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domingo, 15 de março de 2020

AUTOBIOGRAFIA, MALALA, NASCE UMA MENINA, 6º ANO, TECENDO


     
1. Nasce uma menina


       No dia em que nasci, as pessoas da nossa aldeia tiveram pena de minha mãe, e ninguém deu os parabéns a meu pai. Vim ao mundo durante a madrugada, quando a última estrela se apaga. Nós, pachtuns, consideramos esse um sinal auspicioso. Meu pai não tinha dinheiro para o hospital ou para uma parteira; então uma vizinha ajudou minha mãe. O primeiro bebê de meus pais foi natimorto, mas eu vim ao mundo chorando e dando pontapés. Nasci menina num lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as filhas são escondidas atrás de cortinas, sendo seu papel na vida apenas fazer comida e procriar.
       Para a maioria dos pachtuns, o dia em que nasce uma menina é considerado sombrio. O primo de meu pai, Jehan Sher Khan Yousafzai, foi um dos poucos a nos visitar para celebrar meu nascimento e até mesmo nos deu uma boa soma em dinheiro. Levou uma grande árvore genealógica que remontava até meu trisavô, e que mostrava apenas as linhas de descendência masculina. Meu pai, Ziauddin, é diferente da maior parte dos homens pachtuns. Pegou a árvore e riscou uma linha a partir de seu nome, no formato de um pirulito. Ao fim da linha escreveu “Malala”. O primo riu, atônito. Meu pai não se importou. Disse que olhou nos meus olhos assim que nasci e se apaixonou. Comentou com as pessoas: “Sei que há algo diferente nessa criança”. Também pediu aos amigos para jogar frutas secas, doces e moedas em meu berço, algo reservado somente aos meninos.
       Meu nome foi escolhido em homenagem a Malalai de Maiwand, a maior heroína do Afeganistão. Os pachtuns são um povo orgulhoso, composto de muitas tribos, dividido entre o Paquistão e o Afeganistão. Vivemos como há séculos, seguindo um código chamado Pachtunwali, que nos obriga a oferecer hospitalidade a todos e segundo o qual o valor mais importante é nang, a honra. A pior coisa que pode acontecer a um pachtum é a desonra. A vergonha é algo terrível para um homem pachtum. Temos um ditado: “Sem honra, o mundo não vale nada”. Lutamos e travamos tantas infindáveis disputas internas que nossa palavra para primo — tarbur — é a mesma que usamos para inimigo. Mas sempre nos unimos contra forasteiros que tentam conquistar nossas terras. Todas as crianças pachtuns crescem ouvindo a história de como Malalai inspirou o Exército afegão a derrotar o britânico na Segunda Guerra Anglo-Afegã, em 1880.
       Malalai era filha de um pastor de Maiwand, pequena cidade de planícies empoeiradas a oeste de Kandahar. Quando tinha dezessete anos, seu pai e seu noivo se juntaram às forças que lutavam para pôr fim à ocupação britânica. Malalai foi para o campo de batalha com outras mulheres da aldeia, para cuidar dos feridos e levar-lhes água. Então viu que os afegãos estavam perdendo a luta e, quando o porta-bandeira caiu, ergueu no ar seu véu branco e marchou no campo, diante das tropas.
(...)
       Malalai foi morta pelos britânicos, mas suas palavras e sua coragem inspiraram os homens a virar a batalha. Eles destruíram uma brigada inteira — uma das piores derrotas da história do Exército britânico. Os afegãos construíram no centro de Cabul um monumento à vitória de Maiwand. Mais tarde, ao ler alguns livros de Sherlock Holmes, ri ao ver que foi nessa batalha que o dr. Watson se feriu antes de se tornar parceiro do grande detetive. Malalai é a Joana d’Arc dos pachtuns. Muitas escolas de meninas no Afeganistão têm o nome dela. Mas meu avô, que era professor de teologia e imã da aldeia, não gostou que meu pai me desse esse nome. “É um nome triste”, disse. “Significa luto, sofrimento.”
(...)
      Meu pai contava a história de Malalai a toda pessoa que viesse à nossa casa. Eu a adorava, assim como amava ouvir as músicas que ele cantava para mim e a maneira como meu nome flutuava ao vento quando alguém o chamava.

POR DENTRO DO TEXTO
1. Releia os dois primeiros parágrafos do texto e indique a alternativa que melhor responde à pergunta: Por que, no dia em que Malala nasceu, as pessoas tiveram pena de sua mãe e não deram parabéns a seu pai?
a) Malala veio ao mundo durante a madrugada, quando a ultima estrela se apaga e isso era considerado um sinal auspicioso.
b) o pai de Malala não tinha dinheiro para o hospital ou para uma parteira então uma vizinha ajudou a sua mãe.
c) O primeiro bebê de seus pais foi natimorto, mas ela veio ao mundo chorando e dando pontapés.
d) Malala nasceu menina em um lugar onde os rifles são disparados em comemoração a um filho, mas as filhas são escondidas atrás das cortinas.

2. Leia o fragmento a seguir retirado do texto:
“O primo de meu pai, Jehan Sher Khan Yousafzai, foi um dos poucos a nos visitar para celebrar meu nascimento e até mesmo nos deu uma boa soma em dinheiro. Levou uma grande árvore genealógica que remontava até meu trisavô, e que mostrava apenas as linhas de descendência masculina. Meu pai, Ziauddin, é diferente da maior parte dos homens pachtuns. Pegou a árvore e riscou uma linha a partir de seu nome, no formato de um pirulito.”

Em sua opinião, qual foi a intenção do pai de Malala ao riscar na arvore genealógica uma linha a partir do seu nome no formato de um pirulito?
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3. O nome de Malala foi escolhido em homenagem a Malala de Maiwand, a maior heroína do Afeganistão. No terceiro parágrafo temos:
“Os pachtuns são um povo orgulhoso, composto de muitas tribos, dividido entre o Paquistão e o Afeganistão. (...) Mas sempre nos unimos contra forasteiros que tentam conquistar nossas terras.”
Agora releia o quarto parágrafo ao final do texto e responda:
a) Quem eram os forasteiro contra quem Malalai de Maiwand lutou?
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b) Por quê Malalai se tornou uma heroína?
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4. Levante uma hipótese coerente: Ao chamar a filha de Malala, que características da heroína Malalai o pai esperava que ela tivesse?
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5.Releia o trecho a seguir.
“Vim ao mundo durante a madrugada, quando a última estrela se apaga. Nós, pachtuns, consideramos esse um sinal auspicioso. Para a maioria dos pachtuns, o dia em que nasce uma menina é considerado sombrio.”

Com base no que você pode compreender do decorrer da leitura, responda:
a) Para o pai de Malala, o nascimento da filha foi considerado um sinal auspicioso ou sombrio?
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b) Releia o segundo parágrafo e identifique uma atitude do pai que justifique sua resposta ao item anterior.

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AUTOBIOGRAFIA - NASCE UMA MENINA - (FRAGMENTO) - LAMB, CHRISTINA YUSAFZAI, MALALA - COM GABARITO

 Autobiografia - Nasce uma menina – (fragmento)

Fonte da imagem - https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fguiadoestudante.abril.com.br%2Fblog%2Fatualidades-vestibular%2Fconheca-a-historia-da-ativista-malala-yousafzai%2F&psig=AOvVaw3aravc36QYE5B0YbBO1IgB&ust=1615163358149000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCKCr2c_2nO8CFQAAAAAdAAAAABAD
No dia em que nasci, as pessoas da nossa aldeia tiveram pena de minha mãe e ninguém deu os parabéns ao meu pai. Vim ao mundo durante a madrugada, quando a última estrela se apaga. Nós, pachtuns, consideramos esse sinal auspicioso. Meu pai não tinha dinheiro para o hospital ou para uma parteira; então uma vizinha ajudou minha mãe. O primeiro bebê dos meus pais foi natimorto, mas eu vim ao mundo chorando e dando pontapés. Nasci uma menina num lugar onde os rifles são disparados em comemoração a um filho, ao passo que as filhas são escondidas atrás de costinhas, sendo seu papel na vida apenas fazer comida e procriar.

Para a maioria dos pachtuns, o dia em que nasce uma menina é considerado sombrio. O primo de meu pai, Jehan Sher Khan Yousafzai, foi um dos poucos a nos visitar para celebrar meu nascimento e até mesmo nos deu uma boa soma em dinheiro. Levou uma grande árvore genealógica que remontava até meu trisavô e que mostrava apenas as linhas de descendência masculina. Meu pai, Ziauddin, é diferente da maior parte dos homens pachtuns. Pegou a árvore e riscou uma linha a partir de seu nome, no formato de um pirulito. Ao fim da linha escreveu “Malala”. O primo riu, atônito. Meu pai não se importou. Disse que olhou nos meus olhos assim que nasci e se apaixonou. Comentou com as pessoas: “Sei que há algo diferente nessa criança”. Também pediu aos amigos para jogar frutas secas, doces e moedas em meu berço, algo reservado somente aos meninos.

Meu nome foi escolhido em homenagem a Malalai de Maiwand, a maior heroína do Afeganistão. Os pachtuns são um povo orgulhoso, composto de muitas tribos, dividido entre o Paquistão e o Afeganistão. Vivemos como há séculos, seguido um cógido chamado Pachtunwali, que nos obriga a oferecer hospitalidade a todos e segundo o qual o valor mais importante é nang, a honra. A pior coisa que pode acontecer a um pachtum é a desonra. A vergonha é algo terrível para um homem pachtum. Temos um ditador: “Sem honra, o mundo não vale nada.” Lutamos e travamos tantas infindáveis disputas internas que nossa palavra para primo “tarbur” é a mesma que usamos para inimigo. Mas sempre nos unimos contra fortasteiros que tentam conquistar nossas terras. Todas as crianças pachtuns crescem ouvindo a história de como Malalai inspirou o Exército afegão a derrotar o brotânico na Segunda Guerra Anglo- Afegã em 1880.

Malalai era filha de um pastor de Maiwand, pequena cidade de planícies empoeiradas a oeste de Kandahar. Quando tinha dezessete anos, seu pai e seu noivo se juntaram às forças que lutavam para pôr fim à ocupação britânica. Malalai foi para o campo de batalha com outras mulheres da aldeia, para cuidar dos feridos e levar-lhes água. Então viu que os afegãos estavam perdendo a luta e, quando o porta bandeira caiu, ergueu no ar seu véu branco e marchou no campo, diante das tropas.

[...]

Malalai foi morta pelos britânicos, mas suas palavras e sua coragem inspiraram os homens a virar a batalha. Eles destruíram a brigada inteira, uma das piores derrotas do Exército britânico. Os afegãos construíram no centro de Cabul um monumento à vitória de Maiwand. [...] Muitas escolas de meninas no Afeganistão tem o nome dela. Mas meu avô, que era professor de teologia e imã da aldeia, não gostou que meu pai me desse esse nome. “É um nome triste”, disse. “Significa luto, sofrimento”. 

[...]

Meu pai contava a história de Malalai a toda pessoa que viesse à nossa casa. Eu a adorava como amava ouvir as músicas que ele cantava para mim e a maneira como meu nome flutuava ao vento quando alguém o chamava.”

LAMB, Christina YOUSAFZAI, Malala. Eu sou Malala

Fonte: Livro - Tecendo Linguagens - Língua Portuguesa: 6º ano/Tania Amaral Oliveira, Lucy Aparecida Melo Araújo - 5.ed. - Barueri(SP): IBEP, 2018 - p.25/26/27.

GLOSSÁRIO

Auspicioso: que gera esperanças; prometedor; de bom agouro.

Forasteiro: aquele que é estranho à terra onde se encontra ou que é de fora.

Natimorto: refere-se ao feto viável que foi expulso morto do útero materno.

Pachtuns – também chamados pachtos ou pastós, são um grupo etnoliguístico formado principalmente por afegãos e paquistaneses que se caracteriza pela língua própria, pelo código de honra reliogioso pré-islâmico e pela prática do islamismo,

Parteira: mulher que auxilia quem está em trabalho de parto ou que acabou de parir, mesmo não sendo médica.

POR DENTRO DO TEXTO

1.   Releia os dois parágrafos do texto e indique a alternativa que melhor responde à pergunta:

Por que, no dia em que Malala nasceu, as pessoas tiveram pena de sua mãe e não deram parabéns a seu pai?

 

a)   Malala veio ao mundo durante a madrugada, quando a última estrela se apaga e isso era considerado um sinal auspicioso.

b)   O pai de Malala não tinha dinheiro para o hospital ou para uma parteira, então uma vizinha ajudou sua mãe.

c)   O primeiro bebê de seus pais foi natimorto, mas ela veio ao mundo chorando e dando pontapés.

d)   Malala nasceu menina em um lugar onde rifles são disparados em comemoração a um filho, mas as filhas são escondidas atrás de cortinas.

 2.   Leia o fragmento a seguir, retirado do texto.

             “O primo de meu pai, Jehan Sher Khan Yousafzai, foi um dos poucos a nos visitar para celebrar meu nascimento e até mesmo nos deu uma boa soma em dinheiro. Levou uma grande árvore genealógica que remontava até meu trisavô e que mostrava apenas as linhas de descendência masculina. Meu pai, Ziauddin, é diferente da maior parte dos homens pachtuns. Pegou a árvore e riscou uma linha a partir de seu nome, no formato de um pirulito.”

 Em sua opinião, qual foi a intenção do pai de Malala ao riscar na árvore genealógica uma linha a partir de seu nome no formato de pirulito?

Resposta pessoal.

3.   O nome  de Malala foi escolhido em homenagem a Malalai de Malwand, a maior heroína do Afeganistão. No terceiro parágrafo temos:

              “Os pachtuns são um povo orgulhoso, composto de muitas tribos, dividido entre o Paquistão e o Afeganistão.[...]sempre nos unimos contra forasteiros que tentam conquistar nossas terras.”

 Agora, releia do quarto parágrafo ao final do texto e responda:

a)    Quem eram os forasteiros contra quem Malalai de Malwand lutou?

O exército britânico na Segunda Guerra Anglo-Afegã.

b)    Por que Malalai se tornou heroína?

Porque ao marchar no campo diante das tropas britânicas e ser morta, Malalai inspirou o exército afegão com suas palavras e sua coragem. Isso contribuiu para que ganhassem a batalha, destruindo a brigada inteira do exército britânico.

4.   Levante uma hipótese coerente: Ao chamar a filha de Malala, que características da heroína Malalai o pai esperava que ela tivesse? 

Resposta pessoal.

5. Releia o trecho a seguir.

“Vim ao mundo durante a madrugada, quando a última estrela se apaga. Nós, pachtuns, consideramos esse sinal auspicioso. Para a maioria dos pachtuns, o dia em que nasce uma menina é considerado sombrio.”

Com base no que você pôde compreender do decorrer da leitura, responda: 

a)   Para o pai de Malala, o nascimento da filha foi considerado um sinal auspicioso ou sombrio? 

Foi considerado um sinal auspicioso.

b)  Releia o segundo parágrafo e identifique uma atitude do pai que justifique sua resposta ao item anterior. 

Quando Malala nasceu, o pai da menina comentou com as pessoas que havia algo diferente naquela criança e pediu aos amigos que jogassem frutas secas, doces e moedas em seu berço, comportamento que costumava ser reservado somente aos meninos.


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