa em que se compram coisas, veja só que coisa:
— Oi seu fulano! Me dá aquela coisa.
— Qual coisa?
— Aquela coisa que a gente serve para usar a coisa.
— Tem tanta coisa que a gente usa, que coisa você quer?
— Aquela!
— Mas, tem tanta coisa ali!!
— Aquela coisa, que tá junto daquela outra coisa, entre
aquela coisa e aquela outra coisa!!!
— Ihh... não tô entendendo coisa nenhuma!!!
— Posso ir lá pegar a coisa?
— É... pode...
— É essa coisa aqui, ó!!
— Ah!! Eu achei que era a outra coisa!
— Quanto custa?
— R$ 2,45.
— Obrigada!
Se você achou uma
coisa de louco, imagina só tentar chamar alguém...
Numa tranquila tarde, senhoras reunidas para um chá:
— Ô senhora!
— Quem? Eu?
— Não! A senhora
ali!
— A ta, eu?
— Não! Ela!
— Eu?
— Eu?!
— Eu?
— Não, a senhora!
Um dia, resolveram dar nomes às coisas e cada coisa passou a
ter sua identidade, não só as coisas, mas também as pessoas, animais, seres em
geral. E a coisa onde as coisas não tinham nome passou a se chamar lugar e
aquela coisa onde se compravam coisas ficou conhecida como mercado e as
senhoras que tomavam chá passaram a se chamar Maria, Joana, Fátima, Sara...
O que eu ainda não descobri é o nome daquela coisa que serve
para usar a coisa! Você sabe o que é? Então me diz porque eu não aguento mais
essa curiosidade!!!
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