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sexta-feira, 14 de abril de 2017

CRÔNICA PATCHWORK INTERPRETAÇÃO 9º ANO RIO

PATCHWORK

      Eu acho a maior graça nesses anúncios ou reportagens que segmentam as pessoas por estilo, para facilitar a escolha de presentes. Para o pai esportista, para a mãe que vive correndo, para o namorado poliglota, para a namorada hare krishna...
       E você, qual é seu estilo?
       O meu estilo é o clássico-esportivo-praiano-urbano-roqueiro-casual-elétrico-aventureiro-viajandão-racional-romântico-sensato-internacionalcultural-marombeiro-divertido-indiano-inglês-caseiro-diurno-ansioso-e-pacato. Seja qual for o presente que você me der, vai acertar na mosca.
      Qualquer estilo que a gente cultive é farsa. Impor um rótulo a si mesmo é o que de pior podemos fazer. A gente se acostuma a privilegiar um lado acentuado que temos – workaholic, por exemplo – e nos apresentarmos ao mundo como tal. Vale para outras “etiquetas”: surfista, rato de biblioteca, perua, seminarista. É atrás de uma dessas máscaras que você se esconde?
      Surfistas que ficam gatésimos de terno e gravata e guardam embaixo da cama pilhas de livros sobre filosofia. Ratas de biblioteca que passam a noite dançando funk com um grupo da pesada. Peruas que praticam natação quatro vezes por semana. Seminaristas que levam no braço uma tatuagem igual à da Angelina Jolie: que estilos são esses?
     É o estilo que eu mais adoro: faço-eu-mesmo. É o cara que não criou um estilo, ele é o estilo. Não há influência de revistas, modismos e tendências. Ele é o estilo-contradição, estilo-surpresa, estilo-sem-estilo. Acho que foi Aristóteles (olha eu fazendo o estilo intelectual) que disse que estilo não existe, que o estilo é uma emancipação do seu próprio ser.
       Ou você tem um estilo próprio, que forçosamente será múltiplo, como é a nossa alma verdadeira, ou você adota um estilo, e ele será monótono e nauseante. Estilo bom é estilo exclusivo, inclassificável. Ou você deixa ele nascer naturalmente em você ou passará ganhando os mesmos presentes a vida inteira.
       MEDEIROS, Martha. Montanha-russa: crônicas. Porto Alegre: L&PM, 2011.
1- No primeiro parágrafo, a cronista se dirige ao seu interlocutor. Em que trecho do texto isso aparece explicitamente?
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2- No segundo parágrafo, a cronista brinca com as palavras, criando uma super palavra com o uso do hífen. Qual o significado dessa palavra?
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3- Por que a cronista afirma que “Seja qual for o presente que você me der, vai acertar na mosca.”? (segundo parágrafo)
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4- Que palavra está relacionada a máscaras , no terceiro parágrafo?
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5- Qual a função das aspas na palavra “etiquetas”, no terceiro parágrafo?
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6- Que neologismo aparece no quarto parágrafo?
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7 - O último parágrafo do texto está construído com orações coordenadas alternativas. Que conectivo introduz a ideia contida nessas orações?
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Agora, responda: que relação existe entre o título da crônica e seu tema?
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