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segunda-feira, 16 de março de 2020

AUTOBIOGRAFIA, LÁZARO RAMOS, A ILHA,6º ANO APOEMA, P11. INTERPRETAÇÃO


   

AUTOBIOGRAFIA, LÁZARO RAMOS, A ILHA, INTERPRETAÇÃO 



       Minha história começa numa ilha com pouco mais de duzentos habitantes, na baía de Todos os Santos. Uma fração de Brasil praticamente secreta, ignorada pelas modernidades e pelos mapas: nem o (quase) infalível Google Maps consegue encontrá-la. É nessa terra minúscula, a Ilha do Paty, que estão minhas raízes. O lugar é um distrito de São Francisco do Conde — município a 72 quilômetros de Salvador, próximo a Santo Amaro e conhecido por sua atual importância na indústria do petróleo. Na ilha, as principais fontes de renda ainda são a pesca, o roçado e ser funcionário da prefeitura.
          No Paty, sapatos são muitas vezes acessórios dispensáveis. Para atravessar de um lado para o outro na maré de águas verdes, o transporte oficial é a canoa, apesar de já existirem um ou outro barco, cedidos pela prefeitura. Ponte? Nem pensar, dizem os moradores, em coro. Quando alguém está no “porto” e quer chegar até o Paty, só precisa gritar: “Tomaquê!”.
        Talvez você, minha companhia de viagem, não saiba o que quer dizer “tomaquê”. É uma redução, como “oxente”, que quer dizer “O que é isso, minha gente”. Ou “Ó paí, ó”, que é “Olhe pra isso, olhe”. Ou seja, é simplesmente “Me tome aqui, do outro lado da margem”. É muito mais gostoso gritar “Tomaquê!”.          
        Assim, algum voluntário pega sua canoa e cruza, a remo, um quilômetro nas águas verdes e calmas. Entre os dois pontos da travessia se gastam uns quarenta minutos. Essa carona carrega, na verdade, um misto de generosidade e curiosidade. Num lugar daquele tamanho, qualquer visita vira assunto, e é justamente o remador quem transporta a novidade.
         Até hoje procuro visitar a ilha todos os anos. Gosto de entender minha origem e receber um abraço afetuoso dos mais velhos. Vou também para encontrar um sentimento de inocência, uma felicidade descompromissada, que só sinto por lá.
        Graças à sua refinaria de petróleo, São Francisco do Conde é um dos municípios mais ricos do país. (....) Essa dinheirama, porém, não chega até o cotidiano de quem mora no Paty. Eles até conseguem ver vantagens na vida simples que levam: como não há violência, não há polícia na ilha, e as portas das casas estão sempre abertas para quem quiser entrar. O que faz falta mesmo é a água encanada. Para tudo: dar descarga nos banheiros, lavar pratos e roupas, tomar banho.
        Não faz muito tempo, luz também era luxo. Na minha infância, a energia elétrica vinha de um único gerador, usado exclusivamente à noite, quando os televisores eram ligados nas novelas. As janelas da casa de meu avô, que teve uma das primeiras tvs do Paty, ficavam sempre cheias de gente. Era o nosso cineminha. (...)
Lázaro Ramos. Na Minha Pele.Rio de Janeiro: Objetiva, 2017.p.16-17

1. O texto está organizado em parágrafos, marcados por uma entrada em branco na mudança de linha e um sinal de pontuação final. Releia o primeiro parágrafo.
a) A qual localidade referem-se as passagens abaixo?
I.  Ilha com pouco mais de duzentos habitantes, na Baía de Todos os Santos.
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II. Uma fração de Brasil praticamente secreta, ignorada pelas modernidades e pelos mapas.
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III. nem o quase infalível, Google Maps conseguiu encontra-la.
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IV. Terra minúscula.

b) Que características do lugar são reforçadas pela caracterização feita pelo autor nas passagens acima?
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c) Com base em seu conhecimento de mundo, explique o que vem a ser Google Maps. Por que ele seria quase infalível, segundo o autor?
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d) O modo detalhado pelo qual o autor apresenta seu local de nascimento é importante para o leitor? Por quê?
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2. Identifique no texto mais algumas informações sobre o autor.

a)  Ele ainda mora na ilha? Justifique sua resposta com uma passagem do texto.
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b) No último parágrafo, o autor fala de um tempo passado. Que lembranças ele trás para o texto?
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c) Com base nas informações do texto, como você imagina a infância do autor?
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d) Que sentimentos ele parece ter em relação a ilha? Escolha elementos do texto para explicar sua resposta.
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3. O estilo de vida dos moradores da ilha é o mesmo da época em que o autor era criança? Justifique sua resposta.
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4. Nas frases a seguir, aparecem elementos linguísticos, como verbos, pronomes, que indicam ser o próprio autor quem relata sua história.” Minha história começa numa ilha. Até hoje procuro visitar a ilha todos os anos.”
a) Em que pessoa verbal foi escrito o relato?
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b) Destaque do texto mais uma passagem que confirme o uso dessa pessoa verbal.
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c) indique as duas alternativas corretas. Esse tipo de relato:


(   ) Produz um efeito de verdade, de que o autor conta o que de fato aconteceu na vida dele.
(  ) Tem efeito de dissimulação e incerteza, porque o autor admite estar inventando tudo.
(   ) Afasta autor e leitor, porque esse último desconfia do que lê, já que tudo parece invenção.
(   ) Constrói efeito de fantasia e ficção, porque nada do que se conta parece ter verdadeiramente acontecido.
(   ) Aproxima autor e leitor, porque este último acredita na sinceridade do relato pessoal.

5. Antes da leitura você e seus colegas pensaram em algumas hipóteses sobre o conteúdo do livro Na Minha Pele, depois de ler o texto suas ideias iniciais se confirmaram? Por quê?
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6. Em vez de usar a palavra dinheiro, o autor preferiu dizer dinheirama. O que significa a palavra empregada?
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